Please note that Tapas no longer supports Internet Explorer.
We recommend upgrading to the latest Microsoft Edge, Google Chrome, or Firefox.
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
Publish
Home
Comics
Novels
Community
Mature
More
Help Discord Forums Newsfeed Contact Merch Shop
__anonymous__
__anonymous__
0
  • Publish
  • Ink shop
  • Redeem code
  • Settings
  • Log out

Heaven In Abyss(pt)

Espelho atemporal. (2)

Espelho atemporal. (2)

Jul 09, 2024

“Ok, mãe, já estou satisfeito. Vou pegar minha bota e levar Evelyn até a nascente montanha acima” Felei, olhando para ela, suavemente e com bom humor.

"Ela me olhou com os olhos semicerrados, quase calculista, destacando sua sobrancelha branca, e respondeu: 'E qual adulto vai com vocês? Eu e seu pai estaremos ocupados explorando o Comple-... digo, a Torre Negra. Não quero duas crianças vagando pelo mundo sozinhas.'"

"Sendo sincero, acho que meus 9 anos de experiência já me dão responsabilidade suficiente para guiar minha querida irmã em uma jornada pelo curso do rio," falei com confiança. "E claro, entendemos perfeitamente o perigo de nos aproximarmos demais do mesmo e corrermos o risco de afogamento. Nosso único objetivo é observar a nascente que despenca diante das Montanhas Gêmeas." Concluí, arrancando dela um olhar de surpresa genuína, enquanto balançava a cabeça incrédula com minha oratória.

Aidan logo cochichou algo no ouvido dela, normalmente eu escutaria, contudo, por algum motivo não saiu som.

Se levantando logo depois, saindo de perto da mesa baixa e vindo em minha direção, ela cutucou: “Se você não se cuidar, ou não cuidar bem da sua irmã, considere-se… Lesionado.”

Respondi pondo a mão sobre a testa batendo continência “Sim senhora”.

“Já disse que não sou uma senhora, sou uma mulher jovem na medida” criticou pondo a mão no meu cabelo e afagando expressando sua ternura e satisfação.

Aidan apenas olhou com a mão no queixo que escondia um leve sorriso atrás. 

Saí do jardim e caminhei lentamente em direção às escadas que levavam ao primeiro andar. Ao subir os degraus, senti a leve brisa alpina que passava pela varanda.

Chegando ao topo das escadas, passei pela varanda que se estendia em frente aos quartos, oferecendo uma vista panorâmica do jardim e das colinas ao longe, como também da torre negra. O sol se erguia, fraco, projetando sombras alongadas e banhando tudo em uma luz quente.

Abri a porta do meu quarto.

Peguei minhas botas e, ao fazer isso, senti a textura áspera e desgastada do couro contra minhas mãos. Com as botas na mão, voltei pelo mesmo caminho, passando novamente pelo quarto dos meus pais e pela varanda.

Desci as escadas com cuidado, parei por um momento para apreciar a vista mais uma vez.

Finalmente desci os últimos degraus e voltei ao jardim. O dia começava, minhas botas já firmes no chão. Quando vi Evelyn me esperando, já pronta, com suas botas verdes, senti algo que não reconheci de imediato. Havia uma tranquilidade na forma como ela estava ali, naturalmente... Me aguardando.

Reconhecimento? Admiração? Afeto? Talvez, mas não da forma que eu esperava. Uma sensação dificil de explicar, como se sua felicidade me fizesse bem... Uma sensação que não é facil de explicar, como se sua felicidade me afetasse estranhamente.

“Vamos? É imperativo que você, cara irmã usurpadora das atenções de vossos pais, obedeça cegamente minhas ordens devido à autoridade a mim conferida por mamãe.” Respondi seriamente, apontando o dedo para cima, tirando uma risada dela, fazendo com que eu perdesse a postura séria e cedesse a um risinho também.

“Por que você usa tantas palavras difíceis? Fale em Fleulo para eu entender! Ahaha.” Respondeu, rindo.

"Sorri e balancei a cabeça. Fleulo? Você quer dizer de forma simples, né?" Abaixei a mão, segurei a dela por um momento e, olhando nos seus olhos antes de soltá-la, disse: "Vamos subir a montanha e ver a nascente do rio. É um lugar bonito e quero te mostrar. Siga-me, se for capaz." Ela assentiu animadamente feliz, com os olhos dourados brilhando.

Evelyn me seguiu com entusiasmo, e sem esperar, comecei a correr em direção aos limites da vila. 

