Shin olha para Lúcifer com sua expressão vitoriosa, enquanto ele se encontra pateticamente excitado e havia se entregado tão vergonhosamente a ele, precisou de tempo até conseguir voltar a si e perceber que está sendo observado com deboche, seu corpo transborda luxúria e desejo, Shin odeia aquela situação, juntou o pouco de força e dignidade que ainda resta dentro de si e correu para o banheiro trancando a porta.
Shin dentro do banheiro hiperventila enquanto na sua cabeça so conseguia gritar internamente “Lúcifer idiota, por que ele faz isso comigo? Obviamente ele só me provocou para me atazanar”. Shin queria chorar e de fato suas lágrimas estavam presas em seus olhos, em uma tentativa de mantê-las sobre controle, olha em direção ao chuveiro e decide tomar banho frio para se acalmar.
Talvez a água fria ou o fato de procurar meios de esquecer as sensações que Lúcifer deixou queimando em sua pele, começaram a fazer sentido... “As vítimas tinham algo em comum, no caso um “pecado”, uma travesti, outra era adolescente mãe solteira... Até o pecado do fiel que mantinha em segredo uma relação com o filho do pastor… Sempre são pessoas que praticam sodomias, mas não faz sentido isso... A não ser que eles não sejam satanistas, e sim um culto cristão extremista!”
A mente de Shin aos poucos começa a relacionar cada um dos crimes, por mais que tentasse olhar outros fatores, no final de seu raciocínio caia na mesma conclusão.
_ Filhos da puta! _ Shin saiu rapidamente do chuveiro, mal se enrolou em alguma toalha e foi de encontro ao seu telefone ligar para Bern, deixando uma trilha molhada e uma figura demoníaca confusa vendo ele naquela situação.
Antes mesmo de destravar seu celular com as mãos molhadas ele nota inúmeras ligações de Bern e lembra da entrevista, Shin colocou seu celular no silencioso e esqueceu de desligar, somente agora viu todas as mensagens.
" Shin, me retorne o mais rápido possível."
" Shin, precisamos de você aqui rápido"
Shin nem terminou de ler as mensagens e ligou para Bern que nem esperou a segunda chamada para atender e apenas pela sua respiração conseguir sentir sua frustração e raiva.
_ O que aconteceu? _ Shin deixa escapar um tom preocupado.
_ Todos morreram, Shin, todos os acusados do ritual morreram!
Shin sente o frio percorrer seu corpo, saindo de sua espinha e fluindo por cada extremidade. Ao olhar suas mão vê que está tremendo, mal consegue segurar o celular. A voz baixa de Bern perguntando se havia alguém na linha foi cortada abruptamente quando Shin desligou e jogou o celular na mesa.
Um nó na garganta se forma, seu coração dispara como se estivesse prestes a ter um ataque cardíaco, era sua ansiedade vindo à tona, pontadas na sua cabeça como facadas, rasgam seu cérebro em uma enxaqueca de deixar sua visão ainda mais turva, Shin respira de forma consciente para se acalmar, sua perna salta não conseguindo se manter pousada no chão, seus olhos se encheram de lágrimas, dessa vez sem forma de conter mesmo que olhasse para o teto. Aquilo não é um caso qualquer de intolerância, existe muito mais coisa envolvida do que aparenta, Shin não conseguia se perdoar por não ter percebido algo tão óbvio.
Lúcifer ao longe sentado no sofá observa a cena patética de um humano em seu colapso silencioso, a cada segundo que passa junto com esse humano que parece uma cachoeira de tanto chorar, está lhe dando náuseas.
Tanto Lúcifer quanto Shin ficam assustados quando alguém bate na porta do apartamento, as batidas insistentes e constantes, Shin está sobre seu colapso tremendo, mal conseguia se mexer, Lúcifer que foi vencido pelo cansaço.
_ O que é porra? _ Lúcifer fala irritado abrindo a porta violentamente, dando de caras com um homem usando um capuz e uma cruz em volta do pescoço, a figura puchou com uma mão o pingente e segurando com uma das mão e a outra apontou uma arma pra Lúcifer que não reagiu a tempo.
_ In nome... De... patris... fili... espiritus santi... _ Um tiro silencioso veio acertando a testa de Lúcifer e o fazendo cair, pela porta do quarto aberta Shin que está sentado na cama ouviu o assovio do silenciador e o viu cair. Mesmo com suas pernas dormentes, sua adrenalina falou mais alto do que qualquer ansiedade que sentia, correndo o mais rápido que pode para ajudá- lo.
