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Heaven In Abyss(pt)

Em que mundo eu vivo? (1)

Em que mundo eu vivo? (1)

Jun 15, 2024


Sufocante.

Essa seria a descrição perfeita deste local enciclopédico.

O ar aqui é pesado, como se cada centímetro cúbico estivesse impregnado com o peso das palavras esquecidas, dos saberes que há muito foram deixados aqui. A madeira antiga que compõe as paredes, o piso e as estantes parece absorver o tempo, desgastadas. As vigas escuras, que suportam o teto baixo.

As estantes de madeira polida, ainda que desgastadas pelos séculos, erguem-se imponentes até o teto. Livros encadernados em couro pesado e polimeros repousam lado a lado, exalando um odor de papel velho e madeira ressecada.  Sinto-me parado, congelado no tempo, enquanto o mundo lá fora continua em movimento — especialmente com a notícia inquietante que, até agora, não pude digerir.

 Deslizei a mão direita por uma prateleira no setor de cultura, meus dedos coletando poeira. Um suspiro escapou de meus lábios enquanto puxava um livro à esmo: Culinária Floreana e Hictina. 

Ao abrir a capa, uma nuvem de poeira se ergueu no ar abafado, me fazendo tossir discretamente. Só o título já promete uma jornada de tédio — duas nações competindo para ver quem transforma a alimentação em um exercício de gourmetizações excessivas. O quão refinado precisa ser o ato de comer?

Revirei os olhos, lembrando das inúmeras vezes em que minha 'mãe' insistiu que eu devia evitar carne crua ou grãos não refinados, como se isso fosse o auge da civilização...  Não, sem confusão, eu sou o normal aqui, não ela.

“Que delícia”, murmurei, com sarcasmo, folheando as primeiras páginas sem muito interesse. Um duelo culinário entre dois povos que mal conheço, sobre o qual só ouvi falar recentemente. D. Jhos Zoli, autor renomado e chef gastronômico de Hítia, e ,aparentemente, coordenador chef do Palácio de Sedrons. O título soa vazio, tal como o autor parece ser, mas havia algo em sua arrogância que me prendia.

Meus olhos percorreram as palavras com um desdém crescente: “Sem cultura, imitação barata e sem qualquer traço de autenticidade, a culinária Floreana não passa de uma piada mal contada em comparação à rica e sofisticada gastronomia Hictina.” O tom desdenhoso era óbvio, e o monólogo autossuficiente continuava: "Eu, como coordenador da culinária no Palácio de Sedrons, tenho pleno domínio sobre o assunto."

Imaginei aquele tal Palácio de Sedrons, um lugar onde a opulência reinava soberana. Pelas descrições, o palácio era uma maravilha arquitetônica, com paredes de marmore esculpida à mão, suficentemente moderno em aço, cada detalhe entalhado por artesãos e metalúrgicos que dedicaram suas vidas à perfeição. As colunas altas, feitas de obsidiana somada ao marmore, lustrosa de mais, sustentavam tetos decorados com afrescos dourados e abobodados, enquanto grandes janelas com vitrais da presente era projetavam luzes sem filtro sobre o chão de lindas largas e escuras cerâmicas de platina.

No grande salão de banquetes, mesas de vidro e marmore maciço eram cobertas com toalhas finamente bordadas, e sobre elas repousavam pratos tão ornamentados quanto uma peça de arte. A madeira do palácio, diferente das estantes desta biblioteca, era viva, brilhando com a luz do sol. E, em contraste com o ambiente pesado e sufocante daqui.

A descrição do autor continuava a bombardear o leitor com críticas ferozes sobre a falta de autenticidade Floreana. Ele exaltava a supremacia de sua cozinha, vangloriando-se dos pratos complexos e meticulosamente planejados que, honestamente, pareciam ter mais passos do que seria necessário para construir uma nave espacial.

