Sentei-me no centro do pagode, cruzando as pernas e tentando acalmar minha mente. Ainda mais quando o meu sexto sentido começou a pipocar em diferentes sensações ao chegar em um lugar de Energia primordial mais densa.
A Anciã Nina aproximou-se lentamente. "Para entrar no estado de sonho meditativo," ela começou, "você precisa acalmar sua mente e concentrar-se em sua respiração. Feche os olhos e imagine-se em um lugar onde se sente seguro e em paz ou que gosta de estar."
Fechei os olhos, tentando seguir suas instruções. Minha mente estava uma tempestade de pensamentos, mas forcei-me a focar na minha respiração. Lentamente, a tempestade foi sendo substituída por uma sensação de calma crescente.
Depois de algumas tentativas e erros, finalmente senti minha mente se acalmar o suficiente.
"Agora sinta a Energia que está se movendo em desordem por você e direcione ela, fazendo uma correnteza para sua mente". Ela continuou "sem forçar. Eu posso ver se você estiver fazendo errado e sendo impulsivo." Disse , logo atrás de mim com uma leve risada.
Sentindo o toque frio dos dedos da velha na minha nuca. Respirei fundo, tentando seguir suas instruções. Concentrei-me na sensação de partículas de energia? ondas? Dificil de definir. É como um sentimento fraco por todo o corpo, uma sensação que eu nunca havia sentido até agora, não tão próxima.
Basicamente, é uma sensação dentro do corpo, como se houvesse uma corrente fluida e desorganizada, semelhante a uma corrente elétrica, mas sem dor ou desconforto. É um fluxo constante e sereno que percorre os canais do corpo, como um fio elétrico. Quando a energia é direcionada ou manipulada, essa corrente se intensifica, criando uma pulsação rítmica e harmoniosa como uma frequencia, quase como uma onda se movendo ecoando e gerando uma espécie de campo..
Externamente, a percepção da Energia Primordial era como um campo vibracional que nos envolve. Tipo o ar ao redor carregado de uma eletricidade suave que ressoa como ondas, mas sem o choque. Ao entrar em áreas com alta concentração de energia ou em zonas de distorção, da para sentir uma leve pressão ou resistência, como nadar contra uma corrente aquática fraca. É uma sensação quase tátil, uma brisa sutil que acaricia a pele, um toque que parece calor ou frio, mas muito diferentes destes.
Imaginando-as como um fluxo de água se movendo lentamente pelo meu corpo ordenei que fosse para minha minha cabeça. No entanto, ela não se moveu e ficou estagnada e em desordem.
“Não desista,” encorajou. “A Energia primordial está em você. Ela precisa ser sentida e guiada, não forçada.”
Tentei mais uma vez, desta vez com menos força, tentando sentir a mana se mover naturalmente. Senti um leve deslocamento, mas assim que tentei controlar o fluxo, ele parou. Frustrado, soltei um suspiro.
“Está quase lá,” disse Nina, a paciência em sua voz me acalmando. “Não tente controlar ja que ainda não descongelou sei Arcanocorpo. Deixe que ela flua por você.”
Repeti o processo várias vezes, cada tentativa trazendo uma pequena mudança. Às vezes, sentia a mana se mover um pouco mais; outras vezes, não sentia nada. Mas não desisti. Em cada falha, aprendi algo novo sobre a sensação da mana em meu corpo.
Depois de inúmeras tentativas, comecei a sentir uma conexão mais forte. A mana começou a fluir com mais facilidade, como um rio encontrando seu caminho em direção ao mar. Quando senti que estava no ponto certo, empurrei gentilmente, imaginando a energia subindo pela minha coluna e chegando à minha cabeça.
Para minha surpresa, senti uma onda de calor e uma leve pressão na minha cabeça. Era diferente de tudo que já havia sentido antes.
“Isso mesmo,” sussurrou Nina. “Agora, mantenha o fluxo. Deixe que a mana se espalhe pela sua mente.”
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"Abra os olhos"
Quando abri os olhos, o mundo ao meu redor havia mudado drasticamente. Não estava mais no templo com Nina, Nene e minha 'família', mas em um lugar completamente diferente...
Era diferente do que achei anteriormente... muito diferente da ideia que tive com a explicação da minha 'mãe'.
Um reflexo sombrio e perturbador da minha própria mente. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar minha visão à escuridão roxa que agora me cercava.
