Enquanto andam em direção ao quarto suas mãos acabam se tocando, com isso Carla percebe que passou noite toda bebendo e conversando com Dorian e que possivelmente ele pode ter entendido aquilo tudo como flerte. Várias questões começaram a brotar na cabeça dela, não sabia se queria ou não que ele entendesse aquilo como flerte, achou ele bonito e charmoso, mas nunca tinha parado pra pensar em se relacionar com outra pessoas depois de Ingrid, não sabia nem se elas realmente tinham terminado. Afinal de contas um tempo é ou não um término, quanto mais pensava mais ficava nervosa e ansiosa, sentia as mãos suarem e o estomago ferver, tinha certeza de que as sardas em seu rosto já nem eram visíveis pois sentia ele quente e certamente estaria corada como um tomate. Talvez se não fosse o álcool conseguiria pensar com clareza. Quando se deu conta já estava na frente da porta de seu quarto.
Quando se virou pra Dorian ele se assustou, podia ver que ela o deixou preocupado.
-Carla você está bem? Bebeu muito? Você disse que não era acostumada, quer que eu volte e pegue uma água ou algo pra você comer?
O álcool definitivamente tinha a afetado, mas não estava passando mal, só um leve desespero. Já não tinha sobrado muito de sua lógica e sua consciência foi tomada pela garota de quinze anos que foi um dia que vivia tendo quedas bobas e irracionais por meninos e meninas do seu colégio. "Ele está preocupado comigo, ele gosta de mim", "Ele tem olhos tão bonitos" enquanto ouvia seus próprios pensamentos se achava uma idiota.
-Putz! Eu esqueci o capacete no bar, acho que você me deixou distraído.
Aquilo podia não ser uma cantada, mas a sua mente de bêbada já não se importando com a realidade. Ele não sabia beber, nunca foi um hábito e definitivamente era fraca pra coisa. Foi se aproximando no que achava que era sutilmente, todavia qualquer um que visse a cena de outras perspectiva a acharia sutil como uma patada de mula. Passou os braços por volta do corpo dele e foi encostando a cabeça no ombro.
-Sério tu tá bem?
Ela sorriu de maneira idiota e olhou nos olhos dele enquanto foi aproximando o rosto do dele, ele por sua vez não hesitou e correspondeu o que ela queria. Mas enquanto se beijavam a magia foi quebrada, Carla sentiu o vazio em seu peito trazê-la de volta a realidade e com isso os efeitos do álcool em sua consciência ou se acabaram ou intensificaram a culpa e suas inseguranças. Ela tinha gostado do que aconteceu, contudo não parecia certo, precisava definir as coisas com Ingrid. Ela se afastou dele e sua pequena felicidade boba como de quando era nova se extinguiu e só sobraram as inseguranças. Os braços que estavam em volta de Dorian agora estavam cruzados cobrindo o próprio peito, ela não conseguia mais olhá-lo nos olhos e nem ficar parada, andava de um lado para o outro em nervosismo.
-Desculpe eu achei que você queria. Eu passei dos limites, eu não queria te deixar desconfortável. Estraguei nossa noite né? – Ele parecia culpado, o que a fez sentir-se pior ainda.
-Não foi culpa sua, eu queria. Mas é complicado, tem umas coisas que eu preciso resolver ainda. Eu não quero despejar isso em você, seria errado e injusto. – Tinha que parar de passar por sua vida de maneira tão passiva quanto a forma que se sentia. Precisava ser honesta com ele, precisava ser honesta com si. –Foi bom, eu gostei e queria. Mas eu não estou bem, eu passei por algumas coisas e elas vão impedir de eu aproveitar isso por completo. Ninguém merece ficar com alguém que não está completamente no momento, ou que jogar as coisas no outro.
-Eu entendo, eu gostei do momento, e gostei da minha noite com você. Obrigado por tudo, eu vou lá pegar meu capacete e deixar você com seu espaço.
-Dorian, obrigada. Se a gente acabar se encontrando de novo um dia eu quero beber com você de novo. E se eu estiver bem, eu quero poder aproveitar com você.
-Está bem, é uma promessa. Nós vamos beber de novo e aproveitar ao máximo a companhia do outro. Durma bem.
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