Cen não sabia mais o que fazer para chamar a atenção de Celdo. Ele encontrou um velho livro de feitiços, algo que mudaria completamente sua vida.
Aos poucos, Cen, aprendeu a manipular certos tipos de magia. No livro, havia uma profecia sobre um artefato que poderia transformar um simples humano em um grande feiticeiro. Sem pensar duas vezes, o jovem partiu em direção às montanhas de Kinopla.
Enquanto isso, Celdo e Melody se conheciam. Eles decidiram tomar banho na cachoeira e sentiram uma conexão forte. A Mãe Natureza observou tudo, e naquela mesma noite, questionou a filha sobre seus sentimentos por Celdo. Emocionada, Melody, confessou para a mãe que amava o rapaz, mas não sabia se queria enfrentar todas as pessoas.
— Mãe, o fardo é muito grande. Não quero dar adeus para o meu mundo. — Melody garantiu se jogando aos pés da mãe aos prantos.
— Oh, doce criança. Você não pode lutar contra seus sentimentos. Eu sinto sua aflição filha. — Mãe Natureza aconselhou, tocando no rosto da filha.
— Eu devo escolher ficar com o Celdo?
— Isso não cabe a mim decidir.
Determinado a conquistar o coração do amado. Cen andou até um castelo localizado nas frias montanhas de Kinopla. Mesmo amedrontado, o rapaz entrou e começou uma busca pelo tal artefato.
A situação do lugar era deplorável. Cen imaginou como seria o castelo, antes do abandono. Suas paredes estavam descascadas, porém, a tinta verde oliva ainda era perceptível. Os móveis, a maioria estragados por causa da umidade, deixavam o ambiente assustador e, qualquer barulho, assustava Cen.
Após horas de exploração, Cen, chegou a uma espécie de calabouço. Em cima de uma pilha de lixo, ele encontrou uma caixa com o símbolo registrado no livro.
— É isso? — Cen pensou abrindo a caixa de madeira e encontrando um colar. — O artefato.
Ao tocar no colar, Cen sentiu algo estranho no seu corpo, uma energia diferente. Ele desejou estar perto de Celdo e teletransportou-se para a vila. Assustado e maravilhado com suas novas habilidades, Cen desejou que Celdo o amasse.
No mesmo instante, o feitiço funcionou e Celdo ficou hipnotizado e aproximou-se do feiticeiro. Decidida em escolher o amor de sua vida, Melody, o procurou, porém, não o achava, então, um dos soldados informou a localização de Celdo.
Animada com a possibilidade de ficar ao lado de Celdo, Melody entrou na tenda e viu os dois se beijando, ela pensou em sair correndo, porém, percebeu que Cen utilizava um amuleto de quartzo.
Em um movimento rápido e dizendo algumas palavras na linguagem das ninfas, Melody, tirou Celdo do transe. O guerreiro acordou e ficou assustado com a proximidade de Cen.
— O que significa isso, Cen? Você está louco?! — gritou Celdo empurrando Cen, que caiu no chão chorando.
— Ele te enfeitiçou. Tire o colar dele. — explicou Melody, que sabia dos efeitos colaterais do artefato.
— Maldito! — Celdo chegou perto de Cen, pegou o colar e o quebrou. — Você está maluco, eu vou te matar! — socando Cen com violência.
— Não, pare, por favor. — implorou Melody, salvando a vida de Cen.
Uma confusão se armou no pequeno vilarejo. A família de Cen acabou por descobrir tudo e levou o jovem para uma sessão espiritual. "Esse demônio vai sair de você", gritava Klino, pai de Cen, enquanto, o mesmo era submetido a uma sessão de tortura.
Em um julgamento, conduzido pelo Rei Thales. Cen, foi condenado a se tratar. Ele foi obrigado a tomar poções e mergulhar em banhos feitos pelos curandeiros.
Na juventude, Cen foi bonito e possuía lindos cabelos loiros. Mas, ali, jogado na masmorra do Framon, ele nem de perto lembrava aquele jovem vivaz. Perdidos em seus pensamentos obscuros, Cen recebeu uma visita inesperada.
— Cen, posso falar com você? — pediu Melody, se aproximando.
— O que deseja?
— Eu posso te ajudar a fugir. Você não precisa passar por tudo isso, por favor. — disse Melody, ficando com pena de Cen.
— Sabe de uma coisa, ninfa. — Cen falou, levantando com dificuldade e mostrando as marcas de tortura que recebeu. — Eu, eu odeio você. — andando na direção de Melody, mas parando por causa das correntes. — Eu quero que você viva uma vida infeliz. Desejo que você veja todas as coisas que ama morrer! — os olhos de Cen mudaram de cor.
