— Não importa o que aconteça; eu vou matar você, José! — diz Julio com raiva de José.

— Não conseguiu matar o homem que matou seu pai e te pegou para cuidar de você? Você é mais patético do que parece — diz uma voz misteriosa.

— Sai daqui! Quem você pensa que é?! Você atormenta minha vida desde sempre. Foi você que fez aquela onça vir até meu cão?

— diz Julio a voz misteriosa de sua cabeça.

— Foi você, não se recorda? Tudo bem, eu faço isso por ti

— diz a ela com um riso no final.

Julio começa a se recordar de uma estranha dor do dia…

— Dor… pelos… meu corpo estava mudando, eu tinha… eu tinha garras?! Não conseguia… falar. Eu era… a onça? Eu… matei o capitão?! Quero… quero morrer…

— diz Julio se recordando do que havia ocorrido no dia.

— Ahahahahahahaha! Que bonitinho! Você todo tristinho porque seu cachorrinho virou seu jantar! Não chore, pois eu te ajudei a eliminar uma preocupação desse mundinho. Você é e sempre será meu

— diz a coisa que começou a sair do rosto de Julio.

A coisa que saiu do rosto de Julio era uma espécie de cabeça negra com olhos redondos e brilhantes e com dentes pontiagudos, que ria com o olhar assustado dele.

— Vamos, garotinho, aniquilaremos tudo o que te impede de se tornar o maior, o mais forte e mais perigoso! Ahahahahaahahahah!

— diz a cabeça negra.

— Qual o seu nome, demônio?

— pergunta ele.

— O meu nome? Hm… pode me chamar de Tutu

— diz ele se locomovendo até a palma da mão de Julio pela sua pele, causando uma pequena dor.

— Tutu? Isso seria um apelido? Qual é o seu nome? Eu vou pra igreja te tirar de mim se continuar com isso!

— diz Julio tentando ameaçar a cabeça negra.

— Ain, que medinho! Ele usará isso para me enxotar. Se quiser, eu te levo lá para testar. Mas meu nome é Arturo, Julinho

— diz Arturo, que começa a rir com o apelido que ele usou para Julio.

— Certo, e o que você me proporciona? Como sabe que José matou meu pai? — pergunta ele para Arturo.

— Sei de muita coisa, e sei que José, o grande, decapitou o seu pai, que era um cangaceiro e criminoso hahahaha! Foi tão hilário, mas eu saí do corpo dele, já que eu não posso ficar em um corpo destinado à morte por muito tempo. José, o grande, era um ótimo caçador de usuários de terror, mais conhecidos como demônios por vocês. Você tem potencial para se tornar um, mas não sei se conseguiria prender um sem minha ajuda

— diz Arturo com um sorriso enorme.

— Você fala demais, servo do cão. O que você pode me fazer de útil?

— pergunta ele.

— Tudo, até te dar dias extras de vida para conseguir roubar a habilidade de um terror e se tornar um de nós. Posso te dar a capacidade de metamorfose, que não muda totalmente, mas pode mudar sua força, tamanho, peso e até cicatrizar suas feridas mais rápido. Você tem sorte de me ter, pois os do meu tipo são raros, já que para ser como eu, você precisa absorver muitos outros. Existem alguns que são supremos, que conseguem usar parte do seu corpo para transformar outros em um deles. E o mais incrível é a regeneração deles, que funciona à base de água

— responde Arturo.

— Tem como matar um negócio desses?

— pergunta ele.

— Quando ficamos presos em um lugar que é impossível de fugir, nós morremos e nossa capacidade é passada para alguém que toca em nosso corpo. Para morrermos, é necessário ficarmos presos por 5 dias sem água, já que a umidade do ar não é o suficiente para nós que somos simples. Os supremos não têm mais forma, então tem que ser presos em uma jarra que seja impossível dele sair, e essa jarra não pode ser aberta, já que eles não morrem mesmo sem água. Eles absorvem toda umidade a sua volta, e só são quase mortos quando eles perdem o raciocínio, que leva por volta de poucos milhares de anos. Se tornar um supremo é algo quase impossível, já que você precisa absorver muitos e muitos terrores. O volume do que capacita uma pessoa a se tornar um terror, é como uma minhoca, imagina quantas minhocas formariam algo do tamanho de um ser humano… talvez seja até comprimido o quanto um supremo tem, já que eles conseguem expandir muito de tamanho. Então seria necessário absorver milhares de essências de terrores ou talvez uma parte do corpo dele para se tornar algo próximo, já que eles ainda teriam muito mais e poderiam reduzir uma parte para você não absorver. Eles que nos dão o início dessa vida de terror. O início é algo horrível, que parece que estamos beirando a morte. Nascem bolhas em nossa pele, sentimos dores por todo o corpo e outras coisas do qual não me lembro. Faz quase duzentos anos que passei por isso

— explica Arturo.

