A Fúria de Atargatis
No ano 1668, embarcações Atlantes começaram a ser atacadas por guerreiros de uma raça similar às Sirenes, o que trouxe más memórias de volta aos marinheiros da Grande Raça de Água, porém estes atacantes se mostravam muito bem organizados e armados, empunhando lanças, armaduras feitas de pedras de coral, e realizando algumas das magias que os próprios Atlantes também conheciam. Como os ataques sempre ocorriam nas águas oeste e sul da cidade-estado, Laára requisitou que seus aliados Aasgardianos movessem uma maior quantidade de seus navios para aquela região e ajudar na proteção dos navios de carga, que na grande maioria eram Atlantes. Não foi preciso pedir nem meia vez para os fortes guerreiros de Midgard entrarem em suas embarcações e fazerem aquilo que fazem de melhor e gostam tanto, no início eles se mostraram superiores aos novos oponentes, mas nenhuma vitória foi fácil, aumentando ainda mais a sede de sangue dos nórdicos. Mas logo a nova raça mudou suas táticas, passando a atacar as próprias embarcações, quebrando o casco as fazendo afundar, forçando os Aasgardianos a lutarem na água, terreno em que perdem quase toda a sua efetividade. Handuil, capitão de um navio cargueiro de Atlantes, também conhecido como Capitão Olho-de-cristal, por causa de seu olho direito sofrer de uma doença bacteriana que o faz ser coberto por uma camada de pele branca que reflete a luz do sol azul, foi uma das poucas vítimas dos primeiros ataques que conseguiu escapar, e notou que os atacantes alvejavam apenas os marinheiros, após matarem todos a bordo eles puxavam os barcos até as praias da Ilha Selvagem, forçando eles a encalhar. Seja lá qual for o motivo disso, os Aasgardianos forçaram a mudança de comportamento, e talvez isso poderia ser uma pista sobre quem é aquela raça, e porque atacaram naquele momento.
Os engenheiros de Atlantis tiveram que desenvolver cascos mais resistentes para os navios, também projetaram aberturas nas laterais para que os marinheiros pudessem golpear com lanças quando os atacantes tentarem subir seus navios. Mais uma vez, com estas novas armas, os aliados do norte conseguiram realizar a sua parte do tratado de aliança em proteger os Atlantes, porém, os novo inimigos ainda tinham a vantagem numérica, e a cada ataque mais e mais guerreiros surgiam. Laára até enviou seus magos de combate com poderes de Tier 5, patamar onde é aprendidas magias que possibilitam mais ferramentas de combate submarino, para investigarem o leito do oceano sul, mas as criaturas daquela região eram mais poderosas, impedindo que fossem mais a fundo. Uma capitã Aasgardiana chegou a capturar um guerreiro inimigo para tentar o interrogar, e com isso descobriu que eles só conseguem ficar alguns minutos fora da água. Enquanto isso, Handuil comprou um novo navio e foi até aquelas praias da Ilha Selvagem, onde descobriu que uma outra raça bem similar àquela que o atacou, estava utilizando os navios encalhados como moradia, então ele capturou um espécime e a levou de volta a Atlantis, e foi assim que, em 1669, os Atlantes descobriram e estudaram as Sereias pela primeira vez. Com isso eles aprenderam que as Sirenes são criaturas selvagens semi-inteligentes capazes de utilizar magias, já as Sereias são completamente selvagens e sem habilidades mágicas, como a nova raça era fisicamente idêntica a ambas, o estudo delas ensinou bastante sobre as maneiras mais eficientes de a combater. O capitão Olho-de-cristal foi condecorado e futuramente premiado com um navio melhor.
Daquele ano em diante a “guerra” não oficial passou a ficar favorável para os povos da superfície, até que em 1672 as “Sereias Inteligentes”, apelidado dado àquela raça, começaram a atacar utilizando as criaturas marinhas das profundezas, seres com dezenas de metros de comprimento capazes de destruir navios em um só golpe, não interessa o quão bem armado ou protegido era a embarcação. A única vez que uma delas foi abatida foi durante um ataque a uma frota de 5 navios, 4 defensores Aasgardianos e 1 transporte Atlante, onde os guerreiros de Gelo tiveram que sacrificar 3 barcos para só então o último conseguir ferir a criatura o suficiente para a matar, nem mesmo os magos Atlantes mais poderosos da época conseguiram vencê-las. Laára foi forçada a retornar e ancorar todas as embarcações, até mesmo os Aasgardianos tiveram que recuar, e todos sabiam que não demoraria para aparecer os problemas de ficar muito tempo sem realizar o transporte de recursos da Ilha de Comércio. Os Elfos Azuis até tentaram utilizar de seus conhecimentos de caça aos Wyverns para lidar com os monstros marinhos, mas a diferença entre as espécies é muito grande, então foram os Povos Anfíbios que apresentaram as primeiras respostas para evitar uma crise. De acordo com eles, várias criaturas nativas do Oceano Furioso estavam migrando pela Brecha dos Mercadores em direção ao, até então chamado de Oceano de Atlantis, isso pode ter desestabilizado o ecossistema dessa região, por consequência causando a fúria das criaturas que habitam nela. Outra informação importante foi, que as criaturas utilizadas pelas “Sereias Inteligentes”, por maiores e mais fortes que sejam, ainda eram menores e mais fracas do que as nativas das águas do oeste, e como os Povos Anfíbios aprenderam a caçar ao meio de um ambiente tão hostil, eles poderiam oferecer um conhecimento valioso sobre como lidar com elas.
