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Chemtrails: Quark Children

Antítese

Antítese

Mar 23, 2023

Assim que chegou, colocou a mão na maçaneta para suavemente entrar da mesma forma que saiu.

— Ohohoho-PACH! — Peamel bate o copo na mesa, quase derramando, mas contendo o riso. — Continua, continua véi!

— Quando o inspetor retornou, o instituto havia sumido do mapa, e a pesquisadora-chefe nunca foi vista novamente! — Silica gargalha igual um portão com suportes enferrujados.

O riso dela simplesmente desmonta os interiores dos outros três costureiros, que ficam cuspindo ar e talvez alguns farelos de pão.

— Ai ai, e foi assim que perdemos nossos empregos.

— Heh- eh... Heh? — Caju não entendeu bulhufas.

— Oh, Caju! Chega mais, chega mais! Ainda tem café no bule.

Trancando a porta a deixar da mesma forma que encontrou, passava pela rede onde dormiu até chegar na mesa redonda, tomando pra si uma banqueta que havia sobrado. Olhando brevemente para o manequim vestido antes de se sentar.

— Enfim...

Peamel abana o ar frente ao rosto pra tomar um fôlego mais fresco. Pegando a faca serrilhada sobre a mesa para cortar uma fatia de pão, a entregando a ela.

— Me diga, Cajuzinho. — Bebericou mais um gole, esvaziando o copo. — A Amora te fez assinar algum papel?

— Uhm, mais ou menos. Como eu não sei escrever bem, ela assinou pra mim.

Caju explicou, enquanto aprendia as propriedades físicas da geleia de uva para a esparramar sobre sua fatia.

— Oh, entendo. — Ele olha para Silica e aperta os lábios. — Chega a ser estranho, não é? Como se papéis e escritas ainda tivessem algum poder aqui.

Silica faz o mesmo, enquanto preenchia uma xícara com café, a deixando a descansar sobre um pratinho perto de Caju.

— Bem, suponho que talvez seja... — Ela toma um instante importantíssimo pra comer um pedaço de queijo — Seja um costume!

— ... Ah! Onde estão meus modos?

Peamel acerta um tapinha na própria testa, apontando o palmo aos dois costureiros mirins.

— Acho que não te apresentei Náilin e Elasto, né?

Caju pegou a xícara entregue por Silica, e beberica um gole.

Seu rosto imediatamente amassando de mostrar rachaduras brilhantes com o gosto de ferro derretido se espalhando pela língua. Havia esquecido de colocar açúcar.

— Conheci ontem, ainda. — Ela apontou, suspirando o sabor traumatizante pra fora. — Eles só, olharam pra mim, e rabiscaram em caderninhos.

— Oh, não. Não se preocupe, eles são assim mesmo. — Silica explicou.

— Aranji me disse exatamente isso.

Pondo uma ampla colher de um açúcar quase tão natural que se Caju colocasse um pedaço de cana pura no lugar, não faria diferença, adoçou a bebida, suficiente apenas para não sentir sua existência virar do avesso no próximo gole que tomou.

— Certo, certo. Quer mais alguma coisa? Um pouquinho de salami? Como um agrado?

— Só o café e o pão já estão bons pra mim, ontem eu comi bastante, já.


O resto do café se passou em pleno silêncio, todos trocando olhares entre si como pistoleiros prestes a duelar, dentre os costureiros, Silica tinha o olhar mais afiado.

No meio da brincadeira, assim que terminou sua xícara e a descansou sobre a mesa, Caju se distraiu com um reflexo nos utensílios de vidro, levando seu olhar a encontrar o manequim de antes, parado no mesmo local de sempre.

— Oh, sobre isso... — Peamel interviu. — O que achou da roupa?

O costureiro se levanta, levando sua xícara e alguns utensílios a pia no canto da oficina.

— Bem...

Ela olhou para o suporte, averiguando sua vestimenta.


Tratava-se de uma camisa branca e sem mangas, mas com gola escura e larga, e de um tecido elástico fino, ficando levemente firme no pescoço do manequim.

Na cintura, uma faixa da mesma cor que a gola segurava uma estranha saia, cortada em dois amplos anéis de pano que pareciam suspensórios soltos.


— Ainda estamos indecisos sobre as calças, mas acho que aquela vai servir.

Silica adiciona, apontando a uma das mesas, e sobre esta, havia um calção escuro, de tecido opaco e firme.

