Please note that Tapas no longer supports Internet Explorer.
We recommend upgrading to the latest Microsoft Edge, Google Chrome, or Firefox.
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
Publish
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
__anonymous__
__anonymous__
0
  • Publish
  • Ink shop
  • Redeem code
  • Settings
  • Log out

Chemtrails: Quark Children

Olhos na Sombra

Olhos na Sombra

Mar 23, 2023

A panela de pressão sobre o fogão a lenha já começava a chiar, espalhando um suave aroma de feijão ao longo da cozinha, o vapor embaçava o quadro emoldurado de uma figura vestida em verde, cujo cabelo cobria um dos olhos.

Cortada em cubos pequenos, a cenoura era passada a uma vasilha, misturada com ervilha e milho para limpar a tábua de cortes. Amora alcançando a cesta de frutas para selecionar uma cebola, cortando-a ao meio, e a descascando em meros instantes.

Triturou a cebola em cubos pequenos também, misturando metade da porção com os outros legumes.

Puxou outro recipiente com carne moída recém descongelada, amassando a formar pequenas bolinhas, e as colocando para fritar em uma frigideira sobre o fogão, pondo o restante da cebola ajunto.

Depois de fritarem por um tempo, os retirou para descansar sobre um prato com um guardanapo.

Pegando de dentro do armário, a caixa obtida pelo conselheiro, a abria sobre a pia, para retirar um pacote de macarrão sem marca, abrindo-o para pegar um fio de massa a cada vez, os atravessando nos bolinhos de carne.

Assim que suficiente, colocava a massa para descansar dentro de uma panela com água morna a qual repousava na chapa do fogão, e conforme a massa amolecia, adentrava a panela, iniciando o cozimento.

Figo espreitava através da moldura da entrada, avistando Leivos a colocar pratos sobre a mesa de jantar.

Traçou um caminho rápido e seguro até a última gaveta da pia, onde retirou um pacote de velas, e um pequeno prato.

E tão rápido quanto chegou, saiu. Pensando ter sido completamente furtivo e indetectado, Figo corria até o quarto de Lídia, seguido apenas pelo olhar dos dois.

— Huh. — Grunhiu Amora.

 

 

No quarto da arqueira, encontrou Caju, rodeada por Pomelo, Nádila, e Aranji, que segurava um isqueiro. Assim que chegou, e mostrou as velas, meias luas se abrem em sorrisos animados, conforme se sentavam ao redor de Caju.

Figo retira uma das velas e oferece para Nádila, que a segura, Pomelo ficando com o pratinho.

Aranji acendeu o isqueiro, e Nádila alcançou o pavio até a chama, a passando para a vela, e pendurando-a sobre o prato, esperando a cera derreter. Quando se liquefez, pressionou a base da vela em cima, colando esta ao prato, que foi entregue para Caju.

— Certo, certo, aqui vou eu...

Levando a mão por cima da vela, sentia a chama esquentar, uma versão muito mais intensa de um sentimento que lhe era um tanto familiar. Contornou-a lentamente, até ter a mão de forma a coletar a chama por baixo do pavio, a mantendo acesa flutuando sobre sua palma.

— Oooh! — Dividiam a expressão.

— Consegue aumentar o fogo? — Nádila inquiriu.

— Talvez, mas não faço ideia de como.

Caju abre mais a mão, espaçando os dedos, mas a chama continua a mesma, oscilando de tamanho naturalmente, embora não seja uma diferença muito significante.

— Nadinha. — Pomelo apontou o óbvio.

Juntando os dedos novamente, encobriu a chama dentro de seu punho, apertando.

— Ei! Assim vai apagar! — Figo avisou.

A abriu de volta, e a chama ressurgiu de um pontinho brilhante.

— Aah!

Entregou o pratinho com a vela para Pomelo, e manteve a flama na mão direita, levando a esquerda até alinhar ambos os palmos, tendo o fogo no centro.

Ao separar as mãos, a chama dividiu-se em duas, uma em cada palmo, com o mesmo tamanho que a anterior.

— Okay, isso foi previsível. — Aranji apontou.

— Sim, mas olha. — Caju comparou mentalmente o tamanho da chama antes e depois de seu ato. — Tecnicamente, tem mais fogo agora, estão iguais a de antes.

Figo alternava olhares dentre cada dentinho de luz.

— Pera... Tenta... — Ele olha para Caju. — Tenta respirar, bem fundo!

E assim ela fez, puxando o máximo de ar que conseguia, até inflar as bochechas.

— Não assim! Quero dizer, tome suspiros longos!

— Ou! — Exalou Caju. — Tá bom.

