AVISO! CONTÉM CONTEÚDO SENSÍVEL!
A água escapuliu, uma gosta atrás de outra, até o chão, sem pressa, preenchendo o ar escasso de sons, além das respirações calmas. O ambiente exalava aroma de frutas frescas, vindo do sabão que se desfez a minutos atrás dentro da banheira, como um vulcão em erupção. Saíram de perto do chuveiro e com muito cuidado entraram por entre a bomba de sabonete, se encostaram e concordaram que estavam confortáveis. Tão confortáveis que não se importaram de ser um pouco apertado, era melhor assim.
Se tocavam de leve, como se apreciando a sensação gostosa, macia por suas peles, como se abraçando cada canto de seus corpos. O desejo saciado, deixando os corpos colados, tranquilos, surfando em uma neblina de paz. Um novo arrepio surgiu na pele de Lisa, com o beijo em suas costas nuas, o que a deixou ainda mais quente.
-Escutei algo. -Comentou a mulher depois de uns minutos, os dedos passeando por entre os pelos molhados da perna dele.
O rapaz deslizou o nariz pela nuca alheia, se sentindo com uma estranha calma. Ele sentia cansaço, -sabia que iria dormir assim que se deitasse- como também sentia o corpo quente e elétrico.
Ele poderia prensa-la de encontro ao seu peito e começar a transar com ela mais uma vez, mas estava se segurando. Ele queria fixar aquele momento em sua mente, e sentir que poderia voltar até aqueles minutos,- minutos mornos, deliciosos minutos- quando tudo se for. Ou se a saudade batesse dentro de si, em um futuro próximo. Batesse em seu quadril, pensou, o deixando incomodado, precisando, necessitando ela.
Poderia voltar a sentir a lembrança da pele suave sob seu toque, poderia recordar o som, delirando e delirante, do prazer que a outra exaltava ao senti-lo. Juan sabia que seria incapaz de esquecer a forma como ela se virava devagar, mirando tudo menos ele, e então seu sorriso surgia, traiçoeiro, por meio da face, uma reação a sua presença, seu toque. E então ela lhe olhava, profundos olhos azuis, que lhe fazia se mover, - talvez por acidente, talvez por uma vontade incontrolável em seu âmago -indo mais próximo.
O rapaz nunca iria esquecer como ela suspirava, ansiando o mesmo que ele, e então eles se viam incapazes de evitar. Os lábios dela, os lábios mais suaves, macios, quentes e excitantes. Juan se perguntava, como iria ser capaz de evitar!? Como?! Ele se via distante de uma realidade onde não poderia beija-la, se entregar ao prazer, ao sentimento que lhe sufocava enquanto lhe fazia correr mais ar pelos pulmões.
-Juan. -A voz dela. A voz que lhe fazia queimar e deixava-o desarmado para responder com mais do que um resmungo.
Ela tirava suas forças, enquanto instalava novas outras. Era uma desarmante potência, que invadia-o e se esvazia ao passo que ela se afastava. Como naquele momento, em que ela se soltou de seu profundo abraço, de seus toques macios e apaixonados.
-Você escutou? -Ele tentava evitar o afastamento, sendo incapaz de se conter. Passeou os dedos pelos cabelos que se grudava pelo rosto da outra, e então alisou o vermelho das bochechas dela.
-Hum? -Ele murmurou, tentando a puxar novamente para seus lábios. Ela desviou, o que o fez vaguear os beijos pelo pescoço úmido.
-Seu celular está tocando. Deve ser a sexta vez. -A voz dela saiu ofegante enquanto observava o outro passear os dedos por sua cintura por entre a água. O toque queimava, e formigou por todo o corpo dela.
-Hum, não. -A voz as suas costas saiu perdida, e ela sorriu pela falta de atenção do outro.
Se deixou ser levada por mais carícias, e ao sentir os beijos lhe deixando sem ar novamente, percebeu que era uma pessoa que podia ser facilmente persuadida. Pelo menos ela sabia como Juan podia faze-la perder o foco. Ela sentiu que precisava parar um pouco, quando os lábios lhe tocaram a clavícula. O corpo lhe reagiu com desejo, lhe fazendo se arrepiar, como se estivesse pronta para receber toda a paixão do outro, e provar que a sua própria era real. Mas por algum motivo, sua mente quis se manifestar antes, como um alerta. Um alarme de um carro. Um celular tocando. Parecia que o mundo já lhe puxava, a realidade explodindo ao redor deles.
