Atenção: temáticas sexuais, prostituição e nudez parcial
Não fazia muito tempo desde a última apresentação da Estrela de Ouro do Pub, mas sua ausência já se tornava marcante pelas noites frívolas e opulentas. Alguns ousaram em pensar que o artista havia se aposentado, outros pensavam que ele havia desistido, mas os cartazes pendurados nas paredes do Pub anunciavam o contrário: a Estrela estava mais do que bem e sua apresentação estava chegando!
Star era seu nome. Uma beldade misteriosa da cabeça aos pés.
O palco amplo e iluminado era espaçoso, com um longo tecido escuro pendurado no centro que esvoaçava vez ou outra. A curiosidade do público começava a ser atiçada, mas não durou muito para fazerem hipóteses e mais hipóteses, já que a música começou e as luzes baixaram.
As pessoas começaram a assoviar e se inclinar, tentando ver a estrela da noite que aparecia lentamente na penumbra do palco. A onda de aplausos e euforia, junto aos olhos arregalados de espanto fizeram com que o artista sorrisse timidamente, mostrando seu sorriso leve e gracioso naqueles lábios carmesins.
Usando um cachecol felpudo no pescoço e ombros, Star parecia inocente com seu sorriso caloroso e tímido... até manchar aquele sorriso com temperos mais travessos e fixar seus olhos nas almas e intenções das pessoas.
As luzes então mudaram, em junto da batida da música. Antes uma tonalidade rosa arroxeada, transformou-se num vermelho e azul intensos.
As pessoas gritaram mais, deixando que a descarga de adrenalina provocada pelas luzes e artista percorressem seus corpos e atravessassem seus pulmões.
Star moveu-se no ritmo envolvente da música e graciosamente jogou o cachecol felpudo de lado, revelando toda a sua silhueta para a multidão hipnotizada. Sua figura esbelta era acentuada pelo espartilho justo e brilhante de látex rosa escuro que brilhava sob as luzes vermelhas e azuis alternadas, adicionando toques de glamour à performance.
Num salto para trás, ele agarrou o tecido pendurado e, sentindo sua textura aveludada nas palmas das mãos, transferiu seu peso para os braços enquanto ficava suspenso no ar. Ele balançava para frente e para trás como um pêndulo, com o tecido apoiando suavemente seu corpo enquanto se movia.
O artista começou a se mover de aneira ousada e audaciosa com o tecido, exibindo-se graciosamente sem esforço enquanto se contorcia e se revirava no lençol. A multidão o assistia com espanto quando ele se pendurava no ar, exibindo seu sorriso sempre brilhante até ele manobrar habilmente para sair do tecido.
Seus movimentos precisos e elegantes deixaram o público maravilhado com seu talento nato... e Star sabia disso.
As luzes mudaram novamente. Antes vermelhas, elas ficaram um roxo mais claro – quase lavanda – e um rosa claro, mas com toques mais puxados para o vermelho.
Seguindo a música, Star se aproximou do público que gritava em êxtase quando o artista abaixou um pouco sua malha, dando ao público um gostinho de seu tom de pele e peito. Star se agachou no palco e, de joelhos, rastejou até a primeira pessoa que estava o secando. Ele abriu um sorriso travesso com toques adocicados e pegou no rosto dessa tal pessoa, acariciando suas bochechas e subindo até as orelhas, hipnotizando-a como um predador e... se afastou!
Star deitou-se no palco – como parte de sua coreografia – deixando que os sortudos pudessem sentir o toque de sua pele quente e macia.
Jogaram dinheiro e mais dinheiro. Sua parte favorita.
Todos queriam comprá-lo como se objeto fosse.
Uma boneca de luxo, isso era o que “Star” era.
Alguns agarraram suas coxas, outros pegaram em seus braços e outros até tentaram puxar sua roupa enquanto outros acariciavam seus cabelos e mãos. Eles visavam sempre os mesmos lugares de sempre, mas Star não se importava e até simulava prazer com isso, deixando todos extasiados com sua voz doce em meio das melodias ácidas.
Mas foram apenas alguns poucos segundos de êxtase para os sortudos, pois ele logo se sentou, inclinando a cabeça para o lado em tom provocativo e deixou o último sortudo agarrar sua bunda antes de se levantar e continuar sua coreografia.
