Até onde a dor nos leva? Muitas pessoas se questionam sobre isso. Mitty chegou ao seu limite e queria se livrar da voz que habitava seus mais profundos pensamentos.
Enquanto isso, o grupo continuava seu trajeto enfrentando o frio de Framon. Eles andavam com dificuldades, pois encontravam-se em uma área montanhosa e fria.
O único que se deu bem nessa história foi Klaudo. O sapo humanoide teve muita dificuldade em andar na neve, então, Catherine, criou uma espécie de bolsa para o monstrinho viajar e coube à Julius levá-lo.
— Espero que Costa Estrela não seja assim. — pensou Julius, esfregando as mãos que tremiam devido ao frio severo.
— Ainda bem que a Catherine conseguiu criar esses agasalhos. — Bartolomeu falou, tendo dificuldade de usar um casaco de pele. — Ei, Julius. — correndo para alcançar o irmão, que seguia mais a frente.
— Oi.
— Vou sentir sua falta. — em um tom baixo, Bartolomeu, garantiu que o irmão era importante e não importava a distância, um poderia contar com o outro.
— Você acha que eu vou embora por ser covarde, né? Mas, você ouviu o pai. Ele me acha uma vergonha.
— Não. Ele estava chateado. Se coloca no lugar dele. Ele é Celdo Mazzaro, líder do Centro de Batalha.
— Vai ser melhor assim. — Julius repetia a frase para si mesmo, porque acreditava que a família viveria melhor sem a sua presença.
Dentro de Mitty, o veneno agia de forma mais rápida e constante. O jovem caiu no chão, gritando e assustou todo o grupo. "Matar! Acabar! Destruir!", gritava o príncipe de Framon.
Com medo de um ataque, eles se armaram, porém, nada aconteceu. Mitty continuava uivando de dor e pedindo para que a voz o deixasse em paz. De imediato, Klaudo, saiu de dentro da bolsa e analisou a situação do guerreiro.
— Ele está enfeitiçado. — explicou Klaudo, enquanto Mitty rolava na neve e gritava.
— Eu vou matar!!! — gritou Mitty, dessa vez, quebrando uma de suas flechas e guardando a ponta de ferro.
— Mitty, o que está acontecendo? — perguntou Bartolomeu, mantendo distância do príncipe, já com sua espada em mãos, esperando um possível ataque.
De repente, a feição de Mitty mudou. Os seus olhos ficaram vermelhos, veias roxas apareceram em seu corpo e sua voz ficou com um tom mais ameaçador. Em um único movimento, o príncipe ficou de pé. Ele analisou todos que estavam à sua volta.
— Matar!!!!! — ele gritou, correndo na direção de Julius que tentou segurá-lo, porém, acabou sendo ferido pela flecha de Mitty.
Com uma pedra, Bartolomeu, conseguiu imobilizar o príncipe que caiu desacordado no chão. Naquele momento, a atenção de todos ficou em Julius. O jovem ficou de joelhos no chão. Tremendo, o filho de Celdo tocou na barriga e percebeu a ponta da flecha cravada.
— Deus. — com as mãos trêmulas, mostrando o sangue para os amigos.
Como agir quando vemos alguém que amamos sofrendo? A Catherine canalizou toda sua dor para criar um acampamento instantâneo. Eles seguiram para uma das tendas. Romeu e Bartolomeu ajudaram Julius a deitar na cama.
Em seguida, eles colocaram Mitty em outra tenda, só que Catherine materializou correntes para que o príncipe possuído não atacasse mais ninguém.
Para o desespero de todos, Julius, começou a vomitar sangue. No livro, Catherine não conseguiu encontrar nenhum feitiço útil. Dentre todos, Klaudo, afirmou conhecer uma poção que poderia funcionar, entretanto, a eficácia dependeria de produtos específicos.
— Qualquer coisa. — pediu Bartolomeu, limpando as lágrimas, pois temia pela vida do irmão. — Onde podemos encontrar os ingredientes?
— A folha de Salveira pode ser encontrada no morro de Framon. A água das ninfas na floresta de Carlin. E o último ingrediente é o cabelo de fada. O mais difícil.
