Marlene acorda e escuta o canto de apenas um passarinho, e lembra que antes eles cantavam sempre, e eram muitos. Mas eles não fazem mais isso desde então.
Marlene então desce e se depara com seus pais conversando seriamente e então sua mãe a chama — Marlene, quero te dizer umas coisas — diz ela com um olhar sério.
— O quê? — pergunta Marlene
Alícia segura a mão de Cláudio — seu pai, ele… está sendo procurado — diz ela
— Como assim, mãe? O que querem com o meu pai? — pergunta Marlene.
— Ele é procurado por homens maus por fazer o bem — diz Alícia.
Marlene fica confusa e então pergunta — tem certeza? — eles olham para ela confusos com a pergunta, então ela continua — meu pai é muito suspeito para mim, ele faz coisas estranhas, se move estranho, age estranho e outras coisas. Não que ele seja um criminoso, mas por que o seguem? Falem a verdade de uma vez — diz Marlene e cruza os braços.
Eles olham um para o outro e então um barulho estrondoso acontece na rua e um homem começa a gritar — alguém me ajuda! O meu carro soltou o freio quando mexi sem querer! — Marlene encara os dois com um olhar fixo — sei que foram vocês — diz ela — eu também consigo fazer as pessoas fazer essas coisas, né? Por quê?
Cláudio então decide dizer — somos uma linhagem rara, todos nossos ancestrais e descendentes tem e terão esse dom. Porém, existem pessoas que não podemos manipular, como por exemplo, pessoas loucas, mortas-
Alícia interrompe e diz — mas teve uma pessoa que conseguiu controlar mortos, o meu tio-avô Cícero.
— É verdade, eu lembro dele da última batalha que tivemos entre famílias há uns 40 anos, pena que ele morreu por perder sua imunidade física com seus 160 anos e morreu de diabete — diz Cláudio.
— 160 anos?! — pergunta Marlene impressionada com este feito.
Os pais de Marlene assentem e Cláudio continua a contar sobre — não somos a única família especial, existem outras com habilidades diferentes, mas estão quase todas extintas devido aos conflitos. Existe outra família que nos persegue desde os primórdios, a família Angoera. Eles são imunes a nossa capacidade e nos seguem para matar. Dizem que somos demônios e que devemos ser extintos.
— Isso é grave — diz Marlene.
— Sim, ele tem outros nomes em outros países, assim como nós. Já fomos chamados de Deuses, lendas, mitos, entidades e muito mais coisas. Mas os Angoera exterminavam a gente e nos chamavam de demônios. Fomos chamados de todo tipo de coisa ruim a partir daquele momento, e achávamos ter extinguido os Angoera pelo menos dessa parte do continente — continua Cláudio.
— Aparentemente descobriram nossa localização, nós provavelmente estamos em perigo. Talvez haja mais deles por aqui… é muito estranho o como essas pragas se proliferam — diz Alícia.
— Temos que fazer nossas malas — palpita Cláudio.
Alícia nega com a cabeça — acho melhor acabar com todos logo, talvez haja poucos deles — responde para Cláudio.
Marlene então fica curiosa — por que matar? É só fazer um acordo de paz, não?
— Eles são ignorantes e impulsivos. Extinguiram meus parentes europeus, que eram fracos perante a luz do sol — diz Cláudio.
Marlene fica boquiaberta ao escutar isso — você é um vampiro?! Que legal! Eu também sou? — pergunta ela animada.
— Não filha, não somos vampiros. Apenas condições diferentes acabam acontecendo, umas boas, outras ruins… mas não temos vampiros na família, até porque fomos demonizados até nisso, vistos como bebedores de sangue e criaturas horrendas que destroem tudo — diz Alícia.
— Eles odeiam muito a gente, né? — pergunta Marlene.
— Sim — dizem os pais dela ao mesmo tempo.