— Cen. — Melody soltou assustada. — O que você fez? Cadê o quartzo que o Celdo quebrou.
— Se eu te falar, você não vai acreditar. — Cen deu um sorriso diabólico. — Dentro de mim. Eu comi. — rindo alto e tossindo. — Agora, me faça um favor, ninfa. Vá para o inferno. — voltando para a parte escura da cela e sentando no chão.
Com o passar do tempo, Cen ficou doente e no seu leito de morte prometeu vingança contra todos que o fizeram sofrer. Ele foi enterrado nas terras geladas de Kinopla e, de alguma forma, Cen retornou ao mundo, mas havia algo de estranho em sua fisionomia. Sua pele era cinza, os cabelos brancos e seus olhos vermelhos. Cen também passou a ter poderes. "A vingança será meu principal trunfo", prometeu Cen.
Os primeiros a experimentarem o poder de Cen foram os curandeiros que o exorcizaram. Um a um, os sacerdotes foram exterminados. No início, ele ficou com pena das pessoas, só que a sua sede por vingança eliminou qualquer rastro de humanidade do seu coração.
Cen seguiu sem rumo e destruiu tudo aquilo que passava em sua frente. Até que chegou na comunidade de sua família. Não preciso nem falar o que aconteceu. Os gritos de dor e desespero eram escutados em todos os lugares.
A última vítima do feiticeiro foi o Rei Thales. O príncipe Nilo, Celdo e Melody uniram forças e, depois de uma dura batalha, conseguiram trancar o feiticeiro no limbo. Ao assumir o trono, Nilo proibiu a caçada dos seres mágicos, que sumiram de Framon. Já Melody e Celdo venceram todos os preconceitos e se casaram.
FRAMON - ATUALMENTE
Um silêncio mortal tomou conta da mesa. Todos ficaram refletindo por um tempo.
— Então, esse Cen é mariquinha também? — perguntou Mitty, quebrando o silêncio e fazendo Julius se afastar do grupo.
— Ridículo. — murmurou Julius, visivelmente chateado.
— Espera. — pediu Romeu, seguindo o amado.
Com os seus olhos vermelhos, Cen acompanhava toda a descoberta dos jovens. Para se divertir ainda mais com o psicológico deles, o feiticeiro lançou uma magia que abriu os olhos de todos.
— Huuuummmm. Descobrindo a minha história, não é mesmo? Que tal ver o show completo? — estalando os dedos.
Na hora, os jovens entraram em transe e conseguiram assistir toda a história de Cen. Principalmente, a forma como ele foi tratado pelas pessoas. Eles descobriram também que Celdo desprezou o feiticeiro quando descobriu que o mesmo estava apaixonado por ele.
— Oh, Deus! — exclamou Bartolomeu, após todas as informações que recebeu.
— Quanta dor. — soltou Clarissa, sentando no chão.
— Coitado...
— Não fale besteira. — Mitty cortou Catherine e sentiu mais raiva do feiticeiro. — Ele sempre esteve errado. O seu pai fez certo em destruir esse monstro. — saindo de perto dos amigos, porém, passando mal e ficando tonto. — Droga! — ofegante e sentando.
Depois de uma visão desesperadora, o jovem Julius se isolou mais ainda. Ele conseguiu sentir toda a ira e nojo do pai, quando Cen revelou seus sentimentos. Algo tão pessoal, foi difícil de administrar e para ele, a única opção era se despedir da família.
— Ei, Julius. — Romeu chamou a atenção de Julius, que virou de forma brusca e os dois acabaram caindo no chão. — Você é tão lindo. Sabia? — gentilmente, Romeu tocou no rosto de Julius e o beijou.
Infelizmente, o momento não durou muito, pois Bartolomeu (muito constrangido), tossiu para avisar ao irmão que estava assistindo tudo. Desesperado, os dois tentaram agir normalmente.
— Julius. — disse Bartolomeu, balançando a cabeça negativamente
— Desculpa, isso nunca mais vai acontecer... promessa de...
— Julius. — repetiu Bartolomeu de forma engraçada e olhando para o outro lado.
— O que você deseja irmão?
— Primeiro, sai de cima do Romeu. — pediu Bartolomeu, ainda sem manter contato visual com os dois que estavam no chão.
— Nossa. — Romeu se desculpou e levantou do chão, quase caindo de novo, mas mantendo a compostura. — Lamento.
— Enfim. Com essas novas informações, a melhor coisa que podemos fazer é partir. O Virgílio preparou algumas provisões. Vamos continuar na direção de Kinopla. — explicou Bartolomeu, voltando para o acampamento.
