Faith colocou o corpo do homem morto em um lugar de difícil visualização e voltou a se esconder se preparando para emboscar outro.
_ Se isso for uma armação sua... Você vai se arrepender profundamente. – Disse o homem de terno escuro.
_ Acha mesmo que preciso de algum truque para acabar com você? – Respondeu o homem de branco e pela sua entonação de voz ele não estava nada satisfeito.
_ Vá lá e veja o que aquele idiota está fazendo que ainda não acendeu essa maldita luz! – Disse o homem de terno para seu outro capanga.
_ Vá com ele. – Disse o homem de branco para a mulher que sacou e engatilhou as armas.
“Espero que ela não tenha algum tipo de percepção sobrenatural.”
Faith ainda estava escondida. E ouvia os passos dos dois se aproximando.
“Preciso matar ela primeiro. Por mais que o humano esteja com uma metralhadora eu não posso me arriscar em enfrentar outro vampiro no mano a mano.”
Faith então passou a lamina em sua perna, rasgando ainda mais sua meia-calça e cortando sua pele superficialmente. Ela estava usando um de seus poderes vampíricos. A capacidade de criar um veneno com seu próprio sangue capaz de piorar ainda mais os ferimentos causados por sua lâmina, um efeito que funciona até mesmo contra vampiros que teoricamente deveriam ser imunes a venenos.
Quando os passos se aproximaram ainda mais, Faith ativou novamente sua furtividade sobrenatural e desativou seu poder de suprimir sons. Era uma aposta arriscada, mas, ela tinha de fazer isso se quisesse ter uma chance de pegar a vampira de surpresa.
Oculta nas sobras entre os caixotes, Faith viu o homem passando, com a arma pronta para atirar, ele nada havia notado. E logo atrás a vampira passou... E parou!
_ Vá na frente... – Ela disse voltando alguns passos indo em direção ao esconderijo de Faith.
A mulher parou de frente para o corredor entre as caixas e containers e pareceu farejar o ar. Ela preparou as armas para atirar ao menor sinal de perigo e a passos cuidadosos começou a entrar entre as caixas.
Faith a observava escondida.
A mulher se abaixou, farejou o ar novamente e passou a ponta dos dedos no chão, onde havia sangue do homem que Faith havia degolado.
“Se ela avisar os outros...”
A mulher olhou ao redor em busca de alguma coisa e pelo visto ela tinha algum tipo de percepção sobrenatural. Ela se levantou e ainda preparada para atacar caminhou cautelosamente até um canto onde havia uma poça de sangue ainda maior e o smartphone do capanga quebrado no chão.
_ Mas o que é isso? – Ela se abaixou para verificar o telefone mais de perto.
“Agora!”
Faith ativou novamente seu poder de supressão sonora e saltou sobre as costas da mulher que mesmo surpreendida conseguiu evitar que Faith a degolasse em um único golpe. Mas, mesmo não conseguindo aplicar um golpe letal, Faith cravou sua faca no peito da mulher fazendo-a urrar de dor, claro que nada foi ouvido. O plano de Faith era eliminar a mulher com um único golpe, mas, como era de se imaginar ela era muito mais resistente que um humano qualquer.
A mulher com as armas em punho virou-se e atirou contra o corpo de Faith que não teve muitas chances de esquiva. Por sorte, mesmo àquela curta distância, a mulher não conseguiu acertar todos os seis disparos efetuados. Talvez seus ferimentos prejudicassem sua pontaria. Faith não teve chance de se esquivar e foi alvejada por três tiros que a atingiram um no ombro, outro no peito e o terceiro na barriga, Faith gemeu com a dor dos tiros, por mais que seu corpo vampírico fosse resistente a tiros, o poder de fogo da arma era grande e conseguiu ferir Faith de maneira grave. Os outros tiros atingiram janelas, caixas e containers distantes e por mais que o som do disparo em si tenha sido abafado, foi possível ouvir o som das balas atingindo estes objetos distantes do raio de efeito de seu poder. Alertando os dois outros vampiros e o guarda restante.
Faith cravou novamente sua faca no peito da mulher. Agora sua lamina não estava mais envenenada e ela sentiu que a mulher conseguiu resistir melhor ao ferimento, mas, mesmo assim, ainda consciente, ela foi ao chão devido aos ferimentos. A mulher tentou revidar atirando, mas, caída e debilitada pelos ferimentos, não conseguiu atingir nenhum dos muitos disparos efetuados.
Mais janelas espatifaram-se em estilhaços ao serem atingidas pelos projéteis.
Faith sobre o corpo da mulher, ergueu sua faca segurando-a com as duas mãos e desceu em um golpe rápido e forte contra o peito da mulher. A terceira facada foi o suficiente para acabar com a vida da vampira.
