[Continuação da Parte 3]
Ivan desceu as mãos dos joelhos para as coxas, parando ali, o olhar transformando de adoração em desejo. Parecia um predador, considerando a melhor maneira de devorar uma presa, e quando seus olhares se encontraram, Morena sentiu que iria derreter. Amava a dualidade do marido, amava ser uma das poucas pessoas que o conheciam com seus sorrisos e piadas, amava a forma como só confiava nela para mostrar todas as partes de si, até as que o assustavam. Ele mordeu o lábio inferior, afundando os dedos em uma das coxas dela.
— Ah, não podemos deixar isso acontecer, podemos? — disse ele, e se abaixou para voltar à trilha de beijos partindo da garganta, dedicando algum tempo aos mamilos tímidos dela, que insistiam em se esconder na maior parte do tempo, mas que não tinham vergonha nenhuma sob os toques dele. Quando falou novamente, a vibração da voz contra os mamilos a fez se arrepiar todinha: — Mas antes eu tenho uma pergunta.
— A resposta é “sim, por favor” — disse ela prontamente, movendo-se contra ele, querendo que continuasse o que estava fazendo ou que descesse logo para o lugar em que o queria, entre as pernas.
— Você nem ouviu a pergunta — Ivan riu, subindo a mão que estava ainda na coxa até o quadril e se apoiando no outro cotovelo. — Como você está se sentindo? Está com menos dor?
— Dor de quê? — respondeu veloz, e Ivan gargalhou mais uma vez, o som tendo um efeito mais intenso do que qualquer outra carícia. Ela moveu os quadris, tentando retomar o contato com a coxa dele sem sucesso e fez um biquinho, frustrada. — Eu não sou muito conhecida por ser paciente, Ivan.
— Então acho que está mais do que na hora de te dar uma lição — disse ele com a voz rouca e se inclinou na direção dela, como se fosse beijá-la, mas se afastou de última hora, sentando-se sobre os próprios calcanhares entre as pernas dela. Ela protestou e ele só riu. — Não vai ser nem um terço da lição que você precisa, mas a mais longa vai ficar para depois, quando estivermos em casa.
Morena fez outro biquinho, e Ivan se inclinou para beijá-la, sem se demorar muito, deslizando os lábios pela pele da esposa até o umbigo, passando pela saliência da barriga enquanto se acomodava entre suas pernas. Ergueu os pés dela, parando para dar um beijinho na parte de dentro do calcanhar, e apoiou as coxas nos ombros dele, dando um meio sorriso antes de deslizar os dedos pela pele interna da coxa de Morena até encontrarem o ponto que pulsava, acariciando-a lentamente. Ela gemeu em protesto, querendo muito mais do que aquele toque suave, mas ele a ignorou completamente, circulando o clitóris com o dedão enquanto a explorava com os outros dedos, espalhando sua umidade, aumentando a tensão dentro dela, provocando-a, fazendo-a sentir que estava prestes a explodir.
Quando ele finalmente a penetrou com um dedo, ela arfou, a sensação de prazer acentuada pela sensação quente e úmida da boca dele quando a língua substituiu os movimentos do dedão. Morena queria alcançá-lo, mas daquela posição era difícil, e só conseguiu agarrar os lençóis, levantando os quadris contra o rosto dele, o prazer se misturando com os sentimentos confusos numa fusão que parecia prestes a explodir. Ela conseguia sentir o olhar de Ivan, devorando cada gemido, cada movimento, cada espasmo de prazer.
Estava sendo boba, se preocupando com coisas que não aconteceriam. Um homem que a olhava daquele jeito, que a tocava daquela maneira, que se preocupava tanto com o seu prazer, não seria capaz de deixá-la, nem naquele momento, nem nunca. Um homem que a amava daquele jeito, que a conhecia daquela forma, nunca a deixaria. Nadya não o conhecia. Ivan nunca faria nada do que ela insinuara. Dia após dia, ele renovava a promessa que fizera para ela ao se casarem.
Quando Ivan acrescentou o segundo dedo, ela se arqueou contra ele novamente e ele acelerou o ritmo, acertando a velocidade perfeita para fazê-la morder a própria mão com o prazer que sentia, as pernas estremecendo o estímulo, o clímax vindo como ondas, cada movimento conjunto da língua de Ivan e dos dedos a levando até o limite, seus gemidos ficando cada vez mais altos até o orgasmo a atingir como um raio, fazendo-a transbordar e estremecer por inteira. Ele a acariciou suavemente até ela voltar a si enquanto mordiscava a parte interna da coxa e quando a respiração dela voltou ao normal, lambeu seus dedos vagarosamente, limpando-os, e ela quase imediatamente o implorou para ele voltar para dentro de si.
Morena finalmente se inclinou para frente na cama e o puxou, beijando-o para sentir o seu gosto nos lábios dele, a língua o explorando quase como ele fizera com ela mais cedo. Ele gemeu contra os lábios e ela deslizou uma mão pelo peito de Ivan vagarosamente, sentindo os pelos macios contra a pele, descendo pela barriga, acariciando os ossos dos quadris até chegar em seu membro rígido, tomando-o nas mãos. Ele xingou baixinho e ela riu, empurrando-o para ficar de costas na cama e sentando-se em cima dele, desenhando o queixo com seus beijos, mordiscando a pele do pescoço, lambendo o pomo de Adão enquanto movia a mão no ritmo que sabia que enlouquecia seu marido. Queria retribuir o prazer que recebera, queria mostrar para ele que se preocupava tanto quanto ele, que o amava na mesma intensidade. Queria que ele perdesse a cabeça com o toque dela, que soubesse que não havia nada que fosse melhor do que o que ela poderia lhe oferecer.
