Shin está assustado, sente sua respiração acelerada e seu coração batendo descompassado, o que ele acabou de fazer? ficou ecoando na sua cabeça, mesmo depois que tirou a mão rapidamente do cadáver conseguia sentir algo como se fosse uma ardência e formigamento em partes de seu corpo. Shin se encolheu ainda mais observando que ninguém além dele pareceu notar, essa visão foi como se ele estivesse lá, naquele momento, a sensação foi equivalente a mesma de quando foi capturado, isso quer dizer… Foi usado os mesmos métodos, mas não parecia as mesmas pessoas. O formigamento era forte nas pernas e na lombar. Rapidamente Shin tirou suas luvas e as descartou, se afastou do cadáver mandando que terminassem logo os procedimentos, bastava olhar em volta com toda a atenção, se não o levasse para o legista logo ficaria impossível manejar esse corpo antes que ele exploda.
Já distante vendo todos trabalharem o mais rápido possível para retirar o corpo sem o danificar, Shin pegou Lúcifer pelo pulso e o arrastou para longe, eles estavam na beira de um rio poucos metros a uma ponte, pela época do ano a água estava baixa o que mostrava uma passarela de cascalho puro entre um acostamento verdejante pela grama, Shin soltou Lúcifer somente depois de chegar embaixo da ponte sendo coberto por uma das colunas de sustentação.
_ Ok... O que aconteceu agora pouco comigo? Toquei no cadáver e tive um tipo de visão, sei lá… O que era aquilo? _ Shin não sabia explicar e nem a correlação contudo a culpa do ocorrido só poderia ser da única criatura mística que o rodeia, não poderia dizer que é a solução mais lógica, até porque não existia nem lógica nisso desde o começo.
_ O certo, efeito colateral da nossa ligação, compartilhamos algumas habilidades como essa, geralmente uso isso para ver as mortes mais engraçadas, uma vez um idiota morreu depois de se jogar contra uma janela para provar que ela era resistente, a janela até que era, mas ele não.
_ Então agora posso ver como as pessoas morreram? Quais outras habilidades tenho?
_ Boa pergunta, não sei responder, sou o capeta não a mãe Dina. _ Falou Lúcifer comendo um salgadinho que Bern tinha lhe dado.
_ O que é isso? Você disse que não come comida humana!
_ Ao contrário de vocês, não preciso, por isso não como, não quer dizer que odeio, porém a comida que eu queria mesmo era ta comendo CUscuz! _ Lúcifer faz um olhar safado para Shin que fica morrendo de vergonha, alguem pode ouvir, por sorte não tinha ninguém perto, até quando essa tortura iria durar? Ele perguntou.
Shin vira os olhos e vai até Janaína, eles conversam um pouco e logo Shin está de volta no carro indo em direção ao apartamento junto com Lúcifer, Bern resolveu seguir para a delegacia e fazer os relatórios junto com a equipe florence.
_ Haaa, só estou aqui há um dia e já não suporto mais esse lugar! _ Vociferou Lúcifer se jogando no sofá de Shin. _ Hey vamos transar? Preciso de um mínimo de emoção pelo menos.
_ Não! Assista televisão, preciso pensar. _ As últimas horas foram turbulentas demais, são coisas demais a se pensar, sua quase morte, contrato com um demônio, a volta de mortes sinalizando uma possível multiplicação dessas células religiosas e por fim os poderes que ele pode ter por conta do pacto.
Lúcifer saiu do sofá e sem que Shin pudesse lhe ver ou ouvir, falou bem no ouvido dele em um tom doce e sedutor.
_ Vem pensar quicando na minha rola, vêm... _ Lúcifer encoxa Shin por trás com força, lhe deixando sentir toda a grandiosidade rígida escondida em uma fina bermuda.
_ Você só pensa nisso?
_ Não exatamente, mas é o que tem de mais interessante no momento.
_ Sai, chega! _ Lúcifer usa sua malícia, pega Shin e pressiona seus mamilos com os dedos, ainda se encontram muito sensíveis pela noite passada, um gemido sai involuntariamente, com um golpe surpresa Shin desfere uma cotovelada na cara de Lúcifer, escapa de seu abraço e se abaixa, dá uma rasteira e o imobiliza colocando seus pés em suas costas e os braços dele para trás. _ Vou te encher de cacete se você não sossegar o faixo.
_ Olha ai, gostei da ideia ainda mais de encher de cacete! _ Um rosto pervertido olhando nos olhos de Shin, aquele demônio falocêntrico está testando os limites da paciência.
_ Que? Nera ativo?
_ Sou rei do inferno, meu amor dá o cu é o de menos, qualquer coisa abaixo do que geralmente vivo é novidade, o que é um peidinho pra quem já tá cagado!? _ Shin o solta, está cansado, mal tinha cabeça para nada, ele se levanta e sai do chão, caminha até a sala na sua frente e se joga no sofá. _ O que foi não vai me comer não!?
_ Por favor, me deixe em paz por um minuto! _ As mãos de Shin cobriam seu rosto, a escuridão feita pelos olhos fechados evidenciaram ainda mais partes de seu corpo doloridas, misturando tanto do que viveu não a muito tempo, quanto da visão.
Shin odeia revelar isso para alguém, mas não podia mais suportar, quando finalmente achou que havia conseguido acabar com todos aqueles assassinatos horríveis, outro simplesmente aparece, aquele garoto tinha apenas 22 anos, tinha tanto para viver, sua família, sua mãe todos que o amavam, lhe perderam, e o mais importante, Shin poderia estar no lugar dele… Shin agora esconde se usando as mãos para Lúcifer não notar, sua frustração, tristeza e medo, porém o rei do inferno conhecia sobre sofrimento melhor do que ninguém, trabalhar com isso é como chamam: “ossos do ofício”.
Lúcifer poderia ser um demônio, mas nem ele ousava interromper um momento como esse, aquela situação era a coisa mais entediante que já viveu, por respeito, não mexeu com Shin o resto do dia e nem a noite.
Comments (0)
See all