Combinando seus esforços, as 4 raças dominantes do Continente Azul conseguiram finalmente superar aquele desafio, com as dicas de caça dos Povos Anfíbios, Aasgardianos e Elfos conseguiram lutar contra as criaturas selvagens de maneira um pouco mais segura, mantendo o foco inimigo na superfície, enquanto os Atlantes utilizavam dos ensinamentos de seus aliados ocidentais para nadarem sorrateiramente até o fundo do oceano, descobrindo o Grande Recife de Atargatis, uma cidade ainda maior do que a capital, e sua arquitetura é até hoje tida como fonte de estudo e aprendizagem por muitas outras raças. As construções eram capazes de suportar toda a pressão do mar, cercadas por um domo de proteção contra as criaturas marinhas, e também era visível a presença de um projeto na disposição das estruturas. Foram várias as tentativas de comunicação pacífica, mas somente Laára foi capaz de convencer um emissário de a encontrar para negociações, assim foi descoberta a verdade por trás daqueles ataques: o nome Atargatis foi revelado, aquela raça era sim parte da mesma espécie que as Sirenes e as Ceasg, aquelas que habitam as praias da Ilha Selvagem, o nome “Sereia” é mais corretamente atribuído às fêmeas que vivem em Atargatis, e os machos são chamados de Tritões. Os Povos Anfíbios estavam corretos, as criaturas que vieram do Oceano Furioso através da Brecha dos Mercadores estavam de fato destruindo a cadeia alimentar local, como as defesas da cidade não foram projetadas para seres daquele tamanho, os magos de Atargatis foram obrigados a utilizar de um artefato mágico que força a obediência de criaturas selvagens para conseguirem se defender, mas isso era considerado como tabu em sua cultura, e após muito esforço construíram uma barreira de coral que impediu momentaneamente a passagem pela brecha. Ao descobrir quem foram os responsáveis pela brecha, a rainha Atargatis VII ordenou o ataque, inicialmente não utilizaram das criaturas “domadas” por conta do tabu, mas ao verem que não iriam vencer, tiveram que mais uma vez quebrar essa “lei” de sua cultura.
Laára mostrou seu talento em diplomacia novamente, conseguindo se desculpar pelo transtorno causado, explicou o porquê de terem feito aquilo, ofereceu toda ajuda possível para reparar os danos causados, e no final convenceu que uma guerra estendida entre eles não iria beneficiar ninguém. Então, os Povos Anfíbios utilizam de suas técnicas para atrair as criaturas do Oceano Furioso de volta a sua região, depois magos Atlantes e Atargatianos uniram forças para criar diversas camadas de barreiras de coral para impedir a passagem de criaturas pela Brecha dos Mercadores sem atrapalhar a trafegaçao de navios. Em 1673, no dia 4 de Njord, Atargatis entra oficialmente na aliança liderada por Atlantis e Midgard. Mas as consequências da criação da Brecha não pararam por aí. Poucas semanas depois os Dragões Elementais da Água saíram de seu coral mais uma vez, se revelando pela primeira vez para os Atlantes, Elfos e Anfíbios, tanto Aasgardianos quanto Atargatianos já sabiam de sua existência. O emissário revelou que ficaram surpresos com o resultado das interações entre as raças, e que viram potencial naquela nova geração de sociedades inteligentes de Yggdrazil, após explicar tudo sobre a existência dos outros continentes, elementos, e a lei sobre o Limiar do Despertar, o Dragão finalizou avisando que talvez, dentro de alguns anos, se as raças dos outros continentes se provarem dignas, o Império iria criar uma maneira de conectar todas elas. Laára mal podia esperar pela chance de conhecer novas culturas e trocar conhecimentos.
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