Com a lua cheia iluminando os pastos de Framon. A única opção para os jovens foi a antiga cabana que acharam mais cedo. Na verdade, ninguém conseguiu dormir de fato, porque o encontro com a Mãe Natureza foi uma grande novidade.
O líder da equipe, no caso, Bartolomeu, decidiu revezar com Romeu para que os outros pudessem descansar. Afinal, eles estavam acostumados com essa rotina maçante de soldados. Em uma das trocas de turno, Bartolomeu encontrou o irmão com dificuldades para dormir. Eles conversaram sobre a loucura que era ser neto de um ser místico, apesar do clima estranho entre eles, era visível que o amor nunca acabaria.
— A mamãe foi capaz de trocar de mundo para viver ao lado do nosso pai. — comentou Julius, enquanto olhava para o teto escuro da cabana.
— E você é igual a ela. Ia fugir para viver ao lado de Romeu. — disse Bartolomeu suspirando e desejando um mundo onde o irmão não fugisse.
— E eu vou fazer isso ainda. O papai me magoou muito.
— Ele precisava de tempo. Ele te ama. Disse tudo aquilo da boca pra fora. — Bartolomeu queria achar um meio termo entre o irmão e o pai.
A irmandade é o maior bem que uma pessoa pode ter. Se não pudermos confiar no sangue do nosso sangue, em quem recairia tal confiança? Vendo que o irmão estava tristonho, Bartolomeu decidiu trocar de turno com Romeu e pediu que o amigo entrasse.
— Oi. O Bartolomeu falou que fica de guarda. Posso deitar com você?
— Pode. Pode sim. — respondeu Julius abrindo espaço para Romeu deitar.
— Ok. — Romeu tomou coragem e encostou a cabeça no peito de Julius.
— Romeu...
— Oi? — Romeu questionou, enquanto ouvia o coração do amado bater em ritmo acelerado.
Emocionado, Julius apenas chorou e recebeu todo o carinho dos braços de Romeu. Eles conversaram sobre muitas coisas e, claro, trocaram declarações apaixonadas. Romeu sabia que em seu coração só haveria espaço para Julius e ficava preocupado com os perigos que enfrentariam para derrotar Cen.
Enquanto, Romeu e Julius, trocavam juras de amor, a situação não estava nada favorável para Celdo, Malody e Rei Nilo. Eles foram trancados na torre mais alta do castelo de Cen. E bolavam uma maneira de escapar das garras do feiticeiro maligno.
A ideia de despertar a Mãe Natureza não funcionou. Então, Malody resolveu apelar para alguns feitiços básicos que, também, não surtiram efeito dentro do calabouço. Como anfitrião da noite, Cen, apareceu para entregar o jantar de seus prisioneiros: pão e água.
— Desgraçado. Qual é o plano dessa vez? — desafiou Celdo, irado com a calma de Cen.
— Querido, no momento certo vocês vão saber, entretanto, eu soube que um certo grupo de jovens corajosos encontraram com a Minerva, a Mãe Natureza. — Cen contou sobre o encontro entre os netos e a avó.
— Mamãe? Eles conseguiram. — pensou Malody com uma centelha de esperança no coração.
— Estou forte o bastante para matar todos, porém, quero me divertir um pouco. Espero que eles consigam passar pelo menos no lago Talaka. Ah, e Malody, a Ninfa dos infernos, a gente precisa colocar o papo em dia. Os meus instrumentos já estão esperando por você. — ameaçou Cen, passando as garras nas grades e rindo. — Tic-Tac, tic-tac, tic-tac.
— Você é um cretino. Eu vou acabar com você. Não pense em tocar na minha esposa. — Celdo se descontrolou e começou a gritar com Cen.
— Você não é mais aquele rapaz valente, Celdo. — usando seus poderes de telecinese e jogando Celdo contra a parede de concreto. — A idade chegou. Pode se machucar. — rindo alto e batendo palmas. — E vai ser uma boa para você. Não vai ter que encarar o fato que o teu filho gosta de homem.
— Limpe a boca para falar de minha família! — falou Celdo tendo dificuldades para levantar, mas contando com a ajuda da esposa.
— Prometo que com ele, ah vai ser divertido. Eu vou matar seu filho maricas bem devagar, ou melhor, vou transformá-lo em meu escravo pessoal. — passando a língua ao redor da boca e, em seguida, mordendo os lábios. — Vai ser tão gostoso.
— Infeliz. Eu vou te matar!!!
— Com licença. Tenho monstros para criar. Bom apetite. — desejou Cen, antes de descer pelas escadas do calabouço cantarolando uma música.
— Maldição. — murmurou Celdo sentando no chão, sem forças para lutar. — Ele vai matar os nossos filhos. — chorando copiosamente.
— A gente derrotou o Cen uma vez, eles também podem. Eles encontraram a minha mãe. E já devem ter recebido os talismãs. Vamos ter fé. — pediu Melody abraçando o marido e chorando.
— Verdade. Eles juntos são mais fortes. Assim como nós. Acredite, Celdo. — garantiu o Rei Nilo pegando no ombro do amigo.
