3 de Abril de 2047 – Masmorras Abandonadas.
Muitos barulhos podem ser ouvidos pelos corredores daquelas catacumbas, mas o principal é o ressoar de aço mesclados com gritos de desespero e sofrimento. Um enorme salão é visto no final daquele lugar, o chão demonstrava uma enorme fenda circular que rodeava uma área em específico, onde aventureiros se encontravam digladiando-se contra uma fera de altura bestial. Seus pelos escuros azulados, patas, cabeça, chifre de touro e corpo musculoso humanoide, eram suas características mais aparentes.
Era inexplicável como aquele lugar se sustentava sem pilastras ou superfície plana, parecia que só a energia mística mantinha tudo de pé. Uma onda mágica era vista cercando o local, o teto das ruínas parecia um céu estrelado e o cenário brilhava como se fosse dia.
O grupo de guerreiros utilizavam lanças, arcos e espadas para golpear a criatura, alguns invocadores tentavam conjurar magias para derrubá-lo, mas ele mostrava ser resistente a seus ataques. Muitos eram mortos e ao morrer, seu corpo desaparecia em um brilho incandescente, feito através de pixels computadorizados.
A fera rugia intimidando os adversários e os aventureiros gritavam de volta, para não mostrar covardia. Um dos cavaleiros se aproximava do feiticeiro e pronunciava em êxtase pela batalha:
– Mago, encante minha espada! Eu tenho um plano.– Dizia aos berros se preparando para um avanço. O conjurador proliferava palavras rúnicas fazendo a espada emanar uma luz sobrenatural.
– Não durará por muito tempo, seja rápido! – Proclamava o mago.
– Guerreiros, cerquem-no! Magos, usem magias de debuff's para confundi-lo, se possível cordas mágicas para deixar seus braços amarrados! – Todos tentavam seguir suas ordens. Os guerreiros flanqueavam a criatura e atacavam suas pernas para que ela perdesse o equilíbrio, os magos tentavam reduzir sua força utilizando encantamentos, enquanto outros conjuravam cordas místicas que eram dadas aos mais fortes para prender os braços da criatura. Seus braços eram segurados por guerreiros na direita e na esquerda, deixando seu peito aberto e exposto.
– Escudo! – O homem gritava e outro cavaleiro ia em sua direção segurando um escudo grande. – Quero que corra comigo até próximo do boss, quando eu mandar você se abaixa e ergue o escudo.
Os soldados sentiam as dores de segurar os braços pesados daquele monstro, enquanto os dois corriam para o ponto central da batalha. Com muita dificuldade, a fera se desvencilhava dos soldados, abrindo os braços e rugindo furiosamente para todos.
– Agora! – O soldado se abaixava e o guerreiro que deu a ordem saltava com o impulso do escudo para a direção da besta, ficando próximo o suficiente de seu peito para cravar sua espada encantada no coração da criatura. Um brilho ofusca a visão de todos e apenas um clarão consome a sala.
Uma mensagem surge no topo do cenário "BOSS DEFEATED" e os aventureiros comemoram a vitória, cansados e alegres. Um baú surge no centro da área através de uma junção de pixels brilhosos, sendo a recompensa daquela árdua batalha.
Todos pareciam alegres se preparando para abrir sua recompensa quando são surpreendidos por um som... O caminhar de uma armadura de aço vinda dos corredores do salão. Das sombras surgia um ser que emanava uma energia negativa, trajando uma armadura de aço negro, dois metros e um capuz sombrio que cobria seu rosto. Definitivamente o mais assustador de seu visual era sua espada, uma arma que, igualmente sua armadura, feita de aço negro com um metro e oitenta centímetros de comprimento. Aquela arma intimidava qualquer jogador pois os atributos para adquiri-la eram extremamente altos, impossibilitando qualquer amador de poder utilizá-la.
– Black Knight... – Disse um dos guerreiros sussurrando com medo.
O cavaleiro ia em direção ao centro do local e ao ver que a fenda o impedia de prosseguir, saltava de uma ponta a outra, indo parar onde os soldados se encontravam. Era impressionante saber que mesmo de armadura, aquilo não o interrompia de fazer ações mais acrobáticas.
– Tomarei este tesouro em nome de minha guilda, agradeço o bravo serviço. Prometemos recompensá-los com 15% das riquezas. – O Cavaleiro de armadura negra falava em um tom grave intimidante.
– Nós tivemos todo o trabalho para derrotar essa coisa, vários de nós foram mortos e você quer que entreguemos nossa recompensa de bandeja?! – Disse um dos soldados.
– Eu poderia tê-lo derrotado sozinho, mas como quiseram lutar, deixei que o fizessem. Agora peço que se retirem. – Ele ia em direção ao baú em passos lentos e sua armadura fazia sons a cada caminhar.
– Quinze por cento... Uma ova que eu vou aceitar isso! – O soldado puxava sua espada e corria na direção do cavaleiro negro. Outros aliados acompanhavam naquele assalto.