Shin via aquilo tudo em câmera lenta, a queda do demônio e a figura encapuzada correndo pelas escadas, ele pegou Lúcifer do chão e podia ver o buraco da bala em sua testa, Lúcifer inconsciente sobre os braços de Shin que o segurou sua cabeça sobre seu peito, entrando em desespero. A emergência precisava ser chamada, ele precisou voltar a colocar a cabeça com cuidado sobre o chão e correr até o celular, discar o número de uma ambulância.
_ FILHO DA PUTAAAAAAAAA! - Gritou Lúcifer se levantando e quase matando Shin de susto com uma cabeçada.
_ VOCÊ TÁ VIVO?
_ LÓGICO QUE ESTOU SEU IDIOTA EU NÃO SOU HUMANOOOO
_ POR QUE VOCÊ TA GRITANDOOOOO!!!
_ EU TO MUITO PISTOLA CARALHO, PARA DE GRITAR VOCÊ!
Lúcifer imediatamente se levantou e correu atrás do encapuzado, ele iria mostrar para aquele desgraçado como se atira no rei do inferno! O infeliz deveria estar chegando no térreo, logo por conta disso Lúcifer simplesmente pula a janela do 8° andar, o atirador havia acabado de sair do prédio e tenta não chamar atenção, mesmo usando um casaco durante um dia escaldante, mas precisou correr quando viu que Lúcifer vivo e aterrissando atrás dele como se tivesse dado um pequeno pulo. Os olhos de Lúcifer brilhavam em vermelho escarlate, sua fúria é palpável, Shin por outro lado descia de escada para tentar alcançar Lúcifer e o meliante.
_ Maldita hora que eu parei com o Crossfit! _ Falou Shin depois de descer 3 andares.
Lúcifer corre atrás do meliante como um guepardo na savana, esta prestes a alcança-lo, basta ele olhar uma vez para e aquele maldito e ira se contorcer em um pesadelo onde seus piores medos iriam se tornar realidade milhares de vezes até que sua sanidade virar pó.
Por estar concentrado no maldito, não viu a aproximação de uma van que pegou o fugitivo antes de Lúcifer alcançar, no entanto antes de saírem Lúcifer conseguiu olhar nos olhos de um dos capangas na van pelo retrovisor. Os pneus do veículo cantaram sobre o asfalto e eles saíram apressadamente, quando Shin finalmente conseguiu chegar perto de Lúcifer, a van com o atirador já se encontrava longe demais para ver a placa ou algo relevante, ele ofegante e confuso olha Lúcifer com seu sorriso sádico estampado de orelha a orelha.
_ Luci... Fer... Você... Curingou? _ Shin não tinha ar em seus pulmões, ele havia corrido os 8 andares e mal consegue ficar em pé ereto _ viu pelo menos a placa…? Cacete acho que perdi meu pulmão no 3° andar. _ Lúcifer ignorou a presença de Shin quase ajoelhada por conta da falta de ar.
O Demônio podia sentir a mente do capanga em que ele jogou sua maldição, geralmente tende a ignorar a presença de suas vítimas. Sempre que seu olhar demoníaco encontra os olhos de um humano é como se ele depositasse um parasita em sua alma, este verme carrega uma parte pequena da consciência de Lúcifer, nas poucas vezes que realmente usou esse poder jogou essa pequena consciência para o fundo da sua mente e ignorou, mas aqueles humanos fizeram por merecer seu ódio e ele queria ver o sofrimento de todos, descobrir quem ousou atirar nele, para isso precisa de muita energia e se alimentar, ele queria trazer um desespero que aqueles humanos idiotas jamais provaram.
Lúcifer pegou Shin e o jogou sobre as suas costas.
_ Ei pera ai, o que você está fazendo? _ Shin sem entender nada, se debate tentando descer. _ Me coloca no chão Lúcifer!
_ Está na hora do diabão trabalhar!
_ O quê? Diabão vai levar bicuda se não me colocar no chão agora!
Lúcifer ignora Shin e continua o levando para dentro do prédio, mas antes lhe dá um tapa na bunda.
_ Guarde sua voz para gemer para mim! _ Shin morreu de vergonha e fúria, dizendo para si mesmo que iria acabar com o serviço daquela maldita bala.
_VAI A MERDA LÚCIFEEEEEEER!
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