A turma se despediu de Virgílio e dos outros moradores da vila. Para proteger todos e evitar novos ataques de Cen, Catherine conjurou um feitiço de proteção para eles.
Árvores, árvores e mais árvores. Depois de andarem horas, os jovens decidiram parar e montaram um acampamento. Enquanto Catherine criava uma barreira mágica, os outros armaram as tendas.
— Ainda bem que o Virgílio nos deu todos esses materiais. — comentou Clarissa, que dividiria uma barraca com Catherine e se sentia segura ao lado da amiga.
— Verdade. Não precisamos dormir no frio. — disse Bartolomeu, finalizando a estrutura da fogueira.
— Você reparou que cada dia essa região fica mais fria? Será que isso tem algo haver com o Cen? — perguntou Clarissa, ao notar que Bartolomeu estava usando bastante madeira.
— Não sei. Espero que não. — respondeu Bartolomeu, respirando fundo.
— O quarto das meninas está pronto. — Clarissa anunciou finalizando a barraca.
— Ótimo. — disse Catherine, bastante cansada, após criar duas barreiras de proteção no mesmo dia. — Estou morta. Olha a área está segura, mas fiquem atentos. — entrando na tenda.
Com as meninas seguras. Os rapazes se reuniram em volta da fogueira. Nem é preciso dizer que o clima estava estranho. Eles jantaram carne de cordeiro, feito com maestria por Romeu, que se revelou um ótimo cozinheiro.
Gole, atrás de gole, Mitty, ficava cada vez mais vulnerável ao controle mental de Cen. O jovem não fazia ideia de que sua água estava envenenada, porém, os seus preconceitos eram genuínos. Ele não queria dormir na mesma barraca que Romeu e Julius, por outro lado, Bartolomeu, também, não queria que o irmão dormisse ao lado do amado.
— Mitty, você está bem? — perguntou Bartolomeu, ao perceber o semblante alterado do príncipe.
— Estou ótimo. Quer me soltar? — respondeu Mitty de forma ríspida.
— Vou dormir com você.
— Não sendo o teu irmão ou o Romeu. — soltou o príncipe entrando na tenda.
— Medíocre. — pensou Bartolomeu, cerrando os punhos e controlando para não bater em Mitty.
Como observou Clarissa, o clima na região estava ficando mais frio e Julius provou tal teoria da pior forma possível. O jovem se jogou na água e deu um grito, fazendo Romeu rir.
Chateado, o filho de Celdo jogou um jato de água fria em cima de Romeu. Em seguida, ele mergulhou e ficou curtindo o silêncio que o lago produzia.
Não demorou muito, e ele sentiu um toque em sua barriga. Era Romeu, que desafiou o frio e o encontrou debaixo da água. Apesar da escuridão, ele conseguia ver a silhueta de Julius.
— Eu te encontrei. — foi a primeira coisa que Romeu disse à Julius quando emergiu.
— Você sempre me encontra, né?
— E sempre vou te encontrar, Julius. Você é o amor da minha vida. — tocando no rosto de Julius, arrumando seus cabelos loiros e o beijando.
O casal namorou por um longo tempo, porém, a névoa começou a cobrir o lago e o frio ficou intenso. Eles decidiram ir, pois não queriam ficar doentes, principalmente, com os ataques intensos de Cen.
Longe dali, nas colinas de Kenopla, o feiticeiro maligno observava a paixão de Romeu e Julius e, por causa disso, ficava irado, pois, não conseguia viver sua grande paixão.
Visando destruir os jovens guerreiros, Cen, preparou uma nova arma e contou com a ajuda de Lin, sua nova aliada. Eles usaram materiais proibidos para a criação do monstro "Morfeus".
O laboratório de Cen pode ser descrito como nojento. Materiais empilhados, restos mortais de animais e um cheiro de podre, porém, para ele aquilo era casa. O feiticeiro conhecia cada detalhe e esconderijo daquele castelo.
— Mestre! — exclamou Lin, ao ver Cen aparecendo de uma passagem secreta.
— Como estão as coisas? — ele perguntou pegando a carcaça de um lobo, o mesmo que deu vida à Lin e jogou pela janela.
— Quero ver esses moleques derrotarem esse monstro fácil. — celebrou Cen, ao olhar sua nova criatura ganhando vida. — E esse príncipe? Que horas essa magia vai fazer efeito? Ele vai matar os outros e trazer os pombinhos. E eu não vou precisar mover uma palha. — rindo alto e ganhando aplausos de Lin.
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