Levantou uma mão das pernas do homem ao seu redor, e apoiou no peito úmido dele. O outro lhe acariciou o braço por instinto, ajudando a aumentar a série de descargas elétricas no corpo alheio. Mar de enguias, pensou, era até cômico.
-Bem, você deveria ir ver quem é. -Lisa quis trazer a sanidade, Juan lhe fez suspira-la para fora da mente com um chupão bem abaixo do maxilar.
Mais um ofego alheio, e Juan se contentou mais uma vez. Era como uma fácil loteria, a ideia simples de felicidade, um ganho recorrente de estar vivo. Ele queria poder encontrar uma forma de dissolver tudo na vida, qualquer obrigação, para poder se pregar à aquelas sensações.
-Não mesmo, não vou sair daqui. -Sua resposta era baixa, interrompendo-se por entre beijos, aqui e lá, em suas costas.
-Pode ser trabalho não? -Lisa gemeu ao sentir a mão alheia em sua pele, lhe abraçando, lhe excitando.
-Não mesmo.
-Pode ser sua família. -A frase pesou na quietude do banheiro, ambos absorvendo as palavras. As mãos pararam por um segundo, e Lisa sustentou a respiração pesada.
Por mais que Juan tivesse tido desavenças com sua família, eles ainda estavam em grande prioridade em sua vida. E o choque das palavras o fez escorregar, só por meio segundo, da neblina de desejo. E isso foi o suficiente para ele sentir as gotas de sanidade se emaranhado em suas entranhas, fazendo tudo ao redor mudar mais uma vez.
-Argh! -Praguejou, pois percebeu que estava perdendo seu precioso momento com a mulher.
-Vamos, a gente precisa sair daqui em algum momento. -Ela se desvencilhou das mãos em seu corpo, e ao olhar as próprias se admirou. -Veja minhas mãos. -As rugas nos dígitos longos dela, fez o rapaz rir.
Ele olhou a outra começar a se mover, tudo indicando que iria tentar se levantar, mas assim que o frio do afastamento dela lhe passou, um estranho sentimento viera junto. O rapaz a puxou novamente, trazendo seu corpo ainda mais colado ao seu. A água se mexia descontrolada, perturbada pelos outros dois.
-Não, quero ficar aqui pra sempre. -A voz por entre os cabelos de Lisa, fez ela rir, mas seu rosto estava um pouco sério.
Ela estava em vários e pequenos dilemas, onde analisava se deveria o beijar, ou o afastar e enfim mostrar ao mundo que estavam vivos. Analisou se talvez seu corpo aguentasse mais alguns minutos de ardor, ou se era melhor ir voltar a se adaptar ao ar sem o inebriante aroma do outro. Era um jogo de escolhas, onde sua personagem poderia acabar sendo uma boba, ou bem sagaz.
A palavra equilíbrio, desceu por sua mente, e seus olhos se arregalaram. Ela sabia que aquilo poderia ser um transe, algo pulsando em alerta lhe dizia aquilo e não era apenas o celular dessa vez. E por mais que fosse maravilhoso, passar muito tempo dentro daquela nuvem podia ser ruim.
-Olha a suas mãos. -Ela agarrou o pulso do outro, impedindo o trajeto até a parte interna da suas coxas, a ergueu na frente dos olhos.
-Você não quer? -Juan a ignorara, e mudou o rumo da intenção de suas próprias palavras.
-O que? -Lisa franziu o cenho e os lábios, tentando lhe captar a ideia.
-Ficar aqui pra sempre comigo?
A menor soltou um riso surpresa e divertida com a frase do outro. E Juan lhe observou em seus braços completamente nua, quente e relaxada. Ele pensou no que eles poderiam ser juntos, no que poderiam ter. Pensou por segundos, mas foram suficientes para lhe fazer muito mais intenso do que por princípio. E Lisa viu aquilo, e se viu perdida nas palavras ocultas do outro.
