O dia permanecia agitado e Cap continuou com suas palavras.

-Ele nos acolheu, nos ajudou, e trair a confiança dele dessa forma é imperdoável.

-Me diga Breno, essa é sua última chance de reverter a situação.

-Por acaso, você leu elas?

Breno olha profundamente para Cap e responde.

-Sim eu li.

No mesmo momento se estabelece uma expressão de ódio na face de Cap, com a espada erguida ele avança um ataque em direção a Breno, apesar de estar um pouco longe do palco, e sua espada não alcançar, ele segue o movimento.

Faz como que um triângulo virado para cima no ar com a espada, e transfere um ataque em sua direção.

-BAN!

foi o que ele gritou, rapidamente, uma grande pressão de vento se estabelece naquele lugar, e vai em direção ao Breno e aos ADNS que estavam próximos.

Eles rapidamente saem, e o Breno consegue também sair a tempo.

Entretanto, não poderíamos falar o mesmo do palco, ele foi mandado para longe, seu único resquício foi o microfone na mão de Breno.

Breno joga o microfone em direção ao rosto do Cap, que imediatamente desvia e avança em sua direção.

Olhando a situação, Pato sai correndo e decide preparar uma pipoca, Cross recarrega sua arma, e Goiaba olha atentamente, esperando o resultado final da aparente luta.

Cap tenta acertar o rosto de Breno, mas falha, Breno desvia muito bem.

Breno aproveita o seu cansaço após o ataque e decide usar uma de suas habilidades em direção ao seu abdômen.

-K-I-C-K 1

Ele grita, como que estivesse falando um código esquisito, rapidamente levanta sua perna direita, e dá um chute com a ponta do pé na barriga de Cap.

Que é impulsionado para trás, vendo a situação, e sentindo dor, cap coloca sua mão na barriga, e fecha os olhos.

Ele se afasta de Breno por um momento, e se concentra no seu tato, tira sua mão da barriga, que estava sangrando, pega sua espada, abre os olhos.

Sua face não expressava mais ódio ou raiva, mas estava focado seriamente na presença de Breno. 

Breno assustado, rapidamente pega o livro com as escrituras, sabendo que naquele momento não seria mais possível fugir, ele joga o livro no ar, indo na direção do Cap. 

Cap respira profundamente e de forma calma segue a frase.

-Ban nível 3

Seu movimento acabou cortando o livro ao meio, atingindo também o Breno, que com a pressão é mandado para longe.

A multidão vai correndo, tentando conseguir o máximo que puder das páginas, e eram muitas páginas.

15 delas vieram em minha direção, eu rapidamente as peguei, escondi em meu bolso, e fugi no meio da multidão.

Olho para os lados, e vejo o garoto que aparentemente era irmão do Breno, caído no chão, desmaiado.

O lugar estava um caos, a multidão agitada, algo jamais visto em dungeons, as pessoas corriam para o lado e para o outro, umas roubando as outras sem motivo nenhum.

Eu decido levantar o irmão de Breno e levar ele para um local mais seguro, levo-o para um local próximo onde havia uma sombra.

Em algum momento os ADNS iriam encontrar ele, e com certeza, ajudá-lo, eu decido não me envolver no caos da multidão e vou correndo em direção a minha casa.

Após entrar, eu tranco a porta, me sento em uma das camas, e agora, longe do caos, na calmaria que se estabelecia naquele ambiente, decido ler as escrituras.

As primeiras páginas eram macias, conforme fui avançando, elas se tornaram crespas, e eu finalmente entendi, eu entendi a importância daquelas páginas, eu senti como que tivesse acendido um isqueiro dentro de mim, meu coração estava acelerado, eu me senti poderoso.

Um tempo se passou, eu me perdi completamente no tempo, estava sem relógio, e não fui trabalhar, quando me dei conta, já era noite.

Pensei em dormir, mas não estava com sono, eu escuto grilos do lado de fora da casa.

Decido então sair, com cautela guardo as escrituras embaixo do lençol da cama, saio, e tranco a porta.