“Ele poderia facilmente organizar uma competição para ver qual nação perde mais tempo com detalhes insignificantes”, resmunguei, folheando mais algumas páginas de receitas intricadas. Ingredientes raros, técnicas arcaicas… Floreanos e Ictianos parecem verdadeiros mestres em transformar algo simples em uma complicação sem fim.

Fechei o livro com um baque suave, sentindo o tédio crescer. Se alguém me perguntar sobre a rivalidade culinária desses povos, pelo menos terei um bom início de conversa... ou um ótimo método de tortura. Sorri, satisfeito com minha própria ironia, e devolvi o livro à prateleira. “Acho que vou procurar algo mais animado. Talvez um manual de construção de naves espaciais. Aposto que seria mais emocionante.”

Tantas prateleiras, tantos livros... todos velhos e desatualizados.

Como Aidan consegue passar tanto tempo aqui? Isso é insuportável! Minha "mãe" nos mandou vir à biblioteca antes do parto dela começar hoje, nesta vila decadente. Tudo por causa da Anciã Nina, que insistiu que "homens não podem entrar". Sério? Use a lógica, senhora de baixa inteligência. Se ela teve a mim e agora terá meu futuro irmão, ela e meu "pai" claramente têm intimidade suficiente. Quanto a mim... bom, já fui amamentado e vi seu corpo sem roupas mais vezes do que gostaria.

Caminhei alguns metros pelo corredor, até chegar à seção de contos históricos. Me arrastei até lá, sentindo o peso do mundo. Fiquei na ponta dos pés para alcançar os livros da prateleira superior e tentei puxar um deles. Não saiu. Com um pouco mais de força, consegui soltá-lo, com cuidado para não rasgar. Para minha surpresa, o livro parecia novo, bem diferente dos outros, que aparentavam ter uns 20 ou 30 anos.

'Visita à história de Áurea: Do mundo antigo à modernidade'
Escrito em Híctia, 3021 D.Ss
Por Deihom Sedos, historiador e economista da Academia de Ciência e Inovação de Sedrons.

'A ACIS é uma instituição lucrativa, altamente concorrida, especialmente entre nobres. Financiada pelo Estado de Híctia, busca democratizar o conhecimento disponibilizando materiais de estudo para diversas regiões. "Até parece honroso... Talvez eu estude lá algum dia, onde quer que seja Sedrons," pensei, ainda cético sobre continuar vivendo, dado o ciclo constante de reencarnação e morte.'

"Pelo menos ainda me restam conhecimentos diversos da natureza." disse com um toque de sarcasmo. Sinto-me como se tivesse perdido tudo, um vazio, de não haver mais nada pelo que viver como um propósito ou metas.

O livro organiza a história em categorias claras: 1 - Era Remota. 2 - Era da Memória. 3 - Era Comunal. 4 - Era da Iluminação. 5 - Era da Inanição. 6 - Era do Autômato. Embora isso facilite o entendimento, a leitura ameaça me entediar até a morte.

Era Remota

A Era Remota de Aurea, situada entre 350.000 e 47.000 anos antes da Guerra dos Sóis, é o primeiro e mais obscuro capítulo da história do planeta. Marcada por um isolamento absoluto das cinco espécies que habitavam seus continentes — Humanos, Vilos, Orfinos, Chordás, Elfins e Ferals —, essa era foi moldada pela luta contínua contra as forças impiedosas da natureza. Sem registros complexos ou sistemas organizados, as populações viviam como nômades, movendo-se em ciclos incessantes entre abundância e destruição.

Durante o período do Zênite, o planeta, de clima predominantemente frio, sofria um descongelamento massivo. Isso gerava um calor úmido que desencadeava tempestades colossais. Chuvas torrenciais inundavam vastas áreas, rios transbordavam e oceanos subiam rapidamente, engolindo planícies inteiras. Ventos furiosos e ciclones devastavam florestas, enquanto trovões iluminavam os céus em espetáculos de destruição. O solo encharcado cedia em deslizamentos, e o ar tornava-se pesado de tanta umidade. As espécies se recolhiam em abrigos improvisados, cavernas ou em terrenos mais altos, onde competiam por espaço e recursos escassos pelas circunstâncias. 