— Eu achei... Interessante.

Náilin cutuca o ombro de Elasto, e o menino dá um leve pulo, exclamando:

— Braceletes!

— Braceletes? — Silica inquiriu.

— Braceletes?! BRACELETES?! — Peamel desesperou, e sorriu. — Ah! Os braceletes!

Náilin e Elasto levantam e vão até a mesa, e procurando dentre alguns pedaços de tecido, encontram um par de braceletes, os pegando para exibir.

De tecido firme, também levemente elástico, e da mesma cor que as outras peças escuras, iam do pulso até quase alcançar os cotovelos.

— Um excelente toque. O que achou, Caju?

— Eu achei... Bonito.

— É bom você já ir gostando mesmo. Não iremos fazer outra roupa pra você.

Silica adiciona, curvando a boca. Também se erguendo e juntando alguns dos ingredientes e alimentos em seu colo, para os guardar no armário acima da pia ao canto da casa.

— Pra mim?

— Exato! Pra você! Aceite isso como nosso presentinho de boas vindas... Assim que estiver pronto.

Peamel terminou, enquanto enchia as xícaras com água da torneira e as deixava sobre a bacia, pegando um pano de prato para secar as mãos.


— Enfim, enfim, vamos terminar ainda hoje, ou amanhã, se tudo der certo, basta só costurar basicamente ela toda, coisa fácil.

Silica adiciona, voltando a mesa e arrumando a toalha para coletar todos os farelos.

— Levaria isso lá fora pra mim? — Pediu a Caju.

Caju nem responde, apenas se ergue e segura a toalha.

— Coloque no buraco ao meio daquelas plantas.

A costureira aponta através de uma das janelas, a um conjunto de arbustos próximos a outra casa. Direção qual Caju manteve em mente ao caminhar até a porta e sair.


Não fora nenhum feito milagroso, nem impossível, mas chegar perto demais do suposto buraco lhe fez ser bem-vinda pelo forte odor de mofo e verduras a decair.

Derramava os farelos adentro da abertura, e se afastava para tomar o caminho de volta a oficina.

— Ei!

Caju congela ao ouvir uma voz lhe chamar, pensando que um monstro havia surgido de dentro do buraco, e ao se virar, avistou algo ainda mais aterrorizante:

Nádila, apoiada na janela da casa próxima aos arbustos, a brincar com um canivete borboleta que tinha em mãos.

— Tá fazendo o que aí, novata?

— Ah, só... Ajudando.

Mostrando um sorriso presunçoso, ela salta afora da casa, chegando até Caju, girando e estalando o canivete.

— Oh, chama isso de ajudar?

Caju aperta os lábios, e batendo a toalha, dispersou o resto da sujeira aos ares, puxando a dobrar o pano vez após vez após vez, até o ter perfeitamente reduzido a um oitavo de seu tamanho.

— Bom, já que quer mostrar o que é ajudar de verdade...

Ela olha brevemente para a oficina, e para o casarão, para focar em Nádila novamente.

— Me daria uma mãozinha? — Cochichou, com o palmo ao lado da boca.

— Huh? Hm... — Nádila fecha e guarda o canivete, mas afia os olhos. — Depende do que precisar.




Tendo devolvido a toalha de mesa a Silica e se despedido, Caju foi até o casarão acompanhada por Nádila, chegando até a janela do quarto de Lídia mais uma vez.

— Bom, eu pedi uma mão sua, mas vou precisar é do pé.

Sussurrou, e unindo as mãos, as deu de suporte para Nádila.

— Gosto estranho, mas okay. Vai ser a segunda fenestra que eu pulo hoje.

Soltando os chinelos, a menor firmou o pé sobre para subir, conseguindo alcançar o balcão da janela.

O quarto estava vazio, e a cama normalmente bagunçada.

— Uh... Era pra ela estar aqui?

— Sim, e imagino que irá dizer que ela não está.

— Na mosca... Oh!

Nádila avista algo no meio das cobertas, e firma as mãos na janela, derrubando a estatueta que descansava em um dos cantos da bancada.

— Consegue me jogar? Só preciso de um empurrãozinho.

— Posso tentar.

O que aconteceu a seguir foi feito por não-profissionais, não façam isso em casa.

Abaixando-se levemente para tomar fôlego, Caju ergue seu apoio em alguns poucos centímetros a mais, Nádila inicialmente sentindo seu estômago gelar de medo de estar prestes a ser arremessada até a estratosfera, mas conseguindo firmar seu peso na bancada, adentrando o quarto.