Ela alternou a velocidade, provocando-o, levando-o até o mais perto possível do clímax sem deixá-lo chegar no auge enquanto descia pela barriga de Ivan com seus beijos e mordidas. Quando ele começou a implorar, ela lambeu a ereção, fazendo-o xingar mais alto, fazendo-o a elogiar, fazendo-o ofegar. Morena amava o poder que vinha de fazê-lo perder o controle e quando ele fechou a mão em punho no cabelo dela, não conseguiu conter um gemido. Ela finalmente o tomou por inteiro, chupando-o e acariciando-o e depois de toda a provocação, não demorou muito para ele se derramar na boca dela, quente e viscoso, do jeito que ela mais gostava.
Ivan a puxou para cima novamente, beijando-a com mais afinco, limpando-a com a própria língua e ela o abraçou, entrelaçando as pernas nas dele. Quando finalmente se separaram para tomar fôlego, ele arrumou uma mecha do cabelo dela e sorriu, os lábios ainda melados e brilhantes.
— Eu estava falando sério — disse ele baixinho, mas com firmeza, acariciando a bochecha dela com o dedão —, quando disse que nunca vou te deixar ficar sozinha. Nunca. Eu juro por minha própria vida.
— Eu também juro que nunca vou te deixar sozinho — disse Morena, virando o rosto para dar um beijo na mão dele. Depois de alguns segundos, complementou, com um peso no peito: — A menos que seja o que você queira, é claro.
— Eu não vou fazer como ele — respondeu Ivan, o nome de Aleksey, mesmo que não dito, pesando ali no cômodo. Passou a outra mão pelo cabelo dela antes de continuar: — Não vou querer, nunca. Eu fui feito para te amar, Morena, e nada tem sentido se você não está comigo.
Morena suspirou, finalmente se aninhando contra Ivan e encostando a cabeça no ombro dele, sentindo o coração se acelerar. Ela às vezes tinha medo da intensidade de Ivan; já tivera vergonha também, porque não se sentia exatamente daquela forma, não como se o mundo fosse acabar se Ivan decidisse que não a queria mais. Ela sabia que seria ruim, que ficaria triste, como o que acontecera com Aleksey provava factualmente, mas ela seguiria em frente. A vida continuaria. As coisas teriam sentido sem ele, só não seriam tão divertidas. Não seriam tão boas e ela preferiria que ele estivesse lá, ao seu lado, os dois se apoiando. Porém, ele sempre falava como se a ideia de viver sem ela fosse absurda, impossível, e que, se por um acaso ela morresse, ele a seguiria no dia seguinte, incapaz de continuar se ela não estivesse presente. Ela odiava pensar naquilo.
Odiava ainda mais pensar naquilo quando lembrava que decidiram que estava na hora dela parar de tomar o chá que a impedia de engravidar, de que estavam prontos para trazerem uma criança ao mundo. Depois de passar tanto tempo com Veronika, ficava cada vez mais claro para Morena como era perigoso estar grávida, como nem todo mundo saia do parto com vida e a mera possibilidade de que Ivan não seria capaz de criar uma criança se acontecesse o pior a deixava aterrorizada.
No entanto, eram todos medos que ela engolia e se convencia de que eram infundados, porque a única coisa que importava era a certeza que aquela intensidade trazia, a segurança de que ele sempre estaria ali, ao seu lado. Ela se acomodou mais, e Ivan a abraçou pela cintura, tentando afastar os sentimentos ruins e as inseguranças ao se concentrar no cheiro do marido. Ivan aceitou seu silêncio como resposta, beijando-a na cabeça e passando uma mão nas costas de forma descuidada.
— A gente precisa ir embora — Ivan quebrou o silêncio depois de longos momentos, sussurrando, sua voz saindo um pouco esquisita. — Não de vez. Eu não fiquei louco ainda, mas pular todas as atividades de amanhã e falar que temos um compromisso inadiável na cidade, só que o compromisso é comer um banquete no distrito daliashin e conhecer a Kinchyk direito. A gente pode chamar Veronika e Milana para nos acompanharem, tenho certeza que dá para inventar que foi um compromisso prévio do Sovet.
— Ah, eu amo sua mente diabólica — disse Morena, olhando para o marido com um sorriso. — Imagina só, o ódio deles quando souberem que a gente saiu de uma festa da Corte para resolver assuntos de alquimista.
— Eu até tenho uma ideia boa ou duas na minha vida — disse ele com falsa modéstia, fazendo-a rir. — Mas o que você acha? Posso acordar cedinho e arrumar alguém para nos levar e buscar. Você precisa comer direito e as Santas sabem como eu preciso…
E Ivan parou no meio da frase, o olhar desviando rapidamente na direção de onde ficava a cabana de Aleksey, e Morena suspirou, envolvendo o rosto dele com as mãos e o beijando. Foi a vez dele de se aninhar contra ela, escondendo o rosto no pescoço dela e ela nem precisou perguntar para imaginar o que acontecera com ele naquele dia em que ela estivera fora.
— Eu acho perfeito — murmurou ela e o sentiu relaxar em seus braços, como se ele estivesse em dúvida a respeito da resposta que daria. — Acho que é um descanso mais do que merecido.
Continua…
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CRÉDITOS
Autora: Isabelle Morais Edição: Laura Pohl e Val Alves Preparação: Laura Pohl Revisão: Bárbara Morais e Val Alves Diagramação: Val Alves Título tipografado: Vitor Castrillo
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