The Rejected Family
Capítulo 10
Rejeite a provação, Parte 2
Depois de o rapaz esbarrar em alguém que não consegue ver, um novo competidor aparece, Xilo confronta Muro.
“Olha só… parece que algum desgraçado enlouqueceu. Você não é dessa equipe, é?”
“Não. Mas você estava roubando eles. Isso é sujo!”
“E o que você tem haver com isso, seu merdinha?”
Sem conseguir se mover, Muro é repentinamente impulsionado contra o chão. Ninguém encosta no rapaz, o dano é causado por uma força sobrenatural.
“O-oque? Não consigo me levantar.”
Xilo repudia o garoto, “vermes como você devem ficar no chão.”
“Muro!” Saul e sua família chegam para ajudar.
“Ei, chega disso. Parem vocês dois. Você também quer água?” Exalando a calma absoluta, Seiji oferece um copo de água para Xilo.
“Hã?”
“Pode pegar o que quiser, sem problemas. Você também, carinha. Toda a sua família pode ficar à vontade,” o velho estende a sua fala para Muro.
“Tá falando sério?”
“Eu pareço estar mentindo?”
Lua desconfia do desconhecido, “colocou veneno na comida, velhote?”
“Lua!” Kikyo fica envergonhada, pela falta de educação da filha.
“Não, não, é apenas comida e água. Acontece que temos recursos em excesso.”
“Bom, então pegue tudo que conseguir, Tuca,” Xilo se comunica com o sujeito invisível.
A pressão sobre o corpo de Muro desaparece. Xilo e Tuca pegam todo o recurso que conseguem carregar, se distanciando dos demais com as mãos cheias de comida.
Seiji convida a família Mamoru, “venham, não precisam ficar acanhados. Nós apenas tivemos sorte nessa situação, então ficamos felizes em poder ajudar. Prazer, eu sou Seiji.”
A família Mamoru se aproxima do homem. A equipe do anfitrião está organizada em uma espécie de acampamento, com comida, água e uma fogueira ao redor deles, cercada por cadeiras de madeira.
“Parece que os céus sorriram para vocês hoje, pessoal! Tenham uma ótima provação. Estou torcendo por todos!!” Fern se despede de seus amigos.
“Salvou a nossa vida, Fern. Obrigada por tudo,” Kikyo agradece.
“Sem drama, Kikyo. Quero ver você descansando tranquilamente lá no topo da montanha!”
Com a saída de Fern, a família adentra no acampamento da equipe de Seiji. Conforme avançam, eles visualizam quatro camas no local.
Lua se impressiona com o que vê, “até que são bem organizados. Posso morar com vocês?”
“Camas?” Calos questiona os demais, inevitavelmente surpreso.
“Parece até que vivem aqui,” Toki acrescenta.
“Bem, nossas habilidades colaboram com isso. Como podem ver, eu tenho a rejeição da fome.”
Além de Seiji, há outras três pessoas no lugar. Um homem sério — coberto com um gentil cachecol — se encarrega das bebidas. Como se fizesse uso de alguma magia, Dende materializa água e enche dezenas de copos com as suas mãos.
Sentados sobre as cadeiras, uma mulher e um jovem se divertem perante a fogueira.
Seiji continua explicando os poderes, “Dende rejeita a sede, Dinda o sono, e Dundo o abandono.”
“Então as camas realmente foram criadas,” Lev começa a compreender a situação.
“Por que está nos contando isso?” Saul não entende a confiança depositada nele.
“Para que vocês possam relaxar. Se ficassem desconfiando de nós, isso não os deixaria descansar. Precisam estar na sua melhor forma se quiserem vencer a provação.”
“Eu ainda não entendo, por que estão nos ajudando?” Muro indaga Seiji, de pé.
“Eu já te disse. Nós tivemos sorte. Vamos usá-la para ajudar quem conseguirmos. Como pode ver, não temos nenhuma força no combate, então não poderemos ajudar vocês caso a provação exija essa habilidade.”
“Obrigada, vocês já fizeram muito,” Honda aceita a ajuda.
Dundo cria uma cama para cada membro da família Mamoru.
Saul murmura para Kikyo, “se algo acontecer, pode deixar—”
“Relaxa, eu não vou conseguir dormir. Pode descansar grandão.”
“Você nunca muda.”
“Como acha que vou relaxar em um ambiente desses? Foi tudo muito repentino.”
Todos deitam sobre uma cama, onde alguns conseguem aproveitar uma boa noite de sono. Toki tem os mais encantadores sonhos, à medida em que Calos enfrenta um profundo pesadelo.
Indo contra qualquer tipo de descanso, Kikyo carrega enormes olheiras em sua face. Durante a madrugada, ela nota Muro e Lev se distanciando do acampamento.
Afastados do restante, os garotos urinam em paz.
“É triste, não?” Lev faz uma pergunta para o seu primo.
“Triste?”
“Essa família. Se a provação exigir qualquer tipo de combate ou mobilidade, eles não possuem nem sequer uma chance de ganhar.”
“Eles pareciam felizes com as suas habilidades. Tiveram bastante sorte até agora.”
“Esses caras não são sortudos, Muro. É possível que eles nunca saiam daqui.”
Um clarão, que desperta o mais profundo sono. Um raio cai sobre a cachoeira da Provação.
Lev compreende o chamado, “finalmente.”
Com o nascer do sol, todas as equipes se direcionam para o local atingido. Mais uma vez no meio de seus oponentes, Muro agora olha atentamente para seus adversários.
Equipes formadas de sorrisos, dúvidas e frustrações, cada um dos outros participantes adentra nos olhos curiosos do garoto reflexivo.
“Um desenvolvedor,” ao cruzar a cachoeira, Saul presencia a verdadeira imponência.
