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Softness Remix

Capítulo 4: Kaze Wa Fuiteiru

Capítulo 4: Kaze Wa Fuiteiru

Oct 25, 2024

Makoto soltou uma ria da provocação de Kaito, mas o som se perdeu rapidamente quando sua mente se desviou para longe, como se as palavras do amigo fossem apenas ruído de fundo. 

Cada frase era uma folha levada pelo vento, sem direção, e ele apenas as observava se afastando para mais longe. Tão livre. Havia algo na ideia do vento, na metáfora meio tola que se formava em sua cabeça, algo que o puxava para um tipo de pensamento quase obsessivo. 

Talvez fosse a busca por respostas, por um caminho qualquer que fosse mais nítido do que as palavras soltas de Kaito.

Ele balançou a cabeça, tentando afastar a sensação de estar à deriva, mas não conseguiu. 

A inquietação parecia grudar em sua pele. 

Kaito percebeu que Makoto estava num plano de existência além das suas palavras. De qualquer forma, para ele, seu trabalho estava feito e com maestria de um operador militar.

—Deixo essa missão para você—Então, antes que Kaito pudesse dizer mais alguma coisa, Makoto se despediu com um aceno rápido, sem dar tempo para mais conversas. 

As mãos estavam inquietas nos bolsos, como se tentassem esconder a ansiedade que agora corroía seus pensamentos.

Levantou-se de repente, como se uma onda de coragem tivesse finalmente decidido dar as caras, empurrando-o para fora do lugar. 

Por um instante, quase pareceu confiante, como um daqueles protagonistas que se erguiam diante do Maou—mas logo percebeu que suas pernas ainda tremiam um pouco. 

A mão foi direto ao cabelo, um hábito automático quando estava nervoso, e uma risada baixa escapou dos lábios. "Vamos lá", pensou, tentando se convencer de que aquela coragem não fosse só uma visita rápida antes de desaparecer de novo.

Atravessou o pátio e mergulhou nos corredores da escola, olhando de relance para as salas que passava, mas os rostos ali dentro pareciam distantes, irrelevantes, apenas partes de uma paisagem que ele cruzava sem realmente ver.

Enquanto andava, Makoto não parava de pensar nas palavras de Kaito sobre ela, sobre a garota misteriosa. 

O comentário brincalhão do amigo sobre "comer ela com os olhos" havia sido apenas uma provocação boba, como se acostumou aos comentários dele, mas, de certa forma, tinha despertado algo que ele não conseguia ignorar. 

Ele sabia que não era apenas atração—ou pelo menos, não era só isso. Era algo mais difícil de definir, algo que ia além da beleza dela, que o deixava preso àquela sensação de que ela pertencia a um lugar diferente, como se vivesse à parte do mundo ao redor.

Os corredores pareciam se esticar, tornando-se um labirinto de pensamentos emaranhados. Makoto tentava encontrar alguma lógica na curiosidade que sentia, mas tudo voltava para a mesma imagem.

Por que isso importava tanto? Ele não sabia, mas também não conseguia deixar de tentar entender. 

Chegou à conclusão de que aquilo não fazia o menor sentido, nenhum mesmo. Tentou buscar alguma lógica escondida, revirando os pensamentos como quem procura moedas no fundo do sofá, mas nada aparecia. 

No fim, só conseguiu dar de ombros, com um sorriso de quem aceita a derrota e pensa: "É, talvez não seja pra entender mesmo."

Makoto respirou fundo, sentindo que estava caindo direitinho em uma armadilha armada pelo próprio amigo—talvez até duas ao mesmo tempo. 

Mas, mesmo assim, seguiu em frente, esperando que aquele fosse o castelo onde a princesa estaria.

O pátio da escola era um microcosmo à parte, onde as relações sociais seguiam um código próprio, delicado e cheio de nuances. Alguns pequenos grupos se espalhavam sob a luz suave da tarde, ocupando os bancos de concreto e madeira ou sentando-se na grama desgastada. 

Havia algo de cotidiano, mas também de quase ritualístico na forma como interagiam. Jovens kouhais olhavam com uma admiração contida para os seus senpais, tentando imitar seus gestos e adotar suas manias, enquanto os mais velhos mantinham uma postura ligeiramente distante, como se fossem os guardiões de um universo que os mais novos só começavam a explorar.

