— Que ideia excelente! — Laura exclamou, pegando a caixa de peperos das mãos da outra e dando um beijo na bochecha dela. — Você é genial, Mis!
Misaki apoiou a mão sob o queixo e enviou beijinhos para ninguém em particular, então se sentou entre Natan e James outra vez.
— As duplas já estão formadas — Natan olhou para Tales, Iúna, Bernardo e Catarina. — Exceto por vocês, então acho que terão que formar duplas entre si.
Bernardo fez um “ok” com os dedos e dobrou os joelhos, trazendo os pés para perto do corpo. Olhou para Cat e Iúna, e perguntou:
— Uma de vocês quer fazer dupla comigo?
— Pode fazer com a Cat, vocês estão mais perto. — Iúna respondeu.
Ele enrugou o cenho, encarando Iúna de maneira engraçada.
— Você também está do meu lado.
— Cancelem a cerveja da Iún, parece que já ficou bêbada — Chase zombou fazendo todos rirem e Iúna revirar os olhos.
Erin riu. Era óbvio que ele não entenderia porque ela abdicou da chance de jogar com Bernardo, oferecendo a chance para Cat, mas não seria ela quem explicaria…
— Não vai se sentir desconfortável fazendo par comigo? — Bernardo se inclinou na direção da Cat com um sorriso acanhado. — Se não quiser…
— N-Não, t-tudo bem… — a moça pegou um palitinho coberto de chocolate de dentro da caixa.
Erin virou o pescoço para encarar Tales. Só então notou que o olhar dele estava fixo nela.
— Quer fazer dupla com a Iúna? — Ela perguntou.
Ele estufou as bochechas, enrugando o queixo.
— Eu não vou jogar — respondeu, pegando uma das caixas de frango e pondo no colo. — Desculpa, Iúna.
— Eu também não vou jogar, acho que bebi demais, então já vou deitar — avisou Siena, se levantando do sofá. — Mas você pode jogar com a Iúna, Chas — sugeriu com um sorriso cordial. — Espero que todos se divirtam.
Siena lançou um olhar a Erin, que ela não conseguiu interpretar. Em seguida, olhou para Jake de uma maneira diferente, quase indecifrável — quase —, antes de correr para as escadas sem olhar para trás.
O estômago de Erin deu um nó e a palma das mãos começaram a suar. Um desconforto inexplicável a tomou por completo, fazendo com que desviasse o olhar para o chão. Ela respirou fundo, tentando se concentrar na voz de Heidi.
— Todos sabem as regras do jogo, certo?
Todos concordaram com um aceno e só quando Jake enfiou a mão na caixinha, retirando um palito doce, a ficha caiu. Só então Erin se deu conta de que jogaria o jogo do pepero com ele.
Ela prendeu a respiração quando Jake colocou as mãos com firmeza em sua cintura e a puxou para mais perto, virando o corpo dela habilmente para ficar de frente para o dele. Uma eletricidade frenética percorreu seu corpo com o toque dele, se intensificando e se tornando uma onda cálida quando ele se inclinou em sua direção. O semblante tranquilo, como se fizesse aquilo todos os dias, contrastava com o espanto que dominava os pensamentos dela.
O cabelo dele, desordenado e rebelde, roçou levemente seu pescoço, enviando arrepios incontroláveis por sua espinha quando ele sussurrou em seu ouvido:
— Você tá fazendo aquela expressão de novo, cara pálida.
A respiração quente em seu pescoço a fez estremecer da cabeça aos pés. Ela engoliu em seco, tentando acalmar as batidas aceleradas do coração, que pareciam ecoar em seus ouvidos enquanto as mariposas em seu estômago batiam suas asas trêmulas. Era impossível controlar o ritmo frenético de sua pulsação com a proximidade de Jake, o calor das mãos dele em sua cintura, e o olhar penetrante grudado no dela.
James contou até três e cada uma das duplas segurou as pontas do palito doce com os dentes. Em sua visão periférica, notou Heidi e Natan, que assim como Misaki e James aparentavam estar ansiosos por um beijo de pepero. O oposto de Laura, que parecia disposta a provocar Hiroshi, provando sua capacidade de ganhar sem tocar nele. Erin não conseguia enxergar Catarina, pois a moça estava atrás dela, mas, pelas risadas dela e do Bernardo, imaginou ambos se divertindo.
Estava tão tensa que, enquanto mordia o palito devagar, apesar de ser chocolate belga — um dos seus preferidos —, não conseguiu apreciá-lo devidamente. Logo percebeu Jake se aproximando e todos os seus pensamentos se dispersaram. Seu coração bateu ainda mais forte quando ele colocou a mão firme em sua nuca, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado. Ele a observava com uma intensidade hipnótica enquanto mordia o palitinho devagar. A proximidade dos lábios dele, com o aroma de chocolate e cerveja, invadia todos os seus sentidos.
Ela prendeu a respiração quando os dedos dele apertaram sua nuca, enviando arrepios por seu ventre. Cada movimento dele parecia durar uma eternidade. Até Jake arquear os lábios, puxando o que sobrou do pepero sem encostar na sua boca.
Os dedos dele soltaram o pescoço dela, deixando vestígios do toque quente em sua pele.
— Ganhei — anunciou ele, segurando o pedaço minúsculo que sobrou do palito dos dois. — E sem um beijo de pepero!
Chase grunhiu, afastando-se de Iúna, cujas bochechas estavam tão coradas quanto as de Catarina.
— Por sua culpa demos um beijo de pepero! — Chase reclamou, fazendo cara feia enquanto erguia o palito, poucos centímetros maior do que o deles. — Teríamos ganhado, se cê não tivesse gritado que nem maluco!
— Eles são os piores gêmeos do mundo! — Natan resmungou. — Enquanto um ganha todas as apostas com bebidas, o outro não perde um pepero game.
Jake gargalhou.
— A gente costumava jogar muito na época do ensino médio — olhou Erin de esguelha. — Graças às nossas brincadeiras com pepero na biblioteca, hoje sou profissional. — E piscou com um meio-sorriso.
Uma chama repentina e intensa irradiou-se pelo rosto dela, aquecendo suas bochechas e colorindo-as num rubor vívido. Uma pontada de vergonha misturada a uma doce nostalgia agitou as mariposas em sua barriga, enquanto lembranças do passado dançavam em sua mente. Um formigamento aprazível se espalhou pelo corpo dela, o que a deixou com uma pitada de raiva. Cada fibra de seu ser parecia ansiar por mais daquele contato, enquanto Jake, como de costume, permanecia inabalável, mesmo após a maneira como a segurou em seus braços.
— Preciso beber água — Erin se levantou às pressas. Manteve os olhos focados no caminho a frente enquanto seguia para a cozinha, torcendo para que as pernas molengas não lhe traíssem.
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