— De novo você falou mais do que o necessário. Você precisou de quantas essências para ser essa coisa?

— pergunta ele.

— Eu estava em meus últimos momentos, ao ter ido para o norte e cair num rio cheio de jacarés enquanto voltava para casa por estar voltando do meu trabalho de extrair ouro dos rios e matando índios que tentavam me atrapalhar. Naquela época, eu tinha apenas duas essências, e não sabia pegar outras, mas ao cair lá, os jacarés começaram a me morder e eu estava demorando para morrer, já que minha hemorragia parava rapidamente e minhas feridas fechavam muito rápido. Eles estavam me destroçando, deixando só o meu tronco e um braço, até que eles param e um homem aparece e começa a vagar por cima das águas em minha direção. Eu observava aquilo apenas com um olho, que estava se fechando lentamente, já que eu estava morrendo. Ele corta o seu braço e o pressiona sobre minha pele, fazendo suas essências irem para mim. Quando eu menos percebi, estava recuperado e o jacaré que estava me mordendo já estava sem carne e nem pele. Então ele me disse algo mais ou menos assim “vejo potencial em você, te senti de longe e vi que você tem uma frieza fora do comum. Você será um ótimo terror”. Fiquei o observando com admiração, então saí e continuei meu trajeto. Ele havia me passado 367 essências no dia, e provavelmente não era toda a quantidade de seu antebraço. O tamanho mínimo da essência é de um milímetro, e elas aumentam até seis mil e quinhentas vezes o seu tamanho mínimo, que equivale a seis metros e meio, elas fazem uma linha por todo seu corpo e se ligam ao seu sistema nervoso. Elas estavam grandes, com cem milímetros

— explica Arturo.

— Por que você consegue acessar o meu corpo?

— pergunta ele.

— Estou em um alto nível, tenho mil e trezentas essências. Consigo projetar outra parte de mim, colocar uma essência em uma pessoa e desfazer quase todo meu corpo. A cada ano, metade da metade da metade das essências se multiplicam por dois, mas eles duram uns três anos e meio, raramente duram cinco anos. Mas eu basicamente me misturei com você, usando minhas essências e não passando nenhuma para você, já que farei você tentar conseguir a sua. Ah, e sobre a existência de mais e mais essências, é devido aos supremos, que tem apenas metade da metade deles se procriam, e a cada quatro meses. Por isso digo ser quase impossível derrotar um desses. Eles passam por qualquer lugar, não dá para destruir e fazem outras coisas incomparáveis. A sorte do mundo é que existem no máximo seis deles pelo mundo, sendo que as essências no corpo dos supremos provavelmente tem um limite, por isso eles sempre estão vagando e entregando essências. Isso é algo importante para eles, além deles entregarem algumas essências para os terrores para não ficarmos sem nenhuma, já que perdemos com o passar do tempo

— explica Arturo.

— Caramba, que complexo. Então deve ter um limite de terrores, já que ele tem pra ele e provavelmente tem um limite do quanto sobra

— afirma Julio.

— Na verdade, não, ele pode dar muito mais do que sobra, já que ele tem essências excessivas em seu corpo. O homem que salvou minha vida, na verdade, não era o supremo, na verdade, o supremo está em algum lugar pro sul daqui. O homem que me ajudou era um terror de elite, esses aí recebem 50 essências a cada ano do próprio supremo. Ele tem seus mensageiros de essência, criados pelas suas próprias essências. Se alguém derruba um desses, é morto rapidamente. Ser um terror não é nada fácil, mas a gente vive de coisas mais simples e que nos colocam em mais risco sendo normais

— diz Arturo.

— Mas… — Julio ia perguntar mais algo e Arturo começa a sumir entre sua mão

— maldito, eu ia perguntar mais um negócio

— ele se vira e então continua indo para a cidade.

— Você pergunta demais

— diz Arturo em sua cabeça.

— Você fala muito, mas até que esse negócio de ser invencível realmente chama minha atenção

— responde ele.

Então ele procura algo para comer e aliviar sua fome em uma cidade por perto.