No trabalho, a minha tia revisou um documento e preparou para encontrar Orlando. Carlos me ligou e avisou que a andorinha estava de saída. Confesso que fiquei sem entender, mas avisei aos meus amigos que já estavam posicionados. Só esperar os cinco convidados do escritório e pronto. Surpresa!
No estacionamento, a tia Olívia teve dificuldades em abrir o carro. Sorte que Orlando apareceu e deu uma mãozinha. Eles seguiram no carro da titia para um café elegante demais. Ela contou que era o seu aniversário e o juiz comprou um bolo para comemorar.
Eles saíram do café e seguiram para um mercado. A titia queria comprar um bolo maior para celebrar com os sobrinhos. Após realizar a compra, eles ficaram bebendo no estacionamento.
— Passar o aniversário bebendo em um estacionamento de supermercado em um copinho plástico deve ter sido a melhor festa que você teve. — destacou Orlando erguendo o copo.
— Confesso que já tive outras mais badaladas, porém, a companhia está boa.
— Pontos para mim. — ele disse, e em um gesto ousado beijou a tia Olívia que correspondeu.
— Meus sobrinhos ainda não estão em casa. Eles chegam umas 21h. — avisou tia Olívia para a alegria de Orlando.
Em casa, eu já estava ficando nervoso com a demora de titia. Giovanna entra saltitante falando que o carro dela havia estacionado e apagamos todas as luzes.
Titia e Orlando entraram em casa aos beijos. Ele tirou o terno e ela desabotoou a blusa, ao mesmo tempo, Zedu ligou a luz e começamos todos a cantar parabéns.
Ao perceber o que realmente estava acontecendo todos pararam de cantar. E um clima horrível se instaurou naquele lugar. Minha tia ficou visivelmente transtornada e Orlando deu um sorriso amarelo para todos.
— Surpresa. — soltou Giovanna olhando para mim e jogando confetes na direção da titia.
— Surpresa, tia. Feliz aniversário. — falei desejando que um meteoro atingisse a terra.
Eu queria morrer. Poderiam ter me matado e jogado o corpo em qualquer terreno baldio da cidade. Se para mim, o sentimento era aquele, nem imagino o que se passou na cabeça da tia Olívia.
Depois do climão, a turma puxou novamente os parabéns, afinal, o que é um pouco de merda para quem já tá todo cagado, né? Essas foram as palavras de Brutus em uma outra conversa que tivemos sobre o assunto.
Quem não gostou nada da cena foi o Carlos. Ele se aproximou da tia Olívia, desejou parabéns e se afastou. Interagiu apenas com os colegas do escritório. Na hora de servir o bolo, dei uma fatia para ela e pedi que entregasse ao Carlos.
— Carlos. Pra você. — ela disse entregando o bolo.
— Obrigado. Estou indo. — Carlos falou, antes de abraçá-la.
— Olha. Sobre o que aconteceu eu...
— Tudo bem. Sou apenas um estagiário. Sei como essas coisas funcionam. Obrigado pelo convite.
Aos poucos, os convidados foram indo embora. No fim, a bagunça sobrou para mim, quer dizer, os meus amigos ajudaram também. Cara, ainda não acostumei com a palavra 'amigos'. Após arrumar boa parte das coisas, a gente ficou jogando conversa fora na calçada.
— Gente. Quero agradecer. Vocês me ajudaram muito hoje.
— Para com isso, grandão. — disse Brutus batendo no meu ombro. — Foi um prazer. Por falar nisso, a tua tia curte garotos mais jovens?
— Cala boca, idiota. — repreendeu Zedu batendo na cabeça do amigo.
Entrei em casa no modo furtivo. Nenhum sinal da titia. Encontrei meus irmãos limpando a cozinha. A gente fez tudo rápido para não rolar uma conversa vergonhosa. De acordo com Giovanna e Richard, a culpa de toda confusão foi minha. Ok, por parte foi, mas não mandei ela se agarrar com um homem na frente de estranhos.