O oponente finca sua espada no chão e segura pelo rosto, o aventureiro que tentou lhe atacar. Ele se chocava com a agilidade do inimigo, apenas congelando de medo.
– Patético... – A mão do cavaleiro começava a esquentar, emanando uma luz vermelha que aos poucos ia queimando e demonstrando fumaça. O soldado gritava de dor, desesperado, tentando remover o rosto de sua mão mortífera, mas quando pensou ter se livrado, seu rosto era explodido por um fogo mágico que era projetado pelo ser sombrio.
Outro tentou acertá-lo, mas foi derrubado com um soco de esquerda, um deles conseguiu acertar a espada em cheio, fazendo um corte vertical no tronco, mas a espada se quebrava ao encostar no aço da armadura. As feições de terror e choque eram explícitas no soldado, e uma joelhada era retribuída bem no estômago.
Todos aqueles que tentavam enfrentar o cavaleiro negro desapareciam no ar, sendo eliminados enquanto ele apenas caminhava normalmente até o tesouro.
– Vocês não merecem ser mortos pela minha espada.
– E-Ele é muito forte! – Dizia um soldado ferido da batalha anterior.
– Não... Vocês é que são fracos demais. – Respondeu o sombrio.
Ao se aproximar do baú ele ficava diante do homem que derrotou o minotauro, os dois se encaram e o guerreiro parecia apenas aceitar que não era capaz de enfrentá-lo. O Cavaleiro Negro encarava o baú e recolhia todos os tesouros e, após isso, ia embora em passos lentos.
– Venham até a central de guildas, deixaremos o ouro para vocês... Pela coragem, decidi aumentar a oferta para 20%, sejam gratos e aproveitem meu bom humor. – O cavaleiro ia embora com seu objetivo concluído.
Em 2044, as civilizações não estão muito diferentes do que sempre foram, mas tivemos um grande crescimento tecnológico, principalmente para os fãs de videogames. Através de muitas adaptações dos óculos de realidade virtual e de muitos testes, finalmente foi possível alcançar aquilo que muitos jovens tanto sonhavam... Entrar em seus jogos favoritos!
Infelizmente a tecnologia não era tão avançada quanto gostaríamos, sendo bem difícil fazer jogos muito complexos ou longos. Era muito perigoso desenvolver naquele equipamento, pois qualquer erro podia afetar diretamente o cérebro de quem jogasse, e graças a isso, todos os jogos sempre foram bem mais simplórios.
As pessoas estavam começando a perder o interesse naquele novo dispositivo, não era tão divertido depois de certo tempo e o mercado estava começando a decair.
Até que um dia, uma empresa veio com uma proposta diferente... Um jogo capaz de simular perfeitamente a vida real, porém com uma premissa de aventura medieval, com classes, raças, missões, inimigos e até mesmo magia, um clássico para fãs de videogames!
Dezenas de testes foram feitos, betas fechados, abertos, opiniões da comunidade e uma assistência profissional incrível só para fazer este projeto dar certo. Enfim... Bhesda e os 7 Reinos foi lançado. Um MMORPG que permite pessoas poderem explorar dungeons, enfrentar criaturas místicas poderosas, passar por várias aventuras... Uma incrível simulação da idade média fantasiosa.
Não demorou muito, em menos de duas semanas, Bhesda tornou-se o jogo mais comprado do mundo! Todos queriam passar pela experiência daquela simulação. Com o tempo, o servidor já estava lotado de jogadores e, com isso, foi-se criado um sistema de ranking dos melhores aventureiros no mundo. Aqueles que alcançassem as colocações mais altas não só seriam extremamente respeitados, como também ganhariam dezenas de recompensas pelos seus méritos. No Ranking de Bhesda é mostrado a classificação dos 100 maiores jogadores do servidor mundial, e dizem que os 10 melhores jogadores estão na mesma classificação desde a primeira beta, formando uma Guilda própria onde só merecedores poderiam ter a chance de participar, a Guilda dos Lendários.
Inicialmente o jogo foi aberto com 4 reinos para serem explorados, a cada nova atualização um novo reino era revelado aos jogadores, com novas mecânicas, inimigos e missões. Recentemente o último reino foi desbloqueado, e com seu lançamento, uma nova mecânica foi apresentada. Aqueles que explorassem as novas terras receberiam uma mensagem dizendo que, naquele lugar, a morte é um perigo real e aventureiros que morressem naquele reino teriam seu personagem deletado, tendo que começar tudo novamente.
Alguns jogadores se revoltaram com a notícia e se recusaram a tentar explorar o novo mapa, mas muitos acharam a ideia incrível, pois testava seus limites e capacidades. Estar naquele lugar significava uma prova de sua experiência como jogador e apenas os melhores se atreveram a desbravar o novo sistema.
Este é Bhesda, um jogo que mudou toda a forma de se jogar e se divertir através do universo dos jogos.
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