— Alguns amigos meus planejaram uma viagem pra daqui a duas semanas. Vamos pra casa de férias da minha família e o combinado foi uma viagem com alguém que estejamos saindo ou que queremos oficializar. — Jake aproximou o rosto do rosto dela, um sorriso provocante separando seus lábios. — Eu não tô saindo com ninguém, não há ninguém que me interesse aqui, e não tenho mais paciência para lidar com situações como a de agora, mas acabei falando pros meus amigos que tava saindo com alguém em segredo, porque eles não paravam de me mostrar opções.
Erin engoliu em seco. Se Jake se aproximasse um centímetro a mais, seus lábios poderiam tocar a pele exposta na camisa dele. Ele estava tão perto que ela podia ver claramente a cicatriz de três centímetros que havia na bochecha esquerda de Jake, assim como as três pintinhas em sua bochecha direita, que lembravam as Três Marias localizadas na constelação de Orion. O calor que emanava de sua pele a envolvia, acelerando sua respiração e fazendo suas mãos suarem.
— E-E o que isso tem a ver com me ajudar? — gaguejou quando pousou o olhar na pintinha que havia sob o lábio inferior de Jake. — Se elas te perseguem assim, então você deve ter dado motivo.
Jake arqueou uma das sobrancelhas.
— Sim, sim. Tem motivo. — Ele apontou para o próprio rosto e piscou com um sorriso que parecia ter ensaiado. — Minha beleza exuberante é realmente muito atraente. Tirando James, é impossível encontrar alguém tão encantador quanto eu.
— A modéstia mandou lembranças, viu?
Ele riu, um som claro e alto, enquanto passava os dedos entre as ondas encaracoladas na própria cabeça.
— Aquela garota que você acabou de ver, ouviu minhas conversas com meus amigos e acabou espalhando pras outras, e situações como a que presenciou começaram a me seguir pelo campus nos últimos dias. — explicou. — Sei que estamos prestes a nos formar, mas é chato ter que lidar com isso até lá. Então, só vou te ajudar substituindo Jamie se… — fez uma pausa dramática. Um leve sorriso ainda marcava seu rosto, mas não alcançava completamente seus olhos escuros ao completar: — Se vier comigo nessa viagem e fingir ser minha garota.
Erin o observou piscando devagar. Até o seu cérebro assimilar o que Jake acabara de dizer. Então uma explosão de descrença fez seus ombros tremerem por um momento, antes de recuperar a compostura. Ela o olhou de soslaio, esperando encontrá-lo rindo também, mas o que encontrou a deixou ainda mais incrédula. Ele a observava com os braços cruzados sobre o peito, o queixo levemente erguido e os olhos semicerrados. O olhar penetrante, sem piscar, fez os neurônios de Erin colapsarem. Seus olhos saltaram da face.
— Não. Você não está falando sério.
Jake arqueou uma sobrancelha, uma risada breve e desdenhosa escapando por entre os dentes.
— Eu pareço ter tempo pra esse tipo de brincadeira? Com você?
— Você só pode estar ficando doido!
— Tô perfeitamente bem, na verdade. — Ele deu de ombros, sem se abalar com o tom agudo que a voz dela atingiu. — É pegar ou largar. Aceita viajar comigo?
— Ninguém é besta de acreditar que sou sua “garota”! Você me odeia!
Jake piscou e, por um breve instante, suas sobrancelhas se ergueram e seus olhos se arregalaram. Mas tão rápido que Erin não sabia dizer se ele estava realmente surpreso ou se as sombras formadas pela luz, do ângulo em que ele se encontrava, haviam brincado com suas feições. No entanto, quando a risada debochada do rapaz ecoou nas escadas, ela teve certeza de que havia imaginado sua reação.
— É aí que você se engana, amorzinho — ele enfatizou a última sílaba formando um biquinho provocante com os lábios. — Não se preocupe, não vai ser difícil convencer meus amigos de que você caiu nos meus encantos. Além disso, eu supostamente te odiar pode ser uma ótima desculpa pra você ser meu lance secreto.
Erin abriu a boca e se beliscou para ter certeza de que não estava em um pesadelo.
