Bern se aproxima de Shin, sua expressão séria comprova o que suspeitavam, aquele garoto foi morto pela seita, soltando um suspiro ao colocar todos os papeis da autopsia em cima da mesa para Shin os analisar minuciosamente.
_ Não aparenta que ele tinha alguma coisa, doenças circulares, crônicas ou alguma condição física debilitante que poderia espelhar no corpo, fora a péssima alimentação. _ Shin lia cada parágrafo do laudo e analisa as imagens. _ Tem alguma coisa sobre os resultados laboratoriais?
_ Infelizmente ainda não, o laboratório está tentando decifrar a substância que eles usam e se bate com a amostra que tiramos de você. _ Bern diz se afastando da mesa indo para o quadro de Shin e olhando novamente os desenhos e anotações que tinha feito. _ Esse caso não poderia estar mais longe de acabar.
_ Ele falando assim nem parece a vadia safada, sempre me olha como se fosse me devorar vivo! _ Sussurrou Lúcifer se aproximando sorrateiramente do ouvido de Shin que se arrepiou todo, mesmo tentando se conter.
_ O que aconteceu, Shin? Parece que viu um fantasma. _ Bern nota um certo desconforto vindo de Shin, seu olhar está arregalado como se tivesse levado um susto.
_ Tá mais para demônios, mas assim que sair o exame toxicológico me avise, estou de saída para a entrevista, qualquer novidade no caso, me ligue. _ Shin não poderia permanecer muito tempo ali, por mais que apenas ele tenha consciência da presença de Lúcifer, o demônio está balançando a bunda bem na frente de Bern que por sua vez olhava confuso com a pressa súbita de Shin.
_ Que cheiro é esse!? Alguém peidou? Credo! ta podre. _ Bern sacudia a mão loucamente e assim que deu o primeiro passo para sair da sala, caiu sobre o chão com seus cadarços amarrados, ele ficou alguns segundos sem entender nada antes de sair da sala.
Shin caminhava quase correndo, precisava chegar logo até o estacionamento do departamento, antes de Lúcifer tentar outra gracinha e acabar sendo demitido.
_ Você não cansa de me perseguir não!? _ Perguntou Shin há Lúcifer assim que viu não ter ninguém para testemunhá- lo falando sozinho.
_ Lembre, é por sua culpa que estou aqui, seu pedido é específico, sou obrigado a te proteger e ajudar. _ Respondeu o Demônio dando de ombros, seguiu Shin até sua moto e montou na garupa.
As horas pareciam passar voando enquanto Shin treinava tudo que iria falar em seu discurso sobre o caso, contudo no meio do discurso gagueja por lembrar das fichas ainda tentando se forçar a ver o que está deixando passar.
Assim que começou a comitiva, seu nome foi citado e ele se obrigou a subir no púlpito, o clarão de algumas fotos sendo tiradas assim que ficou visível para a enorme plateia composta por repórteres de televisão e jornais locais, o cegou momentaneamente, o microfone de todos apontavam para sua direção, da mesma forma toda a atenção. Como esperado a entrevista sem muitos alardes, Alguns repórteres perguntaram sobre o corpo que encontraram recentemente perto da ponte, porém foram logo silenciados com a interrupção de Bern que lhes lembra sobre o verdadeiro motivo da coletiva “prisão da seita de magnatas locais”.
Lúcifer por outro lado, enquanto Shin respondia perguntas tentando ser o mais sucinto e moderado, o demônio se divertia invisível fazendo com que alguns repórteres fiquem furiosos com várias falhas “técnicas”, Shin tinha que manter a postura enquanto expunha dados sobre a investigação, sua maior vontade é jogar um microfone naquele diabo, ao invés de se preocupar em não parecer olhar para um ponto vazio e ser colocado como louco, precisou respirar fundo sempre que podia entre seu discurso, ao finalmente acabar, Shin desejou tanto deixar Lúcifer para trás, contudo ainda que acelere ao máximo o demônio consegue pular em sua garupa antes de sair do lugar.