Ambos sobressaltaram sob a água, por conta do susto quando o telefone do lado de fora do banheiro tocou novamente. Lisa respirou fundo e se virou de costas para o outro, pronta para evitar qualquer linha de pensamento que fosse perigosa demais para sua saúde mental. Precisava levar tudo na calma, e não exagerar nas expectativas. Talvez até evitar qualquer uma.
Era claro o sinal de alerta agora, e ela tinha certeza que era uma situação boba, com uma pergunta boba, que exigiria uma resposta boba. Por mais que estivesse sendo arrebatada com carinho e paixão, poderia ser que o "sempre", acabasse assim que saíssem da água, do conforto, do máximo de proximidade entre eles. Uma enguia morreria sem aquilo, aquela eletricidade? Ela confirmou que naquele mar, sim.
-Bem, ficar aqui para sempre, vai nos deixar desidratados. Vamos parecer ter 50 cada um.- Se ajoelhou na banheira, procurando estabilidade na superfície escorregadia.
Juan tentou não pensar de uma forma pessimista aquela resposta, sentindo-se infantil por ter sugerido aquilo. Ele pensou que era uma vez de muitas, e usou isso pra lhe confortar mais uma vez, por mais que fosse desconfortável. Tentou voltar a si, levou as mãos enrugadas com um pouco de água para seu rosto, e se voltou para a outra ao escuta-la resmungar para lhe chamar a atenção.
-E ainda quero posar nua na Playboy antes disso, e talvez depois disso.
A frase dela interrompeu a breve claridade na mente do outro, causada pelo afastamento dos corpos, e o choque de palavras destoantes em momentos de calor. Ela lhe olhou por cima do ombro, estático na outra ponta da banheira e sorriu, ela o viu se focar novamente nela, alheia a auto-punição implícita dele.
-Como é? -A visão das curvas da mulher, o fez quase praguejar. Estava descontente pelo detrimento dos atos, era um cartão vermelho para toca-la mais uma vez, e talvez saber a sensação de sua língua nas costas arqueadas.
-Se ainda fosse moda, quem sabe. Apesar de que talvez eles não aceitassem alguém como eu. -Continuou a outra, puxando seu roupão vermelho. Ela se virou e percebeu o olhar carregado de desagrado do moreno. -Enfim, atenda o celular.
***
-Não acredito que você me fez sair do meu paraíso pessoal, para atender essa coisa? -Lisa sobrou um riso pelas palavras alheia.
Se aproximou pelas costas dele, carregando sua toalha e enxugando os ombros molhados do outro. Deu uma espiada por cima do ombro do rapaz e viu o nome do amigo repetidas vezes na lista da chamada. Juan respirou fundo e se deixou ser cuidado pela mulher, ela observava e sentia a firmeza de seus braços, seu torço, sua cintura. A visão era quente, lhe fez suspirar e morder as bochechas para se conter.
-Se ele ligou, deve ser algo importante. -Ela marcou o outro com o fato e se focou novamente em suas mãos.
-Ok, mas mesmo assim modo avião meu parça. -Juan jogou o celular na cama e se virou logo quando a mulher ia levar um dedo travesso para passear por entre a sua calça.
-Juan. É melhor retornar, não? -A voz brincalhona se quebrou um pouco ao sentir os beijos em seu pescoço.
-Não. -A resposta abafada foi suficiente para fazer ela desistir de lutar.
Com um suspiro ele se afastou, deixado as mãos passearem uma última vez pela cintura da outra, lhe pressionou em seu corpo, suas mãos apertando a carne dela. Quando ele se virou para vestir sua roupa, Lisa percebeu o rosto sério, ela quis perguntar o que estava errado, mas não teve a coragem de encarar o que quer que fosse.
-Então eu atendo na próxima. -Suas palavras vieram cheias de boas intenções, mas o rapaz sentiu-se cutucado.
-Nem pensar. Não atenda minhas ligações. -Juan não queria soar tão honesto, pareceu quebrar um pouco da energia entre eles.
