Depois de me derrubar, a mulher rapidamente pediu desculpas, seus olhos marejados refletindo uma expressão de arrependimento sincero. Enquanto ela tentava explicar, eu senti uma mistura de emoções inundando meu peito: medo, confusão e uma pontada de compaixão.
"Sinto muito, Violet," suas palavras eram quase sussurros, carregadas de angústia. "Eu não queria te assustar. Eu só... precisamos muito de você, Violet... é nossa última chance."
Seu olhar suplicante encontrou o meu, revelando a vulnerabilidade por trás da máscara de determinação. Por um momento, fiquei sem palavras, lutando para processar o que tinha acabado de acontecer. Mas ao ver a sinceridade em seus olhos, uma sensação de calma começou a infiltrar-se no meu ser.
"Está tudo bem," murmurei, minha voz suave e tranquilizadora. "Foi só um susto, não se preocupe."
Enquanto eu tentava me recompor, a mulher permaneceu ao meu lado, sua presença calma trazendo algum alívio ao turbilhão de emoções que me envolvia. Era como se, apesar de toda a confusão ao nosso redor, houvesse um tipo de entendimento mútuo estabelecido entre nós, ambas conscientes de que carregávamos algum tipo de medo e confusão.
"Entenda, Violet," ela começou, sua voz trêmula com o peso da emoção. "Estamos cansados de perdas, de lutas sem esperança de vitória. Cada queda, cada sacrifício, deixou cicatrizes profundas em nossos corações. Mas não podemos mais nos dar ao luxo de sofrer mais perdas, não agora. Esta é nossa última chance de fazer a diferença, de proteger o que há de mais precioso para nós. Se não agirmos agora, se não lutarmos até o último suspiro, a cidade e todos nós vamos desmoronar, afundar na escuridão do desespero."
Ela fez uma pausa por um momento, procurando nas profundezas de sua alma as palavras que expressassem toda a urgência e magnitude da situação. Seus olhos marejados encontraram os meus, transmitindo uma angústia que ecoava em meu próprio ser.
"Não estamos lutando apenas por nós mesmos, Violet," ela continuou, sua voz ecoando com uma mistura de determinação e fragilidade. "Estamos lutando por aqueles que amamos, por aqueles que perderam a esperança, por aqueles que não têm voz. Precisamos de você, Violet. Desesperadamente."
Diante das palavras emocionadas da mulher, um sentimento avassalador de responsabilidade e dever tomou conta de mim. Era como se um peso gigantesco se assentasse sobre meus ombros, pressionando-me com a gravidade da situação.
Por um momento, senti-me paralisada, incapaz de articular uma resposta diante da magnitude do que estava sendo pedido. A ideia de ser a última esperança deles, a única barreira entre a comunidade e o abismo da perdição, era esmagadora.
No meio daquela conversa, algo se acendeu dentro de mim, um estranho sentimento de ser verdadeiramente necessária, de realmente poder fazer algo que importasse. Era como se, pela primeira vez em toda a angústia e desespero, alguém estivesse olhando para mim e dizendo: "Você pode fazer a diferença."
Era como se eu estivesse finalmente emergindo das trevas e vendo um raio de luz. Por tanto tempo, senti-me impotente, como se meus braços estivessem amarrados pela cidade cruel em que vivemos. Mas agora, havia uma oportunidade real de mudança, uma chance de fazer algo significativo.
Mesmo com todas as dúvidas e incertezas pairando sobre mim, quando olhei nos olhos daquela mulher, senti uma faísca de determinação acender-se dentro de mim. Eu queria ver aonde isso nos levaria. Eu queria fazer a diferença.
Respirei fundo, reunindo toda a coragem que consegui, e olhei nos olhos da mulher. "Eu estou dentro," murmurei, minha voz trêmula, mas firme. "Vamos fazer o que for preciso para proteger nossa comunidade. Mas... há também minha irmã, Zoey. Se algo acontecer comigo, ela ficará sozinha."
Com um sorriso tranquilizador, ela se levantou e estendeu a mão para mim. "Eu disse que não podemos nos dar ao luxo de perder mais ninguém. Vamos te levar de volta para sua irmã." Sua voz era suave, mas carregava uma determinação inabalável.
"Meu nome é Jade, a propósito."
No início, hesitei, ponderando o que isso significava para mim e para minha irmã. Mas, após um momento de reflexão, percebi que não podia deixar essa oportunidade escapar.
"Violet, Violet Valentine," respondi, aceitando a mão de Jade. "Embora, acho que você já sabia disso."
Ao pronunciar meu nome, um turbilhão de emoções percorreu meu ser. Uma parte de mim sentia um leve entusiasmo pelo desconhecido, enquanto outra estava cheia de dúvidas e medo.
Num pensamento rápido, como uma linha de diálogo interna, veio a realização: "Por algum motivo, sinto que estou prestes a fazer a maior besteira da minha vida."
Apesar dessa incerteza latente, não pude deixar de esboçar um sorriso para Jade.
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