Ryu estava se preparando para a sua coroação, estava tudo caminhando bem, o sentimento de poder era simplesmente satisfatório para o quase rei, finalmente estava acontecendo o momento que tanto sonhara. Estava caminhando em direção ao salão de festas para o evento quando ouviu um estrondo perto das portas do castelo, foi correndo para o salão de festas e avistou os rebeldes marchando em direção ao tapete vermelho, no meio deles, um demônio com cabelos brancos e olhos azuis, quase cor do céu, começou a andar na frente de todos os outros rebeldes, logo ordenando a parada deles, ele respirou fundo e se curvou perante o Rei e o príncipe e limpou sua garganta antes de falar.
- Boa tarde sua alteza, me desculpe interromper a sua querida coroação mas infelizmente você não irá assumir o trono hoje. - Ele deu um pequeno sorriso e antes que Ryu pudesse fazer qualquer coisa para expulsar aqueles rebeldes de seu palácio, o líder estalou os dedos, fazendo com que todos os demônios que estavam ali parados, fossem em direção ao rei. O príncipe até tentou fazer algo, porém foi segurado por dois dos capangas daquele homem, que aparentava ser um demônio super fraco, o fizeram assistir ao assassinato de seu pai, que aconteceu bem lentamente, ele tentava se debater para se soltar e salvar seu pai, mas nada era suficiente, eram dois contra um, quase impossível de escapar dali.
Muitos soldados tentavam parar o ataque dos rebeldes, mas eram muitos comparados aos guardas do castelo, e a grande associação não podia intervir, pois saberiam que seriam mortos também, então só assistiram o império ser destruído. O Rei já estava quase morto, então o líder estalou seus dedos novamente, e foi andando em direção ao pai de Ryu que estava coberto de sangue e sem algumas partes de seu corpo já, o líder se abaixou com um sorriso no rosto e sussurrou perto do ouvido do Rei - Agora sei o que você sentiu quando matou o meu pai. - E então enfiou sua mão no peito dele, arrancando seu coração e se banhando com o sangue do Rei, dando uma risada que ecoava por todo o castelo, enquanto Ryu estava ali, estático, apenas chorando, em choque após ver seu pai ser morto na sua frente e não ter conseguido fazer nada. Foi ordenado que os capangas levassem o antigo príncipe para uma sela, onde ficaria por um bom tempo até o novo Rei decidir o que seria feito com ele.
Sua tristeza se transformou em ódio e enquanto estava ali preso sem comida e muito menos um lugar decente para dormir, começou a planejar um jeito de sair dali e matar o homem que tomou seu titulo a força, fazendo ele ter uma morte muito mais agonizante e terrível que a de seu pai. Antes de ser levado para aquela cela, o Rei deu ao pobre príncipe, a chance de resgatar alguma lembrança do que um dia foi sua casa, não pensou duas vezes quanto a pegar o livro de sua família, o objeto mais importante de um Rei. Enquanto a noite passava, ele juntou suas coisas e estava pronto para colocar seu plano em execução, colocou alguns objetos que havia pego em baixo da unica janela que a cela tinha e montou nele, usando seu cotovelo para quebrar o vidro, era isso, iria escapar, segurou com as duas mãos na janela e pegou impulso para sair, quando ouviu sua cela ser aberta.
- Ora ora, parece que o rato esta tentando escapar, mas hoje é seu dia de sorte, o Rei solicitou sua presença no salão de festar. - Os guardas agarraram Ryu pelos braços o levando até o salão de festa, ao chegar, foi jogado ao chão, e logo se levantou com um olhar de furia no rosto, enquanto o Rei estava sentado em seu trono. Todos os guardas se ajoelharam, porém Ryu foi o único que continuou de pé, não iria se rebaixar a este nível.
- Vejo que alguém continua sem modos não é? Qual é Ryu, não deixe seu antigo papel de principezinho subir à cabeça, você é a merda de um lacaio, tem que obedecer.
- Um lacaio? pff, quero ver quem vai ser o lacaio quando eu arrancar seu coração.