— Agora eu tenho que ter uma bola de cristal? — perguntei olhando para os dois, enquanto guardava os pratos.
— É verdade. — Giovanna parou de varrer e fez uma pose tão engraçada que deu vontade de rir. — Gente, onde que eu ia acreditar que a Tia Olivia entraria em casa se agarrando com um boy magia daqueles.
— Estou vendo pouca arrumação e muita conversa. — disse tia Olívia entrando e nos assustando.
Pedi para os meus irmãos saírem da zona de guerra. Ok, só mandei eles tomarem banho e escovarem os dentes. Fiquei arrumando a cozinha com a tia Olívia em silêncio. Queria a melhor oportunidade para pedir perdão pelo Godzilla que ela pagou na própria festa de aniversário.
— Yuri. Quero morrer. Envergonhei vocês na frente de todos. A gente se mudou recentemente, eu cuido de vocês. O que eles vão pensar? — ela perguntou, enquanto colocava whisky em um copo.
— Eles não vão pensar nada. A senhora é adulta e tem sua vida. Quando eu chegava em casa chorando porque os outros me chamavam de baleia, orca ou rolha de poço, o que a senhora dizia?
— Para você não ligar e nem revidar. — bebendo em apenas um gole e sem fazer careta.
— Então.
— O que eu faria sem você. — ela falou me abraçando e oferecendo um copo. — Aceita um copo de whisky?
— Não, obrigado. Vou jogar o lixo, a senhora pode subir. Vou trancar tudo. — falei pegando um enorme saco verde.
Enquanto jogava o lixo, o Leonardo, irmão da Letícia, me abordou. Ele disse que estava passando quando me viu e pediu para entrar. Subimos para o meu quarto. E ele pediu para transarmos, confesso que fiquei assustado, mas aceitei. O Leo beijou o meu pescoço e perdi totalmente o controle.
Aumentei a música que tocava na caixa de som. Tentei não surtar na primeira vez, ainda mais sendo um cara tão bonito quanto o Leo. Quais são as chances de uma coisa dessas acontecer comigo? Deitamos na cama e ficamos nos beijando.
— Tá gostando? — ele perguntou ofegante, após descobrir um ponto de prazer meu.
— Sim, mas faz menos barulho. O pessoal pode ouvir.
— Bem, eu sou caladinho. — Leo falou beijando meu pescoço mais uma vez.
Fiquei muito nervoso, nunca tinha ficado pelado na frente de ninguém. Meu coração acelerou. Orei para aquilo terminar logo. E não é que minhas preces foram ouvidas? A Giovanna começou a bater na porta do quarto.
— Preciso falar com você agora. — pediu minha irmã parada na frente da porta.
Lascou-se. O Leo recolheu as roupas do chão e colocou a cueca. Olhei para todos os cantos do meu quarto e achei o lugar perfeito para escondê-lo, o armário. Ainda tinha um grande espaço sobrando, e como o irmão da Letícia era magro, coube perfeitamente.
— O que foi? — perguntei abrindo a porta com uma cara de tédio, mas com o coração batendo forte.
— Vamos fofocar. — ela respondeu. —O que a titia disse?!
— Que ficou arrependida.
—- E quem era o gato? — minha irmã adorava uma fofoca, só que tinha um homem gostoso dentro do meu armário.
— Giovanna. Eu tô cansado, tive um dia péssimo e quero dormir. Amanhã conversamos. — falei fechando a porta na cara dela.
— Grosso. — ela soltou, antes de voltar para o quarto.
Ok. Tirei o Léo do meu armário e retornamos aos beijos calientes. Ele tirou uma camisinha do bolso e balançou na minha direção. Nossa. Ia rolar mesmo. Eu ia perder a virgindade para um cara gato. Fiquei tão nervoso que as pernas começaram a tremer.
Doeu. O corpo sentiu novas sensações. Nunca suei tanto na vida. Ao terminar, Léo agradeceu a transa. Confesso que deu vontade de rir, mas mantive a compostura. Às 2h, ele saiu de casa. Foi mais tenso que o momento antes de eu perder a virgindade.
