Erin despertou desorientada e a névoa do sono obscurecia seus sentidos enquanto se dirigia ao banheiro tateando a maçaneta fria até girar. A porta se fechou num clique suave. Ela esfregou as pálpebras com um bocejo e ergueu os olhos.
Seu coração deu um salto quando viu Jake diante da pia, envolto apenas por uma toalha de algodão que mal cobria sua intimidade. Gotas d'água escorriam por seus cabelos escuros, delineando os contornos de seu corpo atlético até desaparecerem sob a toalha.
Um rubor cobriu as bochechas dela, a petrificando no lugar quando seus olhos encontraram os dele.
Vergonha e pânico a envolveram. Jake estava ali, diante dela, com nada além de uma toalha presa precariamente em seu quadril. Perturbada com a visão hipnotizante dele seminu, se virou para sair e bateu a testa no batente da porta.
Um gemido abafado escapou de seus lábios.
— Porra, você tá bem, cara pálida? — A voz profunda de Jake soou preocupada, ecoando em seus ouvidos enquanto ele se aproximava.
Ela não tinha coragem de olhá-lo nos olhos, então manteve as pálpebras cerradas enquanto esfregava a testa dolorida e procurava a maçaneta. Sentiu os braços úmidos e musculosos a envolverem, girando-a para encará-lo. A fragrância amadeirada de baunilha e um leve cheiro de hortelã inundou suas narinas, mesclando-se ao aroma fresco de banho recém-tomado. Cada respiração que dava carregava o cheiro dele e a embriagava. Cada batida de seu coração martelava com mais urgência em seu peito.
Quando abriu os olhos, Erin se viu perdida em uma constelação cintilante, que a encarava fixamente.
Jake tocou delicadamente sua testa, afastando os fios de cabelo com a ponta dos dedos molhadas, enviando arrepios por sua espinha e um formigamento intenso em seu ventre. Ela engoliu em seco.
— Parece que não foi nada sério, ainda bem. — Erin se viu hipnotizada pelos lábios vermelhos de Jake, a pouquíssimos centímetros do rosto dela, enquanto ele falava. — Mas você precisa prestar mais atenção.
O vislumbre de um sorriso travesso arqueou o canto da boca dele e seus olhos cintilaram ao acrescentar:
— E se quiser me ver nu… É só pedir. Vai ser menos doloroso.
Erin piscou, ofegante. Sua pele parecia pegar fogo enquanto as palavras de Jake dançavam em sua mente. Tentou recuar, mas as mãos firmes que a seguravam a mantiveram no lugar, a pressão dos dedos dele, contra sua pele, emitindo um arrepio abrasivo que começava em seu ventre e se espalhava por todo o seu corpo.
— E… Eu… Até parece que quero te ver nu! — balbuciou, fazendo o possível para manter os olhos no rosto dele, mas, inconscientemente, seu olhar recaiu sobre a toalha que parecia prestes a desatar.
— Não é o que seus olhos me dizem, cara pálida.
Ela engoliu em seco, lutando para se concentrar, mas as batidas de seu coração ecoavam em suas orelhas e um calafrio a percorreu dos pés à cabeça ao se dar conta de que seu corpo estava respondendo à proximidade dele, e de seu corpo seminu, de uma maneira muito constrangedora.
— Cara pálida? — bufou, conseguindo reunir o que lhe restava de sanidade para organizar as palavras e desviar o assunto. — De novo isso? Quantos anos acha que tenho, Jake?
— Você não cresceu muito, continua sendo a min… — Jake se conteve por um instante, enquanto piscava devagar. Algo passou por seus olhos, mas Erin não pôde identificar, estava muito ocupada tentando não descer os olhos. — A mesma cara pálida de sempre — ele continuou e sorriu, revelando os dentes da frente ligeiramente maiores que os demais, um sorriso que ele raramente exibia, mas que Erin achava muito, muitíssimo, fofo.
O cérebro dela entrou em colapso diante daquela imagem e se esqueceu de enviar ao coração os comandos para continuar batendo. A forma doce como ele disse aquilo, e o sorriso que dava a ela com os olhos cintilando igual ao céu estrelado, sacudiu o enxame de mariposas que já se rebelava em seu estômago.
Era o mesmo sorriso que Jake lhe dava quando eram amigos. O sorriso que dirigia apenas a ela.
Erin engoliu em seco. Seu coração a ensurdecia mais a cada segundo. Uma chama intensa ardia sob sua pele, seus olhos queimavam com uma baderna de sentimentos que ameaçavam cruzar a superfície.
— Acho que posso usar o banheiro depois — murmurou, lhe dando as costas. Desejava escapar dali quanto antes, para que sua voz e expressão não a traíssem. Mas as mãos de Jake se fecharam ao redor de seu pulso, prendendo-a por um momento mais. Seus olhos encontraram os dela.
— Tá tudo bem entre nós, agora? — O olhar escuro e intenso que ele lhe dava a fez se sentir despida, como se pudesse enxergar cada emoção que formigava dentro de si.
As sobrancelhas e lábios de Erin tremeram.
— Não me agrada esse lance de estarmos sob o mesmo teto sem nos falar. — Ele explicou, quando ela permaneceu em silêncio. — Seja lá o que fiz pra te irritar, pode me desculpar?
Ela respirou fundo, tentando estabilizar o coração descompassado, mas a mistura de sentimentos aflorando dentro de si, pela proximidade seminua de Jake, era quase insuportável. Mal conseguia respirar, perdida na intensidade daqueles olhos estrelados, quem dirá raciocinar com clareza.
Caramba!
— A-Aham… Sim.
Jake soltou um suspiro de alívio e um sorriso brincou em seus lábios. Um sorriso que ela conhecia tão bem, mas que parecia diferente naquele momento, mais íntimo, mais leve. Ele abriu a boca, parecia ter mais a dizer, porém, o nó em sua toalha se desfez e ele arregalou os olhos, segurando-a por um triz de despi-lo.
— Minha nossa! — Com o rosto em brasas, Erin fugiu do banheiro, deixando para trás a tentação chamada Jake Young.
No silêncio do quarto, ela se afundou na cama com o coração flutuando que nem uma estrela recém-nascida em meio à vastidão do cosmos, e fechou os olhos, tentando recuperar o controle de sua respiração agitada.
No entanto, a imagem de Jake seminu continuou a assombrá-la num sonho proibido que se recusava a desaparecer de sua mente, enquanto um sentimento que ela se recusava a nomear se alastrava e se firmava dentro de si.
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