Já no Nadir, o mundo mergulhava em um frio avassalador. O gelo avançava pelas terras baixas, congelando rios e lagos, enquanto as inversões marítimas abalavam as correntes dos oceanos, criando tempestades de gelo e devastando a vida marinha. Tribos e clãs se retraíam para o interior de cavernas profundas ou migravam para regiões menos afetadas pelo congelamento. Nesse período, o maior desafio era a fome: animais hibernavam ou migravam, plantas desapareciam sob a neve, e a escassez tornava os confrontos entre grupos ainda mais frequentes.

Apesar desses extremos, Aurea conhecia breves momentos de equilíbrio durante o Alvora e o Poente, quando o clima se estabilizava. Nesses períodos de paz, a vegetação florescia, as chuvas diminuíam e os mares se acalmavam. 

As relações entre as espécies eram praticamente inexistentes. Cada uma vivia dispersa nos continentes de Lauréxia, Gaélia e Turus, isolada por vastas distâncias e barreiras naturais. O contato, quando ocorria, era marcado por medo e violência, uma luta instintiva pela sobrevivência. Não havia espaço para alianças ou trocas culturais; a hostilidade do mundo forçava cada povo a depender apenas de si.

Embora não houvesse escrita ou linguagem remanescente para nós alcançarmos para fins acadêmicos, algumas marcas dessa era ainda resistem ao tempo. Gravuras rudimentares em cavernas retratam cenas de caça, lutas, tempestades e rituais primitivos, sugerindo a tentativa de entender e aplacar as forças da natureza. Os Monólitos Primevos, estruturas de pedra alinhadas aos ciclos dos quatro sóis, parecem ter sido utilizados para prever o início dos períodos de Zênite e Nadir, ajudando as tribos a se prepararem para os tempos de crise. Artefatos de pedra e osso fossilizados, como armas e ferramentas, revelam a engenhosidade das espécies na luta contra o ambiente implacável.

A Era Remota não deixou reis, impérios ou lendas heróicas, mas moldou a base da história de Aurea. Foi uma época de aprendizado, onde a sobrevivência dependia de adaptação, resistência e um entendimento instintivo do planeta. As espécies que perseveraram herdaram não apenas a força de seus ancestrais, mas também o legado de um mundo que, mesmo em seu caos, já começava a preparar os alicerces para as eras futuras.'


'Era da Memória

A Era da Memória, iniciada por volta de 47.000 anos antes da Guerra dos Sóis, marcou a transição das espécies de Aurea de uma existência nômade e instintiva para uma busca consciente por permanência e legado. Nesse período, as seis espécies — Humanos, Vilos, Orfinos, Chordás, Elfins e Ferals — começaram a gravar seus feitos e histórias, estabelecendo tradições culturais e as primeiras infraestruturas que refletiam sua adaptação ao ambiente hostil do planeta.

Os registros mais antigos dessa era eram rudimentares e variavam conforme as espécies e seus habitats. 

A fundação das primeiras cidades começou a tomar forma, ainda que fossem rudimentares e altamente dependentes das condições do clima. No período da Alvora e do Poente, quando o planeta entrava em equilíbrio, as espécies aproveitavam para construir abrigos permanentes. Os humanos estabeleceram aldeias ao longo de rios e planícies, utilizando pedras e barro para erguer moradias simples, capazes de suportar enchentes moderadas. Os Elfins criavam pequenas comunidades em árvores gigantescas pelo norte de Turus, interligando plataformas de madeira por pontes suspensas e deixando o solo livre para o crescimento das florestas.'

Não há muito a ver nesse período. Mas algo que vejo, e me incomoda, é a ausência dos Néfos na historiografia do planeta, eles, como espécie consciente, deveriam estar catalogados e citados nesse livro já que fazem parte da civilização.

