Alan ria de alguma coisa que Ben havia dito que in-felizmente não conseguia se lembrar, eles estavam a cami-nho do consultório de seu primo, tinha se passado uma semana desde que Alan encontrara Ben na praça perto de sua casa, sem ter consciência do perigo que poderia correr levou-o para casa prometendo que o ajudaria.
− Não falei nada demais – Afirmara B injuriado por Alan sempre rir do que falava.
− Até parece – Alan se ajeita no banco do Uber − Você solta cada perola.
− Mas dessa vez só falei a verdade. – Agora o pro-fessor teria que concordar com o homem que estava ao seu lado.
− Hmm, sei tá.
− É verdade ou ele não parece o Leôncio do pica-pau.
Alan cai na risada de novo.
− Você é terrível.
− Sou nada – Ben conclui rindo.
A verdade era que o homem os fazia se lembrar do personagem do desenho, e ele realmente era parecido.
O carro parou em frente a uma clínica medica fa-zendo os dois palhaços, se assim podemos dizer, param de conversar.
− Quem é vivo sempre aparece – Marcus diz ao ver que a pessoa que entrava em seu consultório se tratava de seu primo – No que posso ajudar vocês?
Marcus ainda estava igual da última vez em que Alan o encontrou, seus cabelos continuavam negros, sua pele branca se destacava, e seus olhos azuis, que puxara de sua mãe, agora havia um brilho diferente, parecia que enfim Marcus estava feliz, o que era surpreendente para Alan que sempre viu o primo triste, preso em uma solidão que ele não conseguia entender.
− O Ben... – Alan começou a dizer mas não conse-guiu terminar, não sabia o que dizer.
− Eu acordei em uma casa abandonada, com uma ferida na minha cabeça e não me lembro de nada da mi-nha vida, nome, onde moro, nada – Ao dizer o que se pas-sava Marcus digitava as queixas do paciente no computa-dor.
Alan observava tudo o que acontecia a sua frente e sabia que uma ora ou outra seu primo iria querer conver-sar com ele a sós. O problema nem era esse, era dizer que ele não estava mais com Cauã, pois sabia que Marcus o iria questionar.
− Pelo que me disse pode ter sido causada uma con-cussão onde você recebeu a pancada, mas para confirmar irei pedir uma ultrassonografia para ter certeza. − Mar-cus diz entregando a Ben o papel do pedido – Posso con-versar com você um minuto Alan?
− Pode sim – Alan disse acanhado.
B saiu da sala dizendo que o esperaria do lado de fora.
− Agora desembucha que eu sei que você está se matando de curiosidade.
− Não é pra tanto Alan...
− É sim, que sei...
− Ok! Vou lhe perguntar só uma vez, já que o se-nhorzinho não quer me ouvir
− Anda logo que não tenho o dia inteiro
− Nossa que porre que você está hoje – Marcus disse olhando no fundo dos olhos de Alan tentando ver o que de errado estava acontecendo com seu primo, que por toda a vida fora pacato e nunca em hipótese alguma de-monstrava sua raiva – O que aconteceu com o Cauã?
Alan o olha com perplexidade, realmente seu primo achava que ele justo ele tenha feito alguma coisa contra aquele excremento de pessoa, respirando fundo, contando ate dez o professor deixou a resposta sair com uma natu-ralidade que o mesmo acreditara ser verdadeira.
− Não aconteceu nada
Marcus o olhou como se um ser horrendo estivesse a sua frente planejando devorá-lo. Com toda certeza seu primo não acreditou muito na sua verdade não tão verda-deira assim.
− Tenta outra que esta não está colando.
Alan se ajeitou na cadeira em que estava sentado, sentia um incomodo, ele não queria contar para Marcus que sua vida dita “perfeita” havia se virado de cabeça pa-ra baixo, e que ele nem sequer tinha se dado tempo para processar tudo o que ocorrera com ele nas últimas duas semanas.
− Ainda estou esperando... – Marcus sabia que não deveria estar sendo tão incisivo, sabia que tinha que dar tempo para Alan dizer no tempo dele, mas ele tinha que ter certeza que o professor estava bem e não corria perigo, o que não era o caso.
− A verdade é que eu expulsei Cauã da minha casa, eu enfim me dei conta de quão mal ele me fazia e decidi por um fim no meu casamento.
Marcus não esperava tal atitude de seu primo, o que o fez abrir a boca em um o chocado com a declaração de Alan.
− E agora pelo que me parece ele nos desistiu de me ter como seu marido e mandou um sequestrador pé de chinelo para me sequestrar...
− O que ele fez? Você foi a polícia. Tomou alguma medida contra isso – Marcus o interrompeu de tanta preo-cupação.
Alan abaixou a cabeça arrependido por não ter tomado nenhuma medida contra isso. As lágrimas que Alan pensou que não iria mais derramar por esse filho de uma puta toxico escorrem por sua face pingando em suas mãos entrelaçadas estre si que estavam pousadas em seu colo.
Sim, o professor estava abalado com tudo que esta-va acontecendo nos últimos tempos, sua vida que anteri-ormente era pacata, hoje, se tornou um verdadeiro filme de drama com ação.
Alan começa a rir feito doido o que deixa Marcus mais preocupado do que já estava. “O que estava aconte-cendo com meu primo?” Essa pergunta rondava os seus pensamentos. O médico não imaginou que ter tocado neste assunto o deixaria tão fragilizado como estava, nunca pre-senciara seu primo triste, muito menos chorando e rindo de desespero como ele se encontrava.
Sem saber o que fazer e como reagir a tal situação Marcus se levantou da cadeira e abraçou seu primo, sus-surrava palavras tranquilizadoras, realmente não sabia como proceder, mas felizmente pensou rápido e agiu como queria ser tratado se chegasse em um estado de crise emo-cional.
Uma batida na porta soou e Marcus perguntou quem estava ali, Ben disse que ouviu choro e queria saber como Alan estava, Marcus percebendo a preocupação de Ben com Alan se tranquilizou.
− Depois conversamos Alan.
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