Barbara corria em direção a sua casa por outro percurso e encontrou os caçadores a alguns quilômetros de onde deixara seus filhos. Saltou de trás de uma árvore com os pelos eriçados e rosnando, mostrando suas presas para os caçadores. Ficaram por um momento apenas se encarando. Seu objetivo era atraí-los para ainda mais longe de seus filhotes e dividi-los para atacar, pois em grupo eles tinham vantagem. Rosnou mais alto e saiu em disparada para o outro lado. Os homens soltaram os cachorros, que a perseguiam e a empurravam para o outro lado. De repente sentiu suas pernas ficarem suspensas no ar e uma corda puxá-la para cima, logo veio uma rede, que havia sido banhada com essência de wolfsbane, uma planta extremamente tóxica aos lycans, com a capacidade de minar suas habilidades e dependendo da dosagem até ser fatal. Ao passar dos anos, os Evis desenvolveram diversas armas adaptadas para o uso de wolfsbane, podendo a essência da planta ser utilizada tanto em seu estado líquido ou gasoso.
“Droga! É uma armadilha!”, pensou e tentou desesperadamente se soltar. Começou a procurar alguma maneira de se libertar, mas já era tarde e estava cercada.
— Ora, ora o que temos aqui! — afirmou um homem se aproximando da rede suspensa com uma adaga de prata. Levantou sua mão com intenção de tocá-la, mas quase a perdeu com a dentada que Barbara lhe dirigiu, errando por muito pouco. — Vejo que esta é arisca!
— Por que tanto ódio minha querida? — disse outro homem num tom de zombaria.
— Ela está com filhotes, nós encontramos um quarto de crianças e isto. — comentou uma mulher do grupo ao tirar uma camiseta de sua bolsa, que pertencia a Allec e continuou: — É de sua natureza como toda mãe, ser mais raivosa e protetora!
“Essa não... Como fui me esquecer que talvez notariam os objetos dos meninos?”, pensou se sentindo frustada ao olhar para a camiseta e continuou: “Preciso sair daqui agora!”, ainda lutava para se soltar da armadilha, mas foi pega de surpresa quando a corda foi solta e a fez cair com tudo no chão. Soltou um ruído de dor quando os cães começaram a mordê-la por todo o corpo. Tentou revidar, mas a rede a impedia, porque os homens puxavam-na de cada lado para mantê-la no chão, dando vantagem aos cães.
— Já chega! — gritou o líder e os cães se afastaram ao ouvirem o comando. Haviam feito um grande estrago nela, sangrava por toda parte de seu corpo, ainda viva, mas ofegava e demonstrava cansaço. Aproximou-se dela e perguntou: — Agora, me diga, aonde escondeu seus vira-latinhas?
Ela rosnou ameaçadoramente para ele em resposta.
— Se me contar agora, te deixo viver! — lançou um sorriso.
— Nun... Nunca te direi! — resmungou baixo.
— Sua idiota! — deu um chute no focinho dela, que gemeu de dor. — Que assim seja, não preciso de você para encontrá-los. — fez um sinal para a mulher, que segurava a camiseta de Allec e chamou os cães.
— Por... Por que está... Fazendo isto? Nós... Nunca atacamos um humano... — disse fracamente.
— Não é nada pessoal, são apenas negócios. — fez um sinal com a cabeça para um homem, que estava sobre ela agora com uma estaca de prata.
Barbara sentiu o homem pisar em seu ombro, se preparando para cravar a estaca e aquela sensação angustiante a fez cair em lágrimas, enquanto as imagens de seus filhos e marido invadiam sua mente, pensou: “Me perdoem meus amores, não conseguirei cumprir a promessa.”, de repente tudo ficou escuro.
Allec e John agora estavam por conta própria, sozinhos no mundo sem ideia do que seus destinos lhe preparavam.
A crueldade humana marcou com sangue a vida de John e seu irmão mais novo, Allec. Com uma linhagem antiga e temida correndo em suas veias, foram desde muito cedo, sentenciados a fugir. Não por terem feito algo, mas por simplesmente serem fortes demais para a compreensão de qualquer ser vivo.
Sempre foi uma regra para os Licantropos não interferirem ou atacarem o mundo humano, mas o que é o certo a se fazer quando o contrário começa a ocorrer de maneira bruta e sem piedade? A humanidade teme o que não consegue compreender e aniquila tudo aquilo que não obtêm controle. Sozinhos e perdidos, os irmãos se encontraram obrigados a seguir os caminhos necessários para sua sobrevivência. Independentemente de quais sejam eles.
Livro, Ilustrações e Capa by Amanda Scopel
ISBN 978-85-924739-0-7 (1º edição brasileira)
ISBN 978-85-924739-2-1 (2º edição brasileira revisada)
Sinopser por: Luciana Lima
By Editora Marotagem by 2016-2018
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