- Ah, sobre isso... - Alec desvia o olhar para o lado e parece hesitante.
- Então você é do tipo de uma noite só, não é ? - ele se afasta e sorri um pouco decepcionado.
- Não! Não é isso! - Alec tenta se explicar, não queria que ele entendesse mal.
- Tudo bem, eu entendo. Te vejo por aí, Alec. - Daniel acena com a cabeça e sobe no trator. Alec observa tudo sem reação e se sente um idiota por deixa-lo tão chateado.
- Porra... - ele murmura e deixa um longo suspiro sair.
Duas semanas depois.
- Que tédio... - Alec resmunga enquanto encara o teto, mas se levanta de repente e está decidido a acabar com aquele desânimo.
- Preciso falar com o Rick... - ele murmura para si mesmo e pega alguns trocados que estavam na sua carteira. Alec caminha até a loja de conveniência e compra algumas fichas para usar o telefone.
- Obrigado, José! - ele acena com a mão direita para o homem, que apenas sorri e acena a cabeça. Alec vai para a cabine telefônica e disca o número, rezando para que ele atenda.
- Alô ? - a voz masculina questiona.
- Rick, sou eu! - Alec fala aliviado.
- Alec, quanto tempo! O que tem feito nesse fim de mundo ?
- Nada, estou entediado! - Alec choraminga, fazendo Rick rir.
- E o cara da loja ? Você não costuma sossegar até conseguir o que quer.
- A gente ficou, mas você sabe. Não transo com a mesma pessoa duas vezes. - ele fala um pouco desanimado e suspira.
- Cacete, você é um maltido playboy! - Rick ri, mas pode notar uma certa tristeza em seu tom de voz.
- Rick! - ele esbraveja.
- Nós dois sabemos que é verdade, Alec. Mas o que me deixa curioso é o porquê você parece tão chateado.
- Não estou chateado, só não quero que ele pense que foi usado por mim. Não era minha intenção!
- Então qual a definição que se usa quando alguém fica te rodeando até conseguir transar e depois some ? - ele o provoca.
- Eu não sumi! Só não gosto de todo esse grude e a obrigação de dar satisfação ou o ciúmes irritante.
- Alec, como foi o sexo ?
- Incrível. - ele responde sem hesitar.
- Então por que está me ligando ?
- Quero que me diga o que fazer... - ele murmura envergonhado. Odiava pedir conselhos, principalmente sobre algo tão idiota.
- Fique com ele. Vocês têm o verão todo para se divertirem, então apenas aproveitem.
- Obrigado, Rick.
- De nada, docinho. - Rick sorri e desliga.
- Alec! - Alana fala animada ao encontra-lo na estrada e para sua velha caminhonete próximo a ele.
- Oi, Alana. - ele volta sua atenção para a moça e lhe mostra um largo sorriso. Era bom ver um rosto conhecido.
- O que tem feito ultimamente ? É difícil ver o seu rosto esses dias!
- Só estava em casa, não tenho muitos motivos para sair...
- Quer sair para beber hoje ? Uns amigos vão para o bar e seria uma boa oportunidade para te apresentar para o resto do pessoal.
- Claro, eu adoraria. - Alec sorri e dá de ombros. Sair para beber com estranhos era melhor do que passar outra noite sozinho.
- Certo, eu vou deixar uma encomenda para a minha mãe e passo pra te buscar na sua casa, okay ? - Alana fala sorridente.
- Okay, te vejo daqui a pouco!
- Alana, aqui! - uma moça fala animada enquanto ergue sua mão esquerda.
- Ah, ali! - Alana agarra a mão de Alec e o guia pelo salão de aspecto rústico, mas surpreendentemente limpo e com um ar acolhedor.
- Pessoal, esse é o Alec, o meu vizinho! Ele veio da cidade e vai ficar o verão aqui.
- Olá. - ele sorri um pouco envergonhado. E após todas as apresentações, Alec e Alana se sentam e logo são servidos com um pouco de cerveja.