Era uma noite agradável, estava caminhando lentamente, até que escuto um barulho esquisito.

De início tomei um susto, olho em volta, e vejo um bêbado vindo em minha direção, ele parecia estar bravo.

-Ô diz aí irmão, cê é fã da Carla perles?

Eu não fazia ideia de quem era essa pessoa, e não fazia questão de responder um bêbado, então eu o ignorei e segui em frente. 

No caminho eu encontro o que aparenta ser um bar, parecia um lugar confortável, apesar do grande movimento de pessoas.

No momento em que vi, cheguei a conclusão de que foi deste lugar que o cara estranho havia saído. 

Lentamente abro a porta, e que sorte, não havia muita gente lá.

Fui enganado pela movimentação do lado de fora.

Haviam duas prateleiras lotadas de cerveja, a mesa do atendimento era limpa, e os bancos aparentavam ser extremamente confortáveis.

Eu vou em direção a um dos bancos e me sento, decido pedir um café.

-São duas paltas senhor. 

Duas paltas, era um cafezinho bem barato.

O senhor me entrega um café estranhamente fraco, eu decido tomar e....caramba, era gostoso.

Antes que eu termine o meu copo escuto o barulho da porta e sinto um cheiro de cigarro.

-Duas cervejas por favor!

O homem fala com uma voz suave, com um cigarro na boca, era alto e musculoso, de repente olho para cima.

Sua careca era tão brilhante que ardia os meus olhos.

Eu olho para trás e vinha outra pessoa, era o Cross, o ADN que estava no tumulto de hoje cedo.

-Coé Pacote nem me esperou.

-Relaxa que eu já garanti o sarro.

Os dois seguem conversando, e desconfiado, escuto a conversa dos dois.

-Eu realmente tô triste pelo Breno, ele era um cara legal.

-Papo reto, mas depois desse b.o aí, a coisa vai ser diferente de agora em diante.

-Eu fiquei sabendo que agora as regras vão ser mais rígidas, estão procurando as pessoas com as cópias das escrituras.

Nesse momento eu senti um frio na barriga, mesmo estando supostamente seguro, temia que fosse pego.

-Vão banir as pessoas que estão com as cópias?

-Nah, eu acho que não, provavelmente vão receber uma simples puniçãozinha.

-E quanto ao livro original?

-Pelo que eu entendi, eles conseguiram reunir grande parte das páginas, faltam apenas 15.

-Quem for pego com elas será mandado para longe. 

-E quanto ao Cap, bom, o "Darksheep" foi bem duro com ele, desde então ele não nos falou nem um piu.

-Ele parece estar bem mal, não só pelas escrituras, mas ele também admirava muito o Breno.

-É complicado.

O clima estava bem agradável, eu podia escutar os grilos cantando novamente, mas eu não conseguia manter a calma.

Meu corpo inteiro tremia, eu olho para o relógio do bar, e eram 10:00 da noite.

Até que os dois saem do bar, 30 minutos se passaram e eu acabei pegando no sono.

Quando me dei conta, já era dia, por algum motivo o homem do bar não cogitou em me acordar.

Eu olho para o relógio, e eram 6:00 da manhã, então decido rapidamente ir a vila do Izaias, tentar compensar a minha falta do dia anterior.

Ao chegar lá, estava tudo estranhamente vazio, lá estava o Diamond, sozinho, seu rosto expressava claramente tristeza, eu me aproximo curiosamente dele, mais uma vez, senti uma brisa agradável em meu rosto, mesmo não condizente com a situação, eu me sinto bem, com energia.

O diamond olha em minha direção, suspira e diz.

-Ele largou tudo, ele largou tudo cara, o izaias não é mais dono da vila, ele foi embora.

No momento eu me perguntava onde estavam os demais, e ele responde.

-O sdl partiu para longe, saiu sem ser visto pelos ADNS.

-O mundo não é mais o mesmo, é provável que a essa altura já tenha morrido pela doença....