Um nobre em uma armadura de metal, Yuki porta uma enorme foice em suas mãos.
Assim que avistam o desenvolvedor, Xilo e toda a sua equipe se ajoelham em sua frente. O mesmo ocorre para os demais competidores.
Todos os membros da família Mamoru se ajoelham, com exceção de Muro e seus dois irmãos. Saul coloca suas mãos sobre as cabeças das duas crianças e faz elas se curvarem.
“É você quem vai supervisionar a provação?” Muro pergunta, ainda de pé.
“Muro!” Kikyo desaprova a sua postura.
A mãe usa a força para fazer seu filho se ajoelhar.
Yuki informa, “iremos iniciar a provação com todas as equipes presentes. Como a maioria já deve saber, não houveram outras provações durante a primavera. Portanto, irei ser bem direto.”
“Não houveram?” Muro murmura.
“O conselho dos desenvolvedores acredita que apenas os que realmente merecem devem habitar o Cume. Como estamos na primeira vila, o jeito mais efetivo de filtrar todos os indignos é bem simples…”
Diante do seu mais direto objetivo, os participantes escutam as definitivas palavras do nobre.
“Quando todos caírem e houver apenas um competidor de pé, a equipe na qual ele estiver ganha os cem méritos, avançando para a próxima vila.”
O que!?!?!?!?!? Os cem méritos!?!?!? A família Mamoru tem uma única reação.
A última equipe a cair vence? E só precisa sobrar um membro! Kikyo se contenta com a situação surpreendente.
A ansiedade toma conta de Muro, Nós somos a maior equipe aqui, temos grandes chances! Nós—
Como um choque que paralisa todo o seu corpo, um flash de memória vem em sua mente. A imagem de Seiji toma conta da cabeça do rapaz, que percebe algo e pausa o seu raciocínio.
Olhando para aquele que há pouco tempo lhe acolheu com um sorriso no rosto, Muro reflete, ao ver Seiji ajoelhado, nós… tivemos sorte.
É uma prova completamente baseada em combate. Além disso, ela vale todos os pontos da primavera, o rapaz recolhe o seu corpo, deprimido.
As palavras ditas por Lev invadem as memórias do seu primo, é possível que eles nunca saiam daqui.
Olhando novamente ao seu redor, ele percebe as diferentes equipes que ocupam o local. O garoto se recorda da sua conversa com Fern, próxima a tenda de sua família.
“Eu? Ah, não. Aquela montanha não foi feita para mim,” seu amigo afirmava.
No presente, seus pensamentos continuam, todas as famílias que não foram abençoadas com rejeições especificamente para o combate, talvez estejam para sempre presas aqui. Isso é diferente para nós. Por isso, podemos sonhar em chegar até o cume.
Se lembrando de sua luta com Jony, quando se tornou um repulsor, Muro se faz uma pergunta, o que teria acontecido se eu não tivesse me tornado um repulsor naquele dia? Se a minha rejeição fosse qualquer outra… teria sido diferente. Será que eu ainda estaria aqui? Será que o sujeito de capuz poderia estar no meu lugar?
As provações… não fazem sentido, Muro conclui, com o ranger de seus dentes.
As palavras de Seiji ocupam sua mente, “eu já te disse. Nós tivemos sorte. Vamos usá-la para ajudar quem conseguirmos.”
Muro se levanta, indignado. Todos os olhos de qualquer ser vivo ali presente agora se viram para o jovem.
“Tsc.”
Toki não tem reação, “Mu… ro…?”
“Então é assim que vai ser… nesse caso, eu vou ter que passar por esse seu joguinho estúpido. Nós tivemos a sorte de ser uma família que pode competir, então eu vou aproveitar ao máximo essa oportunidade,” Muro encara Yuki.
Diante de um único idiota em pé, o completo choque é o mais preciso sentimento que abrange inteiramente o elenco de participantes da provação.
Lua abre um leve sorriso em seu rosto, murmurando, “manda ver, idiota.”
“Quem chega ao Cume, se torna um habitante do Cume, certo? Quando eu for um desses otários, eu vou destruir esse conselho de desenvolvedores,” Muro continua.
“Você acha que vão permitir uma droga dessas?” O organizador das provações se impõe.
“Calado, deixe o moleque prosseguir,” o desenvolvedor intervém.
“Se me impedirem, vão estar admitindo todas as falhas desse seu sisteminha de merda.”
O organizador tenta se conter, “você–”
“Deixe ele tentar. Regras são regras. Apesar da atitude dele, o moleque vai continuar atendendo aos nossos princípios. Vamos ver até onde ele consegue chegar,” Yuki compra a disputa.
Muro se vira para Seiji e acena para ele.
“Bom, eu vou indo, Seiji. Não se preocupe caso não consigam ir para a próxima vila agora.”
“Carinha…?”
“Quando eu estiver no Cume, vou acabar com esse jogo e esperar por vocês!!!”
“Hahaha!! Mandou bem, moleque!” Saul instiga seu sobrinho.
Kikyo não gosta do rumo das coisas, ei, ei, ei…
“Na verdade, esperarei por todos os outros do Pé da Montanha. Não… todos os outros, de todas as vilas!”
Yuki encara Muro, com seu rosto completamente sério, “está esquecendo de algo importante, jovem delinquente.”
Muro sente uma pressão descomunal em suas costas, o calor dos outros corpos reforçam as gotas de suor do rapaz.
“Essa é a cidade mais baixa da Montanha… há muitos que querem chegar ao topo.”
Olhares sedentos por ação, um foco que consome até a última molécula de ar do local. O discurso de Muro motiva todos ao seu redor.
O desenvolvedor, Yuki, concede o sinal, “que a provação comece!"
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