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Empório da Coruja Manca (PT-BR)

Lua

Lua

Sep 27, 2020

Lua olhou de relance para cima e viu a Morte sentada no topo dos escombros do que um dia deve ter sido uma parede.

A garota viu naquilo um mau presságio. Mas, também, quem é que iria ver a Morte assim, por perto, e pensar: “ah, é, agora sim vai dar tudo certo”?

Até porque, na verdade, nada estava dando certo pra Lua já havia algum tempo. Morrer ali, mal sabendo onde estava, seria, então, apenas mais um de uma longa sequência de infortúnios. O último, possivelmente.

Ela deu uma rápida olhada nas ruínas a seu redor. Não fazia ideia de que tipo de construção aquilo deveria ter sido um dia. Havia chegado até aquele lugar por acaso, enquanto corria erraticamente em meio às árvores, se embrenhando cada vez mais pelo interior da floresta na tentativa de despistar seus perseguidores. Imaginou que talvez pudesse, ali, em meio a todos aqueles pedregulhos e muros semidemolidos, encontrar algum esconderijo, um buraco em que pudesse se enfiar e permanecer até que fosse seguro sair.

Era isso o que estava procurando, quando viu a Morte. A Morte aparentemente também a viu, mas não esboçou nenhuma reação. Talvez fosse esse o comportamento normal da Morte. Vai saber. Nunca chegou a entender nem a lógica da Vida, que dirá a da Morte.

Lua pensou um pouco sobre se deveria tentar se afastar da Morte, ou se aproximar. Puxar assunto, talvez. “Tenho visto que tem trabalhado bastante, ultimamente. Por que não faz uma pausa? Pelo menos pra tomar um café?” Quem sabe a Morte não a achava simpática, e dava uma aliviada pra ela?

Estava em meio a essas divagações, quando sua atenção se desviou para um fio de luz azulada cortando o ar em direção a seu pescoço.

Era uma luz que Lua já conhecia: a da lâmina de uma espada empunhada por uma externalizadora. A garota deu um salto para trás, levantando uma das mãos, numa instintiva tentativa de bloquear o golpe. O talho que a palma de sua mão recebeu foi profundo, e uma dor intensa se irradiou rapidamente do corte para todo seu corpo, como se seu sangue estivesse em chamas.

Com a visão parcialmente nublada pela dor, disparou, em desespero, na direção oposta à da mulher, que esbravejou algo que Lua, em todo caso, não entendeu. Pulou atabalhoadamente por cima de uma mureta baixa, e rolou pelo desnível que havia do outro lado, enquanto segurava a mão esquerda, que sangrava e pulsava de dor. Se levantou num pulo desajeitado, e, sem olhar para trás, pôs-se novamente a correr tanto quanto conseguia, em meio a uma área das ruínas onde as paredes eram mais altas e melhor preservadas.

Buscava qualquer tipo de abrigo, mesmo que, àquela altura, soubesse que era tarde demais para isso. Naquele momento, mal conseguia pensar, e apenas o mais primitivo instinto de autopreservação a fazia ir em frente. Viu, logo após um arco semidestruído, o que parecia ser um buraco... não, escadas, que levavam a alguma espécie de nível inferior dessa construção. Se lançou, com as pernas trêmulas, naquela direção, sem se importar se parecia ser um esforço inútil.

Enquanto corria, olhou para cima, para ver se a Morte ainda estava por perto. A Morte não estava lá; em seu lugar havia uma mulher, de pé sobre os restos de uma parede, com roupas esvoaçantes. De suas mãos saíram duas rajadas de luz avermelhada, das quais Lua tentou se desviar, mas que explodiram no chão, bem próximas a seus pés, levantando terra e poeira, e a jogando para trás. Tentou se levantar, mas, em meio ao completo pânico, se apoiou justamente na mão ferida, e caiu novamente, com um grito de dor.

Do chão, seus olhos procuraram pela mulher, mas apenas viram, emergindo das sombras, um homem, também portando uma espada de brilho azul, enquanto, pelo outro lado, ressurgia a perseguidora que a ferira na mão. Antes que Lua pudesse esboçar qualquer reação, ambos os externalizadores desceram suas espadas brilhantes sobre seu corpo, e tudo ficou preto, embora ela não tenha fechado os olhos. Por trás do manto da escuridão, viu novamente uma luz avermelhada, mas muito mais intensa do que a do raio da projetora. Depois, tudo ficou preto de novo. E, logo em seguida, ouviu uma voz conhecida: “LUA!”

Lua abriu os olhos, e estava em seu escritório, recostada em sua confortável cadeira. À sua frente, Mandy, sacudindo sua cabeleira ruiva.

- Lua! Tá tudo bem?

- Quê? Sim. Sim. Tudo bem. Tudo bem!

- Você tava gemendo!

- Eu... acho que estava sonhando...

- Bom, então acho melhor acordar! Estamos precisando de ajuda, lá embaixo! A taverna tá lotada, a Dry tá atendendo na loja, e eu já não aguento mais ouvir o Lathênio reclamando!

Lua se acomodou na cadeira, um pouco avoada.

- Eu vou lá ajudar. Deixa só eu me... ajeitar que eu... já desço.

- Então tá. Mas vê se não demora, senão eu vou transformar o mala do Lathênio numa coisa mais asquerosa do que ele já é! Ah! E o Péslustrosos tá dando um piti na cozinha porque as barras de cupim em conserva acabaram!

- Tá, tá. Manda o Lathênio pegar uns potes no depósito!

- Quer ver como o Lathênio vai reclamar disso também? – Mandy falou para o vento, balançando os braços, enquanto saía do escritório.

Lua não se levantou imediatamente. Ainda sentada, abriu e fechou a mão esquerda algumas vezes, olhando para sua palma, como se procurasse por uma cicatriz que não estava ali.

- Sempre volta a doer no inverno... – Sussurrou para si mesma.

Respirou fundo, ficou de pé, olhou para os objetos no escritório, e desceu.

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