The Rejected Family
Capítulo 16
Rejeite mais uma vez
"O que está fazendo?" Dundo faz a pergunta para Kelly, que se deita no chão, repentinamente.
"Eu? Não é óbvio? Estou desistindo da provação. Se eu ficar aqui caída, vão me entender como alguém inconsciente."
"Hein? Enlouqueceu?"
"Sabe, eu também não possuo nenhuma utilidade nessa provação. E seria injusto com você se eu apenas pedisse a sua ajuda, mesmo sabendo do seu histórico com traições."
O homem não consegue compreender a reação de submissão, que lhe traz recordações de seu último pedido para Mai. Kelly continua lhe confundindo com palavras carregadas de honestidade.
"Como alguém que não está mais no seu caminho, gostaria de fazer um pedido. Desta forma, não precisa se preocupar comigo."
"E toda aquela conversa de chegar até o Cume? Seu companheiro parecia bem sério."
"Ah, não me entenda errado. Mesmo que eu desista da provação, haverá outras nove pessoas que não desistirão. Se eu não estiver buscando soluções para mim, estarei buscando para os outros nove."
"E o que você quer que eu faça?"
"Essa equipe, com a qual você se aliou no passado, eles estão aqui agora?"
"Sim, os que sobreviveram."
"Sabe quais são as suas rejeições? Suas habilidades como Repulsores."
"Com exceção de Honaka."
"Bom, qualquer informação é bem-vinda. Quero que alerte a minha família sobre elas."
"Isso não faz sent—"
"Recusando ou não, não fará diferença para mim. Eu não sairei daqui."
Dundo se vira de costas para a sua ouvinte. O som emitido pela sua voz se intensifica, à medida que sua postura se torna ereta.
"Você realmente pensou em tudo, hein? Estão sempre nos jogando contra a parede… praticamente sem opções."
Suas pernas tremem com as diversas emoções que colidem em sua mente. Seus pelos se arrepiam com o seu nervosismo e ansiedade, enquanto sua empolgação resulta em um sorriso de canto de boca.
Ele conclui, "é bom sua familiazinha ser barra pesada."
O ânimo obtido também chega ao rosto de Kelly, que reproduz a expressão de seu companheiro como um espelho.
"Essa Honaka de quem tanto fala… é forte?"
"Eu não menti quando falei sobre seus poderes. Se quer medir a força de uma rejeição desconhecida, algum de seus companheiros terá que testemunhar seus feitos."
Equilibrando a calmaria que reina de um lado da caverna, a agitação toma conta de uma região mais profunda. Em corredores longe de qualquer paz, Muro e seus irmãos são perseguidos por Phoena.
Contra a sua vontade, o mais velho do grupo passa por uma situação que fere os seus princípios. One e Toki carregam o irmão, utilizando ambos os seus braços para erguê-lo sobre suas cabeças apavoradas.
As crianças forçam Muro a fugir, levando-o consigo, mesmo que tenham que passar pela mais vergonhosa das situações. Phoena corre em alta velocidade, seguindo os passos da equipe atrapalhada.
"Não me incluam nisso! Eu me recuso a fugir de um oponente assim, essa é uma das minhas chances! Me coloquem no chão!"
"Está se fazendo de maluco!? Viu o que aquela coisa fez!?" One confronta o rapaz.
"Muro, seu bobão! Eu vou virar churrasco por sua culpa!!"
"Droga, isso é humilhante!"
O menino continua com o sermão, "você merece ser humilhado mesmo! Olha o que está nos obrigando a fazer!"
"Bobão! Muro bobão!"
"Só me larguem no chão! Isso é assunto para os adultos!"
Os passos de Phoena ficam mais pesados a cada nova fala de seus adversários, sua decepção e desprezo por aqueles em sua frente fazem todo o ânimo que lhe restava se esvair.
"Caramba, eu estou perseguindo três idiotas. Será que vou ser elogiada ou desprezada por dar cabo deles?"
Ignorando completamente o inimigo, o grupo de Muro continua sua discussão em alto e bom tom.
"Você nem é adulto. É só uma criança mais velha," One responde o rapaz.
Toki entra no debate, "eu sou quase adulta, só faltam mais alguns anos!"
