Rejected Family
Capítulo 2
Rejeite o limite, Parte 2
Na rua principal da área comercial, o grupo de nobres aparece mais uma vez, seguindo as ordens de seu enfurecido líder.
Uma voz desconhecida é ouvida, vindo das costas dos irmãos, “Esse idiota realmente voltou? Vai facilitar o nosso trabalho.”
“Como alguém pode ser tão estúpido?”
“Não vai fazer a menor diferença deixá-los aqui. Deveríamos apenas voltar para o senhor Walter.”
Uma mulher cujo salto cristalino parece separá-la nitidamente do nível de qualquer outro humano. Seguida pela mais destoante cartola que um homem poderia utilizar, e lado a lado com o adulto de traje da mais ampla paleta de cores que alguém poderia imaginar. Jóias, que vão do rosa ao azul, ressaltam cada ínfimo detalhe das vestes dos três sujeitos.
“Acho que estão se confundindo,” Muro se faz de desentendido.
Toki se recorda de um pequeno detalhe, “Muro, eu não estava com uma máscara.”
“Toki, sua impostora! Estragou o meu plano!”
“O senhor Walter pediu para nos vingarmos desse imbecil?” O subordinado duvida da realidade.
“Vamos ser breves, não se preocupem,” A mulher esbanja confiança.
Ignorando qualquer relação que tivesse com aquele caos eminente, Nico pousa calmamente sobre a cabeça de Muro.
“Ah, aí está você. Certo, podemos ir embora,” O rapaz conclui.
“Isso não é justo, por que você se comporta tão bem com ele?” A criança faz birra, reclamando com a ave.
Os nobres perdem a paciência.
“Pretendem fugir!?”
“Caramba, isso vai criar uma péssima confusão. Essa missão não faz sentido.”
Muro percebe a situação em que se encontra e murmura para si mesmo, “Desculpa mãe, eu tentei não complicar as coisas. Até fiz um bom plano... agora é melhor acabar com isso, rápido.”
“Eles não vão só lutar com as mãos, né?” Indaga a irmã.
Feitos sobrenaturais preparam os três nobres para o combate. Um pequeno pilar de terra é gerado ao lado do homem de chapéu, enquanto seu parceiro materializa uma simples espada com suas mãos. Os saltos da mulher deixam de tocar o chão, permitindo que ela flutue levemente sobre o solo.
Toki pressente o perigo, “Impossível, será que são–”
“Nada disso. Poderes fracos, e membros da nobreza. São apenas realizadores.”
Nico voa para a cabeça da garota, se afastando do rapaz.
“Fique aí atrás, Toki.”
Uma investida direta, Muro almeja o oponente de cartola. Curtos e consecutivos, pilares de terra surgem do solo, dificultando a movimentação do garoto, que é atingido por baixo.
Com o equilíbrio prejudicado, o rapaz é alvejado pela mulher, que consegue se aproximar dele com facilidade, graças aos seus passos flutuantes.
Chutes e socos dos dois adversários apenas atordoam o garoto, o qual permanece de pé, sem nenhum dano.
“Do que ele é feito?” O nobre de chapéu se surpreende.
Uma abertura decisiva.
Seu tronco é estraçalhado pelos punhos de alguém que costumeiramente enfrenta riscos insondáveis. Sua estrutura, que nunca precisou se manter de pé, agora cai perante uma força de vontade esmagadora.
“Vocês não costumam receber muitos socos lá em cima, né? Prometo ser breve.”
“Argh!!! Esse pirralho… mirem na criança!” O derrotado dita o alvo para seus aliados.
“Droga, Toki!!”
Muro reage rapidamente, chutando a espada do outro homem, que ainda consegue lançá-la na direção da criança.
Graças à interferência do garoto, o trajeto do projétil concede tempo o suficiente para que Toki consiga se esquivar.
A espada acaba passando de raspão na ave — localizada na cabeça da garota — e arranca uma de suas penas. A criança se enfurece.
“Você enlouqueceu!? Eu escovei essas penas hoje!! Faz picadinho dele, Nico!!” Um brilho amarelo preenche os seus olhos.
