Quando acordei no dia seguinte, me senti esplêndido. Comecei a sorrir enquanto me levantava e ajeitava a cama, Caio não estava mais no quarto e sua cama estava perfeitamente arrumada. Vou escovar os dentes e, minutos depois, estou me dirigindo ao refeitório do Sítio. Uma área coberta, cheia de mesas de mármores redondas, e uma mesa retangular principal para nos servimos. Pouco distante dos chalés.
— Bom dia, El. — Caio diz enquanto me aproximo da mesa. tia Anna e os outros já terminaram a refeição, apenas ele está colocando colheradas vorazes de caldo de mandioca na boca agora.
— A, que ótimo que está aqui, Uriel. Faz companhia ao Caio? Quero subir as colinas antes do sol esquentar. — tia Anna diz.
— Claro, fico com ele, podem ir. — sento-me próximo de Caio, percebendo que Hugo não está em lugar nenhum para ser visto.
— Por que não vai conosco, Lu? Pensei que apenas Caio não gostasse de alturas. — tio Marcelo diz.
— Eu só tenho que esperar um pouco mais, sinto muito, papai. — Luna diz, assumindo um tom retraído.
— Esperar? — tio Marcelo parece confuso.
— Não a pressione, amor. Vamos, ela está em boas mãos. — pisca para nós e sai de braços dados com tio Marcelo.
Assim que eles saem, Luna também se despede e diz que precisa trocar de roupas no chalé. Ficamos apenas eu e Caio na mesa, me levanto e vou me servir. Escolho feijoada e logo estou de volta, Caio também se serviu de mais uma porção do caldo. Feliz como nunca.
— Eu quero levar isso para a cidade. É incrível. Quero comer todos os dias. — ele diz.
— Quando quiser, fazemos no nosso restaurante também. — Hugo responde, se sentando com um prato de arroz e vinagrete, acompanhado por lombo assado. — Garanto que é tão boa quanto. — ele sorri para nós dois e fico surpreso por não ter visto ele chegando.
— Bom, agora que somos da mesma família, terei desconto? — Caio diz e ri enquanto me observa por trás das lentes.
— Só se levarem meu garoto junto. — me arrepio com a maneira como ele fala. Meu garoto. Puta merda, isso soa tão bem.
— Bom, El. Se prepare. Você é minha moeda de troca e eu pretendo usá-lo sempre que possível. — Caio diz de uma maneira leve e distante, como se estivesse apenas dizendo como o clima está.
— Não deveria vender seu melhor amigo tão fácil, Cá. E ainda somos primos. De que vale o sangue? — falo pra ele, levando a mão ao coração para deixar tudo ainda mais dramático.
— Bom, estamos falando de comida, não me obrigue a ser leal. — ele diz e Hugo começa a rir.
— Mas a primeira porção será de graça, como um agradecimento por ter me dito onde estavam e como chegar até aqui. — Hugo diz. Sua expressão é contemplativa agora. Ele dá uma colherada no seu prato e depois sorri para mim, sem mostrar os dentes. Não sabia que era Caio quem o tinha orientado, nem passou pela minha cabeça entender como ele havia chegado ali. Não quando Hugo simplesmente estava ali. Isso é tudo que eu preciso.
— Se prepare, meu amigo, pois lembrarei dessa oferta. — Caio diz com um tom brincalhão.
Depois de todos terminarmos a refeição, decidimos caminhar um pouco. Comer pratos pesados como aqueles no café da manhã vai nos ajudar a manter a energia quando formos explorar mais o local pela tarde. Estamos indo para o Chalé, para uma partida de Uno, quando Luna nos grita.
— Ei, perdedores. Esperem. — ela está segurando as mãos de uma garota linda. Ela tem a pele como o anoitecer e os cabelos negros cacheados são uma combinação fantástica. O castanho claro dos olhos dela reluz no sol, conforme elas se aproximam de nós. — Essa é Amanda, minha namorada. — Amanda sorri, se desvencilhando gentilmente das mãos de Luna.