Deitei na cama com um sorriso na boca. Manaus era sem dúvidas o melhor lugar para se viver. No dia seguinte, acordei tarde e preparei um café básico para os meus irmãos. Giovanna mostrou o facebook e vi que a Ramona havia colocado algumas fotos do aniversário. Realmente, o namorado da tia Olívia era um gato.
— A Letícia tá lá na porta. — falou Richard.
Puta merda. Puta merda. O Léo contou para a Letícia. Ela vai me matar. Caramba, e agora? Nunca vivi uma situação parecida na minha vida. A minha amiga esperava na sala e usava um biquíni no mínimo provocativo. Ok, a Letícia vai me matar usando um biquíni. Já havia aceitado aquela sentença de morte.
— Vamos para a piscina. Quer ir? O meu irmão Léo vai nos levar. — ela convidou.
— Hum. — fiquei chocado por causa das besteiras que pensei e demorei a responder.
— Terra para Yuri. — Letícia estralou os dedos na minha direção.
— Posso levar as criaturinhas comigo? — perguntei.
— Claro. A turma já tá lá.
— Crianças! Dois minutos para pegarem sunga e biquíni. Vamos para a piscina! Não é um treinamento. — gritei o mais alto que pude. – Volto em um minuto.
— Dois minutos? Dois minutos? Preciso ver qual vai ser a cor do biquíni para combinar com a canga e a minha...
— Falta um minuto e meio!!! Rápido!!!! — gritei, novamente, mas dessa vez, cortando a Giovanna.
Tudo bem. Demoramos mais que dois minutos, entretanto, nunca vi a Giovanna escolher um óculos de sol tão rápido. No carro, tentei não manter contato visual com o Léo. A situação já estava estranha o suficiente. Reparei que havia uma marca no pescoço dele. Espero que não tenha sido a minha boca.
Chegamos na casa da tia de Letizia antes do meio-dia, ou seja, o sol estava imponente em toda sua glória. Passei protetor nos meus irmãos e fui até o banheiro trocar de roupa. Usei uma bermuda azul, aquelas estilo surfista. Gostava dela, pois não mostrava o meu cofrinho. Voltei para a área da piscina e o pessoal já estava lá.
— Vai lá, grandão. Pula com tudo. — pediu Brutus jogando água na minha direção.
— Vem cara! — gritou Zedu.
Nossa. Zedu. Zedu. Podia passar o dia te beijando. Mas, apostaria naquela tarde em alguém que eu teria chances reais de beijar o Leonardo. Ele estava uma delícia também. Usava uma sunga vermelha que destacava sua pele bronzeada. E que peitoral incrível. Entrei na piscina e fiquei conversando com ele.
As meninas decidiram pegar sol, meu irmão e o Brutus ficaram praticando slackline. Zedu me viu conversando com Leo e se aproximou. Naquele momento, não pensei em nada, quer dizer, imaginava uma transa entre nós três. Seria um novo presente do universo.
— Segura, Yuri. — alertou Zedu jogando água na minha direção.
— Bobo. — falei colocando as mãos no rosto.
— E aí, Zedu? Ainda tá namorando a Alicia? — perguntou Léo.
— Você tem namorada? — perguntei mais surpreso do que gostaria de estar. – Que bom. Legal. — tive que usar o "Yuri Ator'' nessa parte.
— Ei, Yuri. Vou tomar alguma coisa. Me acompanha?! — perguntou Léo saindo da piscina.
— Claro. — falei olhando para Zedu e saindo. – Já volto.
Fomos até um quarto vazio. O Leonardo tirou uma camisinha de uma mochila. O abracei e o beijei com toda força. Como estávamos suados, a sensação de pegação ficou mais gostosa. Ele olhou para mim com a maior cara de safado e falou algo que me deixou tremendo.
— Quero te sentir de novo, gostoso.
— Eu.... Eu... — eu apenas me entreguei.
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