Garras afiadas e um tamanho ameaçador, Nico abruptamente inicia uma transformação. Sua plumagem, antes desalinhada e caótica, agora delimita nitidamente cada uma de suas penas afiadas, que se tornam ainda mais pontudas.
Uma textura áspera, como se o corpo da ave agora fosse revestido por espinhos. Seu grande bico curvo, suas alongadas asas; o místico pássaro paira sobre os nobres.
“O pequeno passarinho… virou um monstro!? Você é um repulsor, moleque!?!?” A mulher se desespera.
Muro se entristece profundamente.
“Ah cara, você falou a palavra proibida.”
“Não foi por mal, Muro. Ela só se expressou errado…”
A garota acaricia a cabeça de seu irmão, enquanto ele se agacha, deprimido.
“Você deixou meu irmão magoado. Ele queria tanto um poder desses.”
“Espera… então, a garotinha… isso é impossível!” O homem de chapéu se apavora.
“Rápido, Nico. Precisamos voltar para a mamãe.”
Nico abre as suas asas e prepara um ataque.
“Espera! Eu me rendo!”
“Ei, você tá atrapalhando.”
Uma rajada de penas flui na direção dos nobres. Muro se lança na frente dos projéteis, que perfuram suas costas como uma chuva de lâminas. Sangue escorre pelo corpo do rapaz.
“Hehehe, não é assim que se faz, Toki,” Ele intervém, possuindo um leve sorriso em sua face.
A garota o despreza, “Você é um caso perdido.”
”Que bom que está bem, mas… comigo aqui, você não precisa lutar.”
O espadachim se entrega ao medo.
“Esses dois… que tipo de dupla de malucos é essa!?!?”
“Foi você quem ativou a rejeição da Toki. Se ver ela de novo por aí, é só não atingir nenhum animal por perto. Assim eu mesmo posso cuidar de você.”
“Vamos embora, rapazes. Esse confronto foi puro capricho do senhor Walter. Nem deveríamos estar aqui. Eles nunca mais vão nos incomodar quando voltarmos lá pra cima,” A dama pontua.
“Essa foi a última vez que nos vimos, pirralho. Aproveite sua vida nesse lixo de cidade,” acrescenta o pomposo usuário da cartola.
“Do que tá falando? Quando a gente se ver de novo, vamos estar em outra vila.”
“Não deveria sair desse lugar. O resto do mundo não vai te receber de braços abertos. Seu lar é aqui embaixo.”
“Ah, não, você entendeu errado. Vão ser obrigados a nos aceitar. Afinal… nós iremos chegar ao Cume!!!”
“O Cume…” a garota observa os olhos cintilantes do rapaz sonhador.
“A cidade dos nobres, onde nossa família viverá em paz! Poderemos ir para qualquer lugar!”
A mulher perde a linha, “Hahahahaha, estão ouvindo isso? Que piada!!”
“O Pé da Montanha é a sociedade mais baixa do mundo, isso é impossível,” propaga o espadachim.
“Aqueles que vencem uma provação podem ir para a próxima vila mais baixa da montanha. Nós percorreremos todo o caminho até o topo!!”
Muro retira uma das penas fincadas em seu corpo e aponta para o grupo.
“Vamos, rapazes. Eu não quero nunca mais olhar para esse cara.”
“Podem agradecer a esse pássaro. A surra que eu ia dar em vocês ia ser bem maior.”
A pena é arremessada contra os nobres, que berram juntos, enquanto correm, “AHHHHH!!!”
Finalmente em paz, Muro e Toki se unem, se apoiando um no outro.
“Antes de eu desmaiar, eu ainda tenho que comprar meus sapatos, esses calos estão me matando.”
“O que vamos dizer para a mamãe?”
“Hã? Nada. Preciso apenas me limpar antes de volta—” Muro sente um olhar penetrando suas costas.
“Oi mãe, arrumei briga com um desenvolvedor,” Kikyo debocha do garoto, ao mesmo tempo que mantém sua incontestável fúria.
“N-não, mamãe! Eles disseram que não iriam voltar! Muro espantou eles!!” Toki tenta aliviar a situação.
“É mesmo? E o que você me diz, Muro?”
Se virando de frente para a sua mãe, Muro compartilha o seu mais honesto veredito.
“Ops…”
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