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Noite após Noite

Lembranças: Amigos de Preto (Parte 2)

Lembranças: Amigos de Preto (Parte 2)

Oct 28, 2022

                No carro, fomos conversando e elas me apresentavam algumas músicas que elas gostavam (a maioria eu desconhecia). Chegamos a tal boate em menos de meia hora. A entrada era bem simples, o lugar não parecia ser grande coisa, dois andares, sem janelas, paredes cobertas por pichações e cartazes de apresentações futuras e antigas se misturavam uns sobre os outros, não havia letreiros indicando qualquer coisa, apenas uma porta simples de ferro, onde algumas pessoas (todas de preto) estavam reunidas. Vislumbrando o lugar, eu começava a me arrepender de ter ido.

                “Lá dentro é mais bonito!” – Disse uma de minhas amigas, ao perceber que eu estranhava o lugar.

                Estacionamos e descemos. Até a entrada, elas foram cumprimentando diversas pessoas e me apresentando aos seus amigos. Eu não me sentia muito à vontade com os olhares das pessoas, mas, me esforçava para ser gentil com todos que me cumprimentavam com sorrisos, apertos de mão, abraços e beijinhos no rosto. Pagamos a entrada, que por sinal, foi bem baratinho e entramos.

                O interior era escuro com luzes roxas, cheirando à incenso (ou seja, lá o que era aquele cheiro!), tinha uma espécie de bar, com cadeiras, uma TV que passava um DVD de uma banda que eu não conhecia, no balcão, um rapaz e duas mulheres muito bonitas com o visual bem dark atendiam as pessoas. Ao lado do balcão uma escada larga para o subsolo, onde podia se ouvir o som de música ao vivo. As bandas se apresentavam na parte de baixo.

                _ Olá garotas! – Disse um homem se aproximando de nós. Ele vestia um casaco preto; cabelos lisos até o ombro; pele parda; olhos azuis claros, que de tão bonitos, deveriam ser lentes de contato; barba muito bem feita e tinha um belo sorriso.

                O nome dele era Ayser Bashir, seus pais eram da Tunísia, mas, ele era nascido no Canadá e até então o mais longe que tinha ido era Nova York. Ele conhecia minhas amigas e fomos apresentados. Em pouco tempo estávamos em uma mesa conversando sobre música, viagens e tudo o mais.

                A boate, se é que pode ser chamada assim, era bem legal até. Mais tarde descemos para ver os shows das bandas, eu não queria ficar no meio do povo próximo do palco, então me contentei em sentar nos bancos que ficavam ao fundo do salão, mas, pelo menos tinha uma boa vista do palco. Minhas amigas acabaram por ir para o meio do povo. Só não fiquei sozinha ali, porque Ayser sentou-se ao meu lado me oferecendo uma bebida. Ele disse para eu não ficar chateada com minhas amigas que tinham me deixado ali, mas, eu realmente não estava chateada, elas até se esforçaram para eu acompanha-las, eu que neguei.

                Ficamos sentados e conversando e claro, a conversa chegou ao ponto que Ayser me perguntou sobre a perna. Eu não gostava de me recordar do dia, mas, contei a ele o que aconteceu, ele ouvia tudo calado, mas, prestava a atenção. O som da banda era alto, então eu tinha de falar alto e bem próxima a ele, então, eu não soube explicar como aconteceu, mas, ele disse algo que eu não pude ouvir e se aproximou e me beijou. Apesar de surpresa, eu não o afastei e curti o momento. Nossa como ele beijava bem... Ele me beijou no pescoço de um jeito que eu até me arrepiei.

                Foi uma noite incrível! Me diverti como não fazia há muito tempo. Ficamos até tarde na boate, minhas amigas e Ayser me acompanharam até em casa. Quando entrei em casa já era mais de três horas da manhã. Estava exausta! Meus pais estavam dormindo, mas, minha mãe acordou se dizendo preocupada comigo, mas, acho que ela percebeu que eu estava feliz e cansada o que fez com que ela acabasse não rendendo muito o assunto.

                Depois deste dia, comecei a sair mais vezes com minhas novas amigas e claro com Ayser. Ele era muito divertido e atencioso, começamos a namorar em menos de uma semana depois que nos conhecemos. Mesmo nos dias que não saíamos, falávamos por telefone, durante o dia não nos falávamos, ele me disse que trabalhava o dia inteiro em uma fábrica e não podia usar o telefone lá. Mas, tudo bem, ele era tão presente, tão companheiro, que eu aceitava esperar até a noite para falar com ele.