O jardim mental que esperava encontrar não era um cenário de pesadelo, mas um lugar em construção. À minha frente, erguia-se um círculo formado por quatro árvores negras e imponentes. Uma delas estava no centro, solitária, enquanto as outras três ladeavam ao redor, como guardiãs sombrias. As árvores não tinham vida; pareciam espectros do que um dia foram. Suas folhas negras e secas pendiam tristemente dos galhos retorcidos e amargurados, sussurrando segredos de um tempo esquecido que agora mergulhavam em decadência.
A paisagem ao meu redor era uma vastidão morta em tons de um Roxo escuro profundo com cinzas ou neve caindo do vazio acima de mim, sem sinais de vida. O chão estava rachado, como se tivesse sido devastado por uma força imensa, as fendas formando padrões caóticos que emanavam uma purpura particular como faíscas. Cada passo que dava ecoava num silêncio opressivo, amplificando o som de minha própria respiração. As cores frias e desbotadas do ambiente tornavam tudo mais desconfortável, como se eu estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar.
No horizonte, um mundo, planeta, parecia completamente destruído.
Ele estava partido ao meio, vazando um magma lilás.
Rochas despedaçadas e montanhas desmoronadas formavam um cenário desolador enquanto aquele planeta estava rachado ao meio no horizonte, um reflexo aterrador. O ar estava pesado, impregnado de uma tristeza e desespero palpáveis, que pareciam pressionar meus ombros e dificultar cada movimento. Tudo ao meu redor emanava um sentimento de amargura e depressão, como se o próprio solo estivesse saturado de dor.
Senti um nó se formar no meu estômago enquanto caminhava pelo terreno rachado, cada passo parecendo uma luta contra a essência do lugar. O ar ao meu redor parecia conspirar contra mim ficando cada vez mais pesado, tornando a caminhada ainda mais exaustiva. Cada respiração era um esforço consciente maior para não sucumbir à opressão do ambiente corrompido.
Isso me lembrou friamente da minha conversa com a Entidade.
Ambos os lugares são parecidos, mas aqui não há luz redentora.
No entanto, em meio a todo aquele caos, havia algo que chamou minha atenção. No horizonte, pequenas estrelas brilhavam fracamente, pontuando a escuridão com suas luzes distantes. Eram como pequenas promessas de esperança em meio à desolação, mas, mesmo essas estrelas pareciam distantes, quase inatingíveis, como se estivessem a milhões de anos-luz de distância. Era uma visão ao mesmo tempo reconfortante e desalentadora.
Continuei caminhando, tentando entender o que as árvores negras e o ambiente destruído significavam, cada passo mais difícil. A sensação de desconforto aumentava a cada momento, como se o próprio ar estivesse conspirando contra mim.
Passei pela primeira árvore, seus galhos retorcidos pareciam se estender em minha direção, como se quisessem me prender em seu abraço gelado. Senti uma onda de frio atravessar meu corpo, um presságio do que estava por vir. Olhei para a segunda árvore e notei marcas profundas em seu tronco, como cicatrizes de batalhas antigas. As folhas negras caíam lentamente, desaparecendo antes de tocar o chão rachado.
Ao me aproximar da terceira árvore, percebi que suas raízes estavam expostas, estendendo-se como tentáculos sobre o solo. Cada raiz parecia pulsar com uma energia sombria, um eco de dor e sofrimento que ressoava no ambiente. Toquei uma das raízes, sentindo uma vibração fraca, como um lamento distante.
Finalmente, cheguei à árvore central. Ela era a maior e mais imponente, seus galhos formando uma cúpula sombria acima de mim. Aproximei-me com cautela, sentindo uma mistura de medo e fascinação. Toquei seu tronco, esperando alguma revelação, mas tudo o que senti foi um frio intenso, como se a árvore estivesse drenando a pouca energia que eu tinha.
Olhei ao redor mais uma vez, tentando encontrar algum significado na desolação que me cercava. O jardim refletia meu subconsciente de forma assustadora, expondo todas as minhas vulnerabilidades e medos. Senti-me pequeno e insignificante diante da vastidão dasse lugar desolado.
Assim, subitamente, uma dor começou a tomar minha mente junto com uma fadiga intensa. A princípio, era apenas uma pontada, como uma agulha perfurando minha consciência. No entanto, em questão de segundos, a dor se intensificou, espalhando-se pela minha cabeça como fogo. Fechei os olhos e levei as mãos às têmporas, tentando aliviar a pressão, mas era inútil. A dor era avassaladora, como se minha mente estivesse sendo esmagada por uma força invisível.