-O que? O sdl partiu? e quanto ao bumble, o que aconteceu com ele?

Diamond suspira 

-Ele foi banido....ele foi pego com uma parte das escrituras originais.

-Quando eu soube, eu senti vontade de matar ele na porrada, mas os ADNS já fizeram muito do trabalho.

-Antes de ter sofrido o ban, ele foi espancado pelo Pato e o Cross de uma vez.

-Eles pareciam estar se divertindo...

Eu fiquei em silêncio, estava sem reação, tudo havia virado de cabeça para baixo tão facilmente.

-Diamond, e quanto aos moradores, e quanto aos negócios, o que vai acontecer?

-Quero que vire o dono deste lugar.

-O quê? Mas e quanto a você?

-Eu soube que uma vaga para ADN foi aberta, eu vou dar o meu melhor, vou entrar para a guarda do dungeons.

Nesse momento eu entrei em desespero, como eu gerenciaria sozinho uma vila inteira?

-Ultimamente as coisas não estão indo bem, o ban do Caio, e agora o ban do Breno, cara, você não entende, o Breno era muito gente boa, ele deve ter tido um motivo para fazer tudo isso, eu... eu não sei o que falar.

-Sabe, esse lugar era uma paz, esse novo sistema, essa rigidez, tá me deixando maluco, o banimento do Breno acabou comigo.

Ele sai caminhando lentamente, mas para ao chegar no quinto passo.

-Ei você nunca me disse o seu nome, passou todo esse tempo aqui e não nos falou sequer o seu nome, como pode?

-Meu nome....

-Seu nome

-Eu me chamo Rideki.

-Pois bem Rideki, seguirei em frente, agora é com você.

Eu balanço a cabeça concordando com a frase, mesmo estando em desespero naquele momento.

A partir de agora eu teria que gerenciar esta pequena vila sozinho.

De repente, me lembro que no dia anterior acabei não tomando banho, sigo em direção ao banheiro, e então escuto uns passos vindo de trás. 

Olho atentamente ao meu redor e não vejo nada.

Escuto apenas o barulho do vento, ignorando isso, eu entro no banheiro.

20 minutos se passaram, eu terminei o banho.

Não havia o que fazer naquele lugar, estava um silêncio, apesar de ter uma quantidade razoável de moradores, eu não conseguia sentir a presença deles, o lugar parecia vazio.

O diamond jogou um fardo nas minhas costas e saiu ileso, eu não fazia ideia como gerenciaria aquele lugar sozinho.

Eu precisava mesmo de um tempo para pensar.

Decido voltar para casa, e cultivar um tempo de planejamento. 

Eu caminho até minha casa, e pensando muito, chego a conclusão de que eu precisaria de mais pessoas para me ajudar.

Eu chego perto da minha residência, e lá estava o goiaba, aparentemente tentando abrir a porta da minha casa, a porta que eu havia trancado.

Eu cheguei em seu ângulo de visão e fingi que não vi o ocorrido, receoso, ele passa pelo meu lado esquerdo com um breve olhar lateral, com passos rápidos ele sai do lugar.

Até que de longe eu percebo um estranho correndo, ele estava vindo na minha direção, corria como um completo desengonçado, eu tento sair do seu ângulo de direção, e mesmo assim, fui atingido por ele.

Nós caímos no chão.

-Olha por onde anda maluco!

Disse o homem ousadamente, pensei em responder na mesma moeda, mas me acalmei e disse.

-Você que veio na minha direção.

Eu não havia reparado de início, mas olhando seu rosto, reparei que não era um simples humano.

Ele possuía cabeça de leão, usava uma capa amarela nas costas, e falava com sotaque agressivo.

-Pode me chamar de Proerd, ou FBI, você quem decide.

Parece que foi alguém mandado pelo destino, eu precisava mesmo de pessoas naquele momento, sem pensar muito, eu pergunto.

-Ei Proerd, tá afim de ganhar uma graninha?

-Opa, aí você tá falando o meu nome.