O sol se erguia preguiçosamente sobre o vilarejo de Eldoria, tingindo o céu com tons alaranjados. Felipito, de apenas 10 anos, colhia algumas plantas no jardim com sua mãe, Kyalra, enquanto sua irmã gêmea, Elizabeth, treinava a caçar com seu pai, Loghain, nas florestas ao redor do vilarejo.
— Estas ervas são essenciais para nossos remédios, Felipito — explicou Kyalra, enquanto arrancava cuidadosamente uma planta do solo. — Cada uma delas tem um poder único que, quando combinado, pode curar feridas e doenças.
Felipito sorriu de lado, levantando uma sobrancelha.
— Bom saber que nossos problemas podem ser resolvidos por um bando de folhas. Alguma chance de uma delas fazer desaparecer os calos nas mãos? — disse ele, de forma sarcástica.
Kyalra riu, balançando a cabeça.
— Ah, Felipito, seu humor sempre me surpreende. Concentre-se e aprenda. Um dia você pode precisar dessas habilidades.
Enquanto isso, na floresta, Loghain observava atentamente Elizabeth, que segurava um arco com firmeza.
— Lembre-se, Elizabeth, a paciência é a chave para uma boa caçada — disse Loghain, colocando uma mão reconfortante no ombro dela. — Concentre-se e sinta o ambiente ao seu redor.
Elizabeth bufou, impaciente.
— Pai, eu sei. Já treinamos isso um milhão de vezes! — respondeu ela, puxando a corda do arco com força.
Com um movimento rápido, soltou a flecha, que voou pelo ar e atingiu o alvo com precisão.
— Excelente! — exclamou Loghain, orgulhoso. — Você está melhorando a cada dia.
De repente, um som de galhos quebrando chamou a atenção de Loghain. Ele se virou rapidamente, os sentidos em alerta.
— Pai, o que foi isso? — perguntou Elizabeth, com preocupação.
Loghain franziu a testa, tentando identificar a origem do som, mas logo voltou a atenção para Elizabeth.
— Deve ter sido um animal pequeno. Vamos continuar nosso treinamento.
Elizabeth assentiu, mas não conseguiu esconder sua curiosidade. Enquanto caminhavam de volta para casa, o sol começava a se pôr, lançando sombras longas e misteriosas sobre a floresta.
Ao chegarem ao vilarejo, encontraram Kyalra e Felipito já dentro de casa, preparando o jantar. Felipito olhou para a irmã com um sorriso sarcástico.
— E aí, caçadora, pegou algum coelho hoje ou só assustou os esquilos? — brincou ele.
Elizabeth revirou os olhos, irritada.
— Felipito, isso é sério! Temos que trabalhar juntos e parar com essas piadinhas.
— Ah, Elizabeth, só estou tentando manter o humor. Afinal, o que seria de nós sem minhas piadas brilhantes? — respondeu Felipito com um sorriso irônico.
Loghain se aproximou dos dois, percebendo que precisaria intervir.
— Escutem, vocês dois. Sei que gostam de discutir e fazer piadas um com o outro, mas precisamos ser uma equipe agora. — disse Loghain com firmeza.
Antes que pudesse continuar, uma batida forte na porta quebrou o silêncio. Todos se entreolharam, e Loghain foi o primeiro a se levantar, indo até a porta.
Ao abrir, encontrou um homem encapuzado, coberto de feridas e claramente exausto. O homem levantou a cabeça, revelando um rosto conhecido.
— Darius! — exclamou Loghain, chocado.
Darius caiu nos braços de Loghain, respirando com dificuldade. Com uma voz fraca, ele sussurrou:
— Eles sabem... Eles sabem de você... Koujia...
E então, Darius faleceu nos braços de Loghain.
Loghain fechou os olhos de Darius e se levantou com um olhar determinado.
— Pai, o que ele quis dizer com "eles sabem"? — perguntou Felipito, quebrando o silêncio.
Loghain respirou fundo, percebendo que era hora de explicar tudo.
— Darius é um antigo amigo meu, desde a época do exército. Ele veio nos avisar que estamos em perigo. Precisamos ir para Koujia. É lá que encontraremos informações essenciais para entender e enfrentar o que está por vir. Eles sabem de mim, e isso coloca todos nós em perigo. Precisamos dessas informações para nos proteger.
Felipito levantou uma sobrancelha, com um sorriso irônico.
— Sério? E justo quando estava começando a gostar da vida tranquila aqui. O que há em Koujia de tão importante?
Elizabeth, mais energética e preocupada, cruzou os braços.
— E por que nós? Não podemos simplesmente ficar e enfrentar o que quer que seja?
Loghain se aproximou dos filhos, tentando transmitir calma.
— Koujia é onde encontraremos as informações que precisamos para entender e enfrentar o que está por vir. É um passo necessário, apesar dos riscos. Precisamos estar juntos nisso.
Felipito suspirou, colocando as mãos nos bolsos.
— Tudo bem, mas preciso deixar claro que não gosto de surpresas. E, sendo honesto, nós dois juntos em uma missão? Pode ser um desastre esperando para acontecer.
Elizabeth assentiu, concordando com o irmão.
— Ele está certo, pai. Somos muito diferentes. Como isso vai funcionar?
Loghain olhou para os filhos com um olhar de determinação.
— Vocês dois têm habilidades complementares. Felipito, sua calma e inteligência são necessárias. Elizabeth, sua energia e determinação são vitais. Juntos, vocês são uma equipe imbatível. Confio em vocês para protegerem um ao outro e a nossa família.
Elizabeth olhou para Felipito e deu um sorriso tímido.
— Tudo bem, irmão. Vamos tentar não nos matar no processo.
Felipito retribuiu o sorriso.
— Combinado. Vamos mostrar a todos que juntos somos mais fortes.
Kyalra, percebendo a gravidade da situação e a necessidade de proteger a família, tomou uma decisão.
— Loghain, eu ficarei aqui. Alguém precisa cuidar da nossa casa e estar pronta para receber qualquer mensagem ou aviso. Além disso, se algo acontecer, estarei aqui para ajudar.
Loghain assentiu, respeitando a decisão da esposa.
— Entendo, Kyalra. Cuide-se e fique segura. Voltaremos o mais rápido possível.
Com determinação renovada, Loghain e seus filhos partiram de Eldoria, deixando para trás o que restava de sua vida pacífica. A jornada para o vilarejo de Koujia estava apenas começando, trazendo consigo promessas de enfrentar e superar os desafios do passado com a força de uma família unida.
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