No bar, um jovem rapaz de aparência elegante não desgrudava seus olhos da estrela no palco.
“Rapaz... o que foi isso...” o rapaz murmurou maravilhado com o artista, quase derrubando sua bebida.
“Azazel, cuidado aí,” a mulher do seu lado resmungou, segurando o copo antes que ele caísse. “Vai divertir! Você tem dinheiro pra isso. Só não estrague seu novo disfarce.”
“Belial... até que você tá certa. Vou lá me divertir um pouquinho.”
Quando Azazel se aproximou do palco, afastando as pessoas estranhas que entraram em clímax apenas por observar e tocar o artista sorridente, os olhos de Star se fixaram nele. Imediatamente, Star mordeu seu lábio inferior e aproximou-se de Azazel em balanços, rindo quando o demônio agarrou suas coxas de modo feroz e faminto.
Star então agachou-se novamente, encarando aquele homem interessante e de aparência decente. Seus pensamentos eram impossíveis de descrever, mas ele aproximou-se da bochecha de Azazel, fazendo-o sentir o ar de sua respiração e mordiscou sua orelha como ato final. Os olhos de Star eram hipnotizantes e seus lábios eram macios e quentes assim como sua pele e mãos finas.
Ah... como Azazel queria gastar rios de dinheiro naquela estrela brilhante...
“Eu sei o que você está pensando,” Star disse em um sussurro no ouvido de Azazel. “Mas acredito que falhará,” ele riu depois de bagunçar o cabelo de Azazel e se afastou dele com graça e risos.
Azazel foi deixado boquiaberto e com as bochechas levemente coradas enquanto seus olhos acompanhavam os passos saltitantes de Star. Realmente, aquela estrelinha era difícil de adquirir.
Star curvou-se quando as luzes brilhantes e vibrantes do placo desvaneciam em suas cores habituais amareladas, sinalizando o fim de sua apresentação. Seus lábios se transformaram em um sorriso caloroso, bem diferente daquele sorriso travesso de poucos minutos atrás.
Com um floreio feito com as mãos, ele recuperou o cachecol rosa felpudo que havia jogado antes e colocou-o sobre os ombros, secretamente saboreando a sensação do tecido macio contra sua pele. Enquanto isso, o dinheiro espalhado no palco era coletado com a ajuda de um feitiço que lançou com os dedos.
Se aquela estrela era deslumbrante no escuro, sob as luzes quentes ela era mais ainda, especialmente suas bochechas rosadas pelo esforço e o suor em seu corpo.
“Conseguiu o rolê?” Belial perguntou assim que seu amigo se sentou ao seu lado.
“Você deveria maneirar aí,” Azazel resmungou, prevendo o quanto caro seria a conta deles. “E não consegui,” ele resmungou mais ainda.
“AHAHAHAHAH!!!!! NÃO ACREDITO QUE A ESTRELINHA TE DEIXOU DURO!!” Belial, sem classe alguma, riu alto ao notar a bela protuberância na calça de seu amigo, que rapidamente cobriu com as mãos.
“BELIAL!!” Azazel rosnou, mas Belial continuava rindo.
“Precisam de mais alguma coisa?” Um barman alto e bonito se aproximou.
O elfo sorriu para a dupla e gentilmente ofereceu água para Belial, escondendo o restante da garrafa de cerveja dela.
“Meu amigo tá com o amiguinho dele... se é que você me entende,” Belial piscou para Younri, que soltou um risinho quando Azazel enrubesceu. “Aí, quem sabe, se a sua beldade conseguir uma noite com a estrelinha... vai deixar o amiguinho dele bem feliz, sabe?”
“BELIAL,” Azazel disse entre dentes.
“Oh... vejo que Star chamou a sua atenção...” Younri riu baixinho. “É muito difícil reservar uma noite, mas parece que ele tá com muito bom humor hoje. Quer que eu fale com ele?”
“Sim! “Quanto custa uma noite?” Azazel respondeu rapidamente.