— Prazer em conhecê-los. Luna falou muito de todos vocês. — ela diz e nos apresentamos em sequência. Depois de estarmos familiarizados, desistimos da partida de Uno e arrumamos as coisas necessárias para uma tarde na cachoeira. Luna está tão amável e gentil que mal a reconheço.
Enquanto caminhamos pela trilha que leva a cachoeira, as duas andam com os braços entrelaçados nas costas uma da outra. Os olhares apenas admirando a paisagem, perdidas no mundo que o coração criou para as duas. Hugo anda do meu lado, mas continua distante. Não nos tocamos. Caio vai na frente, usando um fino galho para se equilibrar.
— Como vocês se conheceram? — pergunto.
— Nos conhecemos numa loja de roupas. Eu tinha ficado presa em um vestido apertado demais e Luna, junta a vendedora, me ajudaram a tirá-lo. — Amanda diz. Um olhar sereno transpassa seu rosto.
— Foi impossível não me apaixonar depois de ver tudo o que aquele abençoado vestido guardava. Então pedi o número dela. — Luna continua. — E depois começamos a frequentar o mesmo curso de desenhos. — me lembrava dela pedindo para tia Anna deixá-la fazer o curso, apesar de ter pensado que apenas o amor pela arte a motivava.
Amanda pressiona os lábios contra os dela e logo estão se beijando tão intensamente que acabam ficando para trás, nenhum de nós ousa interromper, então apenas continuamos andando. Quando olho para trás, a quantidade de mãos de cada uma parece ter se multiplicado enquanto percorrem o corpo uma da outra. Desvio os olhos, pensando que se trata de algo pessoal demais.
Ao chegarmos na cachoeira, Caio não perde tempo e logo está nadando para cima e para baixo, em uma demonstração de graciosidade não contida. A luz do sol deixa sua pele molhada linda. Sinto Hugo tomando minhas mãos entre as suas. Ele aproxima os lábios do meu ouvido.
— Podemos entrar, ou devemos seguir o exemplo de sua prima? — ele sorri provocantemente.
Me afasto e tiro a camisa e os sapatos, ficando apenas de bermudas. O olhar de Hugo se demora sobre meu corpo e preciso de muito autocontrole para não me virar e para simplesmente não implorar a Hugo que me deixe ver o que há por debaixo daquela camiseta. Mesmo que eu já tenho visto em fotos, pessoalmente nem se compara. Quando ele tira a blusa, perco o ar. Tento recuperá-lo arfando quando Hugo se aproxima. Ergo as mãos inconscientemente e o toco. Como já fiz antes, mas nada separa minhas mãos agora. Não existem mais tecidos. Apenas minha mão e sua pele.
— Você ainda não me respondeu, Uri. — ele coloca sua mão sobre a minha, pressionando ainda mais contra o seu corpo. Depois a desliza, passando pelo seu peito, e morde os lábios. Consigo ver o volume em suas calças aumentando. Sinto a bermuda lutar para me conter também. Água respinga em nós. Olho para a cachoeira e Caio está dando braçadas enquanto percorre toda a extensão do rio de cima a baixo. Indiferente ao que acontece ao seu redor. Corro e mergulho na água, o toque frio ajuda a acalmar meu corpo quente enquanto volto a superfície, encarando Hugo ainda nas pedras. Parecendo contrariado. Mas então ele sorri e pula no rio também.
Ele nada ao meu redor e depois se aproxima de minhas costas, pressionando seu corpo contra o meu. Flutuamos juntos. A água envolvendo nós dois. A sensação é maravilhosa. Me viro para ficar de frente para ele. Ele sorri maravilhosamente e, sem conseguir evitar, beijo sua bochecha e me afasto nadando, sentindo Hugo em meu encalce. Diminuo a intensidade, porque tudo o que quero é que ele me pegue.
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