Cai de joelhos, lutando para manter a consciência. A fadiga que me invadia era como um peso insuportável, puxando-me para baixo, cada fibra do meu ser implorando por alívio. Sentia meu corpo fraquejar, minhas forças se esvaindo rapidamente.
Com um último esforço desesperado, reuni todas as minhas forças restantes e tentei focar na mana que parecia estar sobrecarregando a minha mente. Precisava encontrar uma saída, escapar daquela prisão mental antes que a dor me consumisse completamente.
Aos poucos, senti uma leve mudança, era Nina fazendo a mana cessar. A energia estranha começou a reagir, movendo-se em resposta à minha necessidade, interrompendo seu fluxo.
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O toque frio da velha na minha nuca desaparecera, substituído por uma leve sensação de calor. O mundo ao meu redor estava de volta ao normal, embora eu ainda sentisse um eco da dor em minha mente. Respirei fundo, tentando me recompor, enquanto Nina me observava com preocupação.
Parecia que eu havia passado dias sem dormir.
Em um segundo, minhas paltebras pesadas cederam ao sono invencível.
Ponto de Vista do Espectro:
Ela puxou e olhou rapidamente para a criança dormindo, seus olhos arregalados em uma expressão de puro pavor. Adoro o medo das criaturas diante do desconhecido, é sempre uma reação bioquímica fascinante.
“Isso foi assustador! Uma criança não deveria ter um estado de espírito assim!” disse ela, a voz ressoando com um timbre que modulava ondas mecânicas no ambiente. “Está tudo errado, Kiel. Não deveria haver um jardim assim.”
“O que quer dizer, Nina?” Perguntou a mulher com cabelo no espectro roxo e branco dos fótons visíveis, adiantando-se com um semblante preocupado.
“Eu vi... o que vi lá dentro não é normal para uma criança,” continuou, sua voz aumentando em intensidade. “Crianças deveriam ter pequenas árvores, ou às vezes, nem isso. Seus conhecimentos não são desenvolvidos o suficiente para suportar algo assim. Mas ele... ele tinha muitas árvores! E grandes. Isso não é normal.” Disse a idosa, sua expressão de sabedoria transmutando-se em preocupação genuína.
O homem, ao ouvir isso, deu um passo à frente, o rosto tenso. “O que significa ter tantas árvores? Isso é perigoso? Por que ele dormiu?”
Balançou a cabeça, o ser mamífero azul, claramente consternada. “Não sei. Nunca vi algo assim. O normal é ter apenas uma árvore, simbolizando o início de seu desenvolvimento mágico em uma afinidade específica, seja Magia Material Cinética ou as outras duas! Mas sua mente... está um caos. Suas árvores estavam mortas e apagadas, enormes e espalhadas pelo seu sonho meditativo. Isso não é algo que alguém da idade dele deveria ter. É como se... como se sua mente, alma, espírito e ser já estivessem sobrecarregados, divididos e construídos.”
A mulher de prata interveio com raiva: "Eu sabia! Sabia que ele não deveria ter realizado este Teste!"
Ao gritar assustou a criança imatural que estava próxima.
O homem parecia estar pensando profundamente, franzindo a testa enquanto olhava para a criança mais velha dormindo, o corpo da minha amalgama etérea.
Ele percebeu a tensão no ar e rapidamente tentou abafar a situação.
“Ei, vamos todos nos acalmar,” disse ele, colocando uma mão no ombro. “Precisamos pensar racionalmente sobre isso. Entrar em pânico não vai ajudar.”
Ele se aproximou de mim e me tirou gentilmente do chão, sua expressão mostrando uma tentativa de manter a calma. “Ele vai demorar muito para acordar?” perguntou ele, visivelmente tentando se confortar.
Sei das suas emoções, homem.
“Não vai demorar muito, duas horas de sono são o suficiente para se recuperar do uso de mana,” respondeu a criatura pequena e velha.
“Nós lidaremos com isso,” disse o homem, tentando acalmar as mulheres.
“Vamos conversar sobre isso com calma mais tarde. Agora, Kiel precisa de um pouco de tempo para se recompor. Usar energia primordial consome muito a nossa mente.”
Enquanto ele levava meu avatar para as cadeiras, pude sentir o desconforto crescendo na mulher de cabelo lavanda quase branco. Mesmo assim, o peso da preocupação e do medo ainda pairava no ar, deixando uma sensação de desconforto que eu não conseguia abafar ao ver a Mulher azul velha falar no ouvido da outra de cabelo branco lavanda. Será que descobriram quem sou? O que sou?
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