“Hm... depende do cansaço dele,” Younri ponderou, lembrando o que Mine lhe contou sobre as bolhas nos pés. “Os grandes shows sempre cansam a nossa queria estrela, então não vai ser barato,” ele assentiu, colocando mais uma garrafa de água com gás para Belial.
“Isso não vai ser problema,” Azazel acenou.
“Perfeito! Tem algum problema em passar um 'tempo' com um homem, senhor?” Younri perguntou, pegando seu celular dos bolsos da calça.
“Azazel? Se importar com uma trivialidade dessas?” Belial começou e Azazel já previa uma barbaridade. “Ele gosta de tudo. Só um buraco é-”
“BELIAL,” Azazel sussurrou, fechando o bico de Belial com os dedos.
Younri riu baixinho enquanto digitava em seu celular e ofereceu mais alguns drinks não alcoólicos para a dupla, que aceitou de bom grado – e com o olho na conta. Não demorou muito até que o celular de Younri vibrou e ele foi checar as mensagens que havia recebido de volta.
“Oh, parece que o senhor tem sorte,” Younri informou a Azazel, que o fitou imediatamente. “Star está disponível para uma conversa e está vindo... ali ele.”
Star estava ali em pé, na frente de Azazel e próximo de Younri, que sorria gentilmente para a estrela. Ele estava tão deslumbrante quanto estava no palco, mas com um tom de batom mais claro e sua maquiagem estava mais leve – que devem ter borrado com o suor intenso.
“Ah! Olá de novo, Senhor!” Star sorriu, acenando alegremente para Azazel.
“Olá, Star,” Azazel curvou-se, sentindo suas bochechas ficarem mais avermelhadas.
“Então, vamos negociar?” Star ofereceu sua mão e Azazel pegou-a, com gentileza.
“Claro,” Azazel sorriu, verificando se Belial estava cochilando na mesa. “Erm... o senhor poderia ficar de olho na minha amiga enquanto eu converso com Star?” Ele virou-se para Younri, que já havia arrumado o cabelo da moça na bancada.
“Sem problemas,” Younri sorriu de volta. “Vão se divertir,” ele acenou e Star deu um risinho.
Quando Star se virou, a pessoa que estava embaixo daquela maquiagem e da personagem começava a se animar pelo extra.
ESTOU COM SORTE!! É aquele homem burro, rico e excitado do palco mais cedo! Mine- ahem, Star pensou... bem, a identidade ele não é segredo para nós então... Mine, Star... ambos são a mesma pessoa.
“Você está deslumbrante,” Azazel elogiou e Star sorriu.
“Obrigado,” Star assentiu, um pouco tímido. Lógico que estou querido. Essa peruca foi uma batalha infernal pra colocar. Tive que refazer minha maquiagem e essas pintas foram difíceis de desenhar. Minha roupa sexy me deu umas assaduras... mas estamos aí na luta. Mine pensou enquanto mostrava a Azazel onde eles iriam iniciar suas negociações: em uma mesa não muito longe do bar.
Star cheirava a flores caras e notas adocicadas, mesmo tendo suado bastante mais cedo. Suas mãos eram um pouco calejadas do tecido, mas eram tão macias e delicadas que Azazel não deixava de fantasiar os toques que receberia em breve. Seu sorriso era caloroso e adorável, embora ele tivesse uma aura misteriosa e sexy por trás daqueles lábios cor de pêssego e pintas.
“Então... você quer reservar uma noite comigo, né?” Star perguntou, apoiando a bochecha na mão. “Não sou barato porque sou um dos melhores trabalhadores daqui,” ele sorriu, tocando na mão de Azazel, “não só isso, mas também faço um excelente serviço para meus clientes. Também estabeleço algumas regras, mas isso não vai afetar a experiência.”
“Tudo bem,” Azazel sorriu e pegou na mão de Star. “Eu posso pagar qualquer preço que você me der,” ele deu um beijo na mão que estava segurando gentilmente.
QUE FÁCIL!!! Mine pensou radiante. “Você é um cavalheiro bem ganancioso... Tá bom, você me convenceu o suficiente e como estou de ótimo humor hoje... que tal para a próxima semana?”
“Tá meio longe...” Azazel choramingou. “Pode ser antes?”