Sobre o manto do fim de tarde as luzes da cidade acendiam, formando um show de luzes, no horizonte, Lúcifer ficou contemplado aquele espetáculo pelo caminho, para ele é incrível como os humanos podem fazer coisas tão belas e serem tão cuzões ao mesmo tempo. Shin já tinha se acostumado a não ligar para algo tão banal quanto as luzes, paineis e outdoors animados, mas a presença de Lúcifer lhe mantém alerta e tenso na espera de o demônio tentar alguma coisa.
No apartamento Lúcifer notou papeis na pequena mesa de centro da sala, as colocou para o lado deixando que caísse algumas folhas no chão, tudo para poder usar a mesa como apoio de pés, Shin pegou os papeis assim que os viu, soltou um suspiro enquanto os recolhe do chão e os coloca junto com seu notebook no balcão que separava a sala da cozinha. Os papeis se tratavam de alguns depoimentos de pessoas próximas às vítimas ou que tiveram contato antes da hora estimada da morte.
De todos os depoimentos que Bern deixou em seu apartamento, apenas três pareciam realmente relevantes, mas não traziam nem uma resposta, fora que pertenciam a investigação de vítimas diferentes:
No caso de uma adolescente que já era mãe de uma criança de três anos, a vendedora de um mercadinho não muito longe de onde o corpo foi encontrado, alegando ter vendido um maço de cigarros para a vítima. A mulher alegou que a mesma utilizava uma identidade falsa dizendo que tinha vinte e quatro anos, pelas câmeras do estabelecimento foi confirmado a versão da vendedora com o evento sendo a poucas horas antes da morte, nas imagens do lado de fora foi possível ver um carro em que a mesma entrou após sair do estabelecimento, contudo sua placa estava coberta e irreconhecível.
Em outro caso, onde a vítima é um homem de trinta anos, uma testemunha foi ouvida alegando ter o visto normalmente durante o dia, contudo sua expressão estava diferente do normal, descreveu como abatido, costumam trocar formalidades, entretanto nunca tiveram um diálogo propriamente dito. A testemunha acrescentou ser normal se encontrar religiosamente nos mesmos horários semanalmente, sendo o dia do seu desaparecimento um dia de culto em sua igreja, usualmente sempre encontrando com a testemunha que fazia sua caminhada noturna, a vítima nesse horário aparecia vestindo de roupa social e com uma bíblia embaixo do braço, contudo não foi avistado.
O último relato realmente relevante se tratava de uma amiga da penúltima vítima encontrada, elas moravam juntas desde que foram rejeitadas por suas famílias, em questão tanto a testemunha e a vítima são garotas de programa, também se identificam como garotas transsexuais, ela relata quase não ter conseguido reconhecer se não fosse a tatuagem que a vítima carregava no pescoço, pois quando foi encontrada teve seu corpo violado para voltar a aparentar ser um homem. O crime parecia não correlacionar com as outras mortes inicialmente, mas vários pontos de mutilação fora da violação da identidade de gênero se encontravam semelhantes às outras vítimas. A amiga da vítima conta sobre um cliente novo que apareceu na região, ele inicialmente queria as duas, mas ela já se encontrava em outro atendimento, ele simplesmente saiu com ela e não foi mais vista. Após relatar sobre o ocorrido na noite, foi questionada se o cliente voltou e ela negou.
Muitas coisas não fazem sentido, nem um deles tinha algum desentendimento com ninguém e nem ao menos se conheciam, Shin já havia lido cada ficha milhares de vezes e não reconhecia um padrão óbvio.
_ Até quando vai ficar olhando esses papeis? Por que você está tão empenhado nesta causa perdida? _ Lúcifer lhe grita do sofá.
_ Já conversamos sobre isso, estou aqui para procurar justiça por essas pessoas!
