— Você não disse que ia tomar banho? — indagou, jogando com pressa os objetos mais constrangedores de volta na bolsa, o rosto queimando com o rubor que se alastrou até as bochechas.
Para o horror dela, Jake a ajudou.
— Esqueci de pegar uma coisa. Mm… Gostei dessa. — Um sorriso provocante se abriu nos lábios dele, enquanto erguia uma das calcinhas de renda jogadas sobre a cama dele.
Erin puxou a calcinha com um bico trêmulo na boca.
— Nunca viu uma calcinha?
— Sua, na minha cama? Nunquinha!
Ela limpou a garganta, ignorando o sorriso que dançava no rosto dele e a vermelhidão que ardia suas vistas.
— Acho que tranquei a chave do cadeado na mala, só queria confirmar, por isso joguei minhas coisas na sua cama — explicou.
Jake balançou a cabeça, parecendo ainda mais entretido.
— Você continua a mesma cabeça de vento de antes, cara pálida — observou, um brilho travesso refulgindo em seus olhos enquanto ele inclinava a cabeça levemente para o lado. Em seguida, apoiou a mão sobre a cabeça dela com um meio-sorriso. — Vou ver se acho algo pra abrir o cadeado. Já volto — avisou antes de sair do quarto, a deixando para trás com o coração abalado.
★
Jake conseguira abrir a mala de Erin arrombando o cadeado com uma ferramenta e enquanto ele finalmente tomava banho, ela pôde organizar suas coisas no guarda-roupa dele. Uma tarefa comum que se tornou estranha e desconfortável. Compartilhar aquele espaço com Jake de repente parecia errado, como se estivesse ultrapassando os limites não declarados em sua relação falsa. Sobretudo depois de ele a chamar de cara pálida, como no passado.
Quando desceram para jantar, encontraram a mesa vazia, os amigos haviam presumindo que estivessem “ocupados” demais para se juntar a eles no jantar — Erin preferia não imaginar quais foram as especulações deles sobre o que estavam fazendo, mas a expressão nos rostos dos amigos de ambos já dizia tudo. Então, ela e Jake jantaram sozinhos e, agora, estavam diante da cama dele, os braços cruzados, enquanto debatiam sobre como resolver aquela situação.
— Posso dormir no chão. — Ele sugeriu pela milésima vez, movendo o piercing na sobrancelha.
Erin recusou a ideia com um aceno vagaroso.
— Fora de cogitação. A casa é sua. O quarto é seu, não vou te tirar da sua própria cama — insistiu, repetindo a mesma resposta pela milésima vez também.
— Então você quer dormir comigo? — Ele provocou com um brilho travesso nos olhos.
— Q-Quê?! — Erin gaguejou sentindo uma queimação no rosto. — Não foi o que quis dizer!
Jake riu.
— Eu sabia que você seria a escolha certa pra essa viagem! — ainda rindo, ele pegou alguns travesseiros e um lençol no guarda-roupa. Depois de ajeitá-los no meio da cama, se deitou de um lado e ajeitou o lençol sobre o corpo. — Vamos dividir a cama assim — propôs, parecendo bastante confortável com a situação, enquanto a observava com a cabeça apoiada nos braços.
Erin hesitou por um instante.
— Eu não mordo, cara pálida — ele sorriu de canto e seus olhos a fizeram pensar em uma bela raposa astuta.
— Eu… Vou só ao banheiro antes de me deitar — respondeu com um sorriso forçado, correndo para o banheiro.
Ao fechar a porta, soltou um suspiro profundo e jogou água fria no rosto, tentando acalmar os nervos. Quando finalmente se olhou no espelho, percebeu que seu rosto ainda estava corado e que sua mente estava repleta de pensamentos confusos. Caramba! Por que Jake continuava a provocá-la de forma tão irritante? Ela sabia que ele fazia de propósito, que aqueles sorrisos e olhares não significavam nada mais do que ele tentando zombar dela, mas por que isso a afetava tanto? Era irritante sentir o coração acelerar a cada vez que ele se aproximava com aquele jeito despretensioso que a fazia perder o controle da própria postura. Ugh.
— Não deveria ser assim, caramba! — Erin ficou ali por um bom tempo, suspirando e resmungando enquanto sua mente insistia em reproduzir cada um dos sorrisos provocantes e olhares intensos que Jake lhe dera desde que chegaram ali.
Quando saiu do banheiro, para seu alívio, ele já havia apagado as luzes dos abajures e parecia estar dormindo tranquilamente, o peito subia e descia devagar.
Ela se deitou na cama com cuidado, tentando manter uma distância segura entre eles. Por sorte, o colchão não era como o dela, que afundava quando alguém se sentava. O observou por um momento, admirando sua expressão serena. Os cílios dele tocavam as bochechas com suavidade, os lábios rosados estavam entreabertos.
Erin não pôde conter um sorriso. Jake era lindo. Lindo demais para o seu pobre coração ignorá-lo como gostaria.
Ela o observou até perceber que seria incapaz de dormir olhando para o rosto dele, então virou de costas e encarou a cortina fechada. Um enxame de emoções a impedia de relaxar e adormecer, pois começava a se preocupar com o que estava por vir, nos próximos quarenta e cinco dias que passaria fingindo estar apaixonada por Jake.
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