Após anos esperando por uma oportunidade, o feiticeiro Cen conseguiu tomar Framon, um dos reinos mais prósperos daquela região. Ele só não contava que algumas pessoas escapariam, no caso, seis jovens que fariam toda diferença.
Desolados. Assim ficaram os sobreviventes do Ataque à Framon. Romeu, Julius, Bartolomeu, Catherine, Clarissa e o Príncipe Mitty, observavam de longe, uma nuvem vermelha cobrindo a sua querida cidade. Eles só conseguiam ouvir os gritos e lamentações, ou seja, sentiram-se impotentes.
Frio. Fome. Desespero. Cabisbaixos, eles seguiram para o Norte, onde havia uma cidade que poderia servir como uma morada provisória, afinal, os jovens não tinham ideia de como agir ou a quem recorrer.
Depois de alguns minutos andando, o grupo chegou à uma cabana abandonada. Eles entraram e certificaram-se que ninguém morava no local. A cabana era escura, sem móveis e, com certeza, não era o lar de ninguém há muito tempo.
Sabe aquele momento onde vários pensamentos passam em sua cabeça, porém, o coração não consegue acompanhar? Eles sabem. Apenas, lamentavam, silenciosamente. Até que...
— Precisamos fazer alguma coisa. — falou Julius, parando na frente dos amigos, fazendo com que um tropeçasse no outro. — Não podemos ficar chorando. Algo deve ser feito. — continuou o jovem, na esperança de achar uma solução para o problema.
— Você viu os poderes daquela coisa? — questionou Bartolomeu, com o coração temeroso. — Ele carregou a mamãe e o papai no ar como se eles fossem feitos de papel. Não podemos competir com aquilo.
— Gente, então as histórias são verdadeiras. Criaturas mágicas existem? — perguntou Clarissa, ao lembrar dos poderes de Cen.
— Aqueles monstros pareciam bem reais. — afirmou Romeu, citando os monstros que atacaram Framon nos últimos dias. — Eles têm que ter uma ligação.
— E vamos deixar os nossos pais morrerem e, também, os cidadãos de Framon? — Catherine questionou, colocando as mãos no rosto e chorando.
— O que faremos? — pensou Mitty, ainda sem ter ideia de como agir naquela situação. — Não temos nada de especial, droga! — gritou o príncipe dando um soco na parede e chamando a atenção do grupo.
Tomando a posição de líder para si, Bartolomeu, pediu para todos ficarem calmos e não pensarem no pior cenário. Em seguida, ele enumerou a qualidade dos amigos, afinal, ele achava que era isso que um líder faria.
Para o primogênito de Celdo Mazzaro, todos guardavam uma vantagem dentro de si, como, por exemplo, Romeu e Julius, que eram ótimos esgrimistas e já tinham experiências com os monstros de Cen. Ou, Catherine e Clarissa, as duas sempre se destacaram nas aulas de física e química.
Para o príncipe Mitty, Bartolomeu, pediu paciência e resiliência, duas palavras essenciais para um membro da realeza de Framon. De uma maneira sutil, Bartolomeu conseguiu acalmar todos. Então, Romeu, lembrou de um detalhe que faria toda a diferença.
— E o colar?
— O colar. — repetiu Julius, tirando o objeto do bolso e olhando fixamente para ele. — A mamãe disse algo sobre a força da natureza.
— A mãe natureza, o papai disse também. — lembrou Catherine, fazendo uma imitação questionável do seu pai.
— E como faremos? — quis saber Clarissa.
— Vamos lá fora. Acho melhor. — sugeriu Romeu pegando no ombro de Mitty, que reagiu de forma bruta e bateu no braço do rapaz.
— Não encosta em mim!!!
— Algum problema? — Romeu perguntou atônito com a reação do príncipe.
— Só não quero que maricas me toquem.
Uma pequena confusão se formou. O preconceito do príncipe chegou ao ápice quando ele começou a gritar que odiava homossexuais, apontando para Romeu e Julius. Consumido pela raiva, Romeu parte para cima de Mitty e lhe dá um soco. O grupo ficou horrorizado, enquanto Bartolomeu ajudava o príncipe, as meninas tentavam acalmar Romeu.
— Já temos problemas o suficiente. Vamos logo achar essa mãe natureza, ou sei lá. — ordenou Bartolomeu, saindo da cabana levando o príncipe pelo pescoço.
— Babaca, beberrão. — esbravejou Julius segurando o colar com força. — Olha, ainda bem que você bateu nele... por que... eu.... eu....
— Ei, relaxa. Não é a opinião de um príncipe infantil que vai nos impedir. — garantiu Romeu fazendo carinho no cabelo do amado.