— Eu vou. — disse Bartolomeu, sem ter noção de por onde começar. — Vocês fiquem aqui para defender o Julius....
— Você é apenas um. São três ingredientes. Ele não tem muito tempo. Eu vou também. — Clarissa se voluntariou para ajudar o melhor amigo.
— Eu também. — Catherine levantou a mão, porque não queria ficar no mesmo ambiente que o príncipe.
Sendo um expert em batalhas, Romeu, não estava preparado para aquela. Ele repassava a cena de Mitty machucando Julius e sofria por não ter feito nada para impedir.
— Romeu. — Bartolomeu pegou no ombro do melhor amigo. — Ei, você não pode ficar aflito, o Julius vai precisar da sua ajuda.
— Eu... Eu... — mais uma vez, Julius, vomitou sangue e ficou sem ar.
— Eu conheço uma poção que pode colocar o jovem para dormir. — afirmou Klaudo, indo até o caldeirão e usando alguns materiais do acervo de Catherine.
— Romeu, eu não quero morrer. — pediu Julius chorando e ofegante.
— Calma, amor. Vai dar tudo certo. — garantiu Romeu pegando na mão do amado e apertando forte.
— Klaudo, eu imploro, o coloque para dormir. — implorou Romeu, que não conseguia parar de chorar.
Sem tempo a perder. A vida de Julius dependia de três ingredientes de difícil acesso. Visando, otimizar o seu tempo, Bartolomeu pediu para que Catherine o enviasse para a última vila que visitaram, assim, ele poderia emprestar um cavalo e conseguir a folha de Salveira.
Em seguida, foi a vez de Clarissa, que garantiu pegar a água e saiu voando pelos céus de Framon. A jovem estava determinada em ajudar o amigo, tanto que não se importou com o vento gelado.
A última a sair foi Catherine. Ela chegou perto de Romeu e pediu para que o guerreiro tomasse conta do acampamento e não fizesse nenhuma besteira contra Mitty, porque tudo era parte do plano de Cen.
— Fiz uma barreira de proteção para ele não sair. O cobri com um pano também. Pode fazer uma fogueira perto dele? — Catherine pediu.
— Vou ver o que posso fazer. — respondeu Romeu, ainda pegando na mão de Julius que agonizava.
— Sei que está zangado, mas o Mitty está enfeitiçado. Cuide de tudo aqui. — Catherine pegou no ombro de Romeu e desapareceu em busca do ingrediente.
— Klaudo, a poção! — Romeu solicitou, depois que Julius vomitou sangue pela terceira vez.
— Está aqui. — Klaudo carregava a poção com dificuldades e entregou para Romeu.
Com dificuldades, Romeu deu uma poção cinza para Julius tomar. O efeito foi imediato e o filho de Celdo apagou na cama. Para ajudar o amado, Romeu, também, decidiu cuidar da ferida e tomou cuidado para que a flecha não saísse, porque, segundo o Klaudo, Julius poderia ter uma hemorragia.
Longe dali, Bartolomeu, apareceu em cima de uma casa. Ele teve dificuldades para descer. Para não perder tempo, o jovem pesquisou sobre a tal folha no povoado e todos apontavam para o mesmo lugar, a Montanha Solitária.
Após conseguir um cavalo com o chefe do vilarejo, Bartolomeu seguiu para o lugar indicado. A prioridade era a saúde de Julius, então, uma luta contra o relógio iniciou. Apesar da preocupação, ele sentia que aquilo era um atraso na missão principal.
Na área oeste de Framon, uma tempestade assustou Clarissa, que acabou sendo arrastada por um tufão, só que conseguiu chegar ao seu destino, a Floresta Violeta. Devido ao mal tempo, a floresta estava escura e a jovem juntou toda coragem que existia dentro de si e seguiu o único caminho disponível.
Antes de desaparecer da tenda, Catherine desejou estar onde a mágica reinava. O pedido deu certo, mas ela parou dentro do castelo de Cen. Assustada, ela procurou abrigo atrás de cortinas localizadas na sala de estar. Respirando fundo, ela decidiu investigar o casebre.