_ Ei chefe! Vem aqui! – Gritou um dos capangas ao ver Faith finalizando a luta.
Faith se virou para ver o que estava acontecendo e o homem não teve dó e segurou o gatilho disparando uma longa rajada de tiros de fuzil. Faith foi alvejada diversas vezes, cinco ou seis tiros, por sorte o calibre não era tão pesado e o dano não foi tão alto, mas, ainda sim preocupante de se pensar que ainda faltavam dois vampiros no galpão. Faith girou a faca em sua mão e a jogou contra o homem armado com a metralhadora. Aquilo seria o suficiente para mata-lo, ou ao menos o por fora de combate.
“Merda!” – Faith errou!
Talvez pelos seus ferimentos que começavam a fazer vacilar Faith não conseguiu acertar o arremesso de faca e o homem percebendo o perigo voltou a atirar. Sem opções para contra-atacar, Faith se jogou no chão e arrastou-se para trás de um container se protegendo dos disparos.
_ Tem uma mulher aqui! – Gritava o capanga. – Acertei ela, acho que ela caiu!
“Droga! Com pude errar daquele jeito!”
Sentada de costas para um container, Faith lamentava o seu erro. Principalmente agora que estava desarmada e seu plano de pegar um por um, fora seriamente prejudicado.
“Preciso de um plano!”
Enquanto o homem se aproximava lentamente se preparando para atirar ao menor sinal de perigo, Faith ainda estava escondida e se concentrava em regenerar seus ferimentos que eram muitos. Com isso um novo problema começava a surgir.
“Fome!”
Ativar todos estes poderes e ainda regenerar seus ferimentos consumia muito da energia de Faith o que estava deixando-a faminta. Ela precisava dar um jeito de se alimentar o quanto antes, ou poderia acabar desmaiando por falta de sangue, ou pior, não ter como ativar seus poderes para enfrentar todos os inimigos restantes.
_ Ela correu por aqui! – Gritou o homem armado enquanto procurava cautelosamente.
Quando o cano da arma surgiu por detrás do container Faith deu o seu bote! Acionou novamente seu poder de silenciar, agarrou o cano da arma certificando de mantê-lo em uma posição que não pudesse ser alvejada por algum disparo. O homem assustado com a aproximação surpresa de Faith tentou desvencilhar e atirar, mas, não conseguiu atingi-la. Um grande caixote de madeira embalado em plástico ficou crivado de balas.
Faith aplicou um soco preciso na garganta do homem que se engasgou com o ataque e antes que ele pudesse fazer algo além de manter o gatilho da arma que continuava a disparar destroçando o caixote de madeira que se espatifava em fragmentos de madeira, plástico e pó, Faith cravou seus dentes no pescoço do homem e começou a beber de seu sangue. A mordida do vampiro possui um tipo de enzima que incapacitava suas vitimas humanas como o veneno paralisante de algum animal peçonhento, o homem deixou a arma cair no chão e logo estava fraquejando sobre os joelhos.
Sem qualquer cerimônia Faith bebeu o máximo que pôde do sangue dele e como já era de se esperar ela percebeu que em pouco tempo o homem estaria morto por falta de sangue. Mas, Faith não parou... Ela bebeu até a hora que o homem parou de se mexer... Ele estava morto.
Faith ainda lambeu o ferimento para a cicatrização do ferimento. Não poderia correr o risco de alguém encontrar um corpo sem sangue e com dois furos no pescoço.
O corpo sem vida do capanga caiu ao chão. As luzes do galpão foram novamente acesas.
“Preciso sair daqui!” – Faith ativou sua furtividade sobrenatural e começou a se esgueirar por entre as caixas e containers em direção à saída. Mas, seu plano não era fugir, era sair logo daquela posição, pois, sabia que seus inimigos iriam chegar a qualquer momento. Ela tinha uma missão... Senhor Simons queria aqueles homens mortos e os documentos. Ela iria cumprir a sua missão nem que sua vida corresse perigo... Apesar de que em sua mente Faith preferiria e muito, cumprir a missão com vida e inteira.
“O que é aquilo?” – Enquanto se esgueirava, Faith pôde ver uma sombra estranha como uma névoa negra que se movia serpenteante e silenciosamente pelo chão. – “Será algum poder vampírico?”
Sem compreender direito o que era a tal névoa que se aproximava do cadáver do homem que acabará de matar, Faith se afastou o máximo que podia.
Ainda tentando encontrar o outro vampiro, Faith ouviu passos rápidos e uma leve brisa soprou em seus cabelos e ela viu o vampiro de terno escuro se movendo em velocidade sobre-humana procurando por sua presa. Faith se encolheu abaixando-se entre duas caixas buscando envolver-se nas sombras. O homem então começou a caminhar calmamente pelo corredor, parece que ele farejava o ar.