Após a briga, todos os jovens saíram, ainda sem saber o que fazer para encontrar a Mãe Natureza. Eles tentaram de tudo, desde jogar o colar para cima, até mesmo, uma oração com o latim rudimentar da Catherine. Aparentemente, nada funcionou e a ajuda continuava inexistente.
— Affz! — murmurou Julius, andando de um lado para o outro. — Mãe natureza! Alô!!!
— O quê? — perguntou Bartolomeu, colocando a mão na boca e segurando o riso.
— O que é engraçado? — quis saber Julius, ficando chateado com a reação do irmão.
— Nada. Continue. — pediu Bartolomeu, adorando assistir ao irmão menor fazendo um papel de bobo.
— Oi? Sou eu o Julius do reino de Framon. Será que poderíamos conversar?
Ninguém conseguiu manter a seriedade mediante ao Julius andando de um lado para o outro, quase saltitando, atrás da mãe natureza. Romeu riu e balançou a cabeça negativamente, mas, no fundo, achou fofo a reação de Julius.
Só que para surpresa de todos, o colar começou a brilhar. A luz cintilante azul pulsava forte e dificultava a visão deles. Por um segundo, Julius, sentiu-se energizado e forte, quase que invencível. Do nada, uma figura feminina aparece na frente dos jovens.
No início foi difícil vê-la, porém, aos poucos, a luz foi diminuindo e eles puderam dar uma olhada na tal figura. Se tratava de uma mulher voluptuosa com os cabelos pretos. Ela andou, graciosamente, e seus pés pareciam não tocar no chão.
Ela tocou no rosto de Julius. Ele se assustou, porque sua pele era de madeira e seus longos cabelos pretos eram raízes de árvore. Apesar do susto, Julius não sentiu medo ou temeu pela própria vida.
— Estou aqui. — disse a mulher para a surpresa de todos, enquanto tocava no rosto de Julius que sentiu a obrigação de se apresentar.
— Sou Julius Mazzaro, filho de Malody Mazzaro e Celdo Mazzaro. Meus pais pediram para vir até você....
— Malody. Tantas luas que não escuto o nome dela. Como ela está? — questionou a mulher fazendo uma expressão de tristeza.
— Não sabemos. Ela foi sequestrada por um feiticeiro chamado Cen. Você conhece? — interveio Bartolomeu, pois, Julius não conseguia expressar-se.
— Não pode ser. Malody e seu pai derrotaram Cen...
— Eles o quê? — questionou Julius, cortando a entidade para o desespero de todos. — Você conhece os nossos pais?
— Eu sou, eu sou mãe de Malody. — revelou a mulher misteriosa. — Eu sou a Mãe Natureza.
— O quê? — todos falaram juntos em choque com a informação.
— A avó de vocês é uma árvore gigante! — soltou Mitty rindo descontroladamente.
A Mãe Natureza olhou para uma árvore que estava ao lado de Mitty, e a mesma, chicoteou o príncipe com seus ramos. Ela, gentilmente, afastou-se de Julius e levantou os braços. De repente, imagens de Malody ainda como uma Ninfa apareceram para os jovens.
— Eu não estou acreditando. Alguém me belisca. — pediu Julius, que é subitamente beliscado por uma árvore. — Aí. Eu já entendi. Vocês se movem. — passando a mão no braço.
— Vov... digo... senhora.... nós precisamos ajudar o Reino de Framon. — revelou Bartolomeu, que explicou toda a história do ataque de Cen contra a cidade.
Segundo a Mãe Natureza, a missão de derrotar Cen não é simples. Ela mostrou a batalha entre os soldados de Framon e o feiticeiro. A entidade, também, falou como Malody quase morreu no processo, mas, que por um milagre conseguiu derrotar Cen e o trancou em uma prisão especial.
Outra explicação bastante assustadora foi o fato de que Cen ainda não recuperou os seus poderes. Por esse motivo, usará Malody como um catalizador, uma vez, que além de ninfa, a esposa de Celdo é uma feiticeira branca, ou seja, possui uma fonte de poder inesgotável.
— Sua mãe viveu muitos anos escondida. Até que encontrou o grande amor de sua vida, ela abriu mão dos poderes e da imortalidade. — explicou a Mãe Natureza, falando que tinha orgulho dos frutos da filha, referindo-se aos netos.
— Mas se ela abriu mão dos poderes, como Cen pode pegar? — questionou Catherine, ainda confusa com toda a história.
— O poder de sua mãe está apenas adormecido. Cen deve ter seus métodos para retirá-los. Vocês devem correr contra o tempo.
— De acordo com a lenda de Cen, o seu castelo está em Kinopla, certo? Se isso for verdade, esse lugar é muito longe. — disse Clarissa, deixando todo o grupo tenso.
— E a essa altura ele já deve ter colocado milhares de armadilhas no caminho. Eu sinto que a força dele aumentar. Vai chegar o dia em que nada poderá detê-lo. — garantiu a Mãe Natureza.