- Não deve ser nada comparado as bebidas da cidade, mas prometo que é boa! - um dos homens fala sorridente enquanto termina de encher o seu copo.
- Não se preocupe, álcool é sempre álcool! - Alec ri e bebe um grande gole. Ao pôr o copo de volta na mesa, ele acaba se lembrando de que havia dito a mesma coisa para Daniel e acaba sorrindo sem perceber.
Após alguns minutos bebendo e comendo enquanto contam todo tipo de histórias, Alec ouve as duas mulheres ao seu lado cochicharem algo interessante.
- É estranho vê-lo aqui, Daniel nunca aceita nossos convites!
- Sim! E quem é aquele cara sentado com ele ? Nunca o vi aqui, mas é bonito...
Alec sente um estranho incômodo se espalhar pelo seu corpo e tenta resistir a tentação de virar para trás e dar uma espiada. Mas apesar dos seus esforços, a sua curiosidade é muito maior.
Ele gira seu rosto para o lado e observa por cima do ombro. Alec vê Daniel conversando casualmente com outro homem que claramente é gay, e logo os questionamentos começam a tomar conta da sua mente, o deixando irritado e inquieto.
- Vou no banheiro. - ele toma o resto da sua cerveja de uma vez e se levanta, indo para o banheiro. Ao entrar, ele lava seu rosto em uma das pias e deixa um longo suspiro sair, não entendia o porquê se sentia tão incômodo ao vê-lo com outro homem.
- Foi você quem o dispensou, idiota! - ele resmunga e bate na pia. Não queria fazer uma cena e nem impedi-lo de transar com outra pessoa, mas isso realmente o irritava.
- Que merda... - Alec respira fundo e segue em direção a saída, mas ao cruzar a porta, acaba esbarrando com alguém.
- Ah... me desculpa, eu... - ele fala um pouco envergonhado e desorientado. Havia bebido demais.
- Tudo bem ? - Daniel o interrompe e acaricia o seu rosto.
- Eu tô legal, e você ? - Alec se afasta e desvia seu olhar para o lado.
- Eu tô bem. - ele suspira e decide manter uma distância segura. Não queria deixa-lo incômodo.
- Que bom... - Alec sorri um pouco sem graça e coça a nuca, logo um silêncio incômodo toma conta do ambiente.
- Então eu já vou indo, você deveria se apressar e voltar para a sua mesa. - ele acena com a cabeça em direção a mesa.
- Seu amigo não para de olhar para cá. Deve estar te esperando.
- Ah! Na verdade ele...
- Não importa. Boa noite, Daniel. - Alec força um sorriso gentil e segue em direção a mesa que estava antes.
- Ah! Alec, você demorou lá, tudo bem ? - Alana o questiona preocupada ao vê-lo se aproximar.
- Só me sinto um pouco cansado, então eu já vou indo! - ele sorri e tira sua carteira de dentro do bolso de sua calça, tirando algumas notas.
- Pegue, minha parte. - Alec deixa o dinheiro sobre a mesa, em frente a Alana.
- Obrigado pelo convite, te vejo depois! - ele rapidamente se despede e sai do bar, seguindo pela estrada de terra em direção a casa da sua avó. Não queria estragar a festa e agir como uma criança mimada, mas realmente sentia que o clima tinha acabado.
- Droga, por que você está tão irritado ? Como um maldito idiota! - ele resmunga para si mesmo e chuta algumas pedras no seu caminho.
- Só está irritado porque ele é o único cara decente nesse fim de mundo! - Alec para de repente e pensa que finalmente encontrou uma resposta. Não havia outro motivo além desse, era impossível que ele se apaixonasse por um homem após ter feito sexo apenas uma vez.
- Sim, é isso... só pode ser! - ele sorri animado e se sente aliviado. Amar ainda parecia impossível para alguém como Alec.
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