Faith sabia que ela seria encontrada se saísse de seu esconderijo ou se permanecesse ali por mais tempo. Ela sabia que teria de enfrenta-lo, mas, como? Olhou a sua volta procurando algo que pudesse ser utilizado como arma, mas, nada parecia atender às suas necessidades imediatas.
“Minha faca está muito longe daqui...”
O som dos passos se aproximava... Ele estava perto.
_ Achou alguma coisa? – Disse o homem de preto, agora muito próximo à Faith.
_ Seja lá quem for, matou seus homens... – Respondeu o outro vampiro, mas, sua voz demonstrava-se distante.
_ Cadê sua parceira?
_ Morta... – A voz dele soou de forma diferente.
_ Será que o Regente mandou alguém?
_ Você tinha garantido que não tinha sido seguido! – Gritou.
_ O seguido pode ter sido você! – Respondeu gritando o homem de preto que agora estava há pouco mais de um metro do esconderijo de Faith.
_ Apareça cretino! – Gritou o outro com a voz nitidamente alterada pela fúria. – Eu vou te matar seu filho da puta!
_ Eu acho que... – O homem de preto começou a falar, mas, sua voz sumiu! Faith usou novamente seu poder de supressão de ruídos e atacou-o de surpresa saltando sobre ele.
Surpreso com o desaparecimento de sua voz, ele não reagiu rápido o suficiente para escapar de Faith que o agarrou com força e cravou com força seus dentes em seu pescoço. O vampiro urrou de dor, mas nada foi ouvido e desesperadamente tentava se desvencilhar.
Os dois foram ao chão se engalfinhando, Faith permanecia agarrada ao seu inimigo. Suas presas cravadas no pescoço do vampiro faziam o sangue dele jorrar. Faith aproveitava para saborear um pouco do sangue de seu oponente. Era um prazer sádico que ela tinha em se alimentar, principalmente de sangue vampírico que tinha um gosto ainda mais especial ao seu paladar.
O vampiro lutava contra Faith e aos berros se debatia tentando desvencilhar-se de Faith que permanecia sugando seu sangue mordendo sua jugular. Mas, nenhum som era emitido, o poder de Faith permanecia ativo. O vampiro usando de sua força sobre-humana levantou-se com Faith pendurada em suas costas, ele girou e jogou seu corpo contra o container de ferro. Faith que estava em suas costas atingiu com força o container, doeu, mas, ela mantinha-se agarrada a ele. Faith sabia que não teria chances se soltasse então começou a usar seu sangue vampírico para aumentar sua força.
Novamente, o vampiro jogou o corpo de Faith contra o container, aquilo era para ter feito um barulho e tanto! Mas, Faith não se rendia. O vampiro tentou retira-la de suas costas usando sua força. Mesmo Faith usando o sangue vampírico para aumentar sua força, o seu oponente se mostrou muito mais forte fisicamente. Ele começou a se desvencilhar de Faith usando a força bruta, a segurou pelos braços e a jogou por sobre o ombro contra uma caixa de madeira que quebrou com o impacto.
Faith gritou de dor ao ser arremessada contra a caixa e um pedaço de madeira enterrou fundo em seu ombro esquerdo. O vampiro por sua vez, também estava bem ferido, ao arremessar Faith que estava mordendo seu pescoço, ele acabou por piorar o ferimento em seu pescoço. Ele se abaixou com a mão direita tentando estancar o ferimento que sangrava bastante espalhando seu sangue pelo chão.
“É a minha chance!” – Pensou Faith. – “Tem que ser agora!”
Faith se levantou. Sentiu uma pontada de dor no ombro, mas, aguentou firme. Antes que seu inimigo se recuperasse, Faith pegou um pedaço pontiagudo de madeira e foi para cima de seu oponente. O vampiro percebendo o ataque tentou se desvencilhar, mas, talvez seus ferimentos o estivessem debilitando, ele não conseguiu esquivar-se e Faith cravou com força a Madeira em seu estomago.
O vampiro olhou nos olhos de Faith e disse alguma coisa que não pôde ser ouvida.
Faith o encarando nos olhos, enfiou ainda mais a madeira no corpo de seu inimigo, ainda o olhando nos olhos, ela empurrou mais uma vez e ponta da madeira saiu pelas costas do vampiro. Ele cuspiu um pouco de sangue e seu corpo fraquejou caindo inerte no chão.
Faith continuou olhando para ele até ver seu corpo se transformar em cinzas. O vampiro estava morto.
“Preciso encontrar minha faca!”

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