Ele quase se desesperou, esperando que ela não entendesse errado seus comentários, a olhou com uma sobrancelha erguida, o rosto com um quê de seriedade, um tanto tenso. Lisa riu, ela pensou que talvez ele não a quisesse lhe espionando, e ergueu uma mão, apontando para ele, a palma lhe rebatendo a razão.
-Okay. Limite estabelecido então. Vice-versa. -Juan agradeceu muito por ela lhe aliviar daquela forma, estava sendo cada vez mais maravilhosa a experiência de tê-la perto.
-Vice-versa. -Riu e lhe alcançou para lhe dar um cheiro no cabelo, ela riu.
O sorriso dela o fez esquecer mais uma vez o porquê deveria se afastar, ele não queria, ela estava tão radiante, tão linda. Um carinho em seu rosto, ela sentiu as cócegas e ergueu a mão para acariciar o rosto do outro, em seus lábios grossos. Depois de alguns segundos o telefone voltou a tocar, e ambos ficaram encarando o espelho escuro, ainda enroscados.
-Iai? -A morena perguntou rindo da reação de ambos e se afastou, indo finalmente em busca de uma roupa.
-Atenda por favor. -Ele se aproximou por suas costas, a fazendo se virar com um olhar sarcástico, veio a graça.
-Okay. -Rindo a mulher atendeu o celular, um sorriso no rosto enquanto sentia os braços ao seu redor e os lábios em sua pele. -Iai Zack.
-Ele foi tomar banho. Me pediu para atender. -As verdades distorcidas saiam enquanto Juan puxava ela pela mão, a fazendo se sentar na cama. -Bem, eu não sei se ele vai poder ir até ai, mas eu vou avisar. Sim, sem problema. É nois.
As mãos quentes do outro lhe fez relaxar na cama, sentindo a massagem com todas suas terminações nervosas, escandalosas e apaixonadas. Suas garotas estavam indo a loucura. Seria demais ela querer ficar ali para sempre? Ela queria, mesmo que fosse absurdo, ela sentiu uma névoa de sensações tanto externas quando internas, até seus átomos se contraiam com aquele querer. A voz lhe alcançou de longe, ela demorou um segundo para resmungar em resposta, incerta se ele havia realmente falado.
Uma mão pesada bem intencionada, bem tensionada, completou espaços pelas coxas da mulher, ela quis derramar-se apenas naqueles toques. Juan se juntou em seu ouvido, escorregando as mãos por seu torço, ela ofegou, sentindo a euforia preencher no lugar da calma.
-O que ele disse, linda? - Agora ela podia escutar tudo que ele dizia, em seus mínimos detalhes, a voz profunda lhe deu um arrepio na base da orelha ao entrar por seu ouvido.
-Ah, sim. -Lembrou-se da vida fora aquela profunda inspeção, era insano. -Ele pediu para você ir buscá-lo que ele acabou bebendo no final e quando pediu um Uber foi deixado na porta por estar bêbado. A motorista deve ter pensado que ele iria vomitar no banco ou algo assim.
-Não é possível. Não tinha ninguém para levar ele? -A voz irritada do outro parecia imergir do fundo de um sentimento mais pesado.
-Ah isso também. Ele disse que os colegas dele estavam ocupados transando... -A voz dela fi abafada por um risada, o rapaz quis mudar aquilo.
-Hum... A gente também. -Fora profunda a reação na mulher, a voz veio junto de uma movimentação na base de suas costas. As mãos não estavam mais sozinhas em seus trabalhos de sedução.
-Ah meu querido, não aguento mais que seus doces lábios hoje. -Riu com a deixa resgatada pelo outro que lhe comprimiu beijos quentes pelas costas.
-Entendido. Mas mesmo que não façamos nada, tenho certeza de que podemos fingir isso para ele. -Ele rolou para cair deitado na cama e Lisa resmungou de desagrado ou ter perdido a massagem, recebeu uma risada gostosa do outro.
-Juan. Não force o menino a sofrer um acidente de carro. -Ela se sentou e puxou suas roupas para enfim vesti-las.
-Você tem uma língua rápida mulher. -Quando Lisa escutou isso se virou para encarar o rosto descontente do outro, seu sorriso o fez amuar a expressão.
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