Aos poucos, a fumaça se dissipou e Catherine apareceu toda queimada com os cabelos bagunçados. Ela queria testar um feitiço para fabricar bombas, porém, não deu muito certo, quer dizer, a aprendiz de feiticeira conseguiu criar a bomba, de um jeito bem dolorido.
— Querida. — Julius se aproximou da irmã e perguntou o motivo da explosão. — O que aconteceu aqui? — de primeira, ele não conseguiu entender nada, porque Catherine ainda estava confusa. — Catherine, o que houve?
— Eu estava tentando destruir a chaleira.
— Como? — Bartolomeu concentrou-se para não perder a compostura e rir da irmã, porém, fracassou feio. — E porque você iria destruir a chaleira?
— Vi um feitiço para a criação de bombas. — ela respondeu apontando para o livro que continuava intacto.
— Vamos tomar um banho. — pediu Clarissa, levando a amiga para uma área mais tranquila.
Aproveitando o momento com o irmão. Julius contou sobre tudo o que aconteceu no riacho, quer dizer, pelo menos, a parte do jato de água. Enquanto isso, Mitty acordava de seu sono e nem imaginava que se tornaria uma peça no jogo doentio de Cen.
Zonzo, ele andou cambaleando até encontrar os amigos que testavam os seus novos poderes. Bartolomeu conseguiu escalar uma árvore em segundos, enquanto, Julius quebrou uma pedra com um único ataque.
— Uau. — soltou Mitty aplaudindo os irmãos. — Que droga de mosca. — reclamou o príncipe, sendo incomodado por um inseto persistente.
— Que mosca?!! — questionou Bartolomeu, pulando da árvore, porém, caindo de joelhos no chão.
— Essaaaaa. — disse Mitty se concentrando e pegando a mosca no ar para a surpresa de todos.
— Que velocidade. — comentou Julius, buscando uma maneira de conversar com o herdeiro, sem sucesso.
— Valeu, mas não me surpreendo que meus poderes cresçam tão rápido. — ele se gabou, pegando o cantil e tomando água.
Na masmorra de Cen, Klaudo servia o 'almoço' para os convidados do feiticeiro. Apesar de feio, o monstrinho, trabalhava com cuidado e destreza. Malody ficou impressionada com o desempenho do pequeno ser.
O menu do dia era frango ao molho de figos e arroz com uvas passas. Assim que o monstrinho saiu, Malody pegou um prato e começou a comer para a estranheza do marido.
— O que está fazendo mulher?
— Me alimentando, oras. Se tiver uma chance de escapar, não quero ficar fraca. — explicou a mãe de Julius, que obrigou o esposo e o rei a comerem também.
— Essa comida pode estar envenenada. — comentou Celdo, temendo uma represália pela parte do feiticeiro.
— Querido. Se o Cen quisesse já teria nos matado. Precisamos estar fortes para enfrentá-lo. Fora que podemos contar com os nossos filhos. Agora, coma, por favor. — pediu a mulher, chamando o Rei Nilo para se alimentar.
Os jovens continuaram sua caminhada para Kinopla. Depois de várias horas, eles se deram conta que não estavam cansados. Um dos benefícios de seus poderes era a resistência.
— Catherine. — Bartolomeu chamou a irmã que ainda se recuperava da explosão. — Achou algo de útil no livro, ou serviu apenas para explodir utensílios de cozinha?
— Que engraçado. — Catherine usou o poder da mente para beliscar o irmão que deu um grito de dor.
— Bruxa. — reclamou Bartolomeu, passando a mão no ombro.
No meio do caminho, eles encontraram um sinal de fumaça. Mesmo temerosa, Clarissa, levitou para averiguar melhor de onde vinha a fumaça.
Através das árvores, na verdade, acima da copa das árvores, a moça teve um vislumbre da região. O pôr do sol deixou a cena mais impressionante.
— Estou vendo uma cidadezinha. Tem muita fumaça! — gritou Clarissa, flutuando no céu como se fosse uma pena.
— Cen? — se questionou Julius, mas, externalizando a dúvida para os outros.
— Ele quer deixar um rastro para nós. — comentou Catherine que não gostou nada da situação.
— Vamos descobrir quando chegarmos lá. — Mitty disse, tomando a frente e andando na direção do vilarejo.
A caminhada até o vilarejo foi silenciosa e tensa. Não demorou muito e o sexteto chegou na entrada do lugar. Estava tudo destruído. Algumas casas pegavam fogo, outros desmoronaram. Aos poucos, algumas pessoas saíram de seus esconderijos.
Um senhor magro e machucado se aproximou de Bartolomeu. Ele explicou que um exército de mortos-vivos destruiu toda a comunidade. Não sobrou pedra sob pedra.
Não houve tempo para reação. Do nada, as caveiras apareceram, porém, não estavam sozinhas. Para a ocasião, Cen, criou um monstro com um aspecto de lagarto.
— O que foi crianças, não querem brincar? — perguntou o monstro, que vestia uma armadura feita com ossos humanos.
Nojo. Julius sentiu nojo do monstro, porque um de seus maiores medos eram lagartos. A cabeça do bicho era desproporcional ao seu corpo, as suas escamas refletiam o pôr do sol e sua cauda estava em posição de defesa.
A vila se tornou o palco da primeira batalha dos jovens. Bartolomeu pediu que Julius, Romeu e Mitty, cuidassem dos esqueletos, enquanto, Clarissa, Catherine e ele, dariam um jeito no lagarto gigante.
