Olhando à frente vejo Café me olhando com as sobrancelhas altas e um olhar surpreso. Uma batida forte é ouvida a alguns metros de distância, me viro e vejo Mona, arrebentada no chão ao pé da parede, imóvel. Meu sangue explodiu!
-Seu sangue explodiu - Disse Café
-É… - Respondi. Ainda olhando para trás vi Mona se levantando devagar, pude ver seu cabelo bagunçado caindo sob o rosto, que tinha um aspecto derretido, ensanguentado, em carne viva, vi partes do crânio dela aparecendo enquanto a pele queimada tentava se reunir no lado direito da face. Será que tá doendo?
-Akh! Corno! - Ouvi ela pigarreando de longe, bateu o braço numa cadeira e a jogou para longe.
-Lucca. - Disse Café, parou ao meu lado tomou uma posição de luta, faço o mesmo, me levanto e tento replicar a pose, devo parecer um bosta. Ele mantém a calma e a eficiência que eu imagino que ele tem por ser um lutador, mesmo com o peito furado. Mona começa a se erguer como uma besta urrando, não de dor, mas de raiva. Nos olhos dela, julgamento.
-Seu… Corno! Vai deixar uma marca que vai demorar pra fechar! - Em histeria ela se contorceu, ficando arqueada, como um bicho prestes a voar pra agarrar a gente. Engraçado ela tomar essa postura super agressiva, visto que só se fudeu até agora. Cambaleou um pouco, vi as unhas crescendo nas mãos como garras se apontando ainda mais e ficando ainda mais longas, ao recuperar o equilíbrio, avançou na nossa direção como um tiro, uma coisa que reparei, é que essas pessoas com habilidades sobre-humanas se movem e batem muito mais forte que quem não as tem, no primeiro avanço dela em Café eu tive a certeza de que eu não conseguiria desviar de algo como aquilo; Mas agora me sinto diferente, ela parece completamente contra-atacável.
Num movimento rápido, Café a acerta com um golpe rápido, bem entre os olhos dela, a desestabilizando por completo, não é surpreendente que ele saiba lutar melhor que ela. Com as mãos secas, aproveito o sangue que escorreu nas minhas canelas, já com uma leve reação iniciada, desfiro um chute no estômago que causa um estouro bem menor que o anterior, mas é o suficiente para ferir ela, que continua em pé depois disso. -Cai piranha! - Gritei.
Percebi um sorriso sinistro se formando no rosto dela, com a pele se recuperando lentamente. - Hum - De repente, vejo ela se fundindo ao ar, com o braço sendo drenado para o absoluto nada, começando pelo braço esquerdo levantado, o corpo inteiro dela entra no próprio ar.
-Lucca que porra foi essa?
-Eu não sei! Eu não entendi. - Ambos nós dois nos viramos para lados opostos e encostamos nossas costas fechando nossa guarda o máximo possível, quando olho o chão, vejo uma névoa fria, e densa o cobrindo, ao perceber bem, a umidade e o calor do meu nariz saem formando um pequeno caminho de vapor. O ambiente se tornou frio de repente, olho de um lado para o outro, para cima e vejo o ar se abrindo acima da cabeça de Café, a mão de Mona se estende para fora, desta vez saindo.
-Café em cima de você! - Ele olha e vê as garras indo em sua direção, e se abaixa agachando. Ao errar o golpe, o braço dela ainda flutuante parece entrar no ar de novo, puxando o resto do corpo.
-Esse é o meu poder, Hole, combinado com o do capi, a essa altura do campeonato, seu irmão tá morto, congelado. - Um arrepio percorreu minha espinha, o ar logo a minha frente começou a se dilatar na minha frente e ela começou a sair, flutuando. - Costumávamos fazer isso bastante juntos… Mas agora separados, pro frio ter chegado aqui, ele deve estar há um tempo lutando, o seu amigo deve estar morto.
-O que que ela tá falando aí Lucca?! - Disse Café exaltado, ainda de costas pra mim.
-Uma das habilidades do Hole é essa, eu posso invadir qualquer material, se é sólido, eu posso entrar.
-Como você tá entrando no ar então?
-O Ziu é o cara que os seus dois amiguinhos estão enfrentando, essa névoa fria nos seus pés tem uma pressão atmosférica que faz partículas do ar dentro dela se tornarem líquidas, e então elas param e se solidificam, flutuando no ar. Hum?
“Que porra”. Pensei, parece imbatível.
-O quanto ar sólido é resistente? - Café perguntou, a outra ficou em silêncio. - Se as balas forem capaz de quebrar, é bom que você suma, porra! - Virou, puxando a metralhadora Thompson que larguei lá atrás, eu nem sei dizer em que momento ele a apanhou, dedo no gatilho, uma barragem de balas avança na direção dela, que some de novo fechando a fenda no ambiente em que ela estava. Não parece mais tão imbatível.
-Lucca, ainda tem sangue?
-Tem! - Observei a corrente vermelha que ainda escorria da minha perna e do meu ombro.
-Maravilha! Pela forma que o poder dela funciona, a única forma de matar ela vai ser reduzindo ela a poeira! - Correu metros de distância pra longe da névoa e ficou com a metralhadora em mãos. - Usa a explosão pra dissipar a névoa.
E o fiz, dando chutes, rodando e explodindo, deu pra perceber a neblina branca fixa ao chão se espalhando e desaparecendo, alguns dos cristais paravam de refletir a luz baixa da sala. Mas um específico não sumia por nada, parecia, inclusive, estar rodando no seu próprio eixo, continuei chutando, até que percebi que a ferida se fechou, e a neblina finalmente se dissipou por completo.
-E agora? - Perguntei.
-Não sei.
-Porra.
Fiquei olhando dum lado pro outro, e pude perceber que só aquele cristal que rodava pairava no ar, e que se aproximava de mim.
-Ela vai querer te atacar pelas costas.
-E?
-Vira pra mim, de costas. - E o fiz, ouvi o gatilho sendo pressionado e a arma atirando juntamente do tambor rodando, senti minhas costas sendo alvejadas por várias balas - O que?!
-Explode agora!
Olhando por cima do ombro vi a mulher saindo de dentro do ar e vindo me atacar como um predador, seu rosto, antes desfigurado se recuperou, deixando uma marca de violência, mirando com suas unhas no meu pescoço e com sangue nos olhos, puxei o gatilho mental e estourei o sangue em minhas costas duma só vez, emitindo uma explosão à queima roupa tão intensa que imediatamente secou o sangue em minhas costas e tirou minha audição, por um curto período.
Quando a poeira baixou, mais daquela névoa fria veio escorrendo pelo corredor. Olhando pro fundo, vi Café meio queimado e o corpo, completamente queimado invés de só “meio”. Entendeu? Me aproximando, vi que ela testava partida no meio e que seu tronco se tornou “flácido”, uma coisa gordurosa e enorme, como se por baixo daquele corpo houvesse uma obesa, acho que ela usava o poder pra ficar daquele jeito, além de ter ficado careca, e a pele da cabeça queimou até rasgar, e o crânio abriu com o impacto, revelando o cérebro queimado, deve ser a pior coisa que já vi, Café me olhou dos pés a cabeça e abriu a boca pra falar.
-Quando você explodiu, ela tava com metade do corpo pra dentro do cristal. O cristal literalmente evaporou e acho que o corpo dela que tava dentro foi junto. - Fitou o cadáver - Quer ver o que tá acontecendo com o Dai?
Cai no chão, enjoado pela imagem terrível, e triste porque ela não era gostosa de verdade. - Jajá, tô cansado.
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