Nesse meio tempo, o feiticeiro das trevas resolveu desconectar-se do mundo com o objetivo de poupar energia. Afinal, as últimas criaturas de Cen o deixaram cansado. Para Lin, o descanso do mestre significava explorar mais os seus próprios dons mágicos.
— Que delícia! — exclamou Lin, segurando um vidro de essência de carrapato e provando um dos insetos. — Saboroso.
Sorrateiramente, e prestando atenção com todos os passos de Lin, Catherine avançava para o laboratório do castelo. Qual o lugar ideal para achar um frasco de cabelo de fada? Isso mesmo, o laboratório de um feiticeiro maligno.
— Acho que vou fazer um suco de perna de rã com baba de camelo. — falou Lin para si, pegando uns fracos e saindo do laboratório.
— Perfeito. — pensou Catherine aproximando-se de uma enorme prateleira antiga com todos os tipos de frascos que você pode imaginar. — Agora. Cabelos de fada. Cabelos de fada. — procurando, desesperadamente, pelo ingrediente correto.
As montanhas verdes de Framon e um cavalo marrom foram as únicas companhias de Bartolomeu naquela viagem. Ele sentiu falta das risadas e brincadeiras do grupo. Ao chegar no lugar indicado, o jovem guerreiro encontrou uma caverna. Cauteloso, ele investigou cada canto e achou a tão famosa árvore de Salveira.
— Fácil. — Bartolomeu soltou, antes de rir e se aproximar da árvore. — Como tirar um doce de....
De repente, as folhas douradas da árvore começaram a balançar, no início Bartolomeu achou que fosse o vento, porém, a verdade o deixou de queixo caído. Pela primeira vez na vida, Bartolomeu Mazzaro viu um dragão.
Assim como nos livros de histórias do reino mágico, o dragão era enorme, só que esse não possuía asas. A pele do animal lembrava a de um crocodilo e Bartolomeu tinha certeza que ataques diretos seriam inúteis. Com uma velocidade ímpar, o dragão perseguiu o guerreiro, que evitava cada investida com dificuldade.
— Vocês são reais. Bichinho bonzinho! — Bartolomeu tratou o dragão como um cachorro, algo que o deixou mais agitado ao ponto dele mandar um jato de fogo na direção de Bartolomeu. — Céus. Tá, não vai ser como tirar doce de criança.
Na medida que Bartolomeu lutava para não virar almoço de dragão, Clarissa, continuava sua aventura pela floresta. Sua bota ficou presa em uma raiz, só que não foi um acidente, do nada, às árvores ganharam vida e tentaram capturá-la.
— Chega!!! — gritou Clarissa correndo, pegando impulso e voando.
Os galhos tentavam alcançar Clarissa, mas iam se prendendo uns nos outros. A jovem conseguiu chegar em um lugar seguro e encontrou um pequeno cervo tomando água num lago. Ela se aproximou e pegou na cabeça do animal.
— Oi, amigo. Será que posso pegar um pouco dessa água?! — perguntou Clarissa, percebendo que falava com um animal e de uma risada.
Aos poucos, o cervo transformou-se em um lobo e atacou a guerreira de Framon. Não havia tempo a perder. A vida de Julius estava em jogo. O lobo correu na direção da água e ficou esperando Clarissa aproximar-se.
— Eu não posso ter medo. O Julius depende de mim. — Flutuando no céu, Clarissa, pegou um frasco vazio da bolsa, respirou fundo e voou na direção do lago.
Em terra, o lobo esperava pela oportunidade certa para atacá-la. Para desviar do animal, Clarissa, abriu os braços e rodou, com uma das mãos, a que segurava o frasco, a jovem foi bem sucedida e obteve um pouco de água.
— Isso!!! — gritou a jovem, assistindo o lobo uivar, porém, partindo em direção a montanha de Framon.
A missão mais fácil foi a de Catherine. Em menos de 10 minutos, a jovem conseguiu um frasco com cabelos de fada, ou seja, Cen passou dias tentando destruir os jovens, mas eles provaram ser superiores e entram, literalmente, na toca do lobo.