Ela logo me acompanhou, e juntos atravessamos a grama baixa, seguindo o caminho de pedras que serpenteava até a base do desfiladeiro. O som distante do rio ecoava suavemente ao nosso redor, uma melodia natural que parecia sincronizar com nossos passos, criando uma sensação de harmonia e tranquilidade que envolvia o momento.

À medida que avançávamos, a trilha começou a mudar. O caminho de pedras se transformou em um terreno mais heterogêneo, coberto por uma fina camada de terra, pedras, gramíneas e pequenas flores silvestres. As árvores ao redor nos ofereciam sombra, e a luz do sol filtrada através das folhas criava padrões oscilantes no chão.

“Olha, Evelyn, essas flores são chamadas de lírios-do-sol. Eles brilham em azul durante a noite.” Apontei para um pequeno grupo de flores brancas que cresciam à beira do caminho. “São bem comuns por aqui.”

Ela se abaixou para cheirar uma das flores, fechando os olhos por um momento. “São tão bonitas e cheiram tão bem!” Exclamou, sorrindo. 

Cada vez que ela sorria, uma lasca da minha frieza emocional cedia.



…

Continuamos caminhando, e a trilha começou a subir novamente, mas de forma mais gradual. O terreno se tornou mais rochoso, e precisávamos escolher nossos passos com cuidado para evitar escorregões. As árvores ao redor eram mais espaçadas agora, e podíamos ver o rio serpenteando abaixo de nós muito próximo, brilhando à luz do sol.

Por um momento, algo chamou minha atenção no céu. Uma ave negra planava em círculos sobre nós, deslizando entre as copas das árvores sem nunca bater as asas. Havia algo estranho nela—sua cauda era longa, esguia como um véu negro flutuando ao vento, mas o que mais me intrigou foi a ausência de patas. Nunca tinha visto algo assim antes.

"Que pássaro é aquele?" Murmurei, observando sua silhueta contrastar com o azul do céu.

"Que pássaro?" Ela perguntou, seguindo meu olhar.

"Ali, sobre as copas... parece estar marcando território." Por um instante, senti um arrepio estranho, mas logo sacudi a sensação. Talvez fosse apenas uma espécie rara da região.

“Você sabia que o rio começa lá em cima, entre aquelas duas montanhas?” Perguntei, apontando para as montanhas gêmeas à nossa frente, desviando o foco do pássaro.

“Não sabia. Parece tão longe.” Respondeu, olhando com admiração e cansaço.

“Sim, é uma longa caminhada, mas vale a pena. A vista lá de cima é incrível. E agora não tem mais volta... vamos até o fim.” Disse, tentando motivá-la a não parar de subir comigo.



…

A trilha começou a ficar mais íngreme, e o terreno mais acidentado. 

Paramos para descansar em uma clareira pequena quando ela cedeu e sentou no chão, cercada por árvores altas. Sentamos em seguida num tronco caído e compartilhamos um pouco de água que ela trouxe.

“Kiel, você acha que vamos encontrar algum animal selvagem?” Evelyn perguntou, os olhos demostrando um pouco de medo.

“Talvez vejamos alguns pássaros ou esquirez, mas nada perigoso. Nós estamos seguros, não se preocupe.” Respondi, tentando tranquilizá-la.

Sim, sei que tive a chance de assustá-la: dizendo que tinha algum monstro devorador de crianças, mas isso seria uma escolha improdutiva.

Depois de um breve descanso, retomamos a caminhada. A trilha se estreitou e começamos a subir por um trecho mais íngreme, onde raízes de árvores antigas formavam degraus naturais. 

Evelyn segurou minha mão com força, e eu a ajudei a subir com cuidado algumas delas.

“Vamos, Evelyn, estamos quase lá!” Disse, encorajando-a enquanto subia uma raíz maior que ela mesma.

Subimos, posteriormente, um pouco mais e chegamos a um ponto onde a trilha se alargava novamente, levando-nos a uma área coberta por uma densa floresta. As árvores aqui eram tão altas que quase bloqueavam completamente a luz do sol, criando um ambiente fresco e sombreado. O som de folhas farfalhando e pássaros cantando nos envolvia por todas as direções, criando uma sensação de gaiola.

“Este lugar é tão diferente do resto da trilha.” Comentou Evelyn aparentemente exausta, com falta de ar.

