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Chemtrails: Quark Children

Embaixo do Ipê

Embaixo do Ipê

Mar 23, 2023

O zepelim continuava a flutuar, se escondendo na noite e nas nuvens da região. Uma abertura surgindo em uma de suas laterais, bem-vindando a entidade.

Haviam vários Strays e Brigões na nave, o anulador recém-chegado sendo agora um dos poucos de seu tipo.

Indo até o segundo salão, notava que o anulador coroado estava ausente, então, sozinho foi até o pilar com a engenhoca que havia ativado. A estrutura mostrando diversas escrituras brilhantes e estáticas assim que próximo o bastante.

Dentro de si, a criatura retira um frasco, o qual inseriu adentro do pilar, e ao soltar, o tubo flutuava, seu exterior evaporando, e a substância contida, sendo descongelada e cercada de diversas runas.

O que estava dentro do pilar, brilha também, distorcendo a ganhar uma nova forma, a qual, assim que pronta, foi liberada em queda, para fora do zepelim.

 

Nada mais a ser feito, o anulador saiu da mesma forma que entrou, retornando a Linha Castanha em lenta queda, adentrando a neblina da floresta para retomar seu disfarce como o conselheiro Leivos, e ir até a grande cabana.

No meio do caminho, viu a figura de Carlo, a caminhar com a mão sobre a própria bochecha.

 

 

 

— Ui! — Piou Amora. — Que surpresa te encontrar aqui, meu querido.

Deram as caras logo em frente à casa, e a guardiã abre a porta, ambos entrando sem pressa.

O ambiente agora se encontrava vazio e com as luzes desligadas, o silêncio interrompido apenas pelo ruído de seus passos, da porta sendo fechada, uma tranca de madeira se acionando, e a porta do quarto abrindo.

— Leivos.

— ...

As molas do colchão rangiam com o peso sendo aplicado, o tecido dos cobertores se remexia, assim como dos travesseiros.

— Você está sendo tão querido ultimamente, fazendo as coisas sem reclamar, nem mesmo precisei pedir.

— ...

— Estou amando isso, sabia?

Ganchos e correntes de metal batem com um timbre abafado, de algo preso a um tecido, e o tecido em si se derrama no assoalho, seguido da queda de outro manto.

— Claro que, ainda não é muito. Porém, espero que isso te sirva de incentivo a continuar.

 

 

 

 

 

A manhã demora cada vez mais a chegar, mas eventualmente vem. A serração continuando densa, mas agora iluminada em razão do dia. Um ruído de coisas batendo ecoa abafado, vindo de fora.

Caju coça os olhos, e a primeira coisa que enxerga é o brilho distante de uma chama ao meio da neblina, através da janela. Ela podia até mesmo sentir o arder desta, mas provavelmente era o regosto da bebida forte de ontem.

Seus pés descem ao piso cerâmico, o qual, a primeiro contato, quase petrificam ao frio desproporcional a todo o ambiente morno da casa.

Imediatamente buscando suas sandálias, as encontrou em posições completamente aleatorizadas por forças maiores e motivos ainda desconhecidos, próximas a uma figura a qual surgiu da noite pro dia.

— !

Caju trava por um instante, mas percebe que se tratava apenas de um manequim, o qual estava vestido com uma roupa incompleta.

Firmando seus pés sobre o piso agora com sensação de temperatura ambiente, caminhou de passinho em passinho até a porta, lentamente girando a chave e contando os estalos da tranca e da maçaneta para abrir fazendo o mínimo barulho possível.

— Saindo tão, tão cedo? — Silica interrogou.

— Ah!

— Shh! Não faça barulho! — Peamel interviu. — Pode acabar acordando as sete da manhã, ao pessoal que acorda as cinco e meia!

Virando-se a ele, viu todos os costureiros sentados ao redor de uma mesa redonda, na qual, sobre uma toalha quadrada, haviam xícaras cilíndricas, talheres adequadamente ondulados, e vários alimentos e ingredientes.

Náilin e Elasto riam baixinho, tentando esconder seus rostos com suas xícaras.

— Não quer tomar café conosco?

— Adoraria, mas, preciso fazer algo primeiro.

— Oh, se cuide então!

Porém, Caju para, olhando para o casarão e para a floresta afora, e antes de sair, olhava para os costureiros.

