— Obrigado pela carona, velho Blaud. — Disse Gusta.
— Por nada, garotos, mas tomem cuidado na cidade.
Nos pensamentos de Blaud:
"Por que eles querem ir até aquela cidade amaldiçoada? Aquele jovem... como era o nome dele? Kay? Por que ele está levando essas crianças? Pelo menos me pagou, mas tenho pena deles."
Alu, Gusta, Yuto e Ayzen seguem em direção à entrada da cidadela.
— Cansei, não dá! — reclamou Yuto, desabando no chão.
Alu, com uma expressão de deboche, apenas colocou a mão no rosto. Ayzen, impressionado, não perdeu a oportunidade:
— Ah, não, Zé! Pela segunda vez você cansa no meio do caminho?!
— Menor, vou ficar de olho pra ninguém puxar meu pé.
Enquanto Ayzen, Yuto e Gusta riam da situação, Alu, ao retirar a mão do rosto, percebe uma loja a alguns metros de distância.
— Rapaziada, é o que eu tô vendo mesmo? — perguntou Alu.
Todos se viram e veem a loja. Yuto, sem pensar duas vezes, sai correndo gritando:
— HORA DO RANGO!!!
Ayzen o acompanha gritando:
— BORA TIRAR A BARRIGA DA MIZERAAA!
— COMIDAAAA! — completou Alu, correndo junto com os dois em direção à loja.
Nos pensamentos de Gusta:
"Esses caras têm coragem... mesmo depois de ouvir a história do senhor Blaud, ainda querem comer aqui?"
O grupo entra na loja em busca de comida, mas Gusta hesita ao se deparar com um velho atrás do balcão. Ele pega um pacote de chips e um suco e vai até o balcão. Ao se aproximar, as palavras de Kay ecoam em sua mente.
Flashback:
— Antes de vocês partirem, lembrem-se: não abram a mochila até chegarem no local. Na lateral tem dinheiro, caso precisem. — disse Kay.
Alu levantou a mão, curioso.
— O que tem de tão especial nessa mochila que não podemos abrir?
— Esperem e verão… — Kay fez um gesto de silêncio, levando o dedo aos lábios.
De volta à loja:
Gusta se aproxima do balcão, mas antes que pudesse dizer algo, o velho atrás do balcão, com um olhar sombrio, se inclina para frente.
— Meu nome é Volg. Vocês não deveriam estar aqui.
Gusta o encara por um momento.
— Por que não deveríamos estar aqui? — perguntou Gusta, sentindo o ambiente pesar.
Volg estreitou os olhos.
— Há coisas perturbadoras e perigosas nesse lugar… E, aliás, vocês vão pagar por isso, não vão? — disse Volg, apontando para Alu, Ayzen e Yuto, que estavam com as mãos cheias de salgadinhos.
Gusta respirou fundo, tentando manter a calma.
— Esquece eles, vamos pagar.
— Não esqueço, não. Vocês vieram comprar ou roubar minha loja? — Volg retrucou, sua voz ganhando um tom ameaçador.
— Não viemos roubar nada. A única coisa perturbadora aqui parece ser você. — respondeu Gusta, desafiador.
Volg se enfureceu, batendo com força no balcão.
— OUSADIA a sua vir aqui e falar desse jeito, garoto. Se não pagarem por essas coisas, vocês vão conhecer Bessy!
Yuto tentou acalmar a situação.
— Calma, velho Volg, só queremos comida.
Mas a paciência de Volg já havia acabado. Ele puxou uma espingarda debaixo do balcão, uma arma velha, mas ameaçadora, e apontou para o grupo. Todos congelaram, suas mãos se levantando automaticamente. Ayzen fez um movimento sutil, mas Volg percebeu.
— Acham que isso é brincadeira, bando de pirralhos caipiras?! SE ALGUÉM SE MEXER, EU VOU ESTOURAR OS MIOLOS DESSE MERDA! — gritou Volg, com os olhos fixos em Gusta.
Gusta, porém, ergueu as mãos lentamente, mantendo um olhar frio e provocador.
— Então essa é a famosa Besi? Parece menor do que eu esperava.
Volg avançou, encostando o cano da arma na cabeça de Gusta, forçando seu pescoço para baixo.
— O nome dela é Bessy. Quais são suas últimas palavras, caipira abusado? — rosnou Volg, o dedo quase apertando o gatilho.
Gusta, sem desviar o olhar, respondeu friamente:
— Você não tem coragem.
— Quer apostar? — respondeu Volg, prestes a atirar.
De repente, um som seco de disparo ecoou, assustando os pássaros nas redondezas.
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