- Ah, quer dizer que o principezinho estava planejando me matar?... Oh meu Deus... - o Rei caiu na gargalhada, fazendo Ryu ficar cada vez mais irritado. - Não seja ingenuo, planos demoram anos, Lucitor, como você acha que matei seu paizinho? Fiquei anos e anos pensando em tudo.
- Não abra sua boca imunda pra falar do meu pai, porra.
- Oh, perdão, eu me esqueci que você não é bom lidando com emoções Príncipe, mas sabe, você não vai arrancar meu coração, você não serviu nem para ajudar seu pobre pai enquanto um bando de demônios ''inferiores'' como vocês dizem estavam o executando. - Ryu rosnou para o outro, tentando ir para cima dele, porém sendo segurado novamente pelos guardas. - Ah... acho que já deu do seu showzinho, estou ficando cansado. - O Rei chamou o cérberos que possuía para deitar em seu colo, e começou a faze-lo caricias. - Podem leva-lo daqui guarda, ele é inútil para mim agora.
- Então você vai me matar? Por que não fez isso antes?!
Em seu trono, o demônio caiu nas gargalhadas novamente. - Oh, por favor, não, eu não sou o tipo de Rei que sei pai era, eu sou pior. Em outras palavras, você está sendo exilado do inferno, espero que goste de férias de verão, apesar que elas serão bem longas... Você poderá descansar bastante, ser da realeza é cansativo não é My Lord? Coitadinho do filho do rei. - Dei uma risada em um tom sarcástico e dispensou os guardas com as mãos, sinalizando para levarem o demônio também.
- Você não pode fazer isso! Exílio é proibido no mundo dos demônios, e você sabe disso! - Tentou relutar contra os guardas, mas a falta de alimento pelos dias que ficou naquela cela o deixaram muito fraco.
- Bom... Agora não é mais! Empolgante não acha? Amo novas regras!
Ryu foi arrastado até a antiga sala de exílio, aquilo não era usado a milhares de anos, desde que a família Lucitor havia conquistado o trono, seria o primeiro demônio a ser exilado nesta era, e ainda por cima da realeza, quanta honra, por ter sido proibido o exílio de demônios, ele nunca havia entrado lá. A sala era cheia de lava, e no meio havia um portal, parecido com um poço de água, que levava até Magnólia, onde os demônios exilados ficavam algemados sendo chicoteados pelo resto de suas vidas. Porém, o Rei iria fazer diferente desta vez, queria que fosse uma tortura de verdade, que o príncipe fosse torturado a ponto de não aguentar mais, e o que seria mais torturante para um demônio do que ter que ir para o plano superior e não poder voltar? Ter que conviver para sempre com os humanos era pior do que amputação de membros para os demônios. Antes dos guardas jogarem Ryu no poço, seu livro começou a tremer e brilhar, pela surpresa, o príncipe deixou o objeto cair no chão, ele se abriu sozinho e de dentro dele saiu um pequeno demônio com um chifre quebrado ao meio e um par de asas pretas e cinzas, ele era o pequeno servo de Ryu, que foi o dado quando havia acabado de nascer, seu nome era Hiro Lesogno, os guardas se assustaram e soltaram o garoto, pegando suas armas.
- Quem caralhos é você?! - Os guardas apontaram suas armas para o demônio.
- Calma, ele é só um servo, não vai fazer nada. - Ryu pegou seu livro e o fechou, enquanto o pequeno demônio parecia confuso com o lugar que estava. - E ai? Vão terminar com essa merda logo ou não? - Pegaram ele novamente pelo braço e o levaram para frente, porém o demônio começou a seguir seu mestre, sendo parado pelas palavras de Ryu. - Onde você pensa que vai?
- Com você, tenho que te acompanhar, é meu juramento. - O servo disse, com uma voz fina e até um pouco irritante.
- Eu não sou mais da realeza, e estou condenado, então já pode parar de me seguir.
- Então estamos condenados juntos. - Se aproximou de seu mestre, observando o portal.
- Que se foda, andem logo, porra. - Os guardas deram um sorriso entre eles e chutaram as costas do príncipe, o fazendo cair no portal, logo depois pegaram o servo pelas asas e o empurraram para dentro do portal também.
- Lixo. - um dos guardas cuspiu no portal, e deixaram a sala de exílio.
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