— Você só pode estar me zoando! Tem uma câmera escondida aqui? — Ela subiu alguns degraus da escada que levava ao quarto andar para verificar se Chase, ou algum outro amigo dele, não estava ali. Depois desceu a escada que levava ao segundo andar, verificando o mesmo. Mas não havia ninguém.
Nada de Chase, Natan, ou Hiroshi — nem mesmo James, para dizer que sua ausência era uma piada para sacanear ela.
Quando voltou ao ponto onde Jake estava parado, ele a segurou com firmeza, colocando as mãos em seus braços. O toque repentino fez seu coração disparar. Os olhos da cor da noite se fixaram nos dela e ela prendeu a respiração mais uma vez. Seu corpo reagia involuntariamente à presença dele, com a pele formigando e o coração batendo acelerado de uma maneira que ela preferia que não acontecesse.
— Estou falando sério, Erin. Mas se não quiser fazer isso… — ele se afastou. Ela voltou a respirar. — Tudo bem. Ainda tenho tempo para encontrar alguém, além disso, não sou eu quem está desesperado aqui — Jake olhou para o relógio de pulso mais uma vez. — Uau, a hora voa! Acredita que já são quase 10h45?
— O quê?! — Erin puxou o braço dele e mirou o relógio.
Faltava exatamente um minuto e trinta segundos para a apresentação começar. Ela passou os dedos pelos cabelos castanhos e ondulados na própria cabeça. Com uma mão na cintura e a outra agarrando alguns fios, andou de um lado a outro no pavimento. Não era como se tivesse muita escolha ou tempo para negociar e oferecer a Jake outra coisa — sobretudo porque sabia que ele recusaria qualquer contra proposta. Estava escrito na expressão petulante no rosto dele, enquanto a observava se desesperar.
— Podemos conversar sobre isso depois da apresentação?
— Espertinha você, hein. — Jake abriu um sorriso de lado. — É sim ou não, agora. Tic tac. O tempo tá acabando.
— Ok! Eu aceito. Eu vou com você!
“O que você está fazendo, Erin?”, se repreendeu mentalmente.
— Erin Lee. — Jake disse o nome dela de forma dramática. — Você me dá a sua palavra de que não vai voltar atrás depois que eu apresentar o trabalho com seu grupo?
“Você lê mentes ou o quê?!” Era exatamente o que ela planejava fazer.
— Sim. Eu te dou a minha palavra!
Erin respirou fundo e repetiu para si mesma que não podia jogar no lixo os quatro anos de diversão que perdera com os amigos enquanto estudava para manter a bolsa de estudos e a posição de melhor aluna da turma. Não podia perder a chance de seu projeto ser levado a premiação da universidade — todo o seu futuro, e de seu irmão, dependia disso.
“Ah, James…” Ele era o grande culpado.
Jake cravou os olhos nos dela. Sob aquela luz, suas íris escuras pareciam carregar estrelas. Erin engoliu em seco quando ele ergueu a mão direita em direção a ela com um meio-sorriso arqueando seus lábios. Quando seus dedos finalmente se tocaram, um arrepio percorreu sua espinha. A intensidade no olhar de Jake fez com que ela perdesse o fôlego, e o toque firme enviou arrepios por sua pele enquanto ele apertava sua mão, balançando-a para cima e para baixo, ao firmar:
Erin sempre acreditou que sua graduação seria a chave para reconstruir não apenas sua vida, mas também a de seu irmão, Dean. Por quatro anos, ela se dedicou incansavelmente ao futuro, deixando para trás os dramas do passado. No entanto, um obstáculo inesperado ameaça seus planos, forçando-a a pedir ajuda a Jake Young, alguém que sempre mostrou desinteresse por ela. Mas Jake concorda em ajudar Erin com uma condição peculiar: ela deve acompanhá-lo em uma viagem e fingir ser seu affair secreto por quarenta e cinco dias.
Enquanto o relacionamento falso se desenrola, os dois confrontam sentimentos enterrados e surpresas imprevisíveis que desafiam suas convicções mais profundas.
Em meio a uma teia de emoções e segredos, Erin e Jake descobrem que alguns laços são tão inquebráveis quanto o brilho das estrelas.
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