Rabo de rato. Olhos de morcego. Dentes de Leão. E, até mesmo, lágrimas de fadas. O laboratório de de Cen impressionaria qualquer feiticeiro maligno. Ele era especialista em criar monstros. Qual seria a próxima arma que Cen enviaria para derrotar os jovens?
— Acho que você vai dar conta. — Cen olhou fixamente para um frasco e deu sua famosa risada maligna.
Como diria o ditado: "Deus ajuda quem cedo madruga". Bartolomeu adorava levar esse dito ao pé da letra. Ele dormiu durante a guarda, mas não notou nada estranho no local. Com certa preguiça, o jovem acordou o grupo.
Não haviam muitos pertences para recolher, então, eles se prepararam e partiram depois de comer algumas frutas que apareceram misteriosamente, no fundo, Julius sabia que era um presente da avó.
Depois do banquete. Eles começaram a andar em direção à uma trilha. Vontade, coragem e determinação, entretanto, um grande obstáculo pela frente.
— Alguém sabe como chegar lá? — perguntou Mitty, fazendo todos pararem e se olharem assustados.
— Boa pergunta. Uma ótima pergunta na verdade. Julius? Romeu? — Bartolomeu olhou desesperado para o amigo.
— Você disse que sabia. — respondeu Romeu coçando a cabeça.
— Verdade.— concordou Julius.
— Eu não disse com essas palavras. — disse Bartolomeu soltando um riso amarelo.
— Você disse "Eu sei onde fica". — Julius fez uma voz infantil para imitar o irmão.
— Saber onde fica, não é a mesma coisa que saber como chegar. São duas coisas distintas. — se defendeu Bartolomeu, gaguejando mais do que gostaria.
— Posso tentar criar um feitiço de localização. Só preciso aprender como. — sugeriu Catherine abrindo um antigo livro de feitiços.
— Perfeito. — resmungou Mitty cruzando os braços com dificuldade por causa do arco. — Vamos perder tempo e...
— Pronto. Já sei o caminho. — anunciou a nova feiticeira, olhando com desdém para Mitty que fez uma careta engraçada.
Impressionados com a habilidade de Catherine, os jovens começaram a experimentar os seus novos poderes. A Clarissa respirou fundo, segurou o seu colar e fechou os olhos. Os amigos pediram para ela relaxar e pensar em coisas positivas
— Acho que não tá funcionando. Não estou sentindo nada de diferente.
— Abra os olhos Clarissa! — pediu Romeu olhando para cima.
— AAAAHHHH!!!!! — Clarissa gritou ao perceber que estava flutuando e caiu em cima de Bartolomeu.
— Você está bem? — choramingou o jovem.
— Sim. A queda foi macia.
Já Romeu, Julius e Bartolomeu resolveram apostar uma corrida e usaram uma rocha como ponto de chegada. Querem saber o resultado? Não houve, pois, os três chegaram ao mesmo tempo, em uma velocidade fora do normal. Para se exibir, Mitty, acertou quatro maçãs e ofereceu para os colegas.
O clima agradável. Poderes testados. Tudo na paz, quer dizer, em uma clareira, o grupo foi surpreendido pelos esqueletos de Cen. Eles foram cercados e ameaçados pelos mortos-vivos.
— O que vamos fazer? — quis saber Julius pegando a espada e ficando em posição de batalha.
— Você não disse que é ótimo em improvisar? Poderia começar agora.
Cada vez mais, os esqueletos se aproximavam e para ganhar uma vantagem, Catherine lançou bolas de energia contra os inimigos, na verdade, foi algo sem querer, mas que funcionou perfeitamente.
— Que diabos foi isso? — Mitty assustou-se e pegou distância de Catherine.
— Não sei, mas gostei. — Catherine sorriu, levantou os braços e lançou mais bolas de energia, fazendo os esqueletos voarem longe.
— Vamos lá! — gritou Bartolomeu, correndo em direção aos inimigos, atacando alguns que voaram contra uma árvore e quebraram. — Nossa. Eles voaram. Isso é demais.
— Deixa eu experimentar. — disse Romeu, balançando a espada de forma estilosa e atacando as caveiras. — Uau. Estou até me sentindo veloz.
Exibido. Mitty acertava as caveiras de longe. Suas flechas eram certeiras e poderosas. Clarissa usou os poderes para levitar e chutar as cabeças dos mortos-vivos.
De um a um, os esqueletos eram derrotados. A euforia tomou conta de todos. Eles decidiram estudar mais suas habilidades, em especial a Clarissa que confessou ter medo de altura.
Através de sua bola de cristal, Cen, assistia e não gostava do que via. Ele respirou fundo, pegou um novo frasco e jogou dentro de um caldeirão.
— Espero que treinem bastante, pois, o próximo desafio será cabeludo. — garantiu o feiticeiro maligno.
Dentre todas as criaturas de Cen, uma das poucas que lhe cativou foi Klaudo, uma espécie de sapo bípede. A criatura se aproximou e perguntou se poderia levar a comida para os prisioneiros.
— Não!!! — gritou Cen, fazendo uma chuva de raios cair sob o castelo. — Quer dizer. Envie um banquete para eles. Coloque essa poção na comida de Malody. Ela vai me ajudar na expansão dos meus poderes.
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