— Eu, não tenho certeza disso.

— Do que, hun?

— Mas, eu acho que o Leivos é uma daquelas criaturas.

— ...

Os costureiros congelam, mas o tempo, não. A ponto de Silica encher uma xícara até derramar, e Elasto derrubar o bolinho que estava prestes a comer.

— Bom. — Peamel se recupera. — Ficarei de olho nisso, então, não se preocupe, okay?

Caju olha para o chão por um momento, antes de focar nos costureiros e assentir com o rosto, enfim saindo.

 

 

 

Tal ruído percussivo vinha da casa dos muitos irmãos. Com o segundo mais novo, o do meio e o segundo mais velho retirando as tábuas queimadas das paredes, e colocando novas no lugar, uma de cada vez.

O mais novo estava no quintal da casa vizinha, com um martelo em mãos, a quebrar, abrir e comer castanhas.

Leivos também estava presente, embora apenas para observar a casa sendo reconstruída.

— Ah, olha só, Damasco! — O do meio apontou.

E viam a figura de Carlo, subindo a chegar na casa queimada, carregando uma porção de tábuas por cima do ombro, seu rosto ainda manchado de vermelho e roxo.

— Chegou o seresteiro das noites! — O segundo mais velho anuncia.

 

Chegando a atrás da casa, onde o conserto ocorria, colocou as tábuas a descansar sobre a grama.

Fernan percebe as manchas no rosto do mais velho, abafando um riso com a boca antes de o provocar:

— Parece que alguém foi colocado na coleirinha!

Os outros dois riam, enquanto Carlo lhe encarava próximo o suficiente para causar claustrofobia.

— Ai, minha nossa, ele tá bravinho, olha ele, Ellen!

— Ui ui! Que meeedo!

Uma lasca de madeira cai na direção do mais velho, arremessada por Damasco, que estava dentro da casa, olhando Carlo através das amplas brechas na parede.

— Pelo visto você não aguenta a barra pesada dela, não quer deixar pra mim?

— Como é?! — Carlo estala, travando seu olhar em Damasco.

— Aaa-hahah! Você me ouviu!

Os dois congelam a pose, apenas seus olhos se movendo para observar um ao outro de cima a baixo.

— Só por cima do me-

— Não me venha com essa de bancar o bem-bom! — Damas o interrompeu. — Você teve suas chances.

 

— O que deu contigo?

O mais novo apontava ao próprio rosto, olhando Carlo.

— Nada demais, Nico.

Carlo respondeu, erguendo uma das tábuas para a posicionar numa das brechas da parede.

Damasco o ajudou a segurar do interior, Ellen e Fernan deslizando por entre eles para pregarem a tábua contra o tronco e a travessa qual sustentavam toda a parede.

 

Após assistir ao teatro deles, Caju ergue o olhar ao casarão, e decide ir até este. Sem perceber que foi brevemente seguida pelo olhar dos três irmãos mais velhos.

Pondo o palmo sobre as tábuas da porta, seu empurro foi interrompido, a porta recusando a entrada. Tentou empurrar mais uma vez, e teve o mesmo resultado.

Tamanha resistência levou Caju a optar por uma das estratégias mais obscuras de educação social, uma qual poucos sequer conseguem imaginar da existência.

Fechando a mão, bateu levemente.

Toc! Toc! Toc!

O som amadeirado reverbera no interior da casa, logo respondido por uma voz abafada.

— Ma-que-coisa! Parecem que tão consertando aquela droga de casa aqui dentro!

Algo marchava como se estivesse usando chinelos de tijolo até a porta, e deslizando a tranca, a abriu apenas em uma brecha, espiando a ver a menina ao pé da curta escada.

— Ah, é você. — Disse Amora.

A líder firma o braço no manto que estava vestindo, e trava o pé atrás da porta, coçando os olhos quase fechados de preguiça para limpar a remela, e lhe interrogar:

— O que tu quer?

— A Lídia já acordou? — Caju pergunta.

— Ainda não, e sugiro que a deixe continuar a dormir. — Amora avisou — Ontem foi um dia bem cansativo pra ela.

— Entendo, tudo be-

Amora fecha e tranca a porta novamente, seus passos sumindo em distância.

— ... -em. — Caju termina.