— Não somos totalmente inocentes, também fizemos besteiras, mas eles fizeram em quantidades dezenas ou centenas de vezes pior, já que geraram esse preconceito quase histórico — diz Cláudio.
— Está na sua hora de ir, se arruma logo, Lelene — diz Alícia.
Marlene se arruma e vai para a escola, com um dia tranquilo e normal lá, exceto por uma coisa. Caio não veio porque seu pai foi assassinado friamente, tendo seu pescoço quebrado e jogado no lago.
Marlene fica perplexa, pois um aluno apresenta a foto do pai de Caio e vê que o homem era o mesmo da invasão do dia anterior. Ela fica em choque durante toda a aula e a mãe de Caio, a qual é uma policial, aparece.
Ela procurando a pessoa que é filha de quem consultou o próprio Caio. Todos apontam para Marlene e então a mãe de Caio pergunta onde os pais dela moram, então ela diz e a aula volta a acontecer normalmente.
Quando a aula termina, ela vai para casa correndo e encontra seus pais conversando normalmente, até que eles escutam alguém bater na porta. Assim que eles escutam, Marlene vai correndo em direção à porta — vou abrir — diz Marlene — e então ela vai até lá.
Assim que ela abre a porta, ela se depara com a mãe de Caio — seus pais estão aí? — pergunta ela, e após perguntar, ela dá um sorriso que intimida Marlene.
A mãe de Marlene olha para a mãe de Caio e a reconhece apenas ao bater o olho — o que você quer, sua psicopata?! — diz Alícia.
Ela segura Marlene e começa a estrangular ela enquanto aponta a arma para Alícia — quero justiça — responde ela.
Alícia se ajoelha e implora para que ela não machuque Marlene — por favor, Jénifer, não mate minha filha e me mate no lugar dela. Fui eu quem quebrou o pescoço do Fabrício.
Assim que a Jénifer ia puxar o gatilho, Cláudio aparece por trás dela e dá um chute fazendo ela errar o tiro e soltar Marlene — Cláudio, você não mudou nada desde 1940, incrível — diz Jénifer impressionada.
Ela saca o outro revólver e começa a atirar, então os pais de Marlene fogem das balas com ela, mas acabam sendo atingidos, então Cláudio tenta atingir Jénifer e ela acerta um tiro no queixo dele e ele cai.
Marlene vê aquilo e começa a chorar sem expressar nada, enquanto a mãe dela tenta bater em Jénifer, mas a força sobrenatural de Jénifer mais as habilidades de artes marciais dela dão vantagem a ela, derrubando Alícia.
Marlene consegue roubar um cartucho de munição sem Jénifer ver, e pega um revólver e atira na perna de Jénifer e mira na cabeça dela após ajustar ele para atirar novamente. Jénifer olha fixamente nos olhos furiosos de Marlene — interessante, você sabe manejar isso, né? Será que você aguenta ser baleada?
Jénifer pega o outro revólver e mira em Marlene — como nos filmes de faroeste? — pergunta Marlene.
— Como nos filmes de faroeste — responde Jénifer.
Elas se afastam e então contam até três. Assim que elas se viram e puxam o gatilho, ratos aparecem e saltam na direção, então Cláudio desarma Marlene e Alícia desarma Jénifer, e Jénifer se rende — desisto, podem me matar — murmura Jénifer — mas saibam que se eu voltar, vocês estão lascados, e se eu não volt-
Alícia atira em Jénifer a interrompendo, então Cláudio a abraça enquanto ela chora — essa desgraçada… matou minha mãe.
Marlene abraça sua mãe e depois disso, eles ajeitam a casa e limpam a mente dos habitantes para não haver suspeitas.
Diário de Marlene
26 de março de 1992, quinta, 03:21 da manhã
Querido diário, eu vou parar de escrever por um tempo, mas quem sabe eu volte a escrever outro dia, ou outro ano. Bom, eu estou com bastante correria, já que vou ter que me mudar, eu acho.
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