“Sim, é como um pequeno oásis no meio da subida.” Respondi. “Vamos aproveitar e descansar um pouco mais, o ar é rarefeito aqui e por isso você cansa tão fácil.”

Nos sentamos em uma pedra coberta de musgo e ouvimos os sons da floresta ao nosso redor. Evelyn começou a brincar com uma folha grande, fazendo-a balançar no ar como se fosse uma borboleta.

“Maninho, você acha que um dia vamos vir nós quatro aqui?” Perguntou, olhando para mim com seus grandes olhos curiosos.

“Talvez. O mundo deve ser grande e cheio de lugares incríveis e melhores do que aqui. Quem sabe um dia vamos explorar eles?” Respondi, sorrindo, mas dessa vez soou muito sincero para mim, me deixando reflexivo.

“Você tá triste?” ela questionou olhando para mim de baixo com seu cabelo que era uma mistura entre branco, lavanda e bege.

“Não se preocupe” respondi.

Depois de um tempo, levantamos e continuamos nossa jornada. A trilha começou a subir novamente, desta vez com uma inclinação mais acentuada. O terreno rochoso exigia que prestássemos muita atenção aos nossos passos, e ajudávamos reciprocamente nos trechos mais difíceis.

“Olha, Evelyn, estamos quase lá!” Apontei para o topo da colina, onde a luz do sol brilhava mais intensamente.

Com um último esforço, subimos o trecho final e chegamos ao topo. A vista era deslumbrante. Podíamos ver a nascente do rio jorrando entre as rochas, formando pequenas cascatas que desciam suavemente pela montanha. O som da água era relaxante, e o ar fresco, porém rarefeito, nos tirava um suspiro.

“Uau, é lindo!” Evelyn exclamou, os olhos brilhando de admiração.

“Não acho que vale apena o esforço.” Afirmei. “Vamos descansar aqui um pouco antes de voltarmos.”

Nos sentamos em uma pedra grande e plana, observando a água que fluía. Eu peguei uma folha grande e a coloquei na água, vendo-a flutuar rio abaixo. Evelyn riu e fez o mesmo, acompanhando nossas 'embarcações' improvisadas com os olhos atentos.

“Por que quis tanto vir aqui?” Perguntei, saber o motivo dela ter insistido em vir.

“Quando você disse que mostraria esse lugar para mim, em troca de eu ficar em silêncio, quando você mexeu na bolsa da mamãe, eu não entendi” Ela disse sem completar e desarticulada.

“Nada de mais, eu não queria criar nenhuma desavença, só isso.” Expliquei tentando decifrar, enquanto nós olhávamos a linda nascente.

A nascente à nossa frente era um espetáculo vivo, um ponto de pureza em meio à mata exuberante. A água cristalina brotava silenciosamente entre as fendas das rochas, moldando pequenas cascatas que desciam com delicadeza, esculpindo seu caminho pelas pedras cobertas de musgo verde-escuro. Cada filete de água parecia dançar sob a luz filtrada das árvores, refletindo brilhos prateados que criavam um contraste sutil com a sombra fresca da floresta.

O som do fluxo contínuo era hipnotizante, uma música natural que preenchia o ar com uma calma vibrante. As pequenas quedas d’água produziam uma sinfonia suave ao tocarem as rochas, gerando um ritmo constante que embalava o ambiente. Ao redor, o ar estava impregnado com a umidade refrescante da nascente, misturado ao perfume terroso das folhas molhadas.

Pequenos insetos ziguezagueavam no ar, refletindo a luz em suas asas finas, enquanto aves cantavam ao longe, completando a sinfonia natural que envolvia o ambiente. O solo ao redor da nascente era macio, coberto por uma camada de folhas caídas e ramos quebrados, que exalavam um aroma amadeirado. Pequenas flores silvestres brotavam em cores tímidas, pontuando o verde com toques de amarelo e branco, como se decorassem o caminho que a água traçava em sua descida pela encosta.

Ao pé da nascente, pequenas plantas aquáticas cresciam nas margens, as raízes mergulhadas na água límpida, enquanto samambaias delicadas e flores silvestres brotavam entre as pedras, como se a própria vegetação estivesse em sintonia com o fluxo suave. Insetos sobrevoavam a superfície, suas asas capturando os raios de luz que escapavam pelas copas das árvores, enquanto pássaros pousavam nas margens, bebendo da água antes de alçarem voo novamente.

Me movi em direção à água cristalina e enchi a nossa garrafa, sentido a água fria passar pelos meus dedos e mãos.