Curvando a boca e escondendo as mãos atrás do corpo, ela caminha ao redor do casarão, até encontrar a janela do quarto de Lídia, alta demais para Caju conseguir enxergar muito adentro.

— Daria pra eu saltar. — Ela cochicha, sentindo os pés formigarem. — Mas faria muito barulho.

 

 

 

Voltando o olhar a baixada do vilarejo, avistava o brilho em meio a neblina, enfim passeando a seguir a trilha até este, relembrando o caminho até a árvore onde encontrou seu nome.

Conforme descia, avistou novamente a presença de Ian, a trazer mais um galão de água nas costas, passando um pelo outro, trocaram um olhar e nada a mais.

Uns passos depois, ela para, e o observa conforme o rapaz segue seu passo até alcançar o santuário. Rever a cicatriz que ele tem em seu rosto fez a menina arrepiar levemente.

 

A neblina havia enfraquecido assim que chegava ao lago, conseguia ver o brilho no outro lado das águas, embaixo de onde havia a silhueta de uma árvore.

Deu a volta pelo açude, tendo como obstáculo, apenas de saltar uma leve brecha, pela qual a água da bacia escapava para seguir o rio.

 

Encontrava a árvore das flores amarelas, e embaixo desta, o brilho era encontrado, oriundo de uma vela acesa, ao meio de vários pilares de cera parcialmente derretida, com um pequeno ramo de flores descansado logo ao lado.

Com um toque, ela sente as flores ainda formigando como a flama que iluminava um pequeno monólito de mármore nas raízes da planta, o qual possuía um interior agora visível a guardar, em uma moldura, uma pintura.

Ao pôr-do-sol, sentadas lado-a-lado em meio ao gramado de uma planície, Lídia, e uma garota de longos cabelos lisos e escuros.

Agachando-se para observar mais de perto, encontrava no canto do desenho, um símbolo de um círculo atravessado por uma cruz.

Além de escrituras e rabiscos sobre as pedras, a moldura da foto e até mesmo sobre a árvore e a cera, em grande parte, ilegíveis.


— Rrr-rr-rss-s-rs-s...

Uma ventania agita a copa da árvore, derrubando algumas folhas secas do pessegueiro.

A menina se ergue, olhando ao redor.

— ... Huh.

Ajoelhando novamente, ela olha os pilares de cera, encontrando pontas de corda sobre alguns destes, e vendo o brilho da vela acesa, estendeu seu indicador até a chama.

O levando, uma segunda gota brilhante surgia, flutuando a frente do dígito, e com esta, acendeu as outras velas. Ao terminar, ergueu o dedo como se fosse um revólver, e assoprou a chama no indicador até apagar.

Se pondo em pé novamente, apoiava os punhos na cintura e mostrava um sorriso firme conforme observava a imagem protegida.

— Hm?

Sobre o vidro da moldura, o brilho agora mais intenso das velas revela mais uma palavra escrita, uma que, estranhamente, Caju conseguiu ler, e subitamente, todas as escritas ao redor passando a ter mais coerência em seus olhos.

— O- de... Odessa?

O vento assovia e termina no bater de asas de um pássaro que chega aos galhos do pessegueiro, uma ave de penugem e olhos escuros, mas levemente dessaturados, olhava a Caju da mesma forma que ela o olhava.

— GRÉO, GREÉ!

O pássaro vocaliza, saltando dentre os galhos.

Em meio a um glimpse do balançar de sua penugem, Caju consegue ver que embaixo de suas asas, a criatura tinha os ossos da caixa torácica expostos, contornados por carne ressecada.

Mas antes da menina poder fazer qualquer coisa além de estender sua mão na direção do pássaro, a ave se larga a voar novamente, sumindo dentre a neblina.

— Que coisa.

O procurou apenas por um instante, antes de retornar ao pequeno templo, relembrar o que estava escrito, e erguer o foco ao vilarejo, para seguir o caminho da volta até a oficina.

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Emile Baudran

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Em um mundo tomado por múltiplos apocalipses simultâneos. Lídia, uma arqueira sobrevivente acidentalmente revive Caju, uma divindade esquecida, tendo agora de guiá-la a seu propósito enquanto navega o fim dos tempos.

Escrito e Ilustrado por: Emile "Ridochi" Baudran
Gênero: Fantasia Científica
Período de Publicação: 22 de Março de 2023 — presente
Episódios: 90 (estimativa)
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