Ao perceber o castelo vazio, já que Klaudo havia mudado de lado, Lin estava fazendo um suco delicioso e Cen descansava em seu sarcófago, Catherine, procurou pelos pais na área das masmorras.
Nem é preciso dizer, que Celdo, Melody e o Rei Nilo tomaram um susto quando a moça apareceu do outro lado da grade.
— Papai, mamãe! — gritou Catherine correndo em direção aos pais.
— Não pode ser. Minha filha. O que você está fazendo aqui? — Celdo perguntou, pegando na mão da filha, através das barras.
— Papai. O Julius...
— Minha filha, o que houve? — quis saber Melody, nervosa. — Pelo amor de Deus. Fale.
— O Cen enfeitiçou o Mitty, ele ficou agressivo e feriu o Julius. A gente descobriu um feitiço que pode salvar a vida dele. — explicou Catherine, olhando em volta, buscando uma maneira de livrar os pais e o rei. — Vou tirar vocês daqui.
— Catherine, filha, escute. Apenas Cen pode abrir está grade. Você precisa ir embora. Mas, antes, você precisa pegar a bola de cristal dele. — orientou Melody, pegando na mão da filha e apertando. — Ele a guardou na sala principal. Pegue-a. Com esse objeto, ele não será capaz de rastrear vocês.
— Filha, seja valente. Vá salvar o seu irmão. — pediu Celdo ficando emocionado. — Por favor, diga ao Julius que todas as palavras foram da boca para fora. Eu o amo. Não importa quem ele escolha amar.
— Eu vou dizer, papai. Agora, preciso ir. Não se preocupem conosco. — disse a jovem, antes de sair da masmorra aos prantos.
Um jogo de gato e rato. Essa era a situação de Bartolomeu na caverna. Ele usou todas suas habilidades furtivas para driblar o feroz animal. Neste momento, Bartolomeu lembrou das brincadeiras que fazia com Julius, onde eles eram cavalheiros que venciam dragões.
— O Julius vai ficar maluco quando eu contar. — pensou Bartolomeu, pegando uma pedra e lançando para o lado oposto, atraindo a atenção do dragão. — Desculpa, seu dragão, mas um grande admirador seu precisa dessas folhas. — correndo até a árvore, pegando algumas folhas e colocando na bolsa.
O Dragão ficou enfurecido e começou a bater nas paredes da caverna. Algumas pedras caíram do teto, mas Bartolomeu saiu sem nenhum ferimento. Para marcar o seu território, o dragão lançou mais uma rajada de fogo que, por pouco, não acertou Bartolomeu.
— Vamos! — gritou Bartolomeu subindo no cavalo e correndo sobre o vasto campo verde. — Precisamos ir, rápido.
Os primeiros flocos de neve caíram nas montanhas de Framon. Só que o frio não incomodava o príncipe Mitty, que tentava escapar do feitiço de Catherine. Ele batia e gritava. Até mesmo, Klaudo, ficou assustado com o comportamento do príncipe.
No acampamento, Mitty tentava escapar do feitiço de Catherine. Ele batia e gritava que matéria Julius e Romeu. Klaudo pareceu assustado com a situação.
— Esse feitiço é forte. — comentou Klaudo, pegando um pano quente e colocando sob a testa de Julius.
— Não é só o feitiço. Ele já não gostava muito da gente. Sabe, Klaudo, o Julius é o amor da minha vida. Eu fui o primeiro homem que colocou os olhos sobre ele. Desde esse dia, jurei que o protegeria. E aqui estou eu, um verdadeiro zero à esquerda. — disse Romeu, que segurava a mão de Julius.
— Romeu. O amor de vocês é puro. Não precisa de magia para perceber isso. A opinião dos outros sempre nos afetará de um jeito ou de outro. Infelizmente, o que é diferente assusta. O amor pode sobreviver a tudo, inclusive, ao tempo. — Klaudo aconselhou, ficando preocupado ao ver que Julius respirava com dificuldade. — Vou preparar o caldeirão para a poção.
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