Receosa com o recente fracasso de suas bombas, Catherine, usou as bolas de energia, mas elas causaram danos, apenas na armadura do inimigo.
Nesse meio tempo, Julius e Romeu viram um lago próximo ao vilarejo e atraíram alguns esqueletos. Eles entraram na água e usaram a experiência de Julius para derrotar vários inimigos de uma vez.
— Hoje, eu estou de onda! — gritou Julius, jogando água nas caveiras que voavam e quebravam-se quando atingiam o solo.
Desobedecendo as ordens de Bartolomeu, Mitty, preferiu enfrentar o lagarto. Ele não estava afim de lutar ao lado de duas maricas. O príncipe correu na direção do monstro, sacou o arco e lançou uma flecha certeira bem no ombro da criatura.
Devido a dor, o lagarto mexeu a calda e acertou Clarissa que voava atrás dele. A jovem caiu em cima de um fardo de feno e ficou desacordada.
— Droga, Mitty! — protestou Bartolomeu, correndo na direção da amiga. — Catherine, Romeu e Julius, agora cuidem do lagarto!!!
O trio aproveitou a dor do monstro e atacaram juntos. Romeu e Julius, cravaram suas espadas no peito do lagarto, já Catherine perdeu o medo e conseguiu invocar uma explosão. O bicho sumiu em uma nuvem de poeira.
— Conseguimos! — gritou Julius, abraçando Catherine e Romeu. — A gente acabou com ele. Nossa. Ele fez buuuum. — abrindo os braços e acertando Mitty. — Desculpa.
— Qual é a tua? — perguntou Mitty com arrogância, ficando com os punhos cerrados.
— Ele pediu desculpa. — Bartolomeu interveio apertando forte o braço do príncipe.
— A Clarissa está bem? — perguntou Mitty, fingindo uma preocupação que não existia dentro do seu coração. — Lamento agir de maneira impulsiva, porém, o lagarto baixou a guarda e achei uma maneira de machucá-lo.
— Estou bem. — interveio Clarissa com o cabelo preto cheio de feno.
Mais uma vez, os moradores apareceram e começaram a aplaudir os jovens. Naquela noite, eles ganharam comida e um lugar para pernoitar. O chefe do lugar ofereceu uma das casas que sobreviveu ao ataque.
Cada um ficou em um quarto, claro, que Romeu fugiu de madrugada para dormir com Julius. Eles conversaram sobre a reação de Mitty durante a batalha e temiam que o príncipe pudesse atrapalhar a missão.
Ainda naquela madrugada, Cen, visitou a masmorra para fazer um jogo psicológico com seus prisioneiros. Ele informou que a equipe de Framon conseguiu derrotar uma de suas criaturas.
O feiticeiro precisou se controlar para não gritar com Celdo, após ele garantir que os jovens destruíram os planos malignos dele.
— Cen, pense bem. Você pode desistir deste plano. — pediu Malody, querendo encontrar um cenário onde não houvesse mortes.
— Você sabe que a sua mãe deu os talismãs para os seus filhos, né? A cada instante eles ficam mais forte e o poder concentrado nos colares vão ser úteis. Quando eles chegaram aqui, mato um por um. Quer dizer, o Julius vai ser a minha diversão especial. — ameaçou Cen lambendo a barra da grade e rindo.
— Fica longe do meu filho!!! — gritou Celdo, tentando atacar Cen, sem sucesso. — Desgraçado, eu acabo com você...
— Idiota. — Cen sufocou Celdo usando os seus poderes. — Você vai assistir de camarote eu matar seu filho maricas! Se eu não tirar a virgindade dele na sua frente.
— Por favor. — implorou Melody aos prontos e caindo no chão ajoelhada.
— Lembra o que eu fiz com o teu irmão, Malody?
— Monstro. Assassino. Vai pagar novamente. Eu juro.
— Não caia na chantagem emocional. — pediu Rei Nilo, amparando Malody que chorava copiosamente.
— Boa noite. — desejou Cen, sumindo em uma cortina de fumaça verde.
— Aah. — Celdo caiu no chão, ofegante e chorando. — Eu disse ao Julius que o odiava. Que ele era uma vergonha. Se algo acontecer com ele.
— O Julius é muito especial. — garantiu o Rei Nilo, ajudando o amigo a ficar de pé. — Sempre te disse. E não importa o que ele escolha para a vida dele. Ele sabe que você o ama.
— Não é tão simples, meu Rei.
— Você casou com uma ninfa. E é feliz. Não existe amor errado, Celdo. Infelizmente, as pessoas ainda pensam de forma errada. E eu me considero culpado. Framon poderia ser igual a Costa Estrela.
— Não adianta. Ele vai matar as nossas crianças. Ele vai matar nossos filhos. — esbravejou Celdo, socando a parede com força.
O Rei e Celdo começam a ouvir aplausos. Cen continuava observando eles. As portas da cela se abrem sozinhas e Malody, sob os comandos do feiticeiro, deixa o local para o desespero do seu esposo.
— Não se preocupe, Celdo. Malody vai me ajudar em algumas coisinhas. Ela não vai se machucar, prometo. — disse Cen, rindo e guiando Malody para fora da masmorra.
— Mestre Cen. — balbucia Malody, seguindo o feiticeiro.
Desesperado. Essa é a definição certa para Celdo Mazzaro. Ele tentou correr para ajudar a esposa, entretanto, as portas fecharam com violência.
— Não!!! — gritou Celdo tentando quebrar as portas, mas, se machucando no processo. — Ele vai acabar com minha família. — lamentou.
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