O mais velho quase gritou consigo por ter falado em voz alta, o que as vozes altas em sua cabeça, bravejaram. Lais estava perdida, sua cabeça pulsou assim como seu peito, o susto lhe fez se afastar.
-É sério? -Lais estava paralisada. Era loucura o que ele tinha dito, por mais que tentasse não conseguia processar a intensidade do outro. Pra ela, ele era apenas um garoto brincando. Brincando com algo sério.
-Eu não quis... -Zack se sentiu engasgar com as palavras, ele queria se atirar do alto de algum prédio naquele instante. Talvez ter o poder de fazer as pessoas esquecerem dele, do que ele havia feito, nunca existindo.
-Olha eu não sei como você quis dizer isso, acho que nem você. -Com um suspiro Lais começou a sair de perto do outro, sua cabeça rodando.
Zack quis ficar parado, deixá-la ir, seu coração estava disparado, não sabia o que fazer, sentindo-se mortificado. Seus sentimentos desceram por seus lábios se implantando entre os dois e ele quis muito poder voltar no tempo, poder refazer aqueles segundos pequenos. Viu a menina dar meia volta, se assustou com o olhar que ela lhe lançou, prendeu a respiração quando ela caminhou até ele. Seu rosto ficou a centímetros do seu e ele quis lhe perguntar o que ela queria dizer, o que ela achava dele, o que ela achava do que tinha falado. Esperou lhe dizer que era um idiota, que jogava palavras importantes ao ar.
Sentiu um impulso em sua nuca, e com a rapidez das ações apenas sentiu algo macio em seu rosto, a pressão o fazendo se chocar contra a ruiva. Lais afrouxou seus lábios que pressionaram nos do outro e se afastou alguns centímetros para saber a reação dele. Dizer que estava surpreso, era tão pouco, tão mínimo, talvez fosse melhor classificar a reação do mais velho com "choque". A face se esticou em confusão e apenas voltou a mudar quando sentiu os lábios mais uma vez em si.
Ele suspirou afetado e deixou os olhos se cerrarem quando a garota puxou o seu rosto, cada palma quente em suas bochechas. Os movimentos macios e superficiais foram suficientes para fazer com que o maior ofegasse, tão contaminado pela presença dela que quase cambaleava para frente, fazendo a outra pender com alguns passos para se equilibrar. Uma mão dele correu para a lateral do braço alheio quando sentiu o canto de sua boca ser lambida, e então sentiu que estava sendo levado para alguma de suas fantasias. Sonhava que tinha os lábios tão presos ao seus que ao aprofundar o beijo, seu corpo tremia com a sensação, querendo muito mais.
Era a mais pura realidade e Zack percebeu aquilo quando estava sem ar e completamente sem condições de formular algum pensamento ao olhar freneticamente para todos os pontos vermelhos do rosto feminino. Lais lhe olhou, e ao estar tão próximo, ele percebeu que os olhos claros ficavam mais escuros por conta da excitação.
Aquele momento de energia pura, fora quebrando ao perceberem o clima estranhar, a ação veio com uma consequência, e não sabiam como agir após aquilo, muito menos sabiam o que falar.
Escutaram vozes expressivas vindas ao lado, e quase pularam pelo susto. Lais fora abraçada por um jovem de cabelos amarelos, ele gritou por um momento, o que fez os outros dois jovens se encolherem em uma mistura gêmea de incomodo pelo intruso. Lais tirou os braços rapidamente de sua volta, se afastando também alguns passos de Zack. Por um segundo ela quis só sair andando, mas se sentiu grudada no chão.
-Zack! -A voz embriagada do outro, cantou seu nome. -Me empresta? -À frente do mais sóbrio, surgiu um dedo magro.
Os garotos se encaram, um incoerente e o outro confuso. O sorriso na face perturbada por álcool, se modificou por um segundo, para então se virar para a figura da ruiva. Que se assustou de leve, impressionada com a situação.
-Linda! Me empresta ele!? -Pareceu-se clarear para os outros dois, a pergunta anterior.
-Você está completamente fora de si. -Com um impulso Zack se mexeu, puxou o braço do outro, se aproveitando da oportunidade de fugir. -Eu vou... Levar ele para um dos quartos. -Mal se virou para encarar Lais, seus olhos evitaram ela mirando algum ponto distante por entre a multidão do outro lado do jardim.
-Certo, tudo bem. -Respondeu Lais no automático, vendo os garotos saírem de perto a passos bambos.
-Olha bro, eu gosto de gatinhas. Como essa linda pérola aqui.
Zack tentou evitar que a cabeça alheia se roçasse em seu pescoço, lhe emburrando com uma mão. Lais escutou as reclamações de ambos, e sorriu para a sensação que lhe invadiu. Uma estranha realização de que o outro estava saindo pela lateral com a oportunidade fez a menina sorrir.
-Zack! -Gritou antes que os dois se afastassem demais. O moreno se virou, só o suficiente para não levar o outro consigo, e franziu as sobrancelhas para a imagem alegre da outra. -Você não pode fugir sempre.
***
-Só preciso de dois maços, cem dólares, uma mochila, e mais uma blusa. -A voz do outro era abafada por seu braço.
-Eu não vou deixar você fugir só com isso. Vou lhe dar um quite novo de cuecas. -Lisa tentou não rir alto ao escutar Juan.
-Porra. -O outro tentou não se jogar do carro, estava mirando a paisagem em um desfoco que combinava com seu interior.
-Me diga. Você disse que ia matar a avó dela? -Lisa falou enfática, séria como se estivesse mesmo pensando que fosse possível. O rosto divertido de Juan ao seu lado fez-lhe confusa.
-Não! -O resmungo furioso saiu pelos lábios do rapaz.
Zack não havia dito mais do que sua declaração, porém não fora um ato premeditado por ele. Estava se sentindo completamente perdido com aquilo, e não sabia se seria capaz de encarar a outra tão cedo.
-Eu não queria. -Repetiu mais uma vez, o que voltava a lhe recorrer.
-Não queria? Mas você não queria? -Juan se virou para encarar o amigo. E ambos em silêncio tentaram pensar na situação.
-Não desse jeito. -A resposta veio mais uma vez a tona.
-Tá, você se sentiu em um dos ápices de sua paixão, e se declarou. -Lisa virou a chave na ignição enquanto via o outro se contorcer em sua pequena lamúria. -Você é romântico, e isso foi fofo.
Zack entortou a boca, nenhum pouco contente com o elogio. O mais velho ao lado da morena apenas riu, e apoiou o braço na porta.
-Está aí. -Soltou do nada o rapaz no banco de trás, como se todos pudessem ler seus pensamentos a mil. -Pois é.
-Seu amigo vai pra casa, ou eu devo ir para algum hospital? -Juan encarou a outra com a sobrancelha levantada. -Tomar um soro na veia talvez, sei lá.
-Eu dei mais um motivo para ela rir de mim. -Zack quase puxou os próprios cabelos, agonizando-se.
-Cara, ela provavelmente achou você muito mais interessante depois da noite de hoje. Se dê algum crédito. -Juan voltou a tentar acalmar o outro.
Por um momento o silêncio se fez, e com o olhar rápido entre Lais e Juan, eles quase se vanglorizaram em voz alta por terem sucedido a missão. Zack olhou para o lado de fora, vendo a festa da qual estava escapando, e se lembrou do acordo que fizeram mais cedo, no dia anterior na realidade.
-Você ainda me deve 20 reais.
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