Inspirou e expirou, em longos intervalos. O ambiente ao redor distorcia levemente, e ela fechava os olhos. Um formigar consumia seus braços lentamente, até chegar nas mãos. Ela ouve a porta do casarão abrindo, e outras vozes abafadas a cumprimentar, com passos vibrando ao longo do assoalho.

— Olha, olha! — Nádila apontava.

As chamas ganhavam intensidade a ponto de labaredar, seguindo o ritmo da respiração de Caju.

— Ãhn, o que?

Ela abria um olho, e vendo a chama maior do que antes, sorriu.

A cortina da entrada do quarto se abria, e através desta, espreitava mais uma figura baixinha,
cujo rosto mal era visível por usar um cachecol qual cobria a boca e parte do nariz. Atravessando seu cabelo, era possível ver duas antenas balançando.

Logo depois dela, mais uma, um menino, cuja roupa tinha vários pedaços de bichos de pelúcia costurados, principalmente, mãos e rostos.

— Oh, Náilin, e Elasto! — Figo os reconheceu.

Náilin o olhou por um instante, mas seu foco logo travou em Caju. Retirando de seu casaco um bloquinho, e com um lápis, rabiscou algumas notas e esboços da menina.

Elasto também se aproximou, estendendo a mão para perto do fogo, Caju se mantendo estática. Ele sentia sua mão aquecer e secar, e esfrega os dedos ao perceber isso, esboçando um pequeno sorriso.

— Hmpf, é cada coisa que inventam. — O menino comentou.

Náilin continuava rabiscando, o som do lápis afogando qualquer outro ruído, um longo e estranho minuto de silêncio dissolvendo entre todos que estavam no quarto. Ao terminar, ela apenas piscou os olhos lentamente, e ambos se retiraram.

— . . . Hm? — Caju grunhiu.

— Ah, nem se incomode, eles são assim mesmo. — Aranji apontou.

 

 

 

 

Uma porta se abre, trazendo um céu pintado nas quentes cores de um fim de tarde, com a silhueta de Lídia logo o atravessando e descendo a escadinha. Ventos traziam um sutil cheiro de fumaça úmida.

Contornando o casarão, encontrava um espaço abaixo do piso da moradia, onde era armazenada uma carga de pedaços de madeira, cobertos por um manto plástico rígido e pesado.

Chegando, agachou-se, erguendo a lona e pegando pares de lenha através.

Depois, batia as lascas uma contra a outra, o estalo vibrante expurgando um pouco da sujeira que ainda carregavam.

 

Por perto, a grama farfalha, anunciando a aproximação de alguém.

Coletando oito pedaços de madeira, os reuniu embaixo do braço, e por fim se levantou, já recebendo a companhia com o olhar de uma estátua incompleta, indiferente e sólida.

— O que você quer, Carlo? — Denunciava a figura.

 

— Faz tempo. — Carlo se escorava na parede do casarão. — Que não temos um tempo juntos, não acha?

— Como assim? Saímos literalmente ontem.

Ele aperta os lábios, revirando os olhos de canto a canto e exalando uma risadinha.

— Não nesse sentido.

— Ah, só nós dois, você diz?

— Exato! O que acha de aproveitarmos hoje, ein?

Tomou as palavras dela como oportunidade, se aproximando, a mão dele tentava alcançar seu rosto.

Um leve clarão alaranjado vem da janela logo acima deles, acompanhado de um ruído grave. Risos eram ouvidos, da voz de Caju, e dos outros caçadores. Ruído que espantou ambos, Carlo afastou sua mão, e Lídia recuou enquanto olhava para a direção das vozes.

Trazia o olhar para o gramado ao redor da casa, vasculhando ao longo da paisagem, passando direto da imagem de Carlo.

— O que foi? Não diga que não quer. — O rapaz prosseguiu.

 

 

 

— Me faça um favor, e leve isso aqui.

Ela o entregava as lenhas que juntou, quase em arremessos, esperando que o rapaz derrubasse alguma no malabarismo que teve de fazer para as segurar.

— E mais isso, e isso...

Jogava algumas lascas a mais por cima, por fim batendo as mãos para tirar a sujeira e as descansando na cintura, como um pote de açúcar.

— Leve toda essa madeira, e a deixe descansando embaixo do fogão, ou no forno, se estiver livre. Que talvez aí! — Erguia o indicador, tomando um instante. — Pensarei no seu caso.

— Oh, pode deixar, princesa.

Conforme Carlo se afastava, o olhar de Lídia agudou, seus braços enrijecendo levemente, como se estivesse apertando algo em suas mãos.

— Não me chame de princesa. — Murmurou.

Juntou mais uma braçada de lenha, e também retornou.

 

— Ei! Ô de casa! Ou! — Uma voz ríspida de um desconhecido trava Lídia na porta do casarão.

