O velho sábio dizia que todos tinham uma estrela reservada no céu, um dia essa estrela ativa-se e uma pessoa aparecia na nossa vida para iluminar a nossa jornada de vida. Até lá, iríamos enfrentar muitas tempestades e falhanços… sozinhos.
Talvez ele tenha razão, mas não tenho essa “estrela”.
Pois já ando nessa jornada sozinha e acabei até por gostar da minha própria solidão.
Quem sou eu? Pergunta que faço todos os dias.
O meu ponto de vista: uma sonhadora.
O ponto de vista dos outros: Quennie a falhada ou a Quennie o farol do mundo.
Claro depende de quem me vê. Ora para uns sou invisível e insignificante porque não preencho as expectativas dos seus egos, para outros sou a luz no meio da tempestade guiando até á bonança.
Normalmente sou eu a tirar os outros das tempestades que têm dentro de si, não perguntem como eu consigo, nem faço questão de saber.
Fico feliz.
Há quem diga não devia ficar feliz pelos outros, pois no fim de contas fico a ver os outros a viverem a sua vida cheia de vitorias, enquanto a minha está confinada e selada num vácuo.
Pois é, talvez faça o papel da qual a maioria não faz, ficar feliz pelos outros.
“Ninguém fica feliz por ninguém, há sempre aquele sentimento…”, palavras que vou ouvindo e que aos poucos vai se alastrando no meu ser e começo a entrar numa nuvem que começa a tornar-se cinzenta.
Entro num diálogo comigo própria ou com essa nuvem cinzenta.
“Mas é o que faz me sorrir, porque quanto mais luto por tentar vencer na vida, mais eu perco e sofro com as consequências, é um ciclo que não pára”. Argumento.
A nuvem começa a ficar mais carregada. Começo a refletir e talvez aquela nuvem tenha razão.
Hahaha.. É irónico quanto dizem me “ Quennie, sai da tua zona de conforto”
Eu sai, ouvindo a voz do avança, força, aventura-te.
É…. Foi por sair dessa zona do conforto que sou o que sou hoje.
Falhada.
Apostei, arrisquei, lutei. Perdi. Não consegui o que sonhei. Voltei a lutar, usando estratégias diferentes. O mesmo resultado. Falhanço.
Falhanço, falhanço,falhanço, e mesmo assim continuava, um loop interminável.
“Nem tudo o que serve para os outros irá servir para ti, devias ter ouvido a tua intuição mesmo que não fizesse sentido”. Rico conselho quando é dado no fim. Serve de muito.
Quennie que mal humor é esse? Quennie que frieza, Quennie isto, Quennie aquilo.
Mas tenho cara de anjo? Não sou anjo, sou humana. Tenho tempestades como toda gente, e é só eu que enfrento os meus próprios ventos. Não tenho um outro “eu” para tirar-me no meio de uma tempestade de pensamentos de tristeza, raiva e solidão.
“Devias de abrir-te mais”,
Eu respondo: “devias falar menos e ouvir mais.
Não se ouve só com os ouvidos, mas também se ouve com o coração.
As pessoas adoram ouvir os infortúnios para sentir melhor consigo mesmas.
Quase oiço os seus pensamentos “bem afinal a minha vida é agradável comparando com a dela...”
Com isto tudo, aprendi a fechar-me, a elevar barreiras e muralhas.
Oiço os desesperados perdidos na sua jornada como a minha.
Reflito.... As pessoas falam, falam e falam, mas não conseguem ouvir. O ego não deixa. Elas no fundo não têm culpa, mas sim o ego de uma sociedade inteira. O monstro que devora mentes sãs.
O mundo está inundado por pessoas não conseguem ouvir e com pessoas que querem ser ouvidas.
É raro um bom ouvinte.
Haja uma alma que consiga ficar horas a fio a ouvir alguém a desabafar em silêncio.
Tristezas, ambições e medos... medos terríveis porque… o Rio falava.
O Rio dizia a elas e a eles para entrar naquelas águas porque ofereciam soluções e promessas.
Missão era cumprida, quando eu fazia alguém acreditar que o Rio mentia.
Porque eu ouvia o que ninguém queria ouvir, porque não tinham paciência. Ninguém tem paciência.
Por não haver ninguém que saiba ouvir, muitos entram naquelas águas mentirosas e perdiam-se para sempre.
Pergunto a mim própria que tipo de conversas que esse Rio falava às pessoas….
Não quero saber.
O que interessa é que evitei alguém a entrar naquelas águas.
Missão cumprida.
Mais um amanhecer num coração de alguém e eu vou embora em silêncio, com o coração cheio, sozinha pelas ruas brumosas desta cidade.
Histórias que guardo que só a lua sabe.
O que eu não sabia era que um dia o Rio ia me falar.
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