Uma voz sombria ecoou pela densa escuridão, proferindo as seguintes palavras:
"Não tente impedir o impossível, criança tola. Não se pode mudar a vontade do destino".
Uma garota acorda em um ônibus estacionado em uma rodoviária vazia de Tóquio.
Ao desembarcar, um frio desceu por sua espinha. O céu escuro era iluminado por uma chuva de raios, e as ruas silenciosas, eram tomadas por clarões e estrondosos trovões.
Um papel que havia sido levado pelo vento, bateu em seu rosto.
"Avier Isshyo", estava escrito nele.
- Mas que porra é essa? - gritou, olhando para os lados. Ela então começou a se perguntar e a se responder.
"Quem sabe sobre isso?" - Você deveria saber. "Por que estou no Japão?" - Droga, como isso aconteceu. Tem alguma coisa errada.
- AVIER ISSHYO, IRMÃZINHAAA! - gritou um jovem adulto, abraçando-a.
Ela o empurrou, sacando um canivete de seu bolso.
- Desgraçado, você me assustou, Rukasu - suspirou, confusa, mas aliviada; dando um soco em seu braço.
- Sentiu saudades?
- ...
- Shizuna?
Ela caiu no chão, sem responder, pressionando sua mão direita contra seu peito, e em seguida, começou a cuspir sangue. Até desmaiar.
- Shizuna! Acorde...
-Horas depois-
- Vou levá-la para a sala de cirurgia - avisou Rukasu, empurrando a maca.
- N...não - murmurou ela, quase acordando.
- Ficará tudo bem... irmã... eu vou te salvar. Custe o que custar.
Ela acordou assustada, em um lugar totalmente branco, com um vasto rio de sangue que chegava a bater no joelho. Sob seus pés, haviam milhares de corpos em decomposição e esqueletos.
- Puta merda, seus desgraçados! - gritou, apertando os punhos.
A garota caminhou por um tempo até encontrar um pentagrama flutuando.
Ela pôs uma de suas mãos no rosto e gargalhou, usando seu dedo banhado em sangue do rio, contornou o circulo.
Um portal se expandiu, e sem hesitar, o atravessou.
Shizuna estava em um beco, os raios de sol iluminavam o local e o corpo de um homem encharcado de sangue em sua frente.
- E agora? - ela agachou ali. Após saquear o corpo, desenhou um pentagrama ao lado dele e o colocou sobre o desenho, logo após isso, fez um gesto com as mãos e murmurou: "Ergo Nidraco".
Ela esperou alguns segundos, mas nada aconteceu, então jogou o corpo na lixeira ali perto.
Caminhou para a saída do beco, pegando o canivete de seu bolso e o escondendo na manga.
Mas algo estava estranho, seus olhos a incomodavam, como se vários fios de cabelo estivessem nele. Ela tentou coçar, mas logo suas pálpebras começaram a sangrar.
Ela gritou, por uma dor excruciante, ao olhar seu reflexo na vitrine de uma loja, seus olhos não eram mais os mesmos, não havia íris ou pupila, apenas uma pedra branca, parecida com diamante.
As pessoas que estavam na rua, olharam preocupadas para ela, mas quando Shizuna as olhou, todos ficaram surpresos e sorriram, apontaram para ela...
- FORASTEIRA, DIAMANTE PURO! - gritaram e começaram a cercá-la, com armas e magias postas em suas mãos.
- Mis... - começou ela.
- Venha comigo - disse um cara, usando um sobretudo encapuzado; agarrando-a pela cintura. Asas de fogo surgiram em suas costas e então, voaram.
- Quem é você?
- Eu quem te pergunto, forasteira. Você tem esses olhos, tome cuidado. Diamantes valem uma nota preta no mercado negro.
- Mas eu não deveria tê-los. Meus olhos eram castanhos.
O jovem pousou no telhado alto de uma casa.
- Com licença -pediu ele, segurando o rosto dela.
- O que está fazendo?
- Estranho.
- O que foi?
- Você tem Diamantes Puros nos olhos. E um Rubi de Sangue na testa. Isso não é normal. Sem contar... - ele olhou para o peito direito dela. - O que tem no seu coração?
- Eu tenho problemas cardíacos.
- Estranho. Veremos isso depois. Mas então, como se chama?
- Shimishiro Kazuma, e você?
- Esse não é seu nome, mas não importa. Me chamo Kalius Morgan. Sou um usuário de fogo e líder da guilda Morphius Sacred.
- Por que toda essa...
- ACERTEI! - gritou uma mulher na rua segurando um arpão.
Uma flecha de gelo havia atingido seu peito em cheio. Ela cai de joelhos, novamente, cuspindo sangue.
"Eu... não tenho... paz... porra" - pensou, agonizando.
Kalius não podia derretê-la, então segurou a nuca de Shizuna, quase deitada para trás, e socou a flecha, fazendo-a sair. Ele tirou seu sobretudo.
- Deixe pressionado sobre o ferimento, logo chegaremos na minha casa - disse, deitando-a no chão.
Uma nova flecha de gelo é disparada contra ele, mas o calor emanando de seu corpo a fez evaporar.
Ele encarou a mulher que havia subido no telhado, fez um arco de fogo e disparou uma flecha que a atingiu direto na testa.
- O seu... pai... já era... filho da...
- Morra para as chamas do meu inferno.
O corpo dela logo foi tomado pelas chamas, enquanto agonizava em dor.
Ele voltou para Shizuna.
- Ei, ei - ele colocou a mão no pescoço dela. - Droga... o motivo da apresentação? Você agora é da nossa Guilda...
Eles ficaram cercados por mais pessoas, querendo a cabeça da garota.
- E nós iremos te proteger.
Um por um, cada um dos seguidores foram caindo.
- Aí, Líder - um homem usando uma armadura e uma espada, o chamou. - Quando se está numa emboscada, você manda uma coruja avisando, não temos bola de cristal.
- Oui, Leader, meus olhos não são tão precisos - acrescentou, uma garota com sotaque francês, limpando algumas facas ensanguentadas em um paninho branco.
- Salut, Leader - cumprimentou um garoto, também com sotaque, se aproximando dele. - Tenho más noticias.
- O que houve?
- Corby encontrou um corpo na Conexão X, em uma lixeira. Era do Rei Demônio.
- Quem foi o filho da puta?
- Nossa, pretende beijar esta garota com essa boca suja? - Shizuna se levantou, cambaleando.
- Shimishiro?
- Quem diria, a namorada só morreu faz alguns dias e já quer traçar essa aqui.
- Quem é você, seu desgraçado, e por que está possuindo a Shimishiro?
- Não foi essa a educação que te dei, porra. Não reconhece o próprio Rei Demônio?- sorriu.
Shizuna Kamishiro é uma jovem vivendo em um mundo complexo; perdido no tempo, na magia e no senso comum. Com a cabeça a prêmio por ser forasteira, ela começa a ser protegida por uma guilda de magos e guerreiros. Aproveitando a situação, ela tenta descobrir como sair desse mundo e saber quem estava por trás de todos os acontecimentos.
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