Quase a despencar conforme corria do vale até a passagem do rio para chegar em Linha Castanha, coberto apenas pelo vermelho do sol que se desfazia no horizonte, seu rosto era coberto por uma tinta cinza de textura cromada.

— Alguém? Ajuda!

Lídia derrama a lenha que coletou dentro da casa, ao lado da porta, e se afasta da entrada, caminhava pela grama até ter um espaço mais amplo. Sua mão buscava por seu arco, sem o encontrar, busca por sua adaga, também estando sem, restou-lhe apenas firmar os punhos.

Do casarão, várias figuras saíram, indo averiguar. Mas tal atenção logo petrificou em tensão, aos poucos cercando o recém-chegado.

— Tem um Estrei! Um Estrei enorme no nosso assentamento!

Anunciou, apontando para o horizonte.

— Por favor, ajudem-nos! Por favor, em nome de Iuven! — Clamava, caindo de joelhos e unindo as mãos, as balançando. — A criatura se cobriu de chamas, está colocando fogo em tudo!

— Calmem, meus queridos.

Amora se anuncia, conforme os moradores abriam caminho para sua passagem até a situação, trazia consigo apenas seu machado, pois não teve tempo de colocar sua armadura.

— Qual o seu nome, rapaz?

— Por favor, por- Nome? É... — Tomava um momento para salivar a garganta seca e sem ar.

— Caleb! — Pomelo anunciou, empurrando os moradores para chegar adentro da roda. — O nome dele é Caleb, um prateado.

O menino chegava até o rapaz, o ajudando a se levantar, enquanto o olhava ligeiramente dos pés à cabeça. Sussurrando questões a este.

— Você está bem? Tem algum ferimento?

Para as quais foi respondido apenas com um balançar do rosto e um toque do palmo no ombro.

— Como você o conhece? — Amora indagou.

— Ele é de Mamões, uma das vilas próximas, podemos confiar.

— Por favor! Precisamos ir rápido! Não estamos conseguindo controlar todas as chamas!

A líder amassava o próprio rosto, o desviando levemente para o lado, seu olhar passando dos dois para os moradores ao redor, até voltar para o rapaz, enfim aliviando a expressão.

— Muito bem.

Ela descansa o machado sob o ombro, virando-se para retornar ao casarão, dava um toque no braço de Lídia conforme voltava.

— Tá com você.

 

 

 

Lídia aperta os lábios e abre levemente a boca, olhando os céus por um instante, para então virar para os moradores, os quais desengajavam da situação, retornando para suas casas.

— Do grupo de Caçadores...

Algumas figuras congelavam, voltando seus olhares para ela.

— Aranji, e Caju, virão comigo para o Assentamento de Mamões.

— Posso ir também, não? — Carlo erguia o braço, mas antes de o estender por inteiro, era acertado no estômago pela mão fechada de Aranji. — Oof!

— Nem sequer rabisquei seu nome, intrometido. — Lídia terminava, virando-se para o Prateado. — Agora, onde mesmo que fica Mamões?

O Prateado erguia um semblante tão alegre quanto um cão prestes a receber um agrado.

 

— Sei de um atalho.

 

 

 

 

 

 

custom banner
ridochi
Emile Baudran

Creator

Comments (0)

See all
Add a comment

Recommendation for you

  • Invisible Boy

    Recommendation

    Invisible Boy

    LGBTQ+ 11.2k likes

  • What Makes a Monster

    Recommendation

    What Makes a Monster

    BL 73.6k likes

  • Arna (GL)

    Recommendation

    Arna (GL)

    Fantasy 5.4k likes

  • Blood Moon

    Recommendation

    Blood Moon

    BL 46.9k likes

  • Silence | book 1

    Recommendation

    Silence | book 1

    LGBTQ+ 26.5k likes

  • Primalcraft: Scourge of the Wolf

    Recommendation

    Primalcraft: Scourge of the Wolf

    BL 6.9k likes

  • feeling lucky

    Feeling lucky

    Random series you may like

Chemtrails: Quark Children
Chemtrails: Quark Children

2.3k views8 subscribers

Em um mundo tomado por múltiplos apocalipses simultâneos. Lídia, uma arqueira sobrevivente acidentalmente revive Caju, uma divindade esquecida, tendo agora de guiá-la a seu propósito enquanto navega o fim dos tempos.

Escrito e Ilustrado por: Emile "Ridochi" Baudran
Gênero: Fantasia Científica
Período de Publicação: 22 de Março de 2023 — presente
Episódios: 90 (estimativa)
Subscribe

43 episodes

Olhos na Sombra

Olhos na Sombra

67 views 1 like 0 comments


Style
More
Like
List
Comment

Prev
Next

Full
Exit
1
0
Prev
Next