Vou testar, vai que cola. Mine pensou novamente. “Será mais caro,” Star sorriu, beijando a mão de Azazel, “hoje tá bom então? Mas é bem mais caro... eu tô bem cansado e tal...”
“Te traterei com carinho,” Azazel olhou intensamente para Star.
AHA! Quem diria que só uma cabeça estaria funcionando... Mine celebrou. “Você é bem ansioso né? Desculpe por deixar o seu amiguinho entristecido mais cedo... quem sabe consigo compensar esse aborrecimento,” Star sorriu travessamente e levantou-se. “Venha, vou te levar até o quarto.”
“AZAZEL!!!!” Belial gritou aos tropeços. “Azazel,” ela tentou recuperar a respiração para poder falar e fitou seu amigo, “é o chefe, ele tá chamando a gente e- oh, tudo beleza aí, estrelinha?” Ela acenou e Star respondeu com um aceno e um sorriso gentil.
Homem rico! Insista na nossa noite e no meu pagamento! Mine rezou em pensamento, pedindo para que Azazel ignorasse aquela mulher bêbada, mas estranhamente sóbria.
“Querida Belial, diga ao chefe que eu tô ocupado! Ou então ele que vai pagar minha noite,” Azazel respondeu elegantemente, escondendo a sua raiva borbulhante.
“Não tem tempo, ele vai prender a gente!” Belial disse desesperadamente e pegou a mão de Azazel, “Estrelinha, ele pode voltar aqui amanhã pra resolver isso daí? Semana que vem tá bom pra você?”
Star piscou algumas vezes e assentiu. “Podemos negociar semana que vem então,” ele riu baixinho.
“PERFEITO! OBRIGADA ESTRELINHA!” Belial acenou alegremente, arrastando seu amigo que estava fumegando de raiva.
Do lado de fora do Pub, os dois demônios discutiam sem parar até que Belial ficou estranhamente sóbria novamente quando uma figura alta apareceu na frente deles. A rua estava com luzes fracas e frias e a presença da pessoa fez com que ficassem ainda mais amenas.
A pessoa – ou melhor, demônio – era alto e tinha cabelos azuis com mechas brancas e sua expressão era de insatisfação e descontentamento.
“Vejo que vocês estão se divertindo,” o demônio começou. “... E vejo que você precisa ir ao banheiro, né Azazel?” Ele perguntou, mas Azazel não ousou responder.
“O amiguinho dele tá doido,” Belial balbuciou e Azazel a fitou com as bochechas vermelhas.
“Hm,” o demônio soltou um risinho. “Receio que ele terá que esperar, já que a zona de instabilidade está próxima,” ele disse enquanto abria uma tela de mana para mostrar um mapa detalhado que mostrava todas as estações de metrô daquele bairro. “Precisamos expor o seu núcleo antes que a instabilidade exploda terrivelmente... e antes que aquela entidade o roube de nós,” disse o demônio dito como ‘chefe’.
“Entidade? Espere... aquele treco do poço?” Azazel perguntou.
“É um seguidor antigo de Mammon, então precisamos ter cuidado,” o ‘chefe’ respondeu. “O Consorte nos deu mais dois meses antes de assumir o caso e nos substituir, então precisamos resolver isso rapidamente.”
“Sim, Senhor Mefistófeles!” Ambos responderam e se curvaram, mas Belial não estava sóbria o suficiente e caiu no chão.
“Certifiquem-se de não serem rastreados pelo Chronos. Se a instabilidade romper e ele estiver por perto... ele automaticamente vai equalizá-la e nosso trabalho vai ser em vão,” Mefistófeles disse severamente e ambos os demônios se engasgaram.
“Um Chronos?!” Azazel disse boquiaberto. “Peraí... é um cara de cabelo preto?”
“... Apenas lembre-se das aulas que você assistiu, seu idiota. Eu não vou te ensinar isso de novo,” Mefistófeles deu um tapa na testa de Azazel. “Tem um nesta área e ele está muito atento a qualquer energia, então tomem cuidado para não morrerem de forma imprudente.”
“Sim, chefinho,” Belial assentiu e Azazel a tirou do chão.
“E protejam a humana. Estamos em dívida com ela,” Mefistófeles finalizou e sumiu da mesma forma que apareceu: do nada.
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