- Minha querida Quennie, só posso estar contigo mais quatro anos. Depois tenho que regressar à lua.
- Porquê?!.... É sempre assim nesse mundo. Tudo tem um fim.
Porque as pessoas têm sempre que ir embora quando gosto delas?
- Querida, esse planeta não é a minha casa, só tenho energias para quatro anos e depois tenho que ir para a Lua. Como já te disse, já fui contra as regras do mundo espiritual e vou dar explicações. Não posso viver contigo até a tua hora chegar.
Vou estar sempre contigo aqui, no teu coração.
Vais continuar o que comecei aqui, vais escrever e desenhar para guiar estas almas perdidas que pairam neste mundo. Dá esperança, sê um ponto de luz para quem já não tem nada para iluminar a si próprio.
Acima de tudo, ama-te em primeiro lugar, não deixes ninguém baixar o teu valor. Não tenhas medo de estar sozinha, pois estarei lá em cima a olhar por ti. Apontou para a lua.
Lembrete que a lua está contigo, para sempre.
- Tudo o que tem um início tem um fim eventualmente.
Compreendo. Isto não é um fim..., é…. só uma pausa. Sempre tive a opinião que um fim é relativo. O fim, é um caminho bifurcado. – disse.
- Nada tem fim, um dia compreenderás melhor, Quennie, amar-te-ei até ao resto dos teus dias aqui, e depois daqui. Quando sentires saudades, olha para a lua.
Quando sentires sozinha, porque vais sentir, a solidão faz parte do ser humano, lembra-te sou a tua guia, o teu anjo, o teu espírito ou a tua eterna assombração.
- hahaha, também não é preciso exagerares Lua. Já agora o que fazes na lua nova?
- Fico nas sombras a olhar a tuas asneiras Quennie.- Respondeu Lua.
-E vais continuar a ver. Tens a noção disso?- perguntei divertida esquecendo que ela era um anjo e não humana.
- haha Quennie…. nem sabes o quanto sou má quando quero.
- Desde que não mandes a lua cair em cima da minha cabeça.
- Pior querida, mando a lua orbitar noutro planeta e deixo te morrer moribunda aqui.
Rimos as duas.
- Quennie, quando a tua hora chegar, eu própria irei buscar-te para fazeres a transição em paz sem sobressaltos. E depois…. ficamos lá em cima.
- Suponho que deve haver muita coisa para fazer lá certo? Perguntei.
- Descobrirás quando lá chegares.
Tenho um mau pressentimento em relação a isso, mas ok, a lua é grande para explorar, acho eu.
Abraçamos. Estava em paz, mesmo sabendo que ela iria embora.
Assim foi, passado quatro anos, a Lua regressou à sua casa. Passei o resto dos meus dias a continuar o trabalho dela com muito orgulho, valorizei o pouco que tinha e vivia uma vida simples. Continuei a evitar que mais pessoas ouvissem o Rio.
Quando perguntam “Então Quennie, ainda solteira?”
Respondo: “Tenho a Lua como minha companheira”.
Respondem que sou louca, como se os outros fossem realmente normais. Simplesmente rio na cara deles.
Mal sabem que realmente a Lua é minha companheira e que vou estar um milénio a olhar por esse planeta cada vez a morrer aos poucos. Vai ser lindo de ver o que o futuro reserva.
Agora que penso nisso… espero não ficar 1000 anos sem fazer nada e a olhar para aqui? Devo ter coisas para fazer certo? Espero que a Lua não esteja a falar a sério que vou estar sempre a olhar para esse planeta, ainda por cima os outros planetas estão longe! isso é secante!
Os meus pensamentos foram interrompidos quando um livro caiu do nada e abriu numa página que assim dizia:
“A nossa alma é uma autêntica biblioteca de memórias de várias vidas. Um milénio não chega para escrever tudo. “
Não existem coincidências.
Fim
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