“Vamos voltar, foram várias horas até chegar aqui, é importante voltar antes da noite para enxergarmos bem o caminho.” falei, levantando e olhando para o colossal desfiladeiro próximo.

Fui subitamente em direção a ele, como se sentisse uma atração forte pelo mesmo, dei a volta ouvindo os passos da minha 'irmã' até chegar no outro lado. Olhei a paisagem de um planeta lindo e espetacular, um mundo tão belo, pensei, tão misterioso… Cujos cosmos não são banhados por estrelas, onde há lugares em que grandes estruturas remetem a um passado esquecido.

Senti uma pequena mão puxando a minha por trás.

“Isso é perigoso Kiel, a mamãe disse que não devia chegar pertinho.” As palavras me atingiram fracamente.

Continuei de costas olhando para o penhasco, sentindo o frio: não o frio apenas no ambiente físico, mas o emocional.

 Me questionei.

Posso pular daqui e finalmente nunca mais sentir dor, não sentir nada. Seria um acidente, uma triste fatalidade e isso seria culpa dos pais irresponsáveis que deixaram as crianças virem aqui sozinhas ao alto da montanha.

 Completar o ciclo de uma forma que meu medo não pode me impedir, muito menos meu censo de sobrevivência. O definitivo fim, a completude da não existência a minha frente.

Isso seria certo?

Dei um passo a frente, num lugar de extremo risco. Qualquer passo em falso ou passo a frente seria a minha morte.

Distante, a estrutura negra repousava, meus 'pais' provavelmente lá.

Distante, a vila estava monótona e calma.

Distante, o rio seguia seu curso.

Distante, as montanhas circundavam o vale.

Cogitei realizar.

1!

2.

3?

Próxima, a eterna liberdade?






custom banner
Cosmicartswp
Lupusbit

Creator

Comments (0)

See all
Add a comment

Recommendation for you

  • Invisible Boy

    Recommendation

    Invisible Boy

    LGBTQ+ 11.4k likes

  • Touch

    Recommendation

    Touch

    BL 15.5k likes

  • The Last Story

    Recommendation

    The Last Story

    GL 43 likes

  • Blood Moon

    Recommendation

    Blood Moon

    BL 47.6k likes

  • Secunda

    Recommendation

    Secunda

    Romance Fantasy 43.3k likes

  • What Makes a Monster

    Recommendation

    What Makes a Monster

    BL 75.3k likes

  • feeling lucky

    Feeling lucky

    Random series you may like

Heaven In Abyss(pt)
Heaven In Abyss(pt)

1.6k views2 subscribers

E se você tivesse vivido mil vidas sem jamais encontrar a que realmente importava?

Esquecido pelo tempo, perdido entre eras e identidades, uma criatura — outrora temida como um deus — foi condenada a renascer eternamente, pagando por crimes que não lembra ter cometido. Uma punição sem rosto. Um ciclo sem fim.

Até agora.

Numa última existência, ele desperta em um novo mundo: quatro sóis queimam no céu, estrelas não existem, e uma névoa azul cobre os céus como véu de um cosmos oculto. A civilização chegou à beira do espaço, mas o passado permanece mais enigmático que o futuro. Sob a terra, estruturas titânicas de uma raça extinta desafiam a compreensão das espécies vivas. Seus segredos... permanecem intocados. Seus guardiões... acordados.

Kiel carrega fragmentos de memórias que não entende. Vozes, sentimentos, lampejos de uma vida perdida. E enquanto tenta viver como alguém comum — num planeta onde ciência e magia se entrelaçam como nervos — ele se vê cercado por conspirações, guerras frias e os ecos de um destino que talvez nunca tenha escolhido.

Mas o que realmente importa?

Em meio ao caos, entre dilemas morais, promessas esquecidas e o amor de uma nova família, ele precisará descobrir se é possível ser outra pessoa… ou se o passado está apenas espreitando para o despertar de um monstro que se tornará o novo tirano do Paraíso.

Heaven In Abyss é um mergulho filosófico em um universo de mistérios, onde o poder tem um preço — e viver, talvez, seja o maior enigma de todos.

Sem respostas, o que realmente importa?
Essa vida é passageira.
O infinito, inalcançável.
E quanto à morte?
Inevitável.
Subscribe

40 episodes

Espelho atemporal. (2)

Espelho atemporal. (2)

66 views 0 likes 0 comments


Style
More
Like
List
Comment

Prev
Next

Full
Exit
0
0
Prev
Next