"Faltam oito, ok? Oito! Parem de choramingar e larguem o seu irmãozão no chão!"
Phoena respira fundo, tentando manter a compostura perante uma situação desafiadora.
"Assim não vai dar. Eu preciso calar as bocas deles o mais rápido possível. Isso vai acabar afetando o meu cérebro."
Um clarão ilumina todo o trajeto da perseguição. One e Toki se assustam com uma luz que parece se originar de algo atrás deles. Ambos olham na direção da fonte luminosa.
Sendo difícil de simplesmente manter os olhos abertos, o brilho excessivo é emitido de sua perseguidora.
Um ataque cujo o simples preparo é capaz de cegar aqueles que o vêem por completo, "Túnel Ardente!"
Um turbilhão de fogo é lançado a partir das mãos de Phoena, esticadas na direção do grupo amedrontado. O meio do corredor é inteiramente preenchido pela onda de calor, que almeja o trio.
À medida que o projétil se aproxima, as crianças presenciam o pavor absoluto.
Em um ambiente onde a ação ainda não chegou, Calos, Dende e Dinda continuam a sua caminhada. De repente, um berro desesperado ecoa pelas paredes até alcançar os seus ouvidos.
"AHHHHHHHH!!!"
Com uma resposta imediata, o corpo de Calos se desloca em busca da origem do som, reconhecendo a voz que emite o grito.
"Ei, nanico! Pare onde você está indo?" Dinda questiona o homem.
"É uma pena. Ele nos abandonou."
"Atrás dele, Dende! Não podemos perdê-lo de vista!"
"Ah, fala sério! Quer perseguir esse cara?"
Calos se assusta, "essa voz… Toki!"
Ele corre pelo corredor, prosseguindo em direção a uma trifurcação. Seus dois aliados temporários o seguem.
Os passos de Calos aceleram, juntamente com os seus pensamentos, Está muito perto. Quem será que está atrás dela? A sua habilidade deve ser inútil aqui, sem animais. Por sorte, estamos em três, então devemos ter alguma vantagem.
"Dinda, se encontrarmos alguém poderoso demais, vamos abandonar esse idiota."
"Vocês dois são o nosso único poder de fogo no momento, então precisam sair disso ilesos."
"Aquele cara provavelmente vai querer enfrentar o adversário."
"Exato, mas nesta provação não temos apenas um inimigo. Precisamos permanecer de pé até o final, não faz sentido perdermos alguém forte tão cedo."
"E o que você vai fazer?"
"Carregar o nanico para longe do problema."
"Francamente, eu não apoio essa ideia. Mas pelo visto, só me resta segurar o inimigo."
Um caminho central, acompanhado por duas outras opções de trajeto adjacentes, Calos se aproxima da trifurcação.
Em sua mente, ele avalia as condições do grupo, esses dois inúteis atrás de mim não pareciam ter habilidades apropriadas para o combate. Eu também não me lembro do que fizeram no acampamento…
Uma presença inesperada.
Uma nova competidora chega ao local. Caminhando tranquilamente à direita de Calos, a mulher de cabelos brancos estava saindo de um dos extremos da trifurcação.
A figura — calma e imponente — percebe o homem em seus arredores.
Em seus pensamentos, Calos já havia decidido as suas próximas ações, bem, isso não importa! Se eu resolver isso sozinho, nem vou precisar que façam nada!
Um freio abrupto, o homem interrompe rapidamente a sua própria corrida. Ansiando pelo combate, ele redireciona o seu trajeto para enfrentá-la, avançando diretamente contra a presença misteriosa.
"O que esse imbecil está—" Dende não consegue terminar a sua fala, o que ele vê interrompe qualquer raciocínio em andamento.
Honaka é a competidora responsável pela confusão repentina.
"Qual é o problema, Dende?"
Antes que possa continuar questionando o seu companheiro, Dinda também percebe a presença da antiga aliada. Seu medo lhe impede de formular uma nova fala.
Calos resmunga sobre aqueles que lhe acompanhavam, "eu já sabia que eram descartáveis! Neste caso, está tudo em minhas mãos!"
Uma investida direta.