— Por isso, vovó, precisamos de sua ajuda. — implorou Julius, fazendo a Mãe Natureza sorrir ao ser chamada de forma tão carinhosa.
— Eu sabia que esse dia chegaria, crianças. Vocês terão uma batalha árdua... não só por causa de Cen, porém, devido ao individual de cada um. Para vocês triunfarem sobre o mal é preciso união. — a Mãe Natureza tocou mais uma vez no rosto de Julius e sorriu.
— Ei, Mãe Natureza. — soltou Mitty andando em direção a Julius. — Você sabe que o teu netinho e esse outro. — apontando para Romeu. — Os dois estão tendo um caso, você sabia, né?
— Mitty! — gritam Bartolomeu e Catherine.
— Sim, eu sabia. — falou a Mãe Natureza, cobrindo Julius com borboletas e vagalumes. — Também sei que coragem e esperança operam juntos no coração dele, e esse amor será a chave da vitória. — indo em direção a Mitty que se assusta, mas tenta não transparecer. — Igual a você, príncipe, um jovem que só quer se encontrar no mundo. — a Mãe Natureza olha com ternura para Catherine que sorri de volta. — Oh, minha doce, Catherine. Tão independente. Inteligência é o seu principal dom. Use isso a seu favor. — caminhando na direção de Bartolomeu que não tem ideia de como reagir. — Você deve continuar leal aos seus, Bartolomeu. Ficou ao lado de Julius e de seu amigo. Que mais líderes como você apareçam.
— O Julius, a Catherine e o Romeu, são meus melhores amigos. — Bartolomeu se emocionou e garantiu que não deixaria ninguém machucar a sua família.
— Romeu. — a Mãe Natureza envia uma luz azul que aponta para o coração de Romeu. — Jovem decidido, capaz de mover céus e montanhas por amor, isso vai ser importante nessa jornada. Lembre-se, não existe amor errado. E Clarissa, minha querida, sei que está com medo, porém vai precisar juntar toda coragem necessária, você ainda vai voar alto.
— Porém, o Cen tem poderes, guardas e monstros. Somos apenas mortais. — Clarissa tentava encontrar esperança, mas, lembrava dos poderes de Cen.
Um tremor de terra assustou todos. Do chão, surgiu uma caverna com várias runas escritas. A Mãe Natureza explicou que dentro do local havia um baú com armas forjadas por Deuses antigos. Temerosos, os jovens entraram na caverna e com o auxílio de vagalumes conseguiram enxergar o caminho.
No fim da caverna, um templo antigo chamou a atenção deles. No centro, eles encontraram um baú enorme.
— Romeu, Julius e Bartolomeu — disse a Mãe Natureza, aparecendo ao lado do baú e o abrindo. — Vocês são os melhores guerreiros que esse reino já viu. Cada um receberá uma espada que aumentará sua força 100 vezes mais, além de dar resistência e uma agilidade fora do comum.
— Obrigado, vovó. — Julius pegou sua espada e agradeceu pelo presente.
— Elas são lindas mesmo. — afirmou Romeu, manuseando a espada com maestria.
— Catherine, sua sabedoria é surpreendente, ela casa com os poderes de uma ninfa, enquanto tiver esse colar você será capaz de desenvolver poderes mágicos. Se treinar bastante eles poderão ficar com você para sempre. — entregando um pingente de Safira para a neta. — Clarissa, o seu poder será o de levitação e velocidade, nem o monstro mais veloz do Cen será pareô para você. — entregando um colar de topázio para Clarissa. — Príncipe, vejo que você ficou com o arco e flecha.
— Eu não sei atirar...
— Não precisa. Com esses talismãs que estão no pescoço de vocês, cada habilidade surgirá naturalmente.
— Que talismã? — questionou Julius pegando no pescoço e vendo um talismã vermelho, diferente dos que foram dados para Clarissa e Catherine.
— Meus jovens, por favor, não esqueçam. A união é a chave da vitória. Vocês têm um longo caminho pela frente. Vão em paz! — pediu a Mãe Natureza, antes de subir misteriosamente e deixar o grupo com mais dúvidas que respostas.
— Isso é loucura. — disse Julius, sentando no chão da caverna, pois suas pernas estavam trêmulas. — A gente não pode derrotar um exército maligno. Somos jovens. Tirando o Romeu e Bartolomeu, ninguém aqui sabe lutar numa batalha de verdade.
— Quem derrotou o esqueleto maluco? Você. — afirmou Bartolomeu se aproximando e ajudando o irmão a ficar em pé. — Temos um tempo para treinar e conhecer nossas habilidades. Por hora, precisamos de um lugar para descansar. Amanhã cedo sairemos para Kinopla. — Bartolomeu sugeriu, pedindo que eles procurassem um abrigo melhor.
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