O quê??? Um mapaaaaaa!

Um mundo bem bonitinho e profundo... Gostei.

Geografia e Geologia de Áurea

Áurea é um mundo de contrastes extremos e sutilezas marcantes, cuja geografia desempenhou um papel fundamental na formação das civilizações que habitam seus continentes. 

Lauréxia, o grande continente no meio norte, se estende como um pequeno colosso geológico de vastas montanhas, planícies gélidas na sua espinha e florestas densas. Conhecida como parte do norte da "Coroa de Áurea", Lauréxia fica entre os dois extremos de Gaélia, é rica em minerais raros, especialmente metais como  silício, o alumínio, cobre, gálio, o germânio puro e urânio, utilizados tanto para armamentos quanto para fins pacíficos. No entanto, a geografia severa do continente — coberto por gelo e neve em nadir, varrido por ventos cortantes e chuvas torrências com poder avassalador, tufões e furacões— tornou o assentamento humano e de outras espécies um desafio. As espécies que dominaram Lauréxia, principalmente os Humanos e os Elfins, desenvolveram culturas profundamente enraizadas na arquitetura funcional e milagrosa do nosso continente. Durante os meses de Sol Nadir, Lauréxia se transforma em uma tundra quase intransponível, enquanto sob o Sol Alvora, suas florestas boreais florescem em uma explosão de vida efêmera ao norte e ao sul uma floresta tropical amena e com chuvas sazonais.

Gaélia, o continente mais extenso, abrange desde o extremo norte gelado até as terras áridas do sul. Suas vastas paisagens oferecem biomas variados, de desertos escaldantes a pradarias férteis e cordilheiras imponentes, os Picos Serenos. É aqui que a história das nações se desenrola com maior intensidade. O norte de Gaélia é uma terra de clima temperado e grandes rios, ideais para a agricultura e a criação de cidades-estado como a atual Loura. Já o sul é dominado pelo deserto de Saeri'zar, uma extensão implacável de dunas e rochas que não perdoa os incautos com sua fauna hostil e ogeriza à vida. A península de Sacramar, com suas costas banhadas por águas calmas e uma geografia acidentada, tornou-se um divisor natural e político entre o norte e o sul, simbolizando a divisão entre as duas grandes religiões que nasceram em Gaélia.

As correntes marítimas desempenham um papel essencial em Áurea, conectando os continentes e moldando o clima global. A Grande Corrente do centro flui ao longo da costa oriental de Gaélia, trazendo águas mornas que moderam o clima das regiões costeiras. Já a Corrente do medo, dos oceanos ocidentais, desencadeia tempestades devastadoras em Turus e Lauréxia durante o Sol Zênite.

Turus, no extremo oeste do mapa, é um continente moldado pela força indomável da natureza. Sua geografia é caracterizada por costas irregulares, altas montanhas vulcânicas e uma rede de rios que serpenteia por florestas tropicais densas. Conhecido como o "Alvorecer da vida.", Turus é rico em biodiversidade e recursos naturais, como a madeira marrom e os cristais de energia primordial, fundamentais para as tecnologias arcanas ao longo das eras. Apesar de sua beleza selvagem, Turus é frequentemente atingido por deslizamentos de terra e ciclones violentos, tornando a habitação em algumas áreas um desafio constante.

Além disso, Áurea é marcada por singularidades geográficas que definem sua identidade como um mundo vivo e dinâmico. Os Picos Serenos, localizados ao centro de pressão da Gaélia, são conhecidos por seus lagos cristalinos e cavernas que brilham com bioluminescência. No coração de Lauréxia, o Abismo de Aurem é uma fenda titânica que desce até profundezas insondáveis, cercada por um campo magnético que interfere com as tecnologias de navegação.

Por fim, a relação entre os continentes e os oceanos é mediada por grandes arquipélagos que servem como pontos de intercâmbio cultural e econômico. Essas ilhas, como as de Uru'kai, ao largo da costa de Turus.

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