Sem sequer saber quem é sua oponente, o pequeno homem confronta Honaka em uma luta corpo a corpo.
A partir de uma tranquilidade que contrasta com seu longo cabelo branco, a mulher parece pronta para o combate, mesmo considerando apenas o seu visual. Uma regata destaca os seus músculos definidos e lhe concede alta mobilidade.
Não ficando para trás em agilidade, o tamanho de Calos favorece a sua movimentação, da qual ele se aproveita para saltar em frente ao alvo.
Um chute que almeja a cabeça da competidora. A mulher desvia, apenas inclinando o pescoço para o lado.
A tentativa falha não é o suficiente para derrubar a determinação do homem, que mal aterrissa após o ataque, e já inicia uma nova investida.
Desta vez ele opta pelo uso de seus membros superiores, seus pequenos braços proporcionam um soco à curta distância. O objetivo continua sendo a cabeça do inimigo.
Interceptado.
O bloqueio ocorre com o uso de um único braço. Durante a defesa, Honaka aproveita a abertura para mover suas pernas ofensivamente.
Uma joelhada acerta a barriga de Calos, o golpe conecta perfeitamente. O homem é impulsionado na direção de Dende e Dinda, se recuperando em uma aterrissagem forçada.
"Vocês realmente vão ficar parados!? Tá divertido me assistir, é!?"
A dupla simplesmente não consegue se mover, seus pés se assemelham a raízes, fincadas no chão, em um estado pavoroso.
"H-Honaka…"
"Dinda!"
Após ouvir a voz séria de seu companheiro, Dinda retoma o foco que havia perdido. Em uma disparada, ela corre atrás da missão que lhe foi designada.
De maneira praticamente imediata, a mulher agarra Calos e o carrega em suas costas, ficando de frente para a sua velha aliada.
"O que você…?" O pequeno homem não entende o motivo de estar sendo levado.
Honaka reconhece a sua antiga equipe, mas estranha a presença do terceiro competidor.
"Heh, eu não me lembro desse pequeno. Andaram fazendo novos aliados?"
Dinda ignora a provação, levando Calos para longe da luta, enquanto foge pelas costas de seu companheiro.
"Nos vemos em breve, Dende."
"Sim."
Geradas pelo seu medo, pequenas correntes de água começam a surgir ao longo do corpo daquele que fica para o combate. O líquido flui ao redor de quem defende os aliados.
Honaka cumprimenta o Repulsor da sede, "de você eu me lembro bem. Quase nos deu trabalho."
A mulher de cabelos brancos fica frente a frente com Dende, que se despede de sua amiga, com as costas viradas para a sua fuga.
"Ei, Dinda."
A companheira para, enquanto escuta suas últimas palavras.
"Estou ouvindo."
"Não morra."
Após um respiro fundo, ela reage positivamente.
"Pode deix—"
A cabeça de Dinda implode.
Uma chuva de sangue se mistura com a água gerada pelos poderes de Dende. Neste momento, o único som capaz de ser ouvido é provocado pela queda de gotas vermelhas.
Sem nenhuma explicação lógica, não havendo resquício algum de uma tentativa de ataque, ou sequer uma movimentação inesperada.
Em uma posição que parecia livre de qualquer tipo de ofensividade, o corpo de Dinda subitamente teve a sua cabeça destroçada. O que restou de seu físico agora cai no chão, inanimado.
Uma tontura.
A visão de Dende parece se deslocar de maneira independente para os lados. Seu corpo se enrijece, tentando se manter de pé a qualquer custo. No entanto, sua mente tenta fechar os seus olhos arregalados, se recusando a aceitar o que está diante dele.
Uma respiração ofegante, que faz toda a água ao seu redor borbulhar. A boca do homem enfim consegue se abrir, indo contra a atual rigidez do seu corpo.
"Isso é impossível."
Calos — que estava sendo carregado por Dinda — cai pelos ares, desabando sobre o solo cavernoso.
Dinda, rejeição do sono: morta
Através de uma situação que foge de qualquer expectativa, Dende perde o controle. Seu suor, suas lágrimas, sua saliva, todos os líquidos do exterior se reúnem em um único ponto.
"Já basta."
Comments (0)
See all