Alguns desses senpais, no entanto, gostavam de se aproximar, bancando os descolados ao compartilhar lanches e experiências com os mais jovens, tentando manter um equilíbrio entre a superioridade que lhes cabia e uma falsa proximidade que atraía olhares de admiração.

Mochilas largadas ao lado, eles trocavam segredos, muitas vezes sobre algum romance proibido ou as dificuldades das provas iminentes. Era comum ver um deles contando uma história engraçada, gesticulando exageradamente, enquanto os outros riam de forma desajeitada, como se tivessem medo de interromper o fluxo da conversa. 

Em um canto, um grupo ria de uma piada interna, as cabeças inclinadas em direção ao centro da roda.

Mais adiante, um casal dividia um fone de ouvido, as cabeças encostadas uma na outra, isolados em um mundo próprio. Ali, o tempo parecia desacelerar; os olhares trocados e os sorrisos tímidos eram uma espécie de idioma que apenas eles compreendiam. 

Em meio ao caos da rotina escolar, um momento de calmaria. Havia algo de infinito nesses instantes efêmeros, como se o simples existir fosse o suficiente para dar sentido a tudo. 

A sombra das aulas que viriam parecia distante, e a ansiedade dos testes futuros, suspensa no ar.

Makoto observava essa cena de longe, os pensamentos desordenados, uma sensação de vazio crescendo a cada passo que dava em direção ao prédio antigo. 

Uma parte dele queria se misturar àquela normalidade do pátio, participar daqueles risos e conversas, mas outra parte já sabia que havia algo que o separava daquele mundo simples. 

“Será que eu mereço algo assim?" Ele se perguntou, enquanto sentia um peso apertando seu peito, como se a conversa com Kaito tivesse despertado uma inquietação que ele não sabia como nomear. 

Kaito o amaldiçoou, como um xamã revelando nuances da alma que sempre esteve ali, mas que agora parecia ganhar contornos mais nítidos.

"Talvez seja só curiosidade..." Makoto tentou se convencer, mas, no fundo, sabia que era mais do que isso. 

Descobriu da pior forma possível que essa não era a verdade

Talvez fosse uma tolice, uma imaturidade que ele preferia acreditar já ter superado, mas a verdade o perseguia com uma teimosia cruel, deixando-o cada vez mais ciente de que a resposta não seria encontrada simplesmente desviando o olhar.

E quando se deu conta, já estava diante da porta que levava ao prédio antigo. 

Parou por um instante, sentindo a respiração acelerar levemente, ele coçou a nuca, como se isso pudesse lhe dar algum tipo de coragem. Makoto olhou ao redor, mas não havia ninguém. A escola seguia sua rotina normal, ignorando sua pequena incursão àquele território fora do caminho. Estendeu a mão até a maçaneta, sentindo o metal frio sob os dedos, hesitando antes de girá-la.

O que ele esperava encontrar ali? Talvez nem ele soubesse responder, mas, naquele momento, a pergunta já não importava tanto quanto a vontade de avançar. Ele sacudiu a cabeça, numa tentativa de afastar esses pensamentos, mas eles persistiam, como folhas teimosas que se recusavam a cair no outono.

E seu rosto ficou quente e vermelho.

Ao se aproximar da escada que levava ao terraço, sentiu uma breve hesitação. Algo em seu interior questionava o motivo de subir, mas ele ignorou, seguindo o impulso que parecia guiá-lo para aquele espaço suspenso. 

Makoto empurrou a porta que levava ao terraço.

No entanto, mal teve tempo de absorver o cenário antes de notar a figura solitária, sentada no parapeito, olhando para além do horizonte. 

"Watanabe?"

Os cabelos de Larissa, soltos, eram bagunçados pelo vento, e sua postura, com as pernas cruzadas e os braços descansando ao lado, transmitia uma fragilidade desconcertante. 

Por um instante, Makoto sentiu um frio atravessar sua espinha. Uma lembrança súbita surgiu em sua mente, como um filme antigo que se repete sem permissão.

Um déjà-vu.

Ele paralisou, os pés travados no concreto. Era como se tivesse voltado no tempo, mas incapaz de alterar os eventos que se desdobravam diante dele. 

Uma cena que já tinha visto em algum lugar, um pesadelo que havia ressurgido na forma da realidade. O que era aquilo? Ele sabia porque! 

A imagem de uma conhecida tomou seus olhos e fora transportado para algum momento de sua vida que pensou em esquecer.

A tempos não sentia aquilo.

