"Precisamos ir," disse Jade, interrompendo meus pensamentos enquanto ela se aproximava da porta. "O resto do grupo nos espera."
Ela caminhou até a porta, e eu a segui, ainda com a sensação de que a realidade estava um pouco desfocada. Jade abriu a porta com um movimento decidido e, antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa, ela a fechou atrás de nós com um estalo firme. O som da porta se fechando parecia um lembrete de que estávamos prestes a deixar a segurança temporária do quarto para enfrentar algo muito maior.
O corredor à nossa frente era uma longa extensão de escuridão e cimento, iluminado apenas pelas luzes de emergência que piscavam intermitentemente. O chão estava coberto por uma camada de sujeira e poeira, e o ambiente parecia tão labiríntico quanto o próprio metrô que eu conhecia.
Enquanto caminhávamos pelos corredores escuros e labirínticos, a pergunta martelava na minha cabeça: Quanto tempo será que eu dormi? A noção de tempo parecia distorcida, e a urgência no ar me fazia sentir como se cada segundo fosse precioso.
Jade liderava com segurança, seu olhar atento vasculhava cada canto, como se cada sombra pudesse esconder um novo perigo. Atravessamos um corredor estreito, iluminado apenas pelas luzes de emergência que piscavam ocasionalmente, lançando uma luz intermitente sobre as paredes grafitadas e cobertas de sujeira.
"Quanto tempo será que passei dormindo?" murmurei para Jade, sentindo a inquietação crescer. Logo então, minha barriga roncou alto, fazendo com que eu me sentisse um pouco constrangida.
Jade olhou para mim e deu um pequeno sorriso. "Parece que a resposta para essa pergunta pode ser ‘bastante’," brincou. "Vamos tentar não fazer muito barulho e nos apressar para a reunião. Depois eu faço algo para você e essa barriga barulhenta."
Viramos um canto e encontramos um pequeno grupo reunido perto de uma porta de metal enferrujada. Eles estavam em um espaço despojado, cheio de equipamentos e caixas espalhadas. Suas expressões eram uma mistura de cansaço e determinação, cada um carregando suas próprias marcas do tempo e da luta.
Jade fez uma breve apresentação. "Essa é Violet," disse, atraindo a atenção do grupo. "Ela decidiu nos ajudar."
Um homem alto e musculoso se adiantou. Marcus é um homem branco, tinha uma presença imponente, com seus braços musculosos, sua barba volumosa e sua careca brilhante Seu rosto tinha uma cicatriz que cruzava a sobrancelha direita, um lembrete constante das dificuldades enfrentadas. "Eu sou Marcus," disse ele, com um tom grave. "Prazer em conhecer você, Violet. Estávamos com medo da forma com que o Phoenix te buscou tenha te afugentado."
Ao seu lado, uma mulher de cabelos compridos e loiros, com olhos azuis intensos, se aproximou. Lena era uma figura de confiança, com uma cicatriz no pescoço que parecia um corte profundo. Seus braços eram próteses cibernéticas azuis, com desenhos de um dragão japonês, tipicos das próteses clandestinas vendidas pela White Lotus. Ela mantinha uma expressão séria, sem esboçar um sorriso. "Sou Lena," ela disse com um tom firme. "É bom ter você conosco."
Próximo a ela, um jovem de aparência frágil, mas com olhos alertas, se apresentou. Tom tinha um ar um pouco nervoso, seus óculos estavam equipados com um visor cibernético que piscava ocasionalmente. "Eu sou Tom," disse ele, ajustando os óculos no nariz. "Preciso fazer uma análise dos dados da Biotech, se for possível."
Mais um membro do grupo chamou minha atenção. Maya estava com uma máscara de metal que cobria o seu rosto, tinha um formato de coelho, complementada por um capuz que escondia seu cabelo curto e preto. Ela se aproximou, e sua presença era marcada por um ar de confiança que não podia ser ignorado, com uma jaqueta corta-vento preta manchada por tinta em spray de várias cores..
"Eu sou Maya," disse ela com um tom que misturava firmeza e simpatia. "Vamos fazer a diferença juntos."
Marcus olhou para Maya com uma expressão séria e balançou a cabeça. "Maya, tira essa máscara antes da reunião," ordenou ele, batendo levemente na cabeça dela. "A reunião vai começar e precisamos ver todos os rostos."
Maya fez uma careta de dor e então sorriu para mim, como se a dor fosse uma pequena inconveniência. "Ai, Marcus! Tá bom, tá bom!" Ela retirou a máscara com um gesto fluido, revelando uma mulher asiática com olhos cegos, sem a menor expressão de ressentimento. Seu cabelo preto e curto caía suavemente ao redor de seu rosto, acentuando ainda mais sua aparência enigmática.
"Violet, olá," Maya disse com um sorriso genuíno. "Não se preocupe com isso. Espero que possamos trabalhar bem juntas."
Olhei para Maya, sentindo uma mistura de surpresa e admiração. "É bom te conhecer, Maya," respondi, tentando esconder a inquietação que ainda me assombrava. "Estou aqui para ajudar no que for necessário."
Antes que Maya pudesse responder, um barulho ao fundo chamou nossa atenção. Bryan e Phoenix entraram no corredor, Bryan com um sorriso largo e um ar despreocupado. "Bom dia, meus pequenos!" ele exclamou, batendo palmas e fazendo uma reverência exagerada. "Espero que estejam prontos para uma reunião emocionante!"
Phoenix veio logo atrás dele, com uma expressão severa e um olhar crítico. Seu olhar fixou-se em mim, avaliando-me com uma mistura de curiosidade e desconfiança. Seu braço estava coberto de faixas e manchas de sangue, o que indicava que ele tinha passado por alguns confrontos recentes. O contraste entre Bryan e Phoenix era marcante, com Bryan irradiando uma energia quase contagiante e Phoenix mantendo uma postura rígida e controlada.
O clima no corredor estava carregado de uma nova tensão, com Bryan tentando descontrair a situação e Phoenix acrescentando um toque de formalidade e pressão. O grupo parecia estar se preparando para algo grande, e eu estava prestes a fazer parte desse momento crucial.
Com um suspiro profundo, senti a tensão em meus ombros aliviar-se um pouco. Havia algo reconfortante na presença de Jade e no apoio dos outros. Estava entrando em um mundo desconhecido, mas com a promessa de um propósito maior.
Bryan sorriu para o grupo e fez um gesto para a porta de metal. "Vamos lá, pessoal. A reunião nos espera."
Todos responderam de alguma forma, com acenos de cabeça, murmúrios de concordância ou sorrisos. Lentamente, cada um deles começou a entrar na sala, passando pela porta de metal que Bryan havia aberto.
Quando todos estavam dentro, Jade deu um passo à frente, parando na entrada da sala. Ela olhou para trás, fixando seu olhar em mim com um olhar de tranquilidade. "Vai ficar tudo bem," disse ela, tentando confortar-me com suas palavras.
Então tomei coragem e dei o próximo passo.
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