                Nossa relação começava ficar cada dia mais estreita e eu começava a sair com eles para todos os lugares que eles iam, descobri que eles tinham um tipo de ritual que envolvia se encontrar em noites de lua em um cemitério da cidade. De início eu achei meio bizarro, mas, Ayzer era tão gentil, não acreditava que ele pudesse fazer algo de mal comigo, ou com qualquer outra pessoa. E realmente não fazíamos nada demais, a não ser beber vinho, falar da vida, usar drogas e transar. Eu não usava drogas, mas, à medida que comecei a andar com eles, comecei a mudar aos poucos, comecei a vestir mais preto, fiz minha primeira tatuagem, uma fada negra na perna amputada, um detalhe legal que Ayser me sugeriu e eu aceitei é que nessa tatuagem, a perna da fada desce até desaparecer onde minha perna foi cortada, ou seja, a fada de minha tatuagem, também não tem uma perna... Furei o nariz e coloquei meu primeiro piercing, uma discreta argolinha, nada mais. Mas, uma das maiores mudanças, foi quando comecei a ouvir uma banda alemã e me apaixonei pelo cabelo do vocalista e com a aprovação de Ayser eu imitei o corte de cabelo do vocalista. Foi aí que adotei o moicano com mechas brancas. Minha mãe pirou quando me viu com o cabelo raspado dos lados enquanto tingia parte do cabelo de branco. Mas, eu apenas ignorava e seguia em frente.

                Dois meses depois de conhecer Ayser eu já conhecia muitas bandas de rock e era uma mulher totalmente diferente daquela que vivia depressiva por causa da perna perdida. Confesso que comecei a beber e cheirar cocaína nesse meio tempo, mas, era só de vez em quando, eu não era uma viciada e quer saber? O que eu tinha a perder? Meus novos amigos, não me abandonariam por causa disso, eles faziam parte disso comigo!

                Lembro-me do dia que Ayser me chamou para sua casa após um show de bandas covers na boate. Ele estava todo animado para me mostrar algo que, de acordo com ele, era a minha cara e eu precisava ver. Sentados na cama, de frente para o computador, ele pôs um vídeo de uma cantora pop chamada Viktoria Modesta. Eu realmente não entendi o que ele queria me mostrar, já que ele não era fã daquele tipo de música, até que eu percebi que essa cantora também não tinha uma perna e uma parte do clipe ela usava uma prótese cravejada de diamantes. Espero que ele não pense que eu tenho dinheiro para uma coisa dessas! Mas, ele disse para continuar a assistir e disse que eu entenderia na hora certa. O vídeo continua e agora a cantora tinha uma prótese com luzes, eu olhei para ele ainda sem entender e ele fez o sinal para continuar assistindo, mas, a música estava acabando e eu ainda estava procurando o que eu deveria ver. Foi então que eu vi... Em uma cena extra, no final do vídeo. Ela apareceu com um vestido estilo bailarina, negro e agora ela usava uma prótese negra afilada como uma agulha, ela andava sobre um chão de vidro que trincava à medida que ela caminhava com aquela prótese estranha. Eu não sei o que deu em mim naquela hora, mas, eu estava maravilhada, eu queria uma daquela para mim, eu precisava de uma daquela...

                O vídeo terminou e eu pedi a Ayser que passasse o finalzinho novamente. Eu precisava ver aquilo de novo! Como ela andava com aquela prótese? Ayser sorria ao ver que eu estava admirada pelo o que via. Foi então que ele perguntou se eu tinha gostado e empolgada eu disse que tinha amado, eu estava até sem palavras para descrever o quão bonito eu tinha achado aquilo. Então Ayser abaixou-se e de debaixo da cama ele pegou uma grande caixa com um embrulho de presente preto e fita vermelha e estendeu para mim.

                Eu não podia acreditar que ele tinha feito aquilo. Olhei-o nos olhos e ele apenas fez um gesto para que eu abrisse o presente. Enquanto eu abria, ele tinha comentado que se as medidas não estivessem corretas, era para mandar ajustar. Eu abria a caixa com cuidado, desfazendo o laço e desembrulhando o papel negro que envolvia a caixa de madeira. Ao abrir a caixa, eu a vi... Nunca vou me esquecer daquele dia. Ela estava ali, na minha frente, negra e brilhante, envolta por um molde vermelho e macio para não arranhar, uma prótese como a da cantora do vídeo. Era linda! E era minha...

                Ayser me ajudou a coloca-la, seu tamanho era maior que de minha perna esquerda, então para usa-la eu obrigatoriamente teria de usar algo de salto alto no pé esquerdo. Confesso que era muito difícil se equilibrar com ela e por mais que as medidas estavam corretas, era ainda mais desconfortável do que eu imaginava, mas, certamente seria costume e eu estava decidida a me acostumar o quanto antes com ela.

                Eu chorava de felicidade com o presente que tinha acabado de ganhar. Abracei e beijei Ayser agradecendo-o mil vezes pelo presente que deveria ter sido bem caro, mas, ele fez questão de manter o assunto dinheiro fora do assunto. A única retribuição que ele queria é que eu desfilasse para ele usando somente a prótese e uma bota. Eu aceitei na hora, tirei minhas roupas, calcei minha bota de salto e desfilei pelo quarto da forma mais sexy que eu conseguia, confesso que não foi nada fácil manter o equilíbrio enquanto tentava manter um andar provocante, mas, eu vi pelos olhos e o sorriso de Ayser que eu o tinha agradado e isso me deixou ainda mais feliz naquele dia.

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