Addai ficou na arena, diligentemente completando as tarefas que lhe foram atribuídas pelo seu tutor pé no saco. Ele esperou as ambulâncias chegarem, ficou de olho nos alunos e na polícia... até que todos finalmente fossem embora.
Com algum tempo livre à disposição, ele decidiu aprimorar suas habilidades em preparação para o duelo com Mine. Com a curiosidade despertada, ele pretendia testar as habilidades de seu tutor e determinar se o grande elogio de Shire – que veio mais cedo verificar os alunos – era realmente merecido.
Descalço, Addai começou a desenhar alguns símbolos na areia e a sentir todas as diferentes texturas e granulações do chão, adaptando-se para que seus movimentos ficassem mais suaves. Num movimento rápido, ele levantou dois dedos e como resultado, vários alvos emergiram da areia. Esses alvos eram feitos de um material resistente cuja cor escura contrastava com a areia clara. Cada alvo tinha um único ponto no centro, que brilhava quando se aproximava.
Flexionando suas pernas, Addai correu na direção de cada alvo, traçando uma rota irregular, mas ligeira e precisa. Ele atingiu todos os alvos com mana impuro num piscar de olhos, mas logo eles ficaram cada vez mais escuros e... definharam sutilmente.
“Mas que merda...” ele xingou e agachou, analisando um dos alvos. “Talvez eu devesse redirecionar parte do meu fluxo...”
Ao redirecionar o fluxo de mana para as suas pernas, Addai repetiu o mesmo movimento de antes e atingiu cada alvo, só que simultaneamente dessa vez. Ele tropeçou em alguns montinhos de areia e, arfante, limpou o suor da testa para ir ver os alvos. Dessa vez, o mana impuro foi imbuído no ataque e tornou os alvos impregnados de miasma, do jeitinho que ele havia imaginado.
“Aha! É isso,” Addai disse satisfeito, e um aplauso solitário ressoou na arena.
“Eu faria isso mais rápido,” alguém caçoou e se aproximou de Addai com um cronômetro de mana.
Addai sorriu e curvou-se antes de falar. “Olha só... é o Sr. Karawaga... O que você está fazendo aqui tão cedo? Você é tão diligente....”
“Hm,” Mine zombou e cruzou os braços, “essa sua máscara não vai me enganar de novo.”
Addai riu baixinho e seus olhos brilharam em estranha animação. “Qual máscara?” perguntou e tocou no queixo de Mine com o dedo indicador, levantando-o levemente. “Não há máscaras aqui e... você disse que poderia fazer isso mais rápido?”
“Sim- e tira essa mão de mim,” Mine irritou-se e deu um tapa na mão de Addai. “Mas vou usar Mana Puro,” desafiou.
“Hmm... bem, então quero ver isso antes da nossa partida,” Addai brincou, pegando o cronômetro das mãos de Mine. “É uma honra ver sua performance antes do nosso duelo,” ele riu alegremente e sentou-se num banco próximo.
"Ok, segure meu casaco," Mine despiu seu traje, jogando-o no rosto sorridente de Addai.
Flexionando as pernas, Mine fez aparecer dois alvos – que ainda estavam imbuídos de mana impuro – no ar e ficaram ali suspensos até que ele chutou um dos alvos que estava no chão e atingiu um dos dois novos alvos. Levitou o restante dos alvos que Addai usou e, numa reação em cadeia, conseguiu alinhar os alvos para que formassem a forma de um diamante, purificando e os imbuindo com mana puro.
“Viu aquele símbolo ali?” Mine caçoou, espanando suas roupas sujas de areia. “Significa que tá tudo purificado,” e ele cruzou os braços, fitando o outro professor.
“...” Addai permaneceu com seu sorriso no rosto, mas sem dizer nada.
“...? Ei.”
“Ah~ entendi... você quer que eu te elogie, né?” Addai modificou seu sorrisinho para um outro mais cínico ainda.
Mine não sabia que expressão feia usar, então ele usou o seu padrão mesmo e, incrédulo, fitou o outro professor de sorrisinho cínico. “Rapaz...” ele colocou a mão na cintura, voltando os olhos para a areia. “Você sabe ser insuportável, hein?”
“Obrigado,” Addai curvou-se em reverência e pegou o cronômetro novamente. “Olha só... você foi bem rápido até,” e bateu palmas – bem chocha – mas algo fez o cantinho da boca dele dar mais uma curvada para cima. “Mas é uma pena. Você chegou cinco segundos depois de mim,” e mostrou o cronômetro para Mine, que só não bufava porque estava perplexo demais.
Mine se aproximou e pegou o cronômetro sem muita cerimônia. Realmente ele estava os cinco segundos depois da marcação de Addai.
“Realmente… é uma pena,” Mine declarou, cerrando os dentes e quando Addai foi tentar apertar sua mão, deu um belo tapa naquela mãozinha daquela pessoinha cínica.
“Mas veja, parece que você fez um bom trabalho,” Addai sorriu.
Mine bufou. Lógico que foi um bom trabalho. Mine era o melhor nessa área e tinha certeza – de pé junto – de que Addai não purificou os alvos para dificultar as coisas. Perder alguns segundos não era vergonha alguma, ainda mais quando você tem praticamente certeza de que alguém te sabotou-
“Ei, o que que você tá fazendo?” Mine rosnou ao sentir Addai se aproximando.
Estudando algo na cara de Mine, Addai não parecia se importar com o espaço pessoal do outro professor, que temia ter alguma sujeira em sua face e sentia seu pescoço se retrair tal qual o de uma tartaruga furiosa. A proximidade era perturbadora, o espaço pessoal era mínimo e Mine não pôde deixar de se perguntar o que Addai estava olhando tão atentamente.
Por detrás dos óculos, Mine percebeu que as pupilas de Addai eram bem finas e isso não parecia normal, mas era, de alguma forma, interessante.
Interessante nada! O cara era esquisito!
“Você até que é bom e eu poderia até te elogiar mais, mas...” Addai se inclinou mais ainda, diminuindo cada vez mais o espaço pessoal de Mine – que já não sabia mais como se encolher, “... eu não vou não.”
Mine começou a borbulhar de dentro para fora, tal qual uma chaleira ou melhor, como um vulcão, já que sua face estava vermelha. Ele cerrou os punhos e lançou uma única maldição sobre Addai, que desviou antes de ser atingido.
“EU NÃO PRECISO DE ELOGIO SEU NENHUM!!! SEU CABEÇA DE-” e aí começou a baixaria.
Mine levitava no ar – usando aquele mesmo feitiço que usou para alcançar os alunos mais cedo – e lançava diversos feitiços contra Addai, que teve que usar umas artimanhas para desviar e correr do leão que cutucou demais com a vara curta (ou melhor, varinha, já que ele usa varinha e tal... ahem, enfim) porque seu oponente era ligeiro demais!
“Eu poderia te elogiar se você quisesse,” Addai deu um peteleco na ponta do nariz de Mine quando ele se distraiu.
“SEU MERDA!!”
No final, ambos precisaram de uma garrafa de elixir e a partida simplesmente não rolou.
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