Uma sensação incômoda de que algo terrível estava prestes a acontecer. Ele mal conseguia respirar, o peito apertado e seu coração acelerou, batendo contra as costelas como se quisesse escapar de seu peito.

“O que era aquilo?”

A pergunta ecoou em sua mente, insistente, enquanto tentava encaixar as peças. Ele sentiu um leve formigamento nas mãos, como se seu corpo quisesse agir, mas não soubesse por onde começar.

“Por que ela faria aquilo?”

Tentou encontrar uma lógica, uma explicação que fizesse sentido, mas cada possibilidade parecia mais absurda que a anterior. A garganta apertou, uma sensação de sufoco subindo até a cabeça, turvando seus pensamentos. Lá no fundo, ele quase esperava que alguém surgisse e dissesse que era uma piada de mau gosto. Mas ninguém veio.

“Por que não consigo me mexer?”

Os pés pareciam grudados ao chão, como se o chão abaixo dele fosse feito de areia movediça, segurando-o no lugar. A vontade de fazer algo, qualquer coisa, lutava contra a estranha paralisia que dominava seu corpo. 
Ele queria correr, queria gritar, queria entender... mas tudo o que conseguiu foi ficar ali, impotente, preso entre o impulso e o medo.

Makoto piscou algumas vezes, tentando afastar a impressão de que aquilo não era real. Mas a figura de Larissa permanecia ali, tão real quanto o frio que invadia seus ossos. 

Ela não parecia tê-lo notado, seu olhar ainda fixo em algum ponto distante, além do horizonte. Sua boca entreaberta, como se cantarolasse algo inaudível.

Sua mente correu para o que Kaito havia dito mais cedo. 

"Talvez ela esteja só esperando que alguém perceba." 

Mas ali, diante daquela cena, as palavras de Kaito soavam ingênuas, vazias. Aquilo não era sobre perceber, era sobre salvar. Salvar alguém que parecia à beira de um precipício, literal e metafórico, e ele sentiu o peso dessa responsabilidade cair sobre ele como uma onda.

Os pensamentos de Makoto se misturavam, desordenados, enquanto ele tentava entender por que aquela cena o deixava tão desesperado. 

Era a postura dela, quase resignada, como se já não tivesse medo do que havia lá embaixo? Ou seria ele mesmo, projetando seus próprios medos na figura dela, enxergando nela uma extensão das suas próprias angústias?

Um nó se formou em sua garganta, difícil de engolir. Era a consciência de que, por mais que ele quisesse, não sabia se teria forças para atravessar o vazio que os separava. 

Makoto deu um passo à frente, os pés pesando mais do que deveriam. 

Ele queria chamar por ela, mas as palavras morreram em seus lábios. 

A imagem de Larissa à beira do parapeito parecia tão frágil que ele temia que qualquer som fosse o suficiente para quebrá-la. 

E se ela despencasse, como as folhas secas que o vento leva no final do outono, antes que ele pudesse segurá-la? 

A ideia fez seu estômago revirar, um pavor que ele não conseguia nomear.

E junto com essa sensação vinha um medo profundo, irracional, que o fazia querer correr para ela e, ao mesmo tempo, o mantinha preso ao chão, como se seus pés tivessem se enraizado ali, incapazes de avançar.

Ele queria poder entender o que Larissa pensava, o que ela via naquele ponto distante onde fixava o olhar.

E então, por um instante, Makoto sentiu um desejo irracional de desaparecer. 

De se tornar uma parte daquele vento que passava por eles, de se dissolver na brisa e deixar de sentir aquele peso que apertava seu peito. 

Ele pensou em todos os momentos em que quis se esconder, em todas as vezes que o mundo parecia grande demais, complicado demais. 

"De novo, não! Isso de novo, não..."

Makoto fechou os olhos, tentando encontrar dentro de si uma resposta para a situação em que se encontrava. 

Não queria ter que lembrar de Larissa como um ponto de interrogação que ele nunca tentou compreender.

Ele não sabia como, mas precisava acreditar que ela o percebia, que talvez o silêncio entre os dois fosse uma forma de comunicação que ele ainda não entendia.

Porque, no fundo, era isso que ele desejava: ser ouvido, mesmo que em silêncio. E talvez, só talvez, Larissa desejasse o mesmo.

Makoto sentiu que o tempo estava acabando, que precisava tomar uma decisão antes que a noite os envolvesse por completo. 

Então, ele correu!

Shintomoe
Okinawano

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