_ Não, existe algo mais, Seus olhos dizem isso! _ Shin levanta a sobrancelha em um sinal de dúvida, eles nem mesmo estavam em contato visual para ele ter essa observação.
_ Desde quando você me conhece? Não sabe nada de mim! _ Shin revirou os olhos voltando sua atenção para os textos. _ Você nem teria como saber, já que a única coisa que pensa é em sexo.
_ Se engana humano, estou vivo há muito tempo, já conheci entidades lendárias e apesar de não parecer já te analisei completamente, em comparação a eles, sua atuação para tentar disfarçar o que realmente sente por essas pessoas só torna você um ser ainda mais patético.
_ Falou o Rei dos demônios largado no sofá de um humano "patético".
_ Touché! você também foi expulso da sua casa, não foi? Não cheguei a ler todos, ainda que percebi, suas famílias os exilaram.
_ Como chegou a essa conclusão, Sherlock Demons?
_ Basta olhar sua casa. Cortou qualquer ligação com sua família, tanto que não existe nem uma foto ou algo que remeta a eles, talvez por eu ser imortal, tirar fotos ou guardar lembranças de alguém não faça sentido, vocês humanos se cobrem de trabalho para guardar recordações de momentos e pessoas, pois sabem como o tempo é finito para todos, quando não há esse tipo de futilidade emocional não é difícil ver que tenta cobrir esse buraco ficando ocupado com tudo a sua volta como bens materiais ou trabalho, tudo isso para conseguir conter suas verdadeiras emoções enquanto a esconde. _ Lúcifer brinca com os canais de televisão ficando indo e voltando de um canal a outro.
_ Isso não é da sua conta!_ Obviamente Shin se viu transtornado com o que acabou de ouvir, Lúcifer acertou em cheio sua ferida.
_ Ok, ok... mas a fome que estou sentindo é da sua conta. _ Lúcifer falou indo para cima de Shin.
Shin percebe a tempo o movimento e antes que o demônio consiga avançar por trás dele, pega uma das maçãs que está em uma cesta de frutas na ponta do balcão e a enfia na boca de Lúcifer.
_ Toma aqui, agora seja um bom demoniozinho volta pra debaixo da cama vai! Papai aqui precisa trabalhar. _ Lúcifer apenas cuspiu a maçã fora, pegou o braço de Shin que esta dando tapinhas em sua cabeça e puxou para si.
_ Sabe, odeio maçãs, elas me fazem lembrar de coisas do passado.
_ Adão e Eva? Então realmente foi você?
_ Lógico, mas a maçã não foi a única coisa que foi comida naquela época! Nem agora! _ Lúcifer falou soltando uma risada maléfica e dando um olhar faminto para Shin.
O arrepio subiu pela espinha de Shin como se fosse uma cobra sorrateira dando seu bote, ele sabia que não poderia resistir aquilo e em breve perderia até a consciência sobre si mesmo, se vendo sem saída apenas se entregou, não houve resistência, ele conseguia sentia seu interior se mexer e reagir ao toque de Lúcifer como a primeira vez.
_ Odeio hamm... Como você me tem na sua mão... Arg... _ Shin se sente impotente e completamente excitado, a língua de Lúcifer percorria a parte de trás do seu pescoço enquanto suas mão encontravam caminho por baixo de sua roupa até seus mamilos o fazendo arrepiar.
_ Pois eu adoro! _ Lúcifer aperta sobre seus dedos o mamilo de Shin que solta um gemido enquanto joga sua cabeça para trás e ficando contra o peito do demônio, Shin se encontra em uma excitação que chegava a doer.
O interior de Shin grita para ser explorado e quanto mais Lúcifer o toca, mais urgente fica esse sentimento dentro de si... No entanto, sem aviso prévio ou motivo, Lúcifer se afasta deixando Shin excitado e completamente desolado ofegante de forma patética.
Comments (0)
See all