— ... Uhm, isso não é bom.

Ela ressurge na janela, em pleno salto afora, carregando algo em ambas mãos, Caju não teve nem tempo de reagir a vê-la pousar sem dificuldade sobre a grama.

— Muito bonito, não é?

Disse Amora, olhando as duas através da fenestra, antes de sumir de novo, seus passos rebatendo pela casa.

— Eu adoraria dizer que fudeu, mas minha mãe disse que é palavrão.

Nádila declarou, enquanto corria pra calçar os chinelos novamente. Entregando à  Caju o que havia encontrado: Uma flecha partida ao meio.

Com uma mão, Caju tomou as partes da flecha, as guardando consigo, e com a outra, alcançou sua adaga, a segurando com uma firmeza um tanto rígida demais.


De um dos lados da casa, surgia a figura da guardiã armadurada, caminhando amplamente na direção das meninas, mas parou ao ver a adaga que a menina segurava.

— Cadê a Lídia? — Caju questiona, guiando Nádila a ficar atrás dela.

— Ela foi... Fazer uma tarefa importante, pra mim.

A pose imensa e pesada da líder enfraquece, a raiva rochosa de seu rosto desmanchando em uma tensão incerta entre chamas e frieza.

— Mentira! Você fez algo!

Caju exclamou, seus braços subitamente inflamando com curtas chamas frenéticas, que rapidamente sobem aos próprios braços e queimam parte das mangas de sua camisa.

— Ela vai voltar.

— Ah!

A vermelha trava e percebe o dano que as chamas fizeram, rapidamente dissipando o fogo.

Amora dá um passo a trás, olhando Caju apenas de lado.

— ... Não se preocupe, ela vai voltar.


A guardiã anda a voltar para a cabana, mas antes, apoiava a mão sobre um dos cantos da moradia.

— Ah, e Nádila. — Ela adiciona. — Enquanto Lídia não retornar, Aranji ficará no comando dos caçadores na viagem para Satilha.

— Certo, Líder Amora. — A menor assentiu.

E a líder prosseguiu, levando um dos braços a limpar o rosto, a pele da mão umedecendo, a secando na roupa assim que entrou no casarão.




— Então, o que fazemos agora? — Caju perguntou, guardando o punhal.

— Vamos a Satilha, bruh.

Nádila fecha o canivete e o põe no bolso do calção, tomando uma direção para caminhar, seguindo ao longo das casas ao topo do morro, Caju a acompanhou.

— Satilha?

— O mais próximo de uma cidade, não tem muita coisa, mas tem algumas que precisamos.

A neblina dissolve e abaixa, restando sua leve presença apenas no fundo dos vales que acompanham o rio do vilarejo, deixando o morno sol chegar e evaporar o sereno do gramado.


Na outra ponta do vilarejo, chegavam a uma pequena casa de acrílico, cujas paredes eram pintadas em um azul desvanecido, e o telhado era verde abissal, até com um piso cerâmico de calçada ao redor da fundação.

Ao ver as luzes do interior ligadas através da janela, as duas meninas vão até a porta, mas antes que pudessem bater, esta se abriu, mostrando a figura de Aranji, segurando uma caneca de café enquanto ainda de pijamas, até com um gorrinho, e os olhos quase fechados de sono.


— ...

Ela olha para Caju e Nádila.


— ...

Elas olham para Aranji.


— N-tch, n-tch.

Ela estala os lábios e esfrega a remela de baixo dos olhos.


— ...


— ... N-tch!

Caju a imitou.


— A-hem! — Nádila ergue o indicador. — A Líder deixou você no comando até a Lídia vol-

— Ela deixou?! Heh! Heheheheh. — Aranji toma mais um gole do café para engolir a risada. — Uma péssima escolha, chame o Pomelo e o Figo.

— Chame você, ué! — A menor retruca. — Cansei de ficar zanzando já!

— Eu posso ir, se vocês quiserem. — Caju sugeriu.

— Vai lá, vai lá.

Aranji apoiou, e assim que a vermelha deu a volta, Nádila a segurou ao braço. Pomelo e Figo recém contornando o canto da casa para chegarem até as meninas.

— Nada disso, você fica aqui também! Não iremos ficar dando volta só porque essa metida pediu.

— Uhm, tá bom?

— Eu fui eleita comandante há trinta segundos atrás e você já vai questionar minha autoridade, Nádi?

As duas se encaram por um momento, Nádila abaixando a cabeça a enaltecer seu olhar pontiagudo, e Aranji tomando mais um gole de sua caneca, lentamente piscando os olhos quase já fechados.

— Vocês não sabem ver nada, né? — Figo as cutucou, com um arco que trouxe consigo.

— O arco da Lídia? Mas ela não desgruda desse negócio. — Nádila apontou.

— Então se isso tá aqui, e ela não tá, alguma coisa tá bem errada. — Pomelo comenta.

— Oh, não me diga. — Aranji interrompe, apontando aos dois. — Podem entrar, eu ainda não me arrumei, e tá um frio odioso aqui fora.

Ela abre mais a porta e volta a dentro, os outros logo a seguindo.


De grande preparo, Pomelo havia apenas pego seu facão e trocado os chinelos por um par de botinas. Já Figo trazia pelo menos uma mochila além de sua zarabatana, com cantinas de água nos bolsos laterais, e uma lanterna pendurada, além de outras coisas.


O piso era um assoalho de madeira levemente mais elevado, como se estivesse por cima de outro piso, rangia levemente ao caminhar, o suficiente pra se ouvir, mas não para acordar toda a casa quando alguém caminha.

Internamente, o ambiente parecia bem maior do que visto de fora, mas ao mesmo tempo, a casa só tinha literalmente três cômodos. Em um lado da casa, o quarto, emparedado por uma cortina densa, e no outro, a cozinha, que ao mesmo tempo era uma sala de estar.


Sobre um prato na pia, um sanduíche de pão, salada, tomate cereja, fatias malcortadas de queijo e mortadela, o qual Aranji alcançou para o terminar ao colocar a fatia de pão superior, uma azeitona sem caroço, e a atravessar com um palito, só então começou a comer, junto do café.

Caju acompanhou Aranji, olhando ao redor pra explorar o ambiente novo.

Apesar de ter uma carabina sobre a mesa de jantar, e vários desenhos pendurados em algumas paredes, cujo tinham ao canto da folha, um símbolo de um círculo atravessado por uma cruz, além da bagunça em geral, a coisa que mais chamou seu interesse foi um filtro de barro, por alguma razão.


Pomelo e Nádila puxam algumas cadeiras da mesa de jantar pra se assentarem, de vez em quando se cutucando.


— Sabe atirar com isso, Caju?

Figo oferece o arco a ela, tirando também a aljava da mochila, carregada com algumas flechas.

E a vermelha o recebeu, puxando a corda levemente.

— Piunn! — A corda do arco vibrou ao soltar.

— Hm, não. Eu não sei.

— Hahah! — O menor ri, a entregando a aljava. — Hora de aprender!

Ela pendura o cinto da aljava na corda que tinha em sua cintura, e retira uma flecha para a armar no arco. Puxando-a ao longo da corda, que range ao juntar energia.

— Aqui e agora?

— No! No-no-no-no!

Aranji a interrompe, levando a mão a baixar o braço de Caju.

 — Nada de arquearia principiante dentro da minha casa!






Expirou, e inspirou, com uma calma quase incompreensível para alguém no meio de uma queda livre.

A água fria da bacia do lago envelopa a figura de Lídia sem muita resistência, um estalo grave se fazendo depois de seu mergulho, um dos sons hidráulicos mais agradáveis de se ouvir.

Quando finalmente acordada, bastou apenas um salto a partir do fundo para a Caçadora alcançar a superfície, para tomar uma arfada de ar novo, e alcançar uma pedra para segurar.

Saindo da água, a Arqueira tomou um longo momento para se espreguiçar, sentindo o frescor do ar, e a morna luz do sol a refletir em sua pele cinzenta, seus olhos completamente negros, e os cabelos dessaturados.

E enfim, sorrir, ao olhar diretamente para nós.
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Emile Baudran

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Em um mundo tomado por múltiplos apocalipses simultâneos. Lídia, uma arqueira sobrevivente acidentalmente revive Caju, uma divindade esquecida, tendo agora de guiá-la a seu propósito enquanto navega o fim dos tempos.

Escrito e Ilustrado por: Emile "Ridochi" Baudran
Gênero: Fantasia Científica
Período de Publicação: